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Mestrado Integrado Em Medicina Retinopatia diabética – a cegueira dos tempos modernos Ana André Chaves Rodrigues M 2019

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Mestrado Integrado Em Medicina

Retinopatia diabética – a cegueira dos tempos modernos

Ana André Chaves Rodrigues

M 2019

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Mestrado Integrado em Medicina

Retinopatia Diabética – a cegueira dos tempos modernos

AUTOR: Ana André Chaves Rodrigues

Estudante do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Universidade do Porto

Contacto: [email protected]

ORIENTADOR: Professor Doutor Manuel Monteiro Pereira

Professor Auxiliar Convidado do ICBAS-UP

Assistente Hospitalar Graduado em Oftalmologia – CHSJ

CO-ORIENTADOR: Professor Doutor Artur Manuel Perez Neves Águas Professor Catedrático do ICBAS-UP

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto

Abril de 2019

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Retinopatia Diabética – a cegueira dos tempos modernos

Abril 2019

ASSINATURA DO ESTUDANTE

ASSINATURA DO ORIENTADOR

ASSINATURA DO CO-ORIENTADOR

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Dedicatória À minha avó, a quem esta doença quase tirou a oportunidade de ver os que mais ama. Obrigada por estares aqui para me ver a concretizar o nosso sonho. Tudo isto se deve a ti.

Aos meus pais, Álvaro e Leonor, por me darem a oportunidade de ser o que sempre sonhei. Obrigada por todo o vosso carinho, dedicação e apoio e por terem caminhado ao meu lado em todos os momentos deste percurso.

À Mimi, a mais fiel companheira de quatro patas no estudo, na escrita e na vida que poderia ter.

Às minhas amigas e amigos, que levo comigo no coração e para a vida, e a quem devo, sem qualquer dúvida, os melhores momentos do meu percurso académico.

Ao Nuno, por ser o meu futuro. Obrigada por me lembrares todos os dias que o melhor ainda está para vir.

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Agradecimentos

Ao meu orientador, que tanto respeito e admiro, o Professor Doutor Manuel Monteiro Pereira, por toda a compreensão, apoio e dedicação incansável para a realização desta dissertação. O seu percurso, quer profissional, quer académico, foram e serão sempre uma fonte indiscutível de inspiração da Médica que um dia espero ser. Ao meu coorientador, o Professor Doutor Artur Águas, por ser uma figura tão querida e importante no percurso de todos os alunos do ICBAS, que nos acompanha, desde sempre, ao longo desta jornada. Obrigada por ser um verdadeiro Professor, na verdadeira essência da palavra.

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Resumo

A retinopatia diabética (RD) surge como a complicação microvascular mais frequente da

Diabetes Mellitus (DM) e é uma das principais causas de perda de visão não traumática em todo o

mundo, sendo a principal causa de cegueira em pacientes em idade ativa.

Apesar de ser uma doença potencialmente controlável com a modificação de comportamentos

e fatores de risco, a retinopatia diabética é uma complicação vascular não passível de ser prevenida

ou evitada, pelo que devemos ter em conta que uma abordagem terapêutica multidisciplinar é

essencial nestes doentes. Ainda, novos estudos baseados no conhecimento atual da fisiopatologia

da doença focam o importante papel da inflamação e da degeneração neuronal na sua génese, o

que demonstra que, apesar de desde há muito conhecida e estudada, há ainda muito por saber

sobre esta doença.

Sendo este um tema em constante evolução, com uma prevalência e incidência crescentes na

população de todo o mundo, este trabalho tem como objetivo fazer uma análise da literatura

disponível sobre esta temática, com o objetivo de sistematizar o conhecimento atual relativo ao

tema em questão, fazendo referência aos dados epidemiológicos, fisiopatológicos, clínica e

abordagem diagnóstica e terapêutica da mesma, com posterior enquadramento num caso clínico,

ilustrando-se as técnicas de diagnóstico e tratamento referidas.

A pesquisa será elaborada com recurso ao site de publicação científica da base MEDLINE –

Pubmed –, UptoDate e Google Scholar, sendo os artigos selecionados ou excluídos de acordo com

o conteúdo do seu título e/ou resumo, bem como a data da sua publicação – 2015 a 2019 – e

limitado às línguas portuguesa e inglesa. Será aberta uma exceção para duas Teses de

Doutoramento na área da oftalmologia que, apesar de não se encontrarem no limite temporal

estabelecido, incluem informações ou definições intemporais e essenciais para a elaboração deste

trabalho. Para além disso, serão consultados livros de referência na área da oftalmologia que,

apesar de mais antigos, se mantêm atuais, pertinentes e com as bases científicas necessárias para

o conhecimento que temos hoje.

Palavras-chave (MeSH do Index Medicus): Diabetes Mellitus, Diabetes Complications, Diabetic

Retinopathy, Retina, Neovascularization, Pathologic, Macular Edema, Light Coagulation

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Abstract

Diabetic retinopathy (DR) appears as the most common microvascular complication of

Diabetes Mellitus (DM) and it is one of the leading causes of non-traumatic vision loss worldwide,

being, as well, the leading cause of blindness in working-age patients.

Despite being a potentially controllable disease with the modification of behaviors and risk

factors, DR is a vascular complication that cannot be prevented or avoided, so a multidisciplinary

therapeutic approach is essential to these patients. Furthermore, new studies based on current

knowledge of the pathophysiology of the disease focus on the important role of inflammation and

neuronal degeneration in its genesis, which demonstrates that there is still much to know about

this disease.

As a constantly evolving subject, with a growing prevalence and incidence in the population

worldwide, this work’s objective is to make an analysis of the available literature, which aims to

systematize the current knowledge on the subject, making reference to the epidemiological,

pathophysiological, clinical, diagnostical and therapeutic aspects of DR, with subsequent framing in

a clinical case, illustrating the referred diagnostic and treatment techniques.

The methodology will be based on the research on the MEDLINE database - Pubmed -,

UptoDate and Google Scholar. The articles will be selected or excluded according to the content of

their title and/or abstract, as well as the date of publication - 2015 to 2019 - and limited to

Portuguese and English languages. An exception will be made for two PhD thesis in the area of

ophthalmology which, although not within the established time limit, include timeless information

and definitions which are essential for the elaboration of this work. In addition, reference books in

the area of ophthalmology will be consulted, despite their publication date, since they remain

relevant and as the scientific basis for the knowledge we have nowadays.

Keywords (MeSH of Index Medicus): Diabetes Mellitus, Diabetes Complications, Diabetic

Retinopathy, Retina, Neovascularization, Pathologic, Macular Edema, Light Coagulation

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Lista de Abreviaturas Acidente Vascular Cerebral – AVC Alanine Racemase 2 – ALR2 American Diabetes Association – ADA Angiografia com Fluoresceína – AF Angiopoietinas - Ang-1 e Ang-2 Antagonistas dos Recetores da Angiotensina II – ARAs Anti-inflamatórios não esteróides – AINEs Artéria Central da Retina – ACR Barreira Hemato-Retiniana – BHR Bloqueador dos recetores tipo I da Angiotensina II - AT1R Camada nuclear interna – CNI Células Gânglionares – CCG Diabetes Gestacional - DG Diabetes Mellitus – DM Doença Cardiovascular – DCV Edema Macular Diabético – EMD Eletrorretinografia – ERG Enfarte Agudo de miocárdio – EAM Fator de Necrose Tumoral alfa - TNF-𝛼 Fator Induzido pela Hipóxia - HIF-1 Fotobiomodulação – PBM Fotocoagulação laser panretiniana – PRP Hemoglobina Glicada A1C – HbA1C Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina – IECAs Interleucina – IL (6; 8; 1ß;) Intraretinal Microvascular Abnormality – IRMAs Microaneurismas – MAs Moléculas de Adesão Celular Endoteliais - ICAM-1 Moléculas de Adesão Endotelial Vascular - VCAM-1 Pattern Scanning Laser – PASCAL Plexo capilar intermediário – PCI Plexo capilar peripapilar radial – PCPR Plexo capilar profundo – PCP Plexo vascular superficial – PVS Produtos Finais de Glicosilação Avançada – PGAs Proteína Cinase C – PKC Proteína de quimioatração de monócitos – MCP Proteínas de ativação mitogénica – MAP Receptor for Advanced Glycation End-product – RAGE Recetores das quimiocinas - CCR (2; 5;) Retinopatia Diabética – RD Retinopatia Diabética não proliferativa – RDNP Retinopatia Diabética proliferativa – RDP Sistema Renina Angiotensina – SRA Sistemas de Navegação de Laser – NAVILAS The Diabetes Control and Complications Trial – DCCT Tomografia por Coerência Ótica – OCT Tomografia por Coerência Ótica com Angiografia – OCTA Vascular Endotelial Growth Factor - VEGF

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Índice

Objetivos ....................................................................................................................... 1

Métodos ........................................................................................................................ 1

1. Introdução ................................................................................................................. 2

1.1 Diabetes Mellitus ............................................................................................................. 2

2. Retinopatia Diabética ................................................................................................ 4

2.1 Fatores de Risco ............................................................................................................... 5 2.1.1 Fatores de Risco Modificáveis ......................................................................................................... 5 2.1.2 Fatores de Risco Não Modificáveis .................................................................................................. 8

2.2 Impacto Socioeconómico ................................................................................................ 11

2.3. Rastreio da Retinopatia Diabética ................................................................................. 11

3. Fisiopatologia da Retinopatia Diabética ................................................................... 13

3.1. Pequena abordagem da anatomia da retina .................................................................. 13

3.2. Hiperglicemia e alterações microvasculares ................................................................... 14

3.3. Inflamação .................................................................................................................... 15

3.4. Alterações neuronais ..................................................................................................... 16

4. Clínica da Retinopatia Diabética ............................................................................... 17

4.1 Retinopatia Diabética Pré-clínica .................................................................................... 17

4.2. Retinopatia Diabética não proliferativa ......................................................................... 17

4.3. Complicações ameaçadoras da visão na Retinopatia Diabética ...................................... 19 4.3.1 Edema Macular Diabético ............................................................................................................. 19 4.3.2. Retinopatia Diabética proliferativa .............................................................................................. 19

5. Opções Terapêuticas para o tratamento da Retinopatia Diabética ........................... 20

5.1 Opções Terapêuticas Atuais da Retinopatia Diabética .................................................... 20 5.1.1 Terapêuticas Anti-angiogénicas .................................................................................................... 20 5.1.2. Terapêuticas Anti-Inflamatórias ................................................................................................... 20 5.1.3. Tratamento Laser ......................................................................................................................... 21

5.2 Novas opções terapêuticas ............................................................................................. 22 5.2.1 Novos fármacos anti-angiogénicos ............................................................................................... 22 5.2.2 Novos fármacos anti-inflamatórios ............................................................................................... 22 5.2.3. Novos tratamentos laser .............................................................................................................. 22 5.3 O futuro das terapêuticas para a Retinopatia Diabética .................................................................. 23

6. Conclusões ................................................................................................................ 25

7. Caso Clínico .............................................................................................................. 26

Anexos ......................................................................................................................... 31

Bibliografia .................................................................................................................. 50

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Lista de Tabelas Tabela I – Classificação Clínica Internacional da Retinopatia Diabética / Graus de gravidade da retinopatia diabética. Adaptada de Global Diabetic Retinopathy Project Group 2002.

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Lista de Figuras Figura 1. Localização anatómica dos plexos vasculares na retina humana, segundo as camadas definidas por OCTA. Adaptada de OCT Angiography and Visible Light OCT in Diabetic Retinopathy Figura 2. Imagens Fundoscópicas da RD. Imagens retiradas de Caracterização das fases iniciais da retinopatia diabética. Diagnóstico precoce e biomarcadores da atividade da retinopatia diabética. Figura 3. Imagens do EMD. Imagens retiradas de Diabetic Macular Edema – Personalizing treatment. American Academy of Ophthalmology Figura 4. Imagens Fundoscópicas da RDP. Imagens retiradas de Caracterização das fases iniciais da retinopatia diabética. Diagnóstico precoce e biomarcadores da atividade da retinopatia diabética. Figura 5. Exame tomográfico macular do olho direito; Caso Clínico. Figura 6. Exame tomográfico macular do olho esquerdo; Caso Clínico. Figura 7. Microscopia Especular do Endotélio do olho direito; Caso Clínico. Figura 8. Microscopia Especular do Endotélio do olho esquerdo; Caso Clínico. Figura 9. Pentacam olho esquerdo; Caso Clínico. Figura 10. Pentacam olho direito; Caso Clínico. Figura 11. Exame tomográfico macular do olho direito; Caso Clínico. Figura 12. Exame tomográfico macular do olho esquerdo; Caso Clínico. Figura 13. Exame tomográfico macular do olho direito; Caso Clínico. Figura 14. Exame tomográfico macular do olho esquerdo; Caso Clínico. Figura 15. Retinografia olho direito. Caso Clínico. Figura 16. Retinografia olho esquerdo. Caso Clínico. Figura 17. a 27. Imagens de Angiografia fluoresceínica bilateral em diferentes tempos; Caso Clínico. Figura 28. Exame tomográfico macular do olho direito; Caso Clínico. Figura 29. Exame tomográfico macular do olho esquerdo ; Caso Clínico. Figura 30. Exame tomográfico macular do olho direito; Caso Clínico. Figura 31. Exame tomográfico macular do olho esquerdo; Caso Clínico.

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Objetivos

Com a presente revisão bibliográfica pretendemos sistematizar o conhecimento atual

relativo à retinopatia diabética, reunindo a informação mais atual publicada sobre o tema

selecionado. De facto, esta é uma temática que tem sofrido vários avanços, nos últimos anos,

principalmente no que diz respeito à fisiopatologia e consequente abordagem diagnóstica e

terapêutica da doença. Como tal, procuramos estabelecer pontos de comparação entre os vários

trabalhos analisados, destacando conclusões comuns e evidenciando as lacunas ainda existentes

no estudo desta doença.

Para isso, decidimos incluir um caso clínico ilustrativo, que servirá não só para sistematizar os

conhecimentos teóricos abordados, como para demonstrar as complicações que os casos reais

acarretam, para os médicos oftalmologistas, na sua prática diária.

Métodos

A pesquisa será elaborada com recurso ao site de publicação científica da base MEDLINE –

Pubmed –, UptoDate e Google Scholar, sendo os artigos selecionados ou excluídos de acordo com

o conteúdo do seu título e/ou resumo bem como a data da sua publicação – 2015 a 2019 – e

limitado às línguas portuguesa e inglesa. O limite temporal foi necessário para limitar o grande

número de publicações existentes sobre o tema, tendo em conta que o principal objetivo do

trabalho é sistematizar e comparar as mais recentes descobertas com o mesmo, integrando-as num

vasto leque de conhecimentos há muito conhecidos. Foi, contudo, aberta exceção para duas Teses

de Doutoramento na área da oftalmologia que, apesar de não se encontrarem no limite temporal

estabelecido, incluem informações ou definições intemporais e essenciais para a elaboração deste

trabalho. Para além disso, serão consultados livros de referência na área da oftalmologia que,

apesar de mais antigos, se mantêm atuais, pertinentes e com as bases científicas necessárias para

o conhecimento que temos hoje.

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1. Introdução 1.1 Diabetes Mellitus A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica, complexa, plurimetabólica e

multifatorial, com manifestações em vários órgãos.1 É, atualmente, considerada uma constelação

de síndromes que conduzem a um marcador diagnóstico final comum, a hiperglicemia. Como tal,

exige cuidados médicos contínuos, com recurso a estratégias multifatoriais de educação e

autogestão para redução do risco de complicações, para além do controlo glicémico. 2,3

Segundo a American Diabetes Association, são reconhecidas duas formas major desta

síndrome - a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2. Em ambos os casos, tratam-se de doenças muito

heterogéneas, nas quais a apresentação e a progressão podem variar consideravelmente. A

classificação é importante para determinar o tipo de tratamento mais adequado, mas, em alguns

casos, pode não haver uma clara distinção entre diabetes tipo 1 ou tipo 2 no momento do

diagnóstico. De facto, atualmente, os paradigmas tradicionais de que a diabetes tipo 2 ocorre

apenas em adultos e a diabetes tipo 1 apenas em crianças/jovens adultos, não são corretos, pois

ambas as doenças podem ocorrer em ambos os grupos etários.3 No entanto, de um modo

consensual, a DM tipo 1 é caracterizada por uma destruição autoimune das células b no pâncreas,

pela presença de autoanticorpos contra as células pancreáticas, o que conduz, habitualmente, a

uma deficiência grave de insulina.2 Relativamente à DM tipo 2, este é o tipo mais frequente de DM,

representando 90% a 95% de todos os doentes diabéticos.4 De um modo geral, a maioria dos novos

casos de DM tipo 2 ocorre em sociedades ocidentalizadas, onde predomina o consumo de dietas

ricas em gordura e o sedentarismo, levando a um aumento da obesidade; tudo isto culmina numa

sequência de aumento da resistência à insulina, hiperinsulinemia compensatória e, por fim, à

falência das células b pancreáticas. 1,5

O aumento da prevalência da DM fez com que, em 2015, estudos indicassem a existência

de cerca de 415 milhões de pessoas diabéticas – cerca de 13,8% - em todo o mundo, com idades

compreendidas entre os 20 e os 79 anos de idade. Estima-se que este número cresça para 642

milhões de pessoas até 2040, das quais apenas metade terá conhecimento do seu diagnóstico.6

Este aumento deve-se, em parte, ao aumento da esperança média de vida da população, à

obesidade e ao sedentarismo. 5,6

Com o aumento da industrialização e globalização, a Diabetes Mellitus é, atualmente,

uma pandemia, com níveis crescentes de prevalência; além disso, a DM é uma das doenças mais

comummente diagnosticadas em crianças em idade escolar. Assim, todos estes indicadores

prevêem um aumento do número total de doentes diabéticos, bem como um aumento associado

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dos custos em cuidados de saúde e um aumento da morbilidade e mortalidade associadas à

diabetes e às suas complicações.4 Tendo em conta a base fisiopatológica da doença, este aumento

deve-se essencialmente, a diabéticos com DM tipo 2. 1

Devido ao desproporcionalmente elevado número de doentes diabéticos tipo 2, esta

forma de DM associa-se a uma grande percentagem de doença ocular, havendo uma maior

percentagem de doentes com deficiência visual devido a retinopatia diabética, embora a DM tipo

1 esteja associada a complicações oculares mais frequentes e mais graves. 4

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2. Retinopatia Diabética A retinopatia diabética (RD) é uma das principais causas de perda de visão não traumática

em todo o mundo,7 sendo a principal causa de cegueira em pacientes em idade ativa.4,8 A RD é uma

doença crónica, com uma fase de latência longa e geralmente assintomática até ao

desenvolvimento de complicações responsáveis por alterações na visão; de facto, 90% dos casos

de perda de visão ou cegueira devidos a complicações da RD poderiam ser evitados, na sua grande

maioria, pelo diagnóstico precoce e tratamento atempado. 1

De todas as complicações microvasculares relacionadas com a DM, como a nefropatia e a

neuropatia diabética, a retinopatia diabética é a mais comum, apresentando uma prevalência

mundial de aproximadamente 34,6% (93 milhões de pessoas), em adultos com idade igual ou

superior a 40 anos.7,8 Dentro deste grupo, estima-se que cerca de 28 milhões de pessoas

apresentem retinopatia diabética com complicações ameaçadoras da visão.4 Com o expectável

aumento da prevalência da DM em todo o mundo, prevê-se, também, um aumento do número de

casos de RD, bem como de outras patologias oftalmológicas relacionadas com a DM, como o

glaucoma e cataratas,9 sendo este, portanto, um importante problema de saúde pública.

O diagnóstico da RD é feito através da manifestação clínica de alterações vasculares na

retina. Clinicamente, é categorizada em dois estádios:

- Estádio não proliferativo – retinopatia diabética não proliferativa (RDNP): Representa um

estádio precoce da RD, caracterizado, maioritariamente, pela observação de

tortuosidades vasculares, hemorragias retinianas (devido a um aumento da

permeabilidade vascular), oclusões vasculares, microaneurismas, exsudados lipídicos

(exsudados duros) e micro-enfartes nas camadas de fibras nervosas (exsudados moles);

7,8

- Estádio proliferativo – retinopatia diabética proliferativa (RDP): Representa um estádio

mais avançado da RD, caracterizado por processos de neovascularização. São observáveis

novos, aberrantes e frágeis vasos sanguíneos, constituídos só por endotélio. 7,8

As complicações da doença retiniana tornam-se mais expressivas devido ao aumento da

duração da doença, sendo que cerca de 50% dos doentes com DM tipo 1 e 30% dos doentes com

DM tipo 2 evoluem para RDP.1

Uma importante categoria adicional na RD é o Edema Macular Diabético (EMD), uma

complicação que pode ocorrer em ambos os estádios da doença e que representa a causa mais

comum de perda de visão central, e até cegueira, nos pacientes com RD.10 O EMD é caracterizado

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por um edema ou espessamento da mácula, devido à acumulação sub e intraretinianas de fluidos,

desencadeada pelo colapso da barreira hemato-retiniana interna (BHR).11 A prevalência do EMD

varia de acordo com o tipo de DM, sendo mais frequente na DM tipo 2 e relaciona-se com a duração

da doença, sendo a prevalência global de 6,8%.12 Após 20 anos de duração da doença, o risco de

desenvolvimento de EMD aumenta em cerca de 30%.13

2.1 Fatores de Risco O principal fator de risco para o desenvolvimento da RD é a duração da Diabetes Mellitus,

bem como os níveis de controlo glicémico. 9

Outros fatores de risco existentes para o desenvolvimento e progressão da RD e do EMD

podem ser modificáveis ou não modificáveis. Os primeiros incluem a hipertensão arterial, a

dislipidemia, a obesidade, os hábitos tabágicos e o sedentarismo. Quanto aos fatores de risco não

modificáveis, estes incluem a duração da DM, a idade, a predisposição genética, a puberdade, a

gravidez e a etnia.14

Apesar de todos estes fatores de risco serem altamente preditivos de desenvolvimento e

aumento da severidade da RD e o controlo de muitos deles ser importante para a prevenção da

mesma, é difícil prever o desenvolvimento das complicações da RD em cada indivíduo

diagnosticado com DM. Como exemplo, enquanto níveis mais baixos de hemoglobina glicada

(HgA1C) estão associados a uma diminuição do desenvolvimento e progressão da RD, um bom

controlo glicémico não garante que a retinopatia não se vai desenvolver ou que não serão

necessários cuidados habituais de rastreio para a RD. 1

2.1.1 Fatores de Risco Modificáveis

Hiperglicemia

A gestão do controlo glicémico é, principalmente, avaliada através dos valores da

hemoglobina glicada (HbA1C), visto que esta reflete a média dos valores da glicemia,

aproximadamente, dos últimos 3 meses15 As recomendações da ADA definem como objetivo para

um bom controlo glicémico uma HbA1C inferior a 7%, em pacientes adultos, não grávidas. Poderá

ser aceitável um valor inferior a 8%, nos casos de pacientes com história de hipoglicemias severas,

doença micro ou macrovascular avançada ou com DM de longa data; do mesmo modo, doentes

com baixas taxas de comorbilidades relacionadas com a doença e sem história de hipoglicemias

podem ter um valor alvo de HgA1C inferior a 6,5%.16

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De facto, é a hiperglicemia que define a diabetes e, como tal, um bom controlo metabólico

é fundamental para uma boa gestão da DM. 17 O estudo prospetivo randomizado The Diabetes

Control and Complications Trial (DCCT) demonstrou que um bom controlo glicémico – com uma

HbA1C < 7% - está associado a uma redução de cerca de 50-76% das taxas de desenvolvimento e

progressão de complicações microvasculares da DM, entre elas a RD.18 De acordo com o mesmo

estudo, uma redução na percentagem de HbA1C de 9% para 8% baixou o risco de RD em 30-40%,

reduziu o risco de progressão para complicações ameaçadoras da visão em 25% e ainda reduziu a

necessidade de tratamento com laser em 25% e as taxas de cegueira em 15%. Como tal, atingir

objetivos de HbA1C <7% demonstrou reduzir globalmente as complicações microvasculares quer

em doentes com DM tipo 1 e com DM tipo 2, principalmente quando este objetivo é instituído

numa fase precoce da doença.19

Hipertensão arterial

O controlo da hipertensão arterial, com redução dos valores habituais de tensão arterial,

demonstrou uma redução do risco de aparecimento e progressão da RD.20 Múltiplos estudos

multicêntricos demonstraram que doentes diabéticos tipo 2 com HTA controlada, após um período

de seguimento médio de 8,4 anos, tinham 37% de redução do risco de desenvolvimento de doença

microvascular, 34% de redução da taxa de progressão da RD e 47% de redução da taxa de

agravamento da acuidade visual. 21 Deve acentuar-se que estes benefícios apenas se verificam com

um controlo mantido e de longa duração dos valores de pressão arterial, apesar de que valores alvo

muito restritivos (como TAS < 120 mmHg) não demonstraram acrescentar qualquer benefício

adicional. 22

Deste modo, a instituição terapêutica com Inibidores da Enzima de Conversão da

Angiotensina (IECAs) ou com Antagonistas dos Recetores da Angiotensina II (ARAs), são ambos

eficazes no controlo do perfil tensional - mantendo os níveis de pressão arterial sistólica inferiores

a 130mmHg e os de pressão diastólica inferiores a 85mmHg - levando, assim, a uma redução do

risco de progressão da RD.23

Dislipidemia

Nos pacientes com dislipidemia, a progressão da retinopatia diabética parece ser atrasada

com a toma de fenofibratos, particularmente em casos de RDNP.24 No entanto, os benefícios do

controlo lipídico para prevenção da progressão da doença nos doentes com RD ainda não está

totalmente estabelecido, havendo vários estudos discordantes entre si. 25

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De facto, a maioria dos estudos existentes relativos à redução do perfil lipídico em doentes

com DM raramente têm como principal objetivo estudar a sua relação com a redução da progressão

da RD; na grande maioria dos estudos, é estabelecido, como principal objetivo, quais os efeitos

cardiovasculares desta redução. 9 Assim, os poucos estudos que existem cujo objetivo principal é

estudar a relação entre a RD e o perfil lipídico apontam para que, quer os fenofibratos quer as

estatinas – principalmente a sinvastatina – reduzem a taxa de progressão da RD quando

comparados com o grupo placebo, bem como podem ser responsáveis por um atraso no

agravamento do EMD nos pacientes diabéticos. No entanto, não foram demonstrados quaisquer

efeitos benéficos em termos de acuidade visual ou redução dos exsudados duros nos pacientes

com RD. 24

Assim, concluímos a importância que os agentes hipo-lipidemiantes podem ter na redução

do risco da progressão da RD e do EMD, principalmente quando instituídos em fases precoces da

doença. Estando francamente estabelecido o seu efeito benéfico na redução dos eventos

cardiovasculares no doentes com DM, a sua instituição está amplamente indicada nestes doentes.26

No entanto, são necessários mais estudos direcionados para o impacto que a administração de

fenofibratos/estatinas realmente têm na RD, visto ser ainda muito controverso se estes agentes

devem ou não ser administrados em doentes que não têm dislipidemia, unicamente pelo seu

possível efeito protetor oftalmológico.27

Obesidade

Existem evidências fortes e consistentes de que o tratamento da obesidade pode atrasar a

progressão de um estado pré-diabético para DM tipo 2, bem como é, por si só, um tratamento

eficaz na DM tipo 2.28 De facto, em pacientes com DM tipo 2 com excesso de peso ou obesidade,

uma perda de peso moderada e sustentada demonstrou melhorias no controlo glicémico bem

como uma redução da necessidade da toma de medicação hipoglicemiante. 29 Além disso, uma

restrição calórica apertada pode reduzir os níveis de HbA1C para valores inferiores a 6,5%, sem

necessidade de aumento ou alteração da medicação habitual. 30

Hábitos tabágicos

A cessação do consumo tabágico é um dos objetivos da ADA para uma correta gestão do

estilo de vida dos doentes com DM.31 São vários os estudos que demonstram uma relação direta

entre o consumo de tabaco e múltiplos riscos para a saúde. Como tal, fumadores diabéticos, ou

diabéticos sujeitos ao fumo passivo do tabaco, têm um risco aumentado de Doença Cardiovascular

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8

(DCV), morte prematura, complicações microvasculares e um pior controlo metabólico, quando

comparados com os diabéticos não fumadores. Acrescente-se ainda que o consumo de tabaco pode

ter um papel importante no desenvolvimento da DM tipo 2.32–34

Em suma, todos os fatores de risco acima apresentados são passíveis de ser controlados e

modificados, tendo um impacto positivo no atraso do desenvolvimento e progressão da RD. Este

facto parece ser ainda mais prevalente no que diz respeito ao controlo metabólico, visto que, no

geral, o controlo da maioria dos fatores de risco traduz-se numa eficaz redução dos níveis de

HbA1C.16. No entanto, há casos em que, apesar do bom controlo metabólico, a RD pode evoluir para

perda de visão; do mesmo modo, nem todos os doentes com mau controlo metabólico evoluem

para fases avançadas de RD, o que permite concluir que existem outros fatores envolvidos que

determinam diferentes evoluções da doença, nomeadamente a predisposição genética, capazes de

determinar uma suscetibilidade individual para a mesma. 35

2.1.2 Fatores de Risco Não Modificáveis

Duração da DM

A duração da DM é o fator de risco não modificável mais reconhecido e, provavelmente, o

mais importante para o desenvolvimento e progressão da RD na DM. De facto, 5 anos após o

diagnóstico de DM, cerca de 25% dos doentes diabéticos tipo 1 terão RD e, após 10 anos de duração

da doença, quase 60% terão RD. 1

Uma vez estabelecida a doença, a duração da DM parece ser um fator de risco menos

importante do que o controlo metabólico para a progressão para fases mais avançadas de RD.

Assim, torna-se preponderante um exame oftalmológico precoce nos doentes com DM, estando

estabelecido: uma avaliação oftalmológica 5 anos após o diagnóstico nos doentes com DM tipo 1,

seguida de consultas anuais com examinação com pupila dilatada; e uma avaliação no momento

do diagnóstico para os doentes com DM tipo 2, visto que, devido à fisiopatologia deste tipo de DM,

a doença pode estar estabelecida há muitos anos e, apesar de não haver compromisso sintomático

da visão, podem haver já alterações retinianas que necessitem de tratamento. À semelhança dos

doentes com DM tipo 1, aconselha-se o seguimento anual destes doentes, com exame

oftalmológico com pupila dilatada. 4

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9

Idade

A frequência e progressão da RD aumenta com o aumento da idade dos pacientes, pelo que

a gravidade da mesma se relaciona com idades mais velhas (idades iguais ou superiores a 50 anos)

na altura do exame oftalmológico. 36

Predisposição Genética

A interação entre fatores ambientais e a predisposição genética, levando a alterações

epigenéticas, é aceite como um fator de risco para complicações relacionadas com a DM,

especialmente no que diz respeito ao fenómeno da memória metabólica.

No que diz respeito à retinopatia diabética, são referidos na literatura um grande número

de genes e variantes genéticas com associações consistentes com a RD – genes como alanine

racemase 2 (ALR2); Fator de crescimento vascular endotelial (vascular endotelial growth factor -

VEGF); Recetor para os produtos finais de glicosilação avançada (receptor for advanced glycation

end-product – RAGE); entre outros - mas ainda não são aceites como associados a alto risco de

progressão da RD. 1,37

De facto, alguns estudos genómicos recentes identificaram uma associação positiva entre

o desenvolvimento da doença e uma sequência intergénica de RNA não-codificante (LincRNA). Em

específico, a sequência RP1-90L14 (adjacente ao gene CEP162) encontrada em alguns pacientes,

mostrou alta suscetibilidade para o desenvolvimento de RD. Tendo em conta estes achados, outros

LincRNAs estão a ser estudados pela sua potencial associação com a RD, como o gene MALAT1 e o

MIAT.38

Apesar de estes trabalhos recentes mostrarem algumas pistas que possam vir a explicar a

genética por detrás da fisiopatologia da RD, não existe, para já, informação bibliográfica robusta

que confirme que a RD tem, na sua génese, uma forte componente genética associada.37

Puberdade

Pacientes com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos de idade apresentam um

risco de desenvolver RD 2,5 vezes superior ao de crianças dos 0 aos 9 anos de idade. De facto,

durante a puberdade, o controlo glicémico é mais difícil e o risco de desenvolvimento de

microangiopatias aumenta, devido, em parte, à resistência à insulina. Efetivamente, a sensibilidade

à insulina, durante a puberdade, é reduzida em cerca de 30-35% quando comparado com o estádio

logo após o final da puberdade, a infância ou a idade adulta. Este facto relaciona-se, principalmente,

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com a grande prevalência dos efeitos da hormona do crescimento e do fator de crescimento da

insulina-1.39

Gravidez

A gravidez pode estar associada a uma rápida progressão da RD, quer na DM tipo 1 quer

tipo 2 – como exemplo, a taxa de progressão da RD em mulheres grávidas com DM tipo 1 foi o

dobro, quando comparada com mulheres não grávidas com DM tipo 1. De facto, estudos

demonstraram que em pacientes com RDNP, 55% agravaram a sua condição de base e 29%

evoluíram para RDP. 40

Este risco aplica-se a mulheres com diagnóstico de DM prévio à gravidez e não a mulheres

que desenvolvam diabetes gestacional (DG), cujo risco de RD não parece estar aumentado, pelo

que não está recomendada uma avaliação oftalmológica durante a gravidez. 9

No caso das diabéticas grávidas, um exame ocular completo deve ser realizado antes da

gravidez, para estabelecer o risco de desenvolvimento de RD, visto que o estádio de RD anterior à

conceção parece ser preditivo da progressão da doença. Deve ainda ser feito um seguimento

regular durante todos os trimestres da gravidez, sendo depois alargado até 1 ano pós-parto, com

realização de exames oftalmológicos com dilatação pupilar, com uma periodicidade de acordo com

o grau de RD apresentada.41 De notar que neste tipo de pacientes com RD já estabelecida, um

controlo metabólico apertado, instituído de forma rápida, pode agravar a doença oftalmológica.9

Etnia

A presença de RD está fortemente associada à DM e, como visto anteriormente, aos

múltiplos fatores de risco a ela associados. Como tal, estudos demonstraram que a prevalência de

RD foi maior em afro-americanos, hispânicos e sul asiáticos e mais baixa na população caucasiana;

no entanto, é importante salientar que estas são subpopulações com diferenças significativas no

acesso aos cuidados de saúde, com diferente suscetibilidade aos fatores de risco e variabilidade na

predisposição genética. 1

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2.2 Impacto Socioeconómico De acordo com dados da International Diabetes Federation, a DM origina uma sobrecarga

económica bastante elevada e progressivamente crescente para a sociedade. De facto, 1 em cada

9 indivíduos tem despesas de saúde devido à DM, o que representa 11% dos gastos mundiais em

saúde. 42

Como dito anteriormente, a RD é um problema muito relevante de saúde pública e

constitui, atualmente, a mais importante causa de cegueira em adultos em idade ativa no mundo

ocidental.43 Como tal, tem um importante impacto na qualidade de vida dos pacientes, bem como

um significativo impacto socioeconómico, resultante de um conjunto de incapacidade física, que

leva a mais absentismo laboral, restrição nas atividades laborais e do dia-a-dia e, ainda, maior

recurso e maiores gastos com cuidados de saúde. 42

2.3. Rastreio da Retinopatia Diabética A deteção precoce e a instituição de tratamento atempado permitem a prevenção de

alterações na visão relacionadas com a diabetes até 98%. As estratégias de rastreio dependem das

taxas de desenvolvimento e progressão da RD, bem como dos fatores de risco associados ao

paciente que possam ter influência nestas taxas.44

Em Portugal, estima-se a existência de cerca de 250 mil diabéticos tipo 2 com RD, em vários

estádios de gravidade da retinopatia. No ano de 2017, foram efetuados mais 38.045 rastreios face

ao ano anterior, o que se traduziu num aumento de 32% dos doentes com diabetes rastreados para

a RD.45 Sendo este um importante problema de saúde pública, a promoção de boas práticas clínicas

no diagnóstico precoce da RD traduzir-se-á na melhoria da qualidade dos atos médicos praticados

com intervenções adaptadas a cada estádio da doença e numa diminuição da evolução para

estádios mais graves de RD. 46

Nos doentes com DM tipo 1, raramente são encontradas lesões de RD ameaçadoras da

visão nos primeiros 3 a 5 anos após o diagnóstico ou quando a DM é diagnosticada antes da

puberdade, visto que são precisos cerca de 5 anos para o desenvolvimento de lesões de RD após o

início da hiperglicemia. 9 Assim, segundo as normas da DGS, adultos com diagnóstico de novo de

DM tipo 1 devem realizar 2 retinografias por olho, uma centrada na mácula e outra na papila, 5

anos após o diagnóstico da doença.

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No que diz respeito aos doentes com DM tipo 2, cerca de 1/5 apresenta RD aquando do

diagnóstico da diabetes, visto que estes podem ter a doença por diagnosticar há muitos anos e,

como tal, têm um risco significativo de ter RD em estádios mais avançados aquando do diagnóstico.

Assim, segundo as normas da DGS, os pacientes diagnosticados com DM tipo 2 devem realizar 2

retinografias por olho, uma centrada na mácula e outra na papila, aquando do diagnóstico. Em

ambos os casos, os exames devem ser realizados por profissionais de saúde treinados na técnica

de retinografia, sendo utilizado um retinógrafo com câmara não midriática, com capacidade de

efetuar o exame com diâmetro da pupila inferior a 3,5mm. 47

O seguimento destes pacientes, quer na DM tipo 1 quer na DM tipo 2, é feito anualmente,

no caso de pacientes sem lesões ou lesões mínimas de RD. Nestes casos, após um ou mais exames

oftalmológicos normais, as consultas podem ser espaçadas em 2 anos, visto que o risco de

desenvolver RD num intervalo de 3 anos após um exame normal é pouco significativo.9 Nos

restantes pacientes, os intervalos das consultas deverão ser ponderados pelo oftalmologista, ou

pelo médico dos cuidados primários de saúde, tendo em conta as imagens da retinografia e a

progressão da RD. 48

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3. Fisiopatologia da Retinopatia Diabética A RD é uma doença progressiva, complexa e multifatorial, que envolve diversos tipos de

células e moléculas. De facto, para além da hiperglicemia, existem múltiplos fatores responsáveis

pela ativação das células retinianas antes das lesões serem visíveis na retina. 1,10 Ao longo de muitos

anos, a maioria dos estudos sobre este tema, quer usando modelos clínicos humanos quer animais,

focaram-se na disfunção vascular – onde se incluem alterações nas células endoteliais, morte dos

pericitos, espessamento da membrana basal capilar da retina e alterações nas tight junctions –

como principal causa da RD. No entanto, estes achados não explicam a suscetibilidade dos nervos

periféricos, complicações a nível cerebral ou a perda precoce da função retiniana. Como tal,

atualmente, aspetos neurovasculares e inflamatórios são considerados como um todo nos

mecanismos fisiopatológicos da RD.8

3.1. Pequena abordagem da anatomia da retina A Retinopatia Diabética caracteriza-se pelo envolvimento do pólo posterior e mácula

central, o que explica a evolução da doença para perda de visão. A fóvea está localizada no centro

da mácula lútea e tem apenas cones, sendo reconhecida como o ponto de acuidade visual

máxima.49

O nosso conhecimento atual sobre a vascularização da retina indica a existência de 4 plexos

vasculares na mácula:

– O Plexo vascular superficial (PVS), que deriva da artéria central da retina (ACR) e é

constituído por artérias, arteríolas, capilares, vénulas e veias, principalmente na camada de células

ganglionares (CCG);

– O Plexo capilar intermédio (PCI) e o Plexo capilar profundo (PCP), duas redes capilares

mais profundas, derivadas de anastomoses verticais com o PVS, situadas acima e abaixo da camada

nuclear interna (CNI), respetivamente;

– O Plexo capilar peripapilar radial (PCPR), que possui uma organização anatómica única,

situando-se paralelamente aos neurónios da CNI, ao contrário dos plexos profundos, que

apresentam uma configuração lobular. 50

Esta organização anatómica dos plexos vasculares da retina pode ser, atualmente,

confirmada através de métodos de imagem não invasivos, como a Tomografia por Coerência Ótica

com Angiografia (OCTA), uma técnica recente que fornece imagens 3D da vasculatura coroideia e

retiniana.51 Ao contrário da já existente Tomografia por Coerência Ótica (OCT), a OCTA consegue

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não só capturar imagens 3D estruturais da retina, como também o movimento das células

sanguíneas, fornecendo, assim, angiogramas de enorme qualidade para estudos detalhados de

alterações da vascularização retiniana.52 (Figura 1)

Até aos dias de hoje, o gold standard para o estudo da vasculatura da retina na RD era a

Angiografia com Fluoresceína (AF), uma técnica que capta imagens 2D do contraste intravenoso

injetado na circulação, da retina. De facto, muitas patologias retinianas são caracterizadas pelo

padrão apresentado neste exame de imagem, visto que a AF consegue facilmente visualizar ruturas

na barreira hemato-retiniana (BHR), pela observação de “fugas” de fluoresceína dos vasos. 53 No

entanto, apresenta limitações no estudo dos plexos vasculares mais profundos (PCI e PCP), bem

como no estudo de certos achados mais evidentes em fases mais tardias da angiografia, tendo uma

fase ótima para a deteção de microaneurismas (MAs), que aparecem hiperfluorescentes, e de zonas

não perfundidas, que se apresentam por hipofluorescência, apenas em fases precoces do

angiograma. No caso de complicações como o EMD e neovascularização, estas apresentam-se

como zonas de hiperfluorescência que extravasam em fases tardias do angiograma. Como tal, o

extravasamento de contraste na fase precoce do exame, pode fazer com que estas lesões, que se

manifestam numa fase mais tardia, passem despercebidas.54 Nestes casos, o OCTA é o exame de

eleição visto que, como não depende de alterações dinâmicas na corrente sanguínea, delimita mais

claramente a perda de capilares ou os capilares neoformados.55

3.2. Hiperglicemia e alterações microvasculares A RD é, desde há muito tempo, reconhecida como uma doença microvascular. A

hiperglicemia é amplamente aceite como o fator de risco mais preponderante na patogénese dos

danos microvasculares da retina. De facto, são reconhecidas múltiplas vias metabólicas que estão

comprovadamente implicadas nos danos vasculares induzidos pela hiperglicemia, como a via do

sorbitol, a acumulação de produtos finais de glicosilação avançada (PGAs), a via da proteína cinase

C (PKC) e a via da hexosamina. 7

A principal resposta dos vasos retinianos à hiperglicemia prolongada é a dilatação dos

mesmos e alterações na normal corrente sanguínea. Estas são alterações de autorregulação

metabólica que têm como objetivo aumentar o metabolismo da retina dos doentes diabéticos.56.

A perda de pericitos por apoptose, desencadeada pelos altos níveis de glicose, é outro

marco importante na fisiopatologia da RD, visto que os pericitos são responsáveis pelo suporte

estrutural dos capilares e a sua perda leva a evaginações na parede dos mesmos e consequente

perda de regulação do tónus vascular retiniano. Este processo está associado à formação de

microaneurismas (MAs) que representa o primeiro sinal clínico de RD.14 Adicionalmente à perda de

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pericitos, a apoptose das células endoteliais e o espessamento da membrana basal contribuem para

as alterações fisiopatológicas verificadas na RD, contribuindo para as alterações major detetadas

na BHR. 1,7 Com a natural progressão da doença, ocorre a oclusão capilar e consequente isquemia,

alterações responsáveis pela consequente cascata de acontecimentos metabólicos altamente

prejudiciais para a retina – a hipóxia leva a um aumento da ativação do fator de crescimento

endotelial vascular (Vascular endothelial growth factor - VEGF) através da ativação do fator

induzido pela hipóxia (HIF-1). 57 O VEGF é um fator-chave na progressão da doença para RDP e EMD,

encontrado no vítreo de pacientes com RD. Este é responsável por vários processos, como o

aumento da permeabilidade vascular, fosforilação das tight junctions e, principalmente, atua como

fator angiogénico, promovendo a proliferação de células endoteliais pela ativação das proteínas de

ativação mitogénica (MAP).58,59 Outros fatores, como as angiopoietinas (Ang-1 e Ang-2), também

estão envolvidas no processo de regulação da permeabilidade vascular, promovendo os derrames

vasculares característicos da RD.

Em suma, a evidência clínica indica que as alterações microvasculares na RD são causadas

por uma combinação de oclusão capilar e aumento da permeabilidade vascular. O VEGF promove

quer o aumento da permeabilidade vascular quer a angiogénese, tendo um papel preponderante

na fisiopatologia desta doença. No entanto, novas moléculas angiogénicas têm surgido como

importantes no desenvolvimento e progressão desta doença e são necessários mais estudos para

perceber até que ponto estas podem estar na origem de novas terapêuticas.8

3.3. Inflamação A inflamação tem um papel muito importante no desenvolvimento da RD, estando presente

de forma crónica nos diferentes estádios da RD. A leucoestase é um processo-chave, no estádio

inicial da RD, visto estar espacialmente relacionada com dano endotelial e alterações da BHR. A

adesão dos leucócitos ao endotélio é aumentada pelo aumento da expressão de moléculas de

adesão celular endoteliais - ICAM-1 -, moléculas de adesão endotelial vascular - VCAM-1 - e

seletinas - E-selectina – cujo aumento da expressão se relaciona com o aumento da gravidade da

RD. 60

Várias citocinas inflamatórias, como fator de necrose tumoral alfa (TNF-𝛼), interleucina-6

(IL-6), IL-8 e IL-1ß apresentam-se, também, aumentadas nos doentes com DM e a sua expressão

correlaciona-se, mais uma vez, com a severidade da RD. 61

A disfunção das células gliais da retina leva, ainda, à iniciação e amplificação da inflamação

da retina na RD 62 Estas incluem astrócitos, células de Muller e a micróglia, sendo responsáveis por

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dar suporte estrutural e manter a hemóstase da retina. Sob o stress hiperglicémico, há ativação da

micróglia e consequente aumento da produção de citocinas inflamatórias e pró-inflamatórias.63

Ainda, a resposta angiogénica das células endoteliais é também regulada por citocinas

inflamatórias e certos fatores de crescimento, havendo uma ligação entre a inflamação e a

neovascularização; Assim, um bloqueio da inflamação e dos seus mediadores reduz a

neovascularização e atrasa o desenvolvimento da RDP.64

3.4. Alterações neuronais A neurodegeneração da retina é um dos eventos primordiais no desenvolvimento da RD.

De facto, meios de diagnóstico cada vez mais avançados permitiram concluir a existência de sinais

de alteração da função neuronal da retina ainda antes de serem observáveis lesões

microvasculares.65,66 Novos estudos apontam para uma relação direta entre as alterações

inflamatórias da retina e a perda de função neuronal da mesma. O aumento da expressão de

moléculas pró-apoptóticas, a disfunção mitocondrial e o stress oxidativo são fatores major

implicados na degeneração da retina relacionada com a diabetes. 66

A maioria dos fatores implicados, como o VEGF, que é um mediador da inflamação e da

angiogénese, afeta positivamente o crescimento, diferenciação e sobrevivência das células

neuronais. Como o VEGF, também a insulina é um fator protetor neuronal. Assim, concluímos que,

em estádios iniciais, a expressão de citocinas e/ou fatores de crescimento funciona como uma

adaptação fisiológica para manutenção da normal função neuronal da retina; mas, com o passar do

tempo, estas alterações tornam-se mal-adaptativas e levam a alterações importantes, como a

destruição da BHR e amplificação das respostas inflamatórias na retina. 67,68

Em suma, todas as alterações acima mencionadas fazem com que seja necessário re-

conceptualizar a fisiopatologia da RD, com a emergência de um novo termo – a unidade

neurovascular da retina.69 O conceito de unidade neurovascular enfatiza a relação íntima

estabelecida entre os neurónios da retina (fotorrecetores, células ganglionares, células horizontais

e bipolares), as suas células de suporte (astrócitos e células de Muller) e a sua vasculatura (células

endoteliais e pericitos). Apenas um funcionamento apropriado do conjunto destes elementos

permite um normal funcionamento da retina, bem como permite que esta se adapte

adequadamente às mais variadas condições fisiológicas. 68,70,71

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4. Clínica da Retinopatia Diabética A RD clínica pode ser identificada como a manifestação ocular da diabetes, caracterizada

por alterações graduais e progressivas na retina de um doente com diabetes.72 Ao longo dos

tempos, várias classificações internacionais têm sido propostas, de forma a tornar mais fácil e

objetiva a comunicação entre a comunidade científica.

Em 2002 foi elaborada uma classificação para a RD com base na observação do fundo

ocular/retinografia que propõe uma escala de risco/gravidade para a RD, sendo a classificação

usada atualmente na prática clínica – Classificação Clínica Internacional. (Tabela 1 – em anexo).

4.1 Retinopatia Diabética Pré-clínica

Diferentes estudos histológicos, post mortem e clínicos, identificaram alterações

estruturais da retina mesmo antes das alterações vasculares fundoscopicamente visíveis, apoiando

o conceito de uma nova fase precoce da RD, enquanto doença neurodegenerativa, antes da RDNP

ligeira. 18

De facto, antes do aparecimento de qualquer manifestação clínica, podem existir

alterações em algumas funções retinianas, como perda da sensibilidade ao contraste,

discromatopsia e/ou atraso no tempo de recuperação da retina quando estimulada pela luz – Teste

de Fotostress - identificadas em exames eletrofisiológicos e psicofísicos. 66 Estas alterações

traduzem a possível neurodegeneração precoce constatada nos doentes diabéticos sem RD

clinicamente evidente.73

4.2. Retinopatia Diabética não proliferativa

Os estádios não proliferativos da RD são caracterizados pela presença de alterações

vasculares retinianas como microaneurismas, hemorragias intrarretinianas, dilatações venosas e

exsudados moles e/ou duros.4,8

Os microaneurismas são o sinal mais precoce da RD e correspondem a dilatações focais das

paredes dos capilares retinianos por perda dos seus pericitos. A rutura destes microaneurismas

origina hemorragias retinianas, que podem assumir diversas morfologias, dependendo da sua

localização topográfica na retina.74 Se mais profundas, são redondas, ovais ou punctiformes; se

mais superficiais, são em chama de vela.

Os exsudados moles ou manchas algodonosas são lesões esbranquiçadas da camada de

fibras nervosas, resultantes da oclusão de arteríolas pré-capilares e consequente enfarte,

frequentemente delimitados por hiperpermeabilidade vascular e microaneurismas. 75

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Se a RD progredir, haverá uma gradual oclusão dos vasos retinianos, com défice na perfusão

e, consequente, isquemia da retina. Os sinais clínicos de aumento desta isquemia incluem

anormalidades venosas (dilatações, ansas e veias em rosário), IRMAs - dilatações segmentares de

capilares retinianos parcialmente ocluídos localizados nas camadas mais internas da retina (o que

os diferencia dos neovasos) - e leakage vascular mais extenso caracterizado por aumento das

hemorragias e exsudação retinianas. Quando estes sinais clínicos evoluem para além de

determinados limiares estamos perante RDNP grave (Tabela 1). 1,74

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4.3. Complicações ameaçadoras da visão na Retinopatia Diabética 4.3.1 Edema Macular Diabético

O edema macular diabético constitui a causa mais frequente de diminuição da acuidade

visual nos doentes com RD.76 É definido por um aumento da permeabilidade vascular retiniana, por

compromisso da integridade da BHR interna, levando a derrame de fluido e constituintes do plasma

para o espaço intersticial adjacente. Esta situação, que pode ocorrer em qualquer estádio da RD,

caracteriza-se pelo espessamento da retina (edema) e/ou formação de exsudados duros –

deposição de lipoproteínas plasmáticas após extravasamento – numa área de 1 diâmetro de disco,

centrada na fóvea. 77

Angiograficamente, distinguem-se 2 tipos de EMD:

Focal - área localizada de espessamento da retina, resultante, inicialmente, da difusão a

partir dos microaneurismas (MAs);

Difuso - espessamento mais amplo, devido ao leakage difuso a partir dos capilares dilatados

e anormalmente permeáveis. 74

4.3.2. Retinopatia Diabética proliferativa

Quando a isquemia retiniana aumenta e se torna generalizada, em resposta aos estímulos

angiogénicos de mediadores vasoproliferativos, surgirá a neovascularização das camadas internas

da retina, característica da RDP. Os neovasos do disco ótico ou de qualquer local da retina são vasos

frágeis constituídos só por endotélio, predispostos a rutura, com consequente hemovítreo ou

fibrose e contração, com resultante formação de membranas epirretinianas, bandas de tração

vitreorretinianas, rasgaduras e descolamentos da retina tracionais ou regmatogéneos.74

O glaucoma neovascular pode, também, ser uma manifestação da RDP, provocado por

neovasos do segmento anterior (íris ou ângulo iridocorneano).78,79

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5. Opções Terapêuticas para o tratamento da Retinopatia Diabética 5.1 Opções Terapêuticas Atuais da Retinopatia Diabética

As estratégias terapêuticas nas fases iniciais da RD devem apoiar-se, em primeiro lugar,

num bom controlo metabólico e dos restantes fatores de risco, visto que esta atuação precoce pode

prevenir ou estabilizar a progressão da RD.1

Nos casos de doença estabelecida, são múltiplos os fármacos e terapias usadas, tendo

ocorrido, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas naquele que é o gold standard para o

tratamento destes doentes.

5.1.1 Terapêuticas Anti-angiogénicas

O aparecimento de fármacos anti-angiogénicos, nomeadamente as injeções intravítreas de

anti-VEGF, revolucionou o tratamento da RD. Atualmente, são 3 os fármacos utilizados –

Bevacizumab, Aflibercept e Ranibizumab – sendo este último o mais extensamente utilizado e o

que foi alvo de mais estudos clínicos.80 Os objetivos para o uso dos anti-VEGF são não só melhorar

como estabilizar a acuidade visual dos pacientes, evitando a perda futura de visão.

No entanto, e apesar de serem a terapêutica mais usada na atualidade, existem algumas

limitações ao uso deste tipo de fármacos, relativas, nomeadamente, ao seu curto tempo de semi-

vida, que leva à necessidade de injeções mensais ou bi-mensais nos pacientes sujeitos a este

tratamento.81

Como tal, estes pacientes apresentam um risco elevado de endoftalmite infeciosa,

inflamações intraoculares e mesmo enfartes ou acidentes vasculares cerebrais, pelo que este tipo

de tratamento deve ser feito com especial precaução em pacientes com história de doença

coronária ou cerebrovascular.82 Acresce que existem pacientes que são resistentes a este tipo de

terapêutica, ou que têm uma fraca adesão ao tratamento, devido às múltiplas injeções necessárias.

5.1.2. Terapêuticas Anti-Inflamatórias O tratamento com corticoides intravítreos têm ganho, nos últimos anos, uma importância

crescente no tratamento da RP, principalmente nos casos de EMD refratário, ou em casos de

resistência à terapêutica com anti-VEGF.83 Nestes casos, acredita-se que o papel das citocinas é

preponderante para a falência das estratégias de tratamento e, como tal, os corticoides parecem

ser altamente eficazes em controlar uma série de mediadores envolvidos na fisiopatologia da RD (e

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em especial do EMD) como o VEGF, TNF-𝛼, quimiocinas, leucoestase e fosforilação das proteínas

das tight junctions.84 Atualmente, o implante intravítreo de dexametasona, um implante

biodegradável que liberta corticosteroides de uma forma sustentada, durante aproximadamente 6

meses, é a forma de tratamento mais utilizada.85 São vários os benefícios deste tipo de tratamento

quando comparado com as injeções mensais de anti-VEGF, nomeadamente uma menor frequência

de injeções intraoculares, uma melhor adesão por parte do paciente e custos menores. No entanto,

a alta incidência de efeitos secundários, como uma elevação significativa da pressão intraocular

(PIO) e o aumento da formação de cataratas, faz com que os corticoides continuem a ser utilizados

como tratamento de segunda linha, dando preferência ao uso dos agentes anti-VEGF. 84

5.1.3. Tratamento Laser A fotocoagulação a laser foi, durante muitos anos, o gold standard para o tratamento da

RD, quer da RDP, quer do EMD, muito antes de surgirem a terapêutica anti-VEGF. De facto, o uso

de tratamento a laser macular focal ou em grelha mostrou ser eficaz na redução do edema macular

e na redução do risco de diminuição da acuidade visual em 50%.86 A fotocoagulação laser

panretiniana (PRP) foi também usada para o tratamento da RDP, reduzindo significativamente o

risco de perda severa de visão, principalmente em casos de alto-risco para complicações, como

hemorragia vítrea. 87

Apesar de ter sido usada durante tantos anos, o mecanismo exato pelo qual a terapia laser

reduz o EMD e induz a regressão da neovascularização não está, ainda, estabelecido. Para além

disso, tendo em conta a sua natureza altamente destrutiva, o uso do laser pode causar danos

permanentes nas células da retina, causando perda moderada de visão central e redução da visão

noturna. 7,88

Atualmente, o laser é utilizado como terapêutica adjuvante dos anti-VEGF ou como

tratamento de última linha, quando todos os anteriores falharam. De facto, o uso de laser focal

como terapêutica adjuvante das injeções intravítreas de anti-VEGF reduz drasticamente a

periodicidade das injeções, quando comparado com o tratamento isolado com anti-VEGF nos

pacientes com EMD. 88

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5.2 Novas opções terapêuticas 5.2.1 Novos fármacos anti-angiogénicos Atualmente existem vários novos fármacos, para além dos anti-VEGF, que estão a ser

investigados pelo seu efeito anti-angiogénico. Estes fármacos atuam sobre as angiopoietinas,

nomeadamente na via da Ang-Tie2, e parecem promissores, ao conseguirem, por ativação do

recetor Tie2, diminuir a permeabilidade vascular. 89

A Esqualamina é um novo agente que demonstrou, em vários estudos, uma melhor

recuperação visual de doentes com EMD, por inibir vários fatores angiogénicos para além do

VEGF.90

5.2.2 Novos fármacos anti-inflamatórios

A interleucina-6 (IL-6), umas das mais importantes citocinas pro-inflamatórias encontradas

no vítreo dos pacientes com RD, tem sido alvo de vários estudos, tendo-se desenvolvido anticorpos

contra a IL-6 e contra o seu recetor. Estes novos fármacos encontram-se, ainda, em fase de estudo

clínico para reconhecer a sua eficácia e segurança. 91

Os efeitos clínicos dos AINEs, que inibem a ICAM-1 e a leucoestase, na redução da

incidência da RD, têm sido estudados, após a constatação destes efeitos em pacientes medicados

com salicilatos para o tratamento da artrite reumatóide.8 No entanto, estudos recentes

demonstram que este efeito dirigido à RD só é significativo quando são utilizadas altas doses de

aspirina, o que pode aumentar significativamente a taxa de EAM e AVC nestes pacientes. Como tal,

está a ser estudada a possibilidade da administração tópica de AINEs, com resultados promissores. 92

5.2.3. Novos tratamentos laser

Atualmente tem sido feito um esforço para desenvolver novos lasers que tenham menos

efeitos adversos. O laser PASCAL (pattern scanning laser) é um novo tipo de tratamento para o EMD

e a RDP, que reduz os danos retinianos por promover um maior controlo do laser e diminuir o

tempo de tratamento necessário.93,94 Para isso, técnicas de micropulso têm sido usadas para

permitir a formação de queimaduras subliminares, minimizando, assim, os danos colaterais.

Mais recentemente, a utilização de sistemas de navegação de laser (NAVILAS) aumentou

ainda mais a precisão dos pontos de laser aplicados na retina, o que levou a resultados visuais muito

favoráveis. 95,96

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5.3 O futuro das terapêuticas para a Retinopatia Diabética

São várias as moléculas estudadas, na atualidade, como possíveis alvo de tratamento da

RD, nos seus mais diferentes estádios. Tendo em conta as descobertas sobre a fisiopatologia da

doença, estas incluem:

- Moléculas bloqueadoras da inflamação: Moléculas como os anti-TNF-𝛼, anti-IL-1ß,

inibidores dos recetores para MCP-1, CCR-2/CCR5, bem como antagonistas das integrinas,

têm sido estudados como potenciais tratamentos futuros para as diferentes fases da RD.

De facto, o Infliximab (anti-TNF-𝛼) melhorou a acuidade visual e reduziu a espessura

macular de 4 doentes refratários à terapia com laser 97; O Canakinumab (anti-IL-1ß seletivo)

levou à estabilização, mas não regressão, da neovascularização e doentes com RDP, bem

como efeitos promissores na redução do edema macular nos doentes com EMD 98; A

terapêutica oral com inibidores dos recetores para MCP-1, CCR-2/CCR5, mostrou

resultados não inferiores, no que diz respeito ao ganho de acuidade visual e redução da

espessura da retina central, quando comparados com as injeções intravítreas de anti-VEGF

97.; Por fim, e tendo em conta que a leucoestase depende de integrinas específicas do

endotélio, fármacos como o Luminate (antagonista das integrinas) têm sido usados como

terapêutica sequencial a uma única injeção intravítrea de anti-VEGF, mostrando resultados

equiparáveis à monoterapia com injeções sequenciais de anti-VEGF.99

- Fatores de crescimento inflamatórios: As angiopoietinas representam a família de fatores

de crescimento inflamatórios que são importantes moduladores da angiogénese. Assim, a

via da Ang-2 tem sido estudada como tratamento dos doentes com RDNP, sendo que

estudos posteriores revelaram já o benefício da associação de moduladores desta via com

os anti-VEGF na redução do EMD e tendência para melhoria da acuidade visual. 100

- Sistema Renina Angiotensina: Um bloqueio específico do sistema renina-angiotensina,

nomeadamente com um bloqueador dos recetores tipo I da Angiotensina II (AT1R) –

Losartan, Candesartan – e ainda com um inibidor da enzina de conversão da Angiotensina

(Enalapril) – demonstrou reduzir o risco de aparecimento e progressão da RD em pacientes

com DM tipo 1 e 2. Em estudos realizados em pacientes normotensos e com níveis normais

de albumina, o uso de Losartan ou Enalapril reduziu significativamente a progressão de RD,

em 70% e 65%, respetivamente. No entanto, algumas discrepâncias nos resultados do uso

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do Losartan e do Candesartan demonstram que são necessários mais estudos para avaliar

o real benefício do efeito do bloqueio do SRA na clínica da RD.101

- Tetraciclinas: Para além da sua ação antimicrobiana, a miociclina e a doxiciclina possuem

várias propriedades imunomoduladores e neuroprotetoras, como a inibição da produção

de NO, prostaglandinas, IL-1ß e TNF-𝛼 e caspases. Estudos revelaram que a miociclina,

usada como tratamento primário da RD, estava associada a melhoria da acuidade visual,

redução do edema macular e do leakage vascular.102 No entanto, estudos com a doxiciclina

não demonstraram a mesma eficácia no tratamento da RD, pelo que são necessários mais

estudos para diferenciar o potencial efeito das tetraciclinas no tratamento dos diferentes

estádios da RD. 103

- Fotobiomodulação (PBM): Os novos Lasers de Baixo Nível ou Fototerapia de luz

vermelha/infravermelha (FR/NIF) exploram o potencial de conversão fotoquímica da luz

de baixa intensidade em vez de, como nos lasers convencionais, usarem fotões como

energia, o que levava a que a ação predominante fosse o aquecimento e consequente

destruição por queimadura de estruturas.104 Estas novas terapias consistem numa série de

pequenas iluminações oculares com certos comprimentos de onda específicos (600-

100nm), emitidos por um laser ou um díodo emissor de luz. Como resultado desta

exposição, dá-se a indução da ativação de certas vias de sinalização dentro das células

retinianas, com redução significativa da morte das células ganglionares e melhorias na

amplitude da onda b fotópica na Eletrorretinografia (ERG).104

Deste modo, alguns estudos demonstraram que a utilização de PBM duas vezes por dia

durante 2-9 meses, reduziu a espessura macular em cerca de 20%, quando comparado com

o grupo não tratado (cuja espessura macular até aumentou). São necessários mais estudos,

utilizando mais pacientes, para não só confirmar a eficácia como estabelecer a dose e

duração ótima de tratamento e identificar potenciais efeitos laterais.8

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6. Conclusões A retinopatia diabética é, há muitos anos, reconhecida como a principal complicação

microvascular da Diabetes Mellitus, sendo a principal causa de perda de acuidade visual na

população em idade ativa, em todo o mundo.

Com esta revisão bibliográfica foi possível sumarizar os mais recentes achados clínicos e

laboratoriais que demonstram o papel primordial da inflamação na base fisiológica dos estádios

iniciais desta doença. A unidade neurovascular, um novo conceito fisiopatológico que surge das

mais recentes descobertas e que enfatiza a relação íntima estabelecida entre os neurónios da

retina, as suas células de suporte e a sua vasculatura torna-se, assim, o novo alvo de estudo na

população com RD, demonstrando resultados promissores a nível do tratamento precoce destes

doentes.

Em suma, os atuais conhecimentos que temos sobre a retinopatia diabética permitem-nos

concluir que apenas um funcionamento apropriado do conjunto destes elementos permite um

normal funcionamento da retina, bem como permite que esta se adapte adequadamente às mais

variadas condições fisiológicas. Como tal, mais estudos são necessários para que se possa

compreender os mecanismos moleculares exatos subjacentes à inflamação ocular nos pacientes

com RD, levando, assim, a novos e mais eficazes tratamentos que permitam, cada vez mais, atuar

em estádios precoces, capazes de preservar a acuidade visual destes pacientes.

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7. Caso Clínico Primeira consulta - 18/10/2018

Identificação

JLPS, 61 anos, género masculino, raça caucasiana, natural e residente em Paredes, reformado.

Motivo da consulta

Hipovisão bilateral: olho esquerdo menor que olho direito.

História da doença atual

Hipovisão bilateral, lenta e progressiva, com início há aproximadamente 1 ano.

Antecedentes oculares

Óculos.

Antecedentes pessoais sistémicos

Sem patologias significativas na infância e adolescência.

Nega episódios médicos significativos na vida adulta.

Plano Nacional de Vacinação atualizado;

Sem registo de viagens recentes ou transfusões.

Caracterização do estado de saúde

Diabetes Mellitus tipo II, diagnosticada há aproximadamente 5 anos, no contexto de consulta de

medicina geral e famíliar.

Com possível atingimento de órgão alvo - Enfarte Agudo de Miocárdio em Abril de 2018.

Nega alergias alimentares, ambientais e medicamentosas conhecidas.

Alimentação equilibrada, com intervalos regulares e sem excessos alimentares.

Nega hábitos tabágicos, mas refere tabagismo passivo. Nega consumo de álcool.

Nega atividade física regular, para além das atividades da vida diária.

Nega consumo de drogas ilícitas.

História familiar sistémica: Mãe com Diabetes Mellitus tipo 2.

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Exame objetivo

Exame ocular externo: fendas palpebrais simétricas; isocoria, sem proptoses.

Movimentos oculares normais.

Reflexos pupilares normais.

Acuidade visual:

- Olho direito: 8/10 com óculos (+2.00 + 0.50x180º);

- Olho esquerdo: 3/10 com óculos (+1,50 + 1,00X170º);

Pressão intraocular: Olho Direito e Esquerdo (ODE) – 14-14 mmHG;

Fundo ocular: ODE - retinopatia diabética não proliferativa grave com edema macular (OE>OD);

Realizou:

- OCT:

o Olho direito - discreto espessamento macular (377 µm), compatível com edema

macular. (Fig. 5.)

o Olho esquerdo - espessamento macular (405 µm), compatível com edema macular

cistóide. (Fig. 6.)

Diagnóstico

Retinopatia diabética não proliferativa grave, com edema macular.

Plano

Realizou injeção de Avastin© (bevacizumab) na cavidade vítrea, em ambos os olhos.

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Consulta de seguimento - 22/10/18

Realizou:

- Microscopia Especular do endotélio:

o Olho direito e esquerdo – morfologia e número das células endoteliais corneanas

dentro dos parâmetros de normalidade. (± 2600 células) (Fig. 7.; Fig. 8. ;)

- Pentacam:

o Olho direito e esquerdo – Topografia e paquimetria dentro dos parâmetros da

normalidade. (Fig. 9.; Fig. 10. ;)

Consulta de seguimento - 9/11/2018

Doente afirma sentir melhorias relativamente à sua acuidade visual;

Acuidade visual do OD 9/10 (antes 8/10) e OE 5/10 (antes 3/10), com óculos.

Realizou:

- OCT:

o Olho direito: discreto espessamento macular (364 µm), compatível com edema

macular ligeiro. (Fig. 11.)

o Olho esquerdo: espessamento macular (423 µm), compatível com edema macular

cistóide. (Fig. 12.)

Plano

Realizou laser árgon focal em ambos os olhos.

Consulta de seguimento - 17/12/2018 Realizou:

- OCT:

o Olho direito: discreto espessamento macular (350 µm), compatível com discreto

edema macular. (Fig. 13.)

o Olho esquerdo: espessamento macular com ligeiro agravamento (521 µm),

compatível com edema macular cistóide exuberante. (Fig. 14.)

Plano

Realizou Avastin© intravítreo em ambos os olhos.

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Consulta de seguimento – 28/01/2019

Acuidade visual OD 10/10 (consulta anterior - 9/10) com óculos e OE 8/10 (consulta anterior - 5/10),

com óculos.

Realizou:

- Retinografia: Fundo de olho direito e esquerdo depois de tratamento com anti-

angiogénicos e laser.

o Olho direito: Retina sem hemorragia ou exsudados duros ou moles e com marcas

de Laser Árgon; Disco ótico normal. (Fig. 15.)

o Olho esquerdo: retina com algumas hemorragias puntiformes, exsudados duros na

arcada temporal superior e microaneurismas no pólo posterior. Ligeiro edema

macular. Papila sem neovasos, dentro da normalidade. (Fig. 16.)

- Angiografia Fluoresceínica: (Fig. 17. A Fig. 27.)

- OCT:

o Olho direito: discreto espessamento macular (351 µm), compatível com discreto

edema macular. (Fig. 28.)

o Olho esquerdo: espessamento macular (390 µm), compatível com edema macular

cistóide. (Fig. 29.)

- Pressão intraocular: 14 mmHG em ambos os olhos.

Plano

Realizou Avastin© no olho esquerdo, por apresentar, ainda, algum grau de edema macular.

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Consulta de seguimento – 21/03/2019 Acuidade visual OD 10/10 (8/10) com óculos e OE 6/10 (3/10), com óculos.

Realizou:

- OCT:

o Olho direito: discreto espessamento macular (373 µm), compatível com ligeiro

edema macular. (Fig. 30.)

o Olho esquerdo: espessamento macular (406 µm), compatível com edema macular

cistóide. (Fig. 31.)

Plano

Seguimento do doente de 3 em 3 meses para avaliação da retinopatia diabética, através de OCT e

Angiografia Fluoresceínica. Tratamento adicional com anti-angiogénicos e laser árgon, se

necessário.

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Anexos

Figura 1. – Localização anatómica dos plexos vasculares na retina humana segundo as camadas definidas por OCT.

Adaptada de OCT Angiography and Visible Light OCT in Diabetic Retinopathy

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Tabela I – Classificação Clínica Internacional da Retinopatia Diabética / Graus de gravidade da retinopatia diabética. Adaptada de Global Diabetic Retinopathy Project Group 2002.

Classificação da RD /

Grau de gravidade Sinais Fundoscópicos

Sem RD Sem alterações

RDNP ligeira Apenas microaneurismas

RDNP moderada Mais do que apenas microaneurismas mas menos do que RDNP grave

RDNP grave

Qualquer um dos seguintes:

- mais do que 20 hemorragias intrarretinianas em cada um dos 4 quadrantes

- anomalias venosas (venous bleading) em 2 ou mais quadrantes

- IRMAs em pelo menos um quadrante

- sem sinais de RDP

RDP Neovascularização e/ou hemorragia vítrea/pré-retiniana

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Figura 2. Imagens Fundoscópicas da RD. Imagens retiradas de Caracterização das fases iniciais da retinopatia

diabética. Diagnóstico precoce e biomarcadores da atividade da retinopatia diabética.

Legenda: A – Sem lesões de RD; B – RDNP ligeira; C – RDNP moderada; D – RDNP grave com maculopatia.

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Figura 3. Imagens do EMD. Imagens retiradas de Diabetic Macular Edema – Personalizing treatment.

American Academy of Ophthalmology

Legenda: 1A – Fundoscopia do EDM; 1B – OCT do EMD

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Figura 4. Imagens Fundoscópicas da RDP. Imagens retiradas de Caracterização das fases iniciais da retinopatia

diabética. Diagnóstico precoce e biomarcadores da atividade da retinopatia diabética.

Legenda: A – Neovasos do Disco; B – Neovasos do disco; C – Neovasos, proliferação fibrosa; D – Neovasos,

proliferação fibrosa e hemorragia pré-retiniana

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Figura 5. Exame tomográfico macular do olho direito – com discreto espessamento macular (377 µm),

compatível com edema macular.

Figura 6. Exame tomográfico macular do olho esquerdo – espessamento macular (405 µm),

compatível com edema macular cistóide.

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Figura 7. Microscopia Especular do Endotélio do olho direito: Morfologia das células endoteliais

corneanas normais assim como o número (2669 mm²).

Figura 8. Microscopia Especular do Endotélio do olho esquerdo: Morfologia das células endoteliais

corneanas normais assim como o número (2637 mm²).

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Figura 9. Pentacam olho esquerdo. Apresenta uma topografia normal assim como a paquimetria.

Figura 10. Pentacam olho direito. Apresenta uma topografia normal assim como a paquimetria

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Figura 11. Exame tomográfico macular do olho direito – discreto espessamento macular (364 µm),

compatível com edema macular.

Figura 12. Exame tomográfico macular do olho esquerdo – espessamento macular (423 µm),

compatível com edema macular cistóide.

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Figura 13. Exame tomográfico macular do olho direito – discreto espessamento macular (350 µm),

compatível com edema macular.

Figura 14. Exame tomográfico macular do olho esquerdo – espessamento macular (521 µm),

compatível com edema macular cistóide exuberante.

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Figura 15. Retinografia do olho direito – Retina sem hemorragia ou exsudados duros ou moles e com

marcas de Laser Árgon; Disco ótico normal.

Figura 16. Retinografia do olho esquerdo – retina com algumas hemorragias puntiformes, exsudados

duros na arcada temporal superior e microaneurismas no pólo posterior. Ligeiro edema macular. Papila

sem neovasos, dentro da normalidade.

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Figura 18. Retinografia com luz aneritra do olho esquerdo onde se visualizam manchas escuras compatíveis

com hemorragias e áreas despigmentadas de Laser Árgon.

Figura 17. Retinografia com luz aneritra do olho direito onde se visualizam manchas escuras compatíveis

com hemorragias e áreas despigmentadas de Laser Árgon.

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Figura 19. Angiografia Fluoresceínica do olho direito, aos 0:37 minutos, em tempo arteriovenoso

precoce, onde se visualizam manchas escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos

compatíveis com microaneurismas e lesões escuras, superiormente, compatíveis com marcas de laser.

Figura 20. Angiografia Fluoresceínica do olho esquerdo, aos 0:54 minutos, em tempo arteriovenoso, onde

se visualizam manchas escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos compatíveis com

microaneurismas e áreas tratadas com laser árgon.

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Figura 21. Angiografia Fluoresceínica do olho direito, aos 1:09 minutos, em tempo arteriovenoso, onde

se visualizam raras manchas escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos compatíveis com

microaneurismas e áreas tratadas com laser árgon.

Figura 22. Angiografia Fluoresceínica do olho direito, aos 1:16 minutos, em tempo arteriovenoso, onde

se visualizam manchas escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos compatíveis com

microaneurismas, áreas tratadas com laser árgon e zonas da média periferia sem perfusão capilar.

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Figura 23. Angiografia Fluoresceínica do olho direito, aos 1:29 minutos, em tempo arteriovenoso,

onde se visualizam manchas escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos compatíveis com

microaneurismas, áreas tratadas com laser árgon e zonas da média periferia sem perfusão capilar.

Figura 24. Angiografia Fluoresceínica do olho direito aos 2:21 minutos, onde se visualizam manchas

escuras compatíveis com hemorragias, pontos brancos compatíveis com microaneurismas, áreas

tratadas com laser árgon, área macular sem difusão de corante e papila sem patologia.

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Figura 25. Angiografia Fluoresceínica do olho esquerdo aos 2:30 minutos, onde se visualizam, além de

microaneurismas, grandes áreas de não perfusão capilar.

Figura 26. Angiografia Fluoresceínica do olho esquerdo aos 5:31 minutos, onde se visualizam pequenas

manchas escuras compatíveis com hemorragias, alguns pontos brancos compatíveis com

microaneurismas, áreas tratadas com laser árgon, área macular e papila sem difusão de corante.

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Figura 27. Angiografia Fluoresceínica do olho direito aos 5:40 minutos, onde se visualizam alguns

pontos brancos compatíveis com microaneurismas, áreas tratadas com laser árgon, área macular e

papila sem difusão de corante.

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Figura 28. Exame tomográfico macular do olho direito – discreto espessamento macular (351 µm),

compatível com edema macular discreto.

Figura 29. Exame tomográfico macular do olho esquerdo – espessamento macular (390 µm),

compatível com edema macular cistóide.

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Figura 30. Exame tomográfico macular do olho direito – discreto espessamento macular (373 µm),

compatível com ligeiro edema macular.

Figura 31. Exame tomográfico macular do olho esquerdo – espessamento macular (406 µm),

compatível com edema macular cistóide.

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Bibliografia 1. Reis Ribeiro, M. L. Caracterização das fases iniciais da retinopatia diabética. Diagnóstico

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