ALEKHINE ó - Angelfire: Welcome to Angelfire Guardei sempre, cuidadosamente o manuscrito, ao tempo...

Rui C. Nascimento

Mestre da Federação Portuguesa de Xadrez (FPX)(Portuguese Chess Federation Master)

Mestre Honorário de Composição da FIDE(FIDE´s Honorary Master of Chess Composition)

O ÚLTIMO SEGREDO(The Last Secret)

ALEXANDREALEXANDROVITCH

ó ALEKHINE óImorredouro

Lisboa, 2006

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Alekhine Imorredouro – O Último Segredo

Autor: Rui de Carvalho Nascimento

Edição do Autor – 3ª Edição

1ª Edição Poligrafada – Maio 2003

2ª Edição Revista e Aumentada – Agosto 2006

3ª Edição Revista e Aumentada – Janeiro de 2007

Revisão e tratamento informático: Leonor Nascimento



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Rui C. Nascimento

Lisboa – Abril 2003

ORIGINAL DEDICADO

À MEMÓRIA DO MESTRE

Figurativo em 3 lances

(5+5) #3



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A. A. ALEKHINE

O ÚLTIMO SEGREDO

Convivi com o Mestre desde 1941, até ao seu passamento, em 1946,naqueles períodos em que residiu em Portugal.

Poucos dias antes da data fatal, esteve no escritório do Dr.António MariaPires, onde conversámos. Tinha um objectivo que não foi iludido – umapequena receita para o balcão do bar.

Confesso que me senti arrepiado – como é possível, numa sociedadecivilizada, assistir-se à degradação de um homem inteligente, de grandecultura e saber, e também, na carreira que escolheu para a sua vida, serindiscutivelmente, o nº 1 do mundo?

Um homem que proporcionou aos milhares (ia mesmo a escrever “aosmilhões”) dos seus admiradores, inesquecíveis horas de prazer espiritual?Que sociedade vanglorizadora é esta, onde não cabe a solidariedade?

Teremos que ir procurar bons exemplos em algumas meio desconhecidasgentes das margens do Amazonas? Nem a Governação, nem a Oposição –por momentos esquecendo os seus inúteis discursos mútuos – ousammanifestar a sua solidariedade a quem a merece?

E, no entanto, historicamente há, pelo menos, um exemplo: o ReiD.Sebastião – o monarca mais xadrezista da nossa história – concedeuuma “tença”, e até a aumentou posteriormente, ao grande Luis de Camões.

Volvendo ao ano de 1941, ao Grupo de Xadrez de Lisboa, pela tardechegou o Dr.Alekhine e estendeu-me mais de 40 folhas A4; vendo queestavam escritas em francês, perguntei: é para traduzir? “Oh non, c'est uncadeau”.

Era um presente; após os “mercis”, verifiquei ser o manuscrito de uma dassuas conferências recentes. Eu era ainda solteiro, vivia pois em quartosalugados, não podia ter uma biblioteca.



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Guardei sempre, cuidadosamente o manuscrito, ao tempo ainda semgrande interesse para o mundo do xadrez,

Mais tarde, numa exposição, apresentei a folha 35 “Je n'aime pasSteinitz”.Isso chamou a atenção para o manuscrito, e na página 144 do livro“Xeque-Mate no Estoril”, de Dagoberto Markl, e que eu tive o gosto e ahonra de prefaciar, vinha um lamento com uma ligeira censura pelo factode a prosa do manuscrito não ser, totalmente, conhecida.

Mas eu não podia fazer a publicação por um motivo poderoso: faltavamtreze lances no manuscrito. Mas então já eu tinha uma biblioteca, eencontrei os lances num livro sem data, mas cujo autor nasceu em 1860,D.José Paluzie y Lucena.

Tendo, pois, tido sucesso na minha busca, findei a tarefa e foi possívelpublicar as quatro partidas comentadas por Alekhine, em 1941. Este livronão subentende nenhuma intenção mercantilista; o contrário envergonhar-me-ia. Um “cadeau” recebido do Mestre, será igualmente um presentepara os meus Amigos. Para findar, farei agora referência a uma palavra dacapa do livro, a qual coloco adjectivando o nome do Mestre.

Na realidade, mortais somos todos. Mas alguns houve que são agoraimorredouros.Em todo o mundo, ninguém ousará dizer que não merece esse adjectivo oDr. Alexandre Alekhine.Ouçamos as suas palavras que, embora escritas, soam perfeitamente nanossa inteligência, espírito ou alma.



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Página 1 do manuscrito - “le cadeau” - que me foi oferecido porAlekhine



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Página 35 do mesmo, onde diz “Je n´aime pas Steinitz”, afirmaçãomuito polémica na época…



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Senhoras, Senhores:

Dentro do programa das minhas conferências dei alguns nomes, algumasdatas; mas o tema que me proponho tratar, com efeito, é muito maisamplo, porque se tratará da própria essência do nosso jogo, da nosssaArte.Pensou-se, pergunto-me, e definiu-se, porque nós gostamos do Xadrez,porque o preferimos (ou bem, a maior parte de nós) a qualquer outropassatempo?Não creio que a questão tenha sido posta sob este ângulo e, contudo, elamerece o esforço.Isto, sobretudo, porque o xadrez tem muitas vezes sido subestimado,mesmo escarnecido.Um dos meus grandes desgostos – desde jovem – foi ler em “O DuploAssassínio da Rua da Morgue”, de Edgar Pöe, as linhas seguintes:“O cálculo, como tal, não pode de nenhum modo ser identificado com aanálise. Por exemplo, o jogador de xadrez pode muito bem calcular semter necessidade de analizar; por consequência, o valor do xadrez foi muitoexagerado e, sem querer aprofundar demasiado o assunto,definirei comoprefácio a esta história criminal, fazer conhecer a minha opinião apropósito deste jogo.Tomo, note-se, a liberdade de declarar que o maior valor possuído por nósoutros, humanos – a saber: a possibilidade da percepção intelectual – émuito mais seduzida pelo humilde jogo das damas, que pelasdificuldades artificiais do xadrez.Neste último jogo, a diversidade do movimento das peças não faz senãodar uma falsa impressão de profundidade, e esquece-se que graças a estadiversidade, a atenção dos jogadores é submetida a um muito rudeesforço.No momento em que esta extrema situação provoca imperfeição, comete-se um erro, muitas vezes o erro decisivo – e nove vezes em dez, não é omelhor jogador que ganha, mas o mais atento.Ao contrário, no jogo das Damas, onde os movimentos são muito simples,os erros de esquecimento intervêm muito raramente.Sou um grande admirador do autor de “O Corvo”, Pöe, e fiqueisinceramente mais triste constatando que, no caso presente, ele se enganouou, então, por fins desconhecidos, quis induzir o seu público em erro.



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Com efeito, não se pode comparar o Xadrez a nenhum outro jogo decálculo, porque ele tem em si alguma coisa que lhe pertence propriamente,e faz dele uma Arte.A diferença é explicada em poucas palavras: ao passo que todos os outrosjogos – como o das Damas, e mesmo o Go – perseguem a ideia do ganhoem material ou então espaço, o Xadrez possui uma coisa única – a ideiado mate!Esta ideia, sendo completamente ausente de qualquer ganho material, estaideia para a qual nenhum sacrifício – de material, de tempo, de espaço – édemasiado grande, acende em nós a noção do sacrifício pelo ideal, idealqualquer que ele seja – Pátria, Liberdade, Humanidade – mas, de toda amaneira, alguma coisa de mais alto, de mais belo, do que o nosso próprioegoísmo.Isto estabelecido, sabemos que o Xadrez como Arte faz parte da nossacultura e, praticamente, não há país no mundo – mesmo agora na China eno Japão, países que visitei e onde não estive sem sucesso, e onde ele nãotinha sido reconhecido como tal.Mas é preciso constatar que a sua ascenção entre nós, na Europa, foi lentae esbarrou em muitos obstáculos.Eu tive altos e baixos, períodos de vigor, outros de depressão. Mas creiopoder afirmar e isto independentemente da minha personalidade – que,finalmente, estamos chegando ao porto, o Xadrez – os princípios doXadrez vivem e eles viverão.Querendo falar do Xadrez, tal qual ele se foi desenvolvendo até este dia, énecessário mencionar o nome de Philidor – um génio intuitivo da nossaArte, mas um pensador medíocre.De duas classes acima dos jogadores do seu tempo, analista de finais departida, extraordinário para a época, Philidor não achou nada melhor paradefinir a essência da nossa Arte, do que o slogan “Os Peões são a alma doXadrez” – e este slogan foi aceite, foi repetido em quase todos osmanuais de Xadrez franceses. Não, Senhor Philidor, a alma do Xadrez nãoreside, nem nos Peões inertes, nem em nenhuma outra peça.A alma do Xadrez reside no sublime espírito do sacrifício – e por isso oXadrez é humano!Precisamente, dissemos que a ideia do sacrifício fazia parte da própriaessência do Xadrez, mas é preciso ajuntar que esta ideia não pode serrealizada senão em colisão com uma outra concepção não menosimportante – a de o ataque como tal.



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Eu procurarei explicar a minha ideia, a este propósito em poucas palavrase, tanto quanto possível, claramente.

1) Quanto ao ataque tem-se, necessáriamente, um ideal e, porconsequência, sacrifica-se voluntariamente.2) Quando se defende, não é certo que se tenha um ideal (porque a ideiaauto-defensiva não é, certamente, um) e muitas vezes somos sacrificadossem saber porque.Por consequência, a defesa não deve, não pode,e preciso é dizer (noXadrez, evidentemente, onde a posição inicial é igual) deriva de um erroulterior.Espero poder voltar de maneira estudada a este tema em ocasiõespróximas – e prefiro neste momento demonstrar um exemplo-tipo daépoca da infância do Xadrez – onde se vê já surgir a ideia do ataque, semtodavia se aperceber a ideia do sacrifício: a partida Labourdonnais –McDonell.

A INFÂNCIA DO XADREZ

O Senhor de Rivière, no livro em que encontro esta partida, diz nele isto:constatamos, em honra da escola francesa, que dentro do número daspartidas jogadas entre estes dois amantes do tabuleiro, o senhorLabourdonnais teve para si a grande maioria (de vitórias) e chega a dizer-se que nunca existiu um mais forte jogador.Confesso que não estava de acordo com este parecer, porque Philidor, parao seu tempo, tinha maior mestria do tabuleiro que Labourdonnais. Mas, dequalquer maneira, felizmente que a grande maioria das partidas jogadasentre Labourdonnais e Donell, tenha vindo até aos nossos dias – porque



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elas simbolizam o germe do espírito de ataque que é a base mesmo, daNossa Arte.



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Philidor

(1726-1795)

O mais forte jogador do séculoXVIII, era antes de tudo, ummúsico, mundialmente conhecido.Lembrem a “Ceia dos Cardeais”:–“junto ao cravo, o velhoPhilidor tocava o seu minuete.”A sua obra mais importante foi aópera “Ermelinda, Princesa daNoruega”.

Labourdonnais(1797-1840)



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Partida do Bispo de Dama

Brancas:Labourdonnais – Pretas:McDonell

1.e2-e4 e7-e52.Bf1-c4 Bf8-c53.Dd1-e2Actualmente, ninguém teria a ideia de fazer este lance. As brancasameaçam Bxf7+ para seguir com Dc4+, mas isto é facilmente defendidopor 3....Cg8-f6 4.Bxf7 Rxf7 5.Dc4+ d7-d5 6.Dxc5 Cxe4, comvantagem.3. Cg8-f64.d2-d3 Cb8-c65.c2-c3Não há nenhuma razão para não jogar 5.Cg1-f3.A esperança de atacar o centro por 5.f2-f4 é, visto o desenvolvimentoinferior das brancas, sem fundamento.5. Cc6-e7Um lance que nenhum Mestre moderno teria feito, porque perde temposem ganhar espaço. É verdade que as pretas não podiam jogar 5..d7-d56.e4xd5Cf6xd5, por causa de 7.d3-d4, com vantagem, mas a variante 5....0-06.Bc1-g5 h7-h6 7.Bg5-h4 Bc5-e7, seguido de d7-d6, etc., lhes teriaassegurado uma ligeira vantagem de desenvolvimento.6.f2-f4 e5xf4Igualmente este lance não poderia ser tido em consideração actualmente,porque o abandono completo do centro é considerado como um crimevis-à-vis do espírito do Xadrez.Era preciso, evidentemente, jogar 6.d7-d6.7.d3-d4 Be5-b68.Bc1xf4Incompreensível! Por 8.e4-e5 Cf6-d5 9.Cg1-f3, etc., as brancasasseguram uma vantagem de espaço muito importante, provavelmentemesmo decisiva.8. d7-d6?Vê-se que a ideia da luta pelas casas centrais ainda não existia nestaépoca. 8....d7-d5 assegurava às pretas iguais chances.9.Bc4-d3



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E é somente no presente que as brancas se dão conta da ameaça posicionald6-d5.9. Ce7-g610.Bf4-e3 0-011.h2-h3?Uma perda de tempo terrível; a continuação 11.Cb1-d2, seguido de 12.0-0-0, impunha-se.11. Tf8-e812.Cb1-d2 Dd8-e713.0-0-0 c7-c5Uma boa manobra, enfraquecendo a posição central das brancas.14.Rc1-b1 c5xd415.c3xd4 a7-a5?Mas aqui devia jogar-se 15….Cf6-d5 16.e4xd5 De7xe3 17.Cd2-c4!De3xe2 18.Cg1xe2 Bb6-c7, com uma pequena vantagem posicional.O avanço do Peão “a” não teria dado qualquer resultado.16.Cg1-f3 Bc8-d7E ainda neste momento 16….Cf6-d5 era possível 17.e4xd5 De7xe318.De2xe3 Te8xe3 19.Cd2-c4 Te3xd3 seguido de Bc8-f5.Depois do lance do texto, as brancas tomam a iniciativa.17.g2-g4 Parando definitivamente a ameaça Cf6-d5.17. h7-h6“Tudo mas não isto”, o simples ataque do Pe4 por 17....Bd7-c6 18.Be3-g5..h7-h6, etc., estava na ordem do dia.18.Td1-g1Mais preciso era imediatamente 18.g4-g5, porque após o lance do texto, aspretas podiam responder 18....Cf6-h7, com algumas possibilidades dedefesa.18. a5-a4Um ataque quase humorístico!19.g4-g5 h6xg520.Be3xg5?Aqui as brancas não jogam da maneira exacta porque, neste tempo, não setinha ainda a noção dos lances intermediários.A técnica moderna teria imposto primeiro 20.a2-a3.20. a4-a321.b2-b3Como as pretas não ameaçavam praticamente nada, as brancas teriampodido ganhar pelo simples avanço do Peão “h”, mas o lance do textodeverá ser suficiente também.



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21. Bd7-c622.Tg1-g4Meu Deus, Meu Deus!, porque não imediatamente 22.h3-h4?22. Bb6-a5?Nesta partida, considerada pelos contemporâneos – e, mesmo muito maistarde, por Tchigorine – como uma das mais inspiradas entre estes doisjogadores – eu lastimo encontrar mais erros do que não importa emqualquer partida, entre amadores médios de hoje.Depois de 22....De7-e6! as pretas teriam tido possibilidades de realresistência.23.h3-h4 Ba5xd2Ainda aqui, melhor 23....De7-e6.24.Cf3xd2 Ta8-a525.h4-h5 Ta5xg5Uma combinação engenhosa mas, como se vai ver, insuficiente. De toda amaneira, afinal, as pretas estavam perdidas. Se 25....Cg6-f8 26.Th1-g1,etc..26.Tg4xg5 Cg6-f427.De2-f3 Cf4xd328.d4-d5!!A refutação da combinação das pretas que é absolutamente uma honrapara o Mestre francês.Oh, mas é muita infelicidade que ele não termine de uma maneira lógica.28. Cf6xd529.Th1-g1 Cd5-c3+30.Rb1-a1 Bc6xe431.Tg5xg7+ Rg8-h832.Df3-g3 Be4-g633.h5xg6Mas aqui é suficiente, e ainda mais simples, 33.Tg7-h7+ Rh8xh734.h5xg6+ Rh7-h8 35.g6xf7! De7-e1+ 36.Cb2-d1, e as pretas devemabandonar.33. De7-e1+34.Tg1xe1?Isto traz um jogo trágico-cómico. Depois de 34.Cd2-b1 De1xg3 35.Tg7-h7+ Rh8-g8 36.g6xf7, as pretas estão perdidas.34. Te8xe1+35.Dg3xe1 Cd3xe136.Tg7-h7+ Rh8-g837.g6xf7+ Rg8xh7



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38.f7-f8=D Ce1-c2++

Os nomes de Labourdonnais e de McDonell merecem a pena de ser retidos– são parte da história do Xadrez.Seria verdadeiramente que Staunton – esse “príncipe” das trevas o fosse?Talvez, porque ele foi, por um curto momento, é verdade, o mais fortejogador do mundo.Mas, de qualquer maneira, a sua influência no Xadrez foi puramentenegativa porque – por instinto ou persuasão – ele estabeleceu o princípiode monopólio.Um exemplo típico desta tendência é-nos demonstrada pela partidaseguinte.Anderssen, o Mestre inigualável da combinação como tal, reinou apenassete anos – e foi destronado por um maior génio – o maior que nós temosaté ao presente, Morphy. Não que Morphy tenha sido o jogador imbatível,o jogador ideal – muito longe de mim querer afirmá-lo. Mas ele teve amaravilhosa intuíção de encontrar uma nova base de combate para aprimeira fase da partida.Última partida entre os dois jogadores antes referidos, jogada no Torneiode Londres, em 1851.

Anderssen(1818-1879)



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Staunton(1818-1874)

Abertura Irregular

Brancas: Anderssen – Pretas: Staunton

1.e2-e4 e7-e62.d2-d4 g7-g6Enfraquece deliberadamente e sem nenhuma razão, as casas pretas da suaposição.3.Bf1-d3 Bf8-g74.Bc1-e3Actualmente, jogar-se-ia 4.c2-c3 ou então 4.C-f3 (e2).4. c7-c55.c2-c3 c5xd46.c3xd4 Dd8-b6Uma intenção característica da escola materialista, da qual Staunton eraum representante típico. As pretas negligênciam completamente o seudesenvolvimento para ganhar um Peão.Bloqueando a posição, criam dificuldades inúteis.7.Cg1-e2 Db6xb28.Cb1-c3 Db2-b69.Ta1-c1 Cb8-a6



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10.Cc3-b5 Bg7-f811.0-0 d7-d612.d4-d5 Db6-a513.Be3-d4 e6-e514.Bd4-c3 Da5-d815.f2-f4 f7-f616.f4xe5 f6xe517.Dd1-a4Após 17.Ce2-d4 que, à primeira vista, parece forte, as pretas teriam umainteressante defesa – 17....Bf8-h6 18.Dd1-f3 Cg8-f6, etc.17. Bc8-d718.Bc3-b4 Cg8-h6Porque o Pd6 é intomável, visto Dd8-b6+,etc..Mas em vez de jogar o R, as brancas tem 19.Tf1xf8+ Re8xf8, e asvariantes não são complicadas:20.Bd4xd6+ Rf8-e8 21.Tc1-f1+ ou então 21.Bd6xe5 Th8-g8 22.Da4-a3 e ganha facilmente.Anderssen estava decididamente super-prudente, neste dia.19.Rg1-h1 Ch6-f720.Da4-a3 Ca6-c5“Dando um Peão por nada”, escreveu Staunton no livro do Torneio. Masnão tem razão, porque as pretas não tem já defesa satisfatória.Porexemplo: 20....Dd8-e7 21.Da4xa6 b7xa6 22.Cb5-c7+ Re8-d823.Cc7xa8, ganha.21.Cb5xd6+ Bf8xd622.Bb4xc5 Bd6xc523.Da3xc5 Dd8-e724.Dc5-c7É evidente que as brancas devem procurar a decisão no meio da partida24. Cf7-d625.Dc7-a5 h7-h6?Staunton censura igualmente este lance e desta vez com razão. Uma muitomelhor possibilidade de nulidade, oferecia 25....Th8-f8, etc..26.Tc1-c7 Th8-f827.Tf1-c1 a7-a628.Ce2-d4Este lance, pelo qual as brancas aproveitam magistralmente oenfraquecimento da casa g6, é já do vencedor deste Torneio.Se agora 28....e5xd4 29.e4-e5 De7xe5 30.Bd3xg6+ Tf8-f7 31.Tc1-e1 eganham.



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28. Ta8-c829.Cd4-e6Agora a posição das pretas está irremediavelmente perdida.29. Tc8xc730.Tc1xc7 Tf8-f731.Da5-b6!Se as pretas respondem Cxe4, então simplesmente, 32.Tc7xb7, ganhando.31. Tf7-f632.h2-h3 g6-g5O jogo do gato e do rato.33.Db6-b2 Cd6-b534.Bd3xb5 a6xb535.Db2xe5 h5-h436.Tc7xb7 Abandonam.O leitor leu bem: abandonam, foi o que Alekhine escreveu, mascertamente para ganhar tempo durante a conferência; porque o jogocontinuou até ao mate (!), conforme regista Paluzie y Lucena.36. Tf6-f1+37.Rh1-h2 De7-f638.Tb7-b8+ Re8-e739.d5-d6+ Re7-f740.Tb8-f8+ Rf7-g641.Tf8xf6+ Tf1xf642.De5xg5+ Rg6-f743.Dg5-g7+ Rf7xe644.Dg7-e7++



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E voltemos a Morphy e à sua ideia de luta pelas casas centrais – que estaideia dá-lhe, sem contestação, a imortalidade xadrezística.Ao seu encontro, uma tragédia se produz – e Anderssen, o maior génio dacombinação que existiu, foi vencido por um outro génio, génio imprevisto– e perdeu a confiança em si próprio – como e porque perdeu ele essaconfiança? A partida seguinte pode dar-nos uma ideia.

Morphy(1837-1884)

Partida López – 3ª do “Match” em Paris, 1858

Brancas: Morphy – Pretas: Anderssen

1.e2-e4 e7-e52.Cg1-f3 Cb8-c63.Bf1-b5 Cg8-f6Actualmente, joga-se quase exclusivamente, 3….a7-a6, o que ofereceefectivamente às pretas, mais possibilidades.4.d2-d4Muito característico da tendência da luta pelo centro, de Morphy, masprovavelmente, não o melhor. Rocar antecipadamente, poria às pretasproblemas mais difìceis.4.Cc6xd4?Um grave erro de abertura que, até um certo ponto, vai ser explorado pelasbrancas, de uma maneira perfeita.



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5.Cf3xd4 e5xd46.e4-e5 c7-c6Os anotadores contemporâneos não tiveram razão em censurar este lance,porque tudo o resto não valia mais.Tem, além disso, a vantagem de montar uma pequena armadilha.7.0-0Se, realmente 7.e5xf6, então 7....Dd8-a5+, etc., tirando-se em grandeparte, dos embaraços.7. c6xb5As pretas não têm, praticamente, escolha.Igualmente, os seus lances seguintes são forçados.8.Bc1-g5! Bf8-e79.e5xf6 Be7xf610.Tf1-e1+ Re8-f811.Bg5xf6 Dd8xf612.c2-c3?Mas aqui, Morphy não encontra o lance exacto – um facto que até aopresente não foi, segundo creio, mencionado. O lance era 12.Dd1-h5,impedindo g7-g6 por causa de 13.Dh5-h6+, etc..Depois do lance do texto, o problema do ganho deverá parecer menosclaro.12. d7–d513.c3xd4 Bc8-e614.Cb1-c3 a7-a615.Dd1-b3 Ta8-d816.Te-e5 Df6-e717.Ta1-e1 g7-g518.Db3-d1 De7-f6Estavam ameaçadas de 19.Cc3xd5. etc..19.Te1-e3 Th8-g8Isto abrevia a agonia – mas já não havia defesa razoável. Se por exemplo19....g5-g4 20.f2-f4!, ameaçando f4-f5, etc..20.Te5xe6 f7xe621.Te3-f3 Abandonam

Pobre Anderssen!



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Não gosto de Steinitz, confesso – e isto por duas razões:

I) Ele é, praticamente, o introdutor do profissionalismo mercantil, noXadrez. Explico-me: há dois modos de profissionalismo – um que consisteno sacrifício de uma Vida a um Ideal imaginário, sem outro benefício queo de servir esse Ideal, e o outro que tenta, sem protesto deste Ideal, obtertodo o proveito material possível. Steinitz foi, sem nenuma dúvida, oprotótipo do profissional deste último género.

II) Steinitz, com um alvo de puro mercantilismo, inutilizou o seu estilo, asua disposição natural para o Xadrez, agindo a favor das suas ideiasprofissionais.

Proximamente, espero ter ocasião de falar mais longamente destas ideias,e da sua influência nefasta sobre o desenvolvimento do Xadrez.Hoje, para terminar, vou mostrar-vos uma partida, pouco conhecida, dojovem Steinitz, que prova suficientemente que ele tinha, no princípio dasua carreira, possibilidades artísticas cuja posterior exploraçãovoluntariamente veio a abandonar.

Steinitz(1836-1900)



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Partida Siciliana – Torneio de Londres, 1862

Brancas: Steinitz – Pretas: Barnes

1.e2-e4 c7-c52.Cg1-f3 e7-e63.Bf1-e2A influência da escola inglesa que evitava travar uma luta pelo centro, naprimeira fase da partida. Morphy, já em 1858, não hesitava em jogar 3.d2-d4.3. g7-g6?Um erro estratégico que as brancas teriam podido punir por 4.d2-d4, enem mesmo pensam nisso.4.0-0 Bf8-g75.Cb1-c3 a7-a6Porque não simplesmente, 5....Cg8-e7? Se 6.Cc3-b5, então evidentemente,6....d7-d6 7.d2-d4 a6 etc..6.e4-e5?Igualmente, um lance patusco cuja ideia – se ideia existe – é a de trocar oP contra o P “c” preto na variante 6....Cb8-c6 7.Cc3-e4 Cc6xc58.Ce4xc5 d7-d6, etc.. Com vantagem para o segundo jogador. É quaseinacreditável que um jogador podendo fazer este lance, tenha vindo a ser,poucodepois, Campeão do Mundo!6. f7-f5As pretas impedem 7.Cc3-e4, grotesco!7.b2-b3?Cada vez melhor! Em lugar de jogar, simplesmente, 7.d2-d4 c5xd48.Dd1xd4 Cb8-c6 9.Dd4-d6, com uma boa igualdade, as brancasdesprotegem um Peão que as pretas não sonham mesmo tomar. Sim,assim se jogam os Torneios de Mestres em 1862!7. Cg8-h6?Depois de 7....Cb8-c6, as pretas teriam uma partida que cada amadormédio de hoje teria apreciado; ao passo que agora, pelo contrário, asbrancas obtem o ataque graças à fraqueza das casas negras adversas.Tantos erros – tácticos e estratégicos, em tão poucos lances!8.Cc3-a4 Dd8-c79.Bc1-a3 Bg7-f8?



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Ainda e sempre a escola defensiva inglesa! Em vez do lance do texto,9....Cb8-c6 10.Ba3xc5 Cc6xe5 11.d2-d4 Ce5xf3+ 12.Be2xf3 Ta8-b8,não concedendo às brancas senão uma ligeira vantagem de posição.10.d2-d4Enfim!10. b7-b611.d4xc5 b6xc512.Dd1-d2Agora, as brancas tem uma posição estrategicamente ganha. Mas amaneira pela qual a aproveitam é – até um certo ponto de vista –instrutivo.12. Ch6-f713.Dd2-c3 Cb8-c614.Tf1-e1 Cf7xe515.Cf3xe5 Cc6xe5A troca de Damas, na variante 15....Dc7xe5 16.Dxe5 Cc6xe5, manteria avantagem branca.16.Be2-c4Um belo lance, digno de um grande jogador – e a razão pela qual escolhiesta partida como exemplo do jogo do jovem Steinitz. As brancas nãoveem – com razão – nada de decisivo, nem com 16.f2-f4 Ce5-f7, nemcom 16.Bxc5 d7-d6, etc. – e decidem, por consequência, manter a tensãoo mais tempo possível.16. Ce5xc4Esta voracidade típica da escola materialista, sofrerá o seu justocastigo.Mas 16....Ce5-f7 17.Ta1-d1, era igualmente, muito poucoagradável.17.Dc3xh8!Bem calculado. Nesta combinação reconhece-se o jogador rival deAnderssen.17. Cc4xa318.Dh8xh7 Dc7-c6As pretas tem duas peças menores pela Torre, mas a posição do seu Reiestá muito comprometida. O lance do texto é praticamente forçado, porqueas brancas ameaçavam 19.Te1xe6+.19.Ta1-d1Ameaçando, eventualmente 20.Dh7-g6+ Re8-d8 21.Te1xe6, etc..19. d7-d5



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Se d7-d6 (recomendado por Loewenthal no livro do Torneio), entãosimplesmente 20.Dh7-g6+ Re8-d8 21.Dg6-g8, etc., com uma posição deataque ganhante.20.Ca4-b6!Elegante e correcto; é apenas triste que as brancas não tirem um inteiroproveito deste segundo sacrifício.20. Dc6xb621.Dh7-g6+?Lógico era, com certeza, 21.Td1xd5 – porque se 21....Db6xb722.Dh7xg6+ Db7-f7 23.Td1-d8+ Re8-e7 24.Dg6-g5+ Df7-f6 25.Td8-e8+ Re7-f7 26.Te8xf8+, etc..21. Re8-d822.Dg6-f6+ Rd8-c723.Df6xf8 Db6-d6Se 23....Ca3xc2 24.Te1-e2.Interessante é, igualmente, 24.Td1xd5 (!?) Cc2-d4; as brancas tem, pelomenos a nulidade por meio de 35.Td1xd4 e5xd4 26.Te2-c2+ Rc7-b727.Df8-e7+ Rb7-b8 28.De7-f6!, etc..Mas, de toda a maneira, isto era a melhor linha de jogo a seguir, porque olance do texto é, claramente, insuficiente.24.Df8-g7+ Bc8-d725.c2-c4?Uma falta de técnica elementar. Era necessário tomar por meio de 25.c2-c3, a casa d4 ao Cavalo, após o qual as brancas conservariam boashipóteses de ganho.25. d5-d4?Por 25...Ca3-c2 , seguido de Cc2-d4, as pretas teriam definitivamente,consolidado a sua posição, ao passo que agora, as brancas conseguirãofurar as linhas inimigas, obtendo uma vitória, em suma, merecida.26.b3-b4 Ca3-c2Muito tarde!27.b4xc5 Dd6xc528.Telxe6 Dc5-f829.Dg7-e5+ Rc7-c830.Tdl-blSe agora, Bd7xe6, então 31.De5x6+ Rc6-c7 32.Dc6-b6+ Rc7-d733.Db6-b7+ Rd7-d6 34.Tb1-b6+ Rd6-e5 35.Db7-d5+ Re5-f4 36.Tg6-b6! seguido de mate.



27

30. Cc2-b431.Te6-f6 Df8-e832.De5-c5+ Cb4-c633.Tf6-f8 Abandonam.



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ANEXO 1

Programa de uma Homenagem a Alekhine

realizada no Estoril em 1990



32

Nas páginas 9 e 10 pode ler-se uma referência à palestra que proferi em1956, data do 10º Aniversário da morte do Mestre Alekhine, e que aseguir se transcreve.

No décimo aniversário da morte do Dr. Alexandre Alekhine (ocorrida

na Estoril a 24 de Março de 1946) o Grupo de Xadrez Alekhine de

Lisboa tomou a iniciativa de organizar em Portugal uma homenagem

em honra do Mestre, com o consentimento da FPX, convidando o

conhecido xadrezista Rui Nascimento a evocar o antigo campeão

mundial. Segundo se lê em "Xeque Mate" nº 12 da revista portuguesa

de xadrez dirigida pelo MI Joaquim Durão: "À magnifica palestra,

ouvida com um silêncio emocionante, assistiram os dirigentes

máximos do nosso xadrez, engs. Eduardo Pellen e Claudino de Sousa

e Faro, Presidentes, respectivamente, da Assembleia Geral e da

Direcção da FPX, bem como vários dos nossos melhores jogadores."

Para além do elogio prestado à memória do Dr. Alexandre Alekhine,

Rui Nascimento evocou alguns curiosos episódios a que assistiu e que

transcrevemos:

"No Grupo de Xadrez de Lisboa, numa partida de torneio de uma

categoria das mais fracas, um jogador ficou com 2 bispos e peões

contra torre, mas tão mal jogou que perdeu. Alekhine estava presente

e alguém observou: 'Monsieur Alekhine', dois bispos contra torre

ganham, não é verdade? Respondeu o Campeão: 'Oui, deux fous

gagnent, mais pas trois'. Três 'fous', segundo dizia Alekhine, perdiam.

É sabido que 'fou' significa bispo e também louco. O terceiro louco



33

era, portanto, o jogador. (...) Ante a sua técnica todos nós passávamos

mais ou menos por 'fous' ".

"Recordo outro episódio. O Dr. António Maria Pires, primeiro

campeão de Portugal, convidou Alekhine para uma partida em sua

casa. Como era costume, juntavam-se vários portugueses para

combater o Campeão dos Campeões. Carlos Pires, Dr. Gabriel

Ribeiro, por vezes o Dr. Mário Machado, o Shirley, o Russel, eu

próprio, outros que não recordo, formávamos uma equipa. Ora nessa

noite o Dr. Pires descobriu, na sua garrafeira, uma garrafa de vodka,

uma especialidade que interessou grandemente o Dr. Alekhine.

Manhosamente, o Dr. Pires, cheio de amabilidade, pô-la à disposição

do Dr. Alekhine que jogava numa sala àparte, enquanto nós

analisávamos noutra. E o Dr. Pires confidenciou: 'aquele vodka é

autêntico, é fortíssimo e antes do vigésimo lance o Alekhine já vê 4

reis em lugar de 2'. Jogámos. Alekhine respondia rápido e certo

Bem espremíamos as inteligências; o cerco apertava-se; cada jogada

de Alekhine era melhor e, aí pelo lance trinta e tal, estávamos

perdidos. Desistimos e, subitamente, o Dr. Pires lembrou-se do vodka.

Perdido o jogo, correu a ver se salvava o que pudesse da

especialidade russa. Oh, maldição! Alekhine bebera tudo! E creio que

a bebida nacional o inspirara na partida. O Dr. Pires estava

compungido. O 'veneno' não actuara. Alekhine agradeceu o bom

acolhimento e 'Bon Soir, Messieurs', lá se foi com um arzinho irónico

e a mão na região hepática".



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ANEXO 2

EXCERTO DO PREFÁCIO AO LIVRO “XEQUE-MATE NOESTORIL – A Morte de Alekhine” do Dr. Dagoberto L. Markl



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EXCERTO DO PREFÁCIO AO LIVRO “XEQUE-MATE NOESTORIL – A Morte de Alekhine”,

(1ª edição 2001), do DR. DAGOBERTO L. MARKL(Pai do jornalista Nuno Markl)

“Alekhine era entusiasta dos romances policiais.

Se o Leitor igualmente tiver este bom gosto intelectual, o livro presentereúne as condições para lhe proporcionar o papel de "detective". Tramaque, tal como nos bons clássicos do género, se inicia com o aparecimentode um cadáver, não de um qualquer anónimo, mas do campeão mundialde xadrez.

Morte natural, suicídio, crime? Hipóteses que imediatamente se levantam,sendo a última a de menos credibilidade.

O Dr. Dagoberto Markl sentiu-se atraído por esta figura de passosmisteriosos e objecto de referências lendárias, que por todo o mundo fezgalas da sua arte sem rival, nos seus melhores tempos, o Dr. AlexandreAlekhine.

Numa exaustiva busca, quis saber quem foi o homem (não o Mestre deXadrez), principalmente nesse período turbulento de seis anos e meio, osúltimos da sua vida. (…)”

Rui Nascimento



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O Autor, aos 84 anos (1998), aquando de uma entrevista àrevista “O Bancário” do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas

(SBSI)



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