ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS DE FÍSICA …

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ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS DE FÍSICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL i Deficiência Intelectual Pôster Flávia Santana de Freitas 1 ([email protected]); Profa. Msc. Paloma Alinne Alves Rodrigues 2 ([email protected]); Marcella Fernandes Xavier 3 ([email protected]); 1.Graduanda de Licenciatura em Física, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) MG, PIVIC 2.Docente do Instituto de Física e Química IFQ, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) MG 3.Graduanda em Licenciatura em Química, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) MG RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de expor resultados parciais de uma pesquisa de iniciação científica realizada na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) MG com um grupo de alunos com Deficiência Intelectual de uma escola estadual de Educação Especial de Itajubá. A investigação tinha como objetivo averiguar a importância da adaptação dos experimentos práticos e o papel de uma abordagem diferenciada no aprendizado dos alunos com deficiência. Para tanto, serão apresentados os resultados relativos à implementação de um experimento prático sobre “Queda livre e resistência do ar”. A partir dessa implementação verificou-se a importância do interesse dos alunos para uma aprendizagem significativa, assim como a necessidade do professor trabalhar os conteúdos de Ciências com os alunos com deficiência. Palavras-chave: Educação Especial. Deficiência Intelectual. Ensino de Física. 1. INTRODUÇÃO A educação é um direito de todos, sendo assegurada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Todavia, é a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, que há um pontapé inicial nas políticas voltadas à educação especial em escolas regulares. Sua proposta era que crianças e jovens, independentemente de suas necessidades educacionais, tivessem acesso à escola regular e que as escolas buscassem se adequar a ela, uma vez que são locais onde deve haver uma desconstrução do preconceito e da discriminação e, com isso, construir uma sociedade mais inclusiva.

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ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS DE FÍSICA PARA

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUALi

Deficiência Intelectual – Pôster

Flávia Santana de Freitas1 ([email protected]); Profa. Msc. Paloma Alinne Alves

Rodrigues2 ([email protected]); Marcella Fernandes Xavier3

([email protected]);

1.Graduanda de Licenciatura em Física, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – MG, PIVIC

2.Docente do Instituto de Física e Química – IFQ, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – MG

3.Graduanda em Licenciatura em Química, Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – MG

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de expor resultados parciais de uma pesquisa de iniciação científica realizada na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – MG com um grupo de alunos com Deficiência Intelectual de uma escola estadual de Educação Especial de Itajubá. A investigação tinha como objetivo averiguar a importância da adaptação dos experimentos práticos e o papel de uma abordagem diferenciada no aprendizado dos alunos com deficiência. Para tanto, serão apresentados os resultados relativos à implementação de um experimento prático sobre “Queda livre e resistência do ar”. A partir dessa implementação verificou-se a importância do interesse dos alunos para uma aprendizagem significativa, assim como a necessidade do professor trabalhar os conteúdos de Ciências com os alunos com deficiência. Palavras-chave: Educação Especial. Deficiência Intelectual. Ensino de Física.

1. INTRODUÇÃO

A educação é um direito de todos, sendo assegurada pela Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1948). Todavia, é a partir da Declaração de

Salamanca, em 1994, que há um pontapé inicial nas políticas voltadas à

educação especial em escolas regulares. Sua proposta era que crianças e

jovens, independentemente de suas necessidades educacionais, tivessem

acesso à escola regular e que as escolas buscassem se adequar a ela, uma

vez que são locais onde deve haver uma desconstrução do preconceito e da

discriminação e, com isso, construir uma sociedade mais inclusiva.

A partir de então, foram firmados leis e documentos, como a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDBN) de 1996, as Diretrizes Nacionais para

Educação Especial na Educação Básica em 2001 entre outros. Essas leis

garantem à pessoa com deficiência a inclusão educacional, abrangem todas as

especificidades e salienta a importância dos recursos para uma aprendizagem

efetiva, entre eles destaca-se a sala de recursos e os materiais adaptados e, no

que concerne a recursos humanos, tem-se os professores especializados.

Essas políticas têm como objetivo potencializar a inclusão, assim como

propiciar um processo de aprendizagem mais significativo para estes alunos.

Por isso, contempla desde a educação infantil até o Ensino Fundamental e, por

consequência, visam garantir que o aluno alcance o Ensino Médio.

Segundo Veltrone (2011, p.24), apesar de todo o respaldo legal a

inclusão educacional desses alunos, a realidade em alguns casos com a qual o

aluno se depara no dia a dia escolar, não é muito favorável. Há escolas nas

quais os alunos com deficiência não estão efetivamente incluídos, mas apenas

integrados. Consequentemente, a aprendizagem não acontece de forma

efetiva. Cabe salientar que, diante disso, há alunos que ainda se encontram

matriculados em escolas especiais.

Ao longo do processo de inclusão educacional é preciso também

destacar que a aprendizagem de cada criança, pois cada uma é singular, assim

como das crianças sem deficiência, se dá de modo diferenciado, ressalta

Teddé (2012, p.29). É preciso compreender que, cada aluno aprende de uma

forma e tem suas dificuldades e limitações, e com a criança com deficiência

não é diferente. Desse modo, as dificuldades devem ser supridas e as

habilidades devem ser exploradas.

Por outro lado, Mendes (2006, p.399), relata que “faltam aspectos

básicos para garantir não só o acesso, mas a permanência e o sucesso desses

alunos com necessidades educacionais especiais matriculados em classes

comuns”. Desse modo, a preocupação deve ir muito além do fato do aluno

estar matriculado ou ocupar uma carteira dentro da sala de aula, mas sim em

quais estratégias estão sendo implementadas para o seu aprendizado.

Vygotski (1983) salienta que o ensino deve buscar superar as limitações

do aluno com deficiência, deve-se ir além do que já se sabe buscar conhecer o

aluno e seus pontos fortes. Para Leonel (2014), o professor precisa considerar

que o aluno é capaz de aprender e desenvolver suas potencialidades por meio

do acesso aos conhecimentos científicos e dos métodos que o circundam,

sendo estes, essenciais para o desenvolvimento da linguagem, do pensamento

e da consciência.

Ao considerar apenas as limitações, o professor exclui as habilidades e

potencialidades que o aluno detém e, consequentemente, deixa de explorá-las.

Isso torna impossível o conhecimento de até que ponto este aluno é capaz de

se desenvolver e suas limitações se tornam cada vez mais arraigadas. Sobre

esse aspecto Leontiev (2005, p.103) alerta que:

Se são oferecidas a ele apenas determinadas noções, sem dar atenção à maneira como o mesmo procede, quais estratégias usa para resolver problemas que se colocam, de forma que não se conhece sua posterior transformação, podemos perder a possibilidade de intervir onde é necessário para promover seu desenvolvimento.

Por isso, é fundamental que o professor conheça o aluno, sua deficiência

e como ela se dispõe, explore suas habilidades e contorne suas dificuldades de

forma a não tornar a deficiência um agente limitador, mas apoiar-se nela como

ponto de partida para trabalhar com o aluno e minimizar suas dificuldades.

A partir disso, têm-se condições de pensar em uma abordagem

diferenciada para ensinar os conteúdos curriculares. Sendo assim,

compreende-se que a atividade experimental se torna uma estratégia

interessante para potencializar a aprendizagem dos alunos com deficiência, em

especial com Deficiência Intelectual (DI) nas aulas de Física, pois esta é uma

ciência experimental, e como tal, deve-se fazer uso de atividade práticas em

seu ensino (FURTADO; FREITAS, 2005).

A Deficiência Intelectual (DI) não impede o aluno de aprender e não

significa que este seja incapaz de se desenvolver. Além disso, é preciso

entender que ela “não é considerada uma doença ou um transtorno

psiquiátrico, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções

cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro”

(HONORA & FRIZANCO, 2008, p. 103). Cabe salientar que, a DI é uma das

deficiências mais encontradas em crianças e adolescentes e atinge 1% da

população jovem (VANCONCELOS, 2004).

Trabalhos como de Mendonça (2011), Veltrone (2011), Leonel e

Leonardo (2014), Fantacini e Dias (2015), Braun e Nunes (2015) entre outros,

mostram as potencialidades de alunos com DI. Os autores apresentam formas

de aprendizagem, práticas pedagógicas, estudos conceituais e métodos

avaliativos que podem ser adotados para potencializar o desenvolvimento

destes alunos.

Por outro lado, é fundamental lembrar que os professores enfrentam

dificuldades para lecionar os conteúdos curriculares de Física seja pelo

desinteresse dos alunos, escassez de tempo para preparar atividades

diferenciadas, presença de conceitos abstratos ou até mesmo falta de

intimidade com o próprio conteúdo. No entanto, é preciso lembrar que a Física

[...] é uma maneira de ver e compreender o mundo ao nosso redor. Só isso já justifica seu estudo. O seu aprendizado modifica a visão geral do mundo, desmistificando, muitas vezes, o senso comum, levando a novas descobertas e ao desenvolvimento tecnológico. (FURTADO; FREITAS, 2005, p.1)

Logo, compreende-se que, a atividade experimental é uma maneira de

aproximar os alunos, com ou sem deficiência, dos conteúdos relacionados a

área de Física. A partir do uso do experimento tem-se uma visão mais concreta

sobre o fenômeno estudado, além de contribuir para que o aluno se torne

observador e crítico, trabalhe com investigação e não apenas verificação e

confirmação do que lhe é apresentado durante as aulas (SANTOS; PIASSI;

FERREIRA, 2004, p.6).

Nesse ínterim, salienta-se a importância da utilização de materiais

acessíveis e de baixo custo, pois permitem a produção e realização de

experimentos sem a necessidade de um espaço específico e aparelhagem

industrializada. Além disso, quando se propõe ao aluno que monte seu próprio

experimento, o mesmo se sente estimulado, Kaptisa (1985, p.248) dizia que

“para que um estudante compreenda um experimento, ele próprio deverá

executá-lo, mas ele entenderá muito melhor se, além de realizar o experimento,

ele construir os instrumentos para a sua experimentação”.

A justificativa dessa investigação está pautada na vivência de uma das

pesquisadoras durante a participação no Programa Institucional de Bolsa de

Iniciação à Docência (PIBID) da UNIFEI. Durante a participação no PIBID

observou-se a dificuldade que os alunos com DI possuíam para compreender

os conteúdos relacionados ao ensino de Química e Física. Além disso, cabe

salientar que os professores alegavam a indisponibilidade de tempo para

preparar atividades experimentais para os alunos com ou sem deficiência. A

partir do exposto, objetivou-se desenvolver essa iniciação científica. Desse

modo, neste trabalho serão apresentados resultados parciais de uma pesquisa

de iniciação científica, desenvolvida na Universidade Federal de Itajubá

(UNIFEI) que consistiu no desenvolvimento de atividades experimentais para

alunos com DI de uma escola especial de Itajubá – MG, sobre os conceitos de

Queda livre e resistência do ar.

2. METODOLOGIA

Caracterização da pesquisa:

A presente investigação possui caráter qualitativo, pois como

pondera Godoy (1995a) valoriza o contato do pesquisador com seu objeto ou

com a situação que está sendo estudada. A investigação foi realizada em uma

Escola Estadual de Educação Especial na cidade de Itajubá – MG, em uma

turma de cinco alunos todos diagnósticos com DI.

A pesquisa possui características de um estudo de caso, pois visou

analisar de forma profunda e detalhada uma situação. De acordo com Lüdke e

André (1986, p.18) os estudos de caso visam a descoberta, a interpretação do

contexto, visa retratar a realidade e faz uso de fontes variadas de informação.

Dentro desse estudo, o pesquisador foi classificado como participante

completo, uma vez que seu interesse científico não foi exposto, diante da

premissa de uma possível rejeição do grupo devido à análise que seria

realizada (OLIVEIRA, 2008, p.9).

Ao longo da pesquisa foram implementados três experimentos com

essa turma de cinco alunos. Entretanto, nesse trabalho serão apresentados os

resultados relativo ao experimento “Queda livre e resistência do ar”. Com

esse experimento buscou-se apresentar aos alunos os seguintes conceitos:

superfície de contanto, atrito, relação entre a massa e a velocidade da queda

de corpos. Tinha-se o intuito de levá-los a compreender fenômenos comuns

como um salto de paraquedas e os movimentos que uma folha de árvore faz ao

ser levada pelo vento até encontrar o chão.

Durante a análise optou-se por referenciar os alunos da seguinte forma:

Aluno 1, Aluno 2, Aluno 3, Aluno 4, Aluno 5 e Pesquisadora. A faixa etária dos

alunos estava entre 14 e 19 anos, matriculados numa turma referente ao 5º ano

do fundamental e se encontravam sob a supervisão da professora de artes no

momento da aplicação da atividade. O Aluno 1, possuía o maior nível de

dificuldade de aprendizagem, assim como em relação as funções motoras.

A seguir será apresentado o desenvolvimento da atividade.

Desenvolvimento da atividade experimental: Queda livre e

resistência do ar:

Para a realização do experimento utilizou-se uma folha de papel A4.

Para iniciar o experimento os alunos foram instruídos a dobrá-la ao meio para

que tivessem dois pedaços do mesmo tamanho. No momento em que todos

dobravam a folha, observou-se que o Aluno 1 apresentou dificuldade em sua

coordenação motora. Diante disso, a professora o auxiliou durante toda a

realização da atividade. Para tanto, demonstrou como deveria ser a dobradura

e o fez observar a sua ação. Verificou-se que, mesmo com muita dificuldade o

Aluno 1 conseguiu finalizar essa etapa. Em seguida, a pesquisadora informou

a todos a necessidade de amassar um dos pedaços até que ficasse na menor

forma possível. Posteriormente, a pesquisadora fez a seguinte indagação: “Se

eu soltar estes dois pedaços de papel, o que foi amassado e o que não foi

amassado, qual vocês acham que chegará primeiro ao chão? ”

A partir dessa indagação o Aluno 3, Aluno 4 e o Aluno 5 responderam

que por causa do peso, a folha amassada seria mais pesada do que a não

amassada. Então foi solicitado a todos que soltassem os dois papéis. Feito

isso, todos tiveram a oportunidade de comprovar suas respostas. E a que,

efetivamente, caiu primeiro foi à folha amassada.

Em seguida, a pesquisadora perguntou se, por acaso, eles teriam uma

segunda hipótese sobre o porquê da diferença do tempo da queda. O Aluno 2 e

o Aluno 5 reafirmaram a ideia de que teria sido por causa do peso das folhas. A

partir disso, a pesquisadora pediu para que todos se aproximassem e realizou

novamente a demonstração. Para tanto, dobrou a folha ao meio, cortou em dois

pedaços e, mostrou que os dois pedaços tinham o mesmo tamanho, e

consequentemente, o mesmo peso. Depois disso, todos concordaram.

Ao amassar um dos papéis, os alunos foram indagados se o peso tinha

sido alterado, todos, incluindo a professora, riram e responderam “não”. Então

foram indagados novamente sobre o porquê de o papel amassado cair

primeiro.

Após trocas de olharemos, os alunos mostraram-se confusos, por não

terem a resposta sobre a queda. Diante disso, foi apresentado a eles o conceito

de atrito e, para isso, utilizou alguns exemplos como o grafite do lápis ao

escrever no papel, o movimento de andar, e o uso de objetos quando

colocados sobre a mesa se apresentam imóveis e outros que se deslocam.

Para tornar essa construção mais real demonstrou-se a força de atrito

entre uma borracha e a mesa. Desse modo, a pesquisadora inclinou a mesa

até o ponto em que a borracha cairá ao chão. Com isso, os alunos perceberam

que é preciso uma inclinação para que a borracha se movesse sobre a mesa.

Introduzido o conceito de atrito, foi abordada então a ideia de que

existem vários tipos de atrito, dentre eles a resistência do ar. Partindo desta

premissa, discursou-se sobre o fato do ar criar uma força de atrito quando em

contato com outras superfícies e, que essa força se dá a partir de colunas de ar

que se encontram abaixo das superfícies e então exerce uma força abaixo

deles, dificultando sua queda devido a superfície de contato.

No experimento realizado, onde a folha não amassada possui uma área

de contato muito maior que a folha amassada, esta cai num intervalo de tempo

maior do que a amassada, que visivelmente possui uma superfície de contato

menor e, consequentemente, possui um número menor de colunas de ar

abaixo da mesma para segurá-la. Logo, devido a isso, a força de atrito durante

esta queda se relacionou diretamente com a área do objeto, ou seja, seu

tamanho e não com a massa.

3. ANÁLISE E RESULTADOS

Diante do exposto observa-se que, os alunos com DI, mesmo diante de

todas as dificuldades intrínsecas a sua deficiência, possuem interesse em

aprender e compreender os conceitos Físicos. O professor em sala de aula

necessita propor atividades que despertem o interesse pelo conteúdo

trabalhado, assim como tenham um real significado para o aluno (AUSUBEL,

1982). Desse modo, o professor não pode restringir-se a propor atividades que

visam apenas a memorização do conteúdo.

A nosso ver, a adaptação da atividade experimental, faz com que o

aluno tenha interesse pelos conteúdos relacionados as disciplinas de Ciências.

A partir do exposto, destaca-se que essa ação despertou a atenção dos alunos,

a participação, assim como permitiu que eles dialogassem sobre os conceitos

abordados no experimento. Foi possível, durante a realização da atividade, o

interesse e a empolgação dos alunos.

Cabe salientar também que, de acordo com Ausubel (1982) para que a

aprendizagem tenha um significado para o aluno é preciso que o conteúdo

tenha uma relação estreita com o seu cotidiano. Com isso, o aluno pode

estabelecer uma entre o que será estudado e a importância para a sua vida.

No que concerne ao uso de atividades práticas, o professor propicia ao

aluno uma nova visão sobre os fenômenos físicos e permite que haja uma

compreensão mais ampla da teoria, além de ajudar o aluno a entender a

aplicação matemática daquele contexto (SERÉ; COELHO; NUNES, 2004, p.39-

40), porque além de ser novo, “diferente” do habitual, a ligação dos fenômenos

físicos aos cotidiano do aluno é muito rica, esta associação pode se dar de

várias maneiras e em vários conteúdos, o que facilita a contemplação das duas

bases para a aprendizagem significativa.

Ao usar experimentos práticos em sala de aula, o professor assume um

papel de mediador e o aluno assume uma postura de investigador (SANTOS;

PIASSI; FERREIRA, 2004). Com isso tem a possibilidade de observar, analisar,

testar hipóteses e construir o próprio conhecimento de forma ativa. Entretanto,

para que isso aconteça é preciso investir em atividades que suscitem um maior

significado para o aluno. O uso de termos simples e as relações com o

cotidiano são fundamentais nesse processo, em especial para os alunos com

DI.

4. CONCLUSÕES

A partir do exposto verificou-se a importância da realização de atividades

experimentais com os alunos, com ou sem deficiência, pois proporciona uma

compreensão concreta dos conteúdos curriculares. Além disso, desperta o

interesse e possibilita uma relação dialógica entre o professor e o aluno.

Considera-se que, independente da deficiência do aluno, ele deve ser

estimulado e sua aprendizagem não pode ser limitada. Como citado, todos têm

direito de acesso aos conteúdos relacionados ao ensino de Ciências, por isso é

importante que o professor realize experimentos práticos em sala de aula,

assim como adaptações que contemplem a todos. Segundo Teddé (2012) o

aluno com DI ao ser instigado apresenta um desenvolvimento além das

expectativas, mas para tanto o professor precisa investir em suas habilidades e

potencialidades.

É fundamental esclarecer que, a utilização de uma abordagem mais

simples não diminui o potencial da atividade experimental, tão pouco as

diversas maneiras com que ele pode ser realizado, mas sim permite ao

professor usar de diferentes estratégias para alcançar o aprendizado de seu

aluno seja ele com ou sem deficiência.

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