A Transformação Do Herói Paradigmático No Poema Narrativo

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A transformação do herói paradigmático no poema narrativo moderno Lampião e Lancelote de Fernando Vilela Maisa Cristina Santos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Campus Três Lagoas Programa de Pós Graduação em Letras – PPG/Letras Orientador: José Batista de Sales

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A transformao do heri paradigmtico no poema narrativo moderno Lampio e Lancelote de Fernando Vilela

A transformao do heri paradigmtico no poema narrativo moderno Lampio e Lancelote de Fernando Vilela

Maisa Cristina SantosUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMSCampus Trs LagoasPrograma de Ps Graduao em Letras PPG/LetrasOrientador: Jos Batista de Sales

Fernando Vilela

Nasceu em So Paulo em 1973;

Graduado em Artes Plsticas pela UNICAMP e Mestre em Artes pela ECA-PUC;

Artista plstico, designer, professor, escritor e ilustrador de livros;

Entre suas obras destacam-se Ivan Filho de boi (2003), Contos para crianas impossveis (2008), Simb, o marujo (2012), e Lampio & Lancelote (2006).

Prmios por Lampio & Lancelote

Fernando Pini de Excelncia Grfica (2008);

Prmio Jabuti (2007) nas categorias capa, melhor livro infantil e melhor ilustrao;

FNLIJ nas categorias escritor revelao, melhor ilustrao, melhor poesia e melhor projeto editorial;

Ibby (2007) nas categorias catlogo White Ravens e Honour List ilustrador;

Bologna Ragazzi (2007) na categoria novos horizontes (meno honrosa). Prmio Jabuti

Ilustraes do livro

Capa

Lancelote, p. 14.Lampio, p. 08 e 09.

A histriaA bruxa Morgana lana um feitio contra Lancelote que vai para outra dimenso e acaba dando de cara com Lampio. No encontro ambos trocam fascas e decidem duelar, no meio do alvoroo ambos tiveram suas roupas trocadas gerando o riso de todos que estavam a lutar. Nesse momento Lampio declara que a luta agora era outra, pega sua sanfona e passa a cantar, o exrcito de Lampio e Lancelote baixam as armas e todos danam ao som da msica.

A festa, p. 43.

Estrutura potica282 versos heptasslabos divididos em estrofes com seis e sete slabas poticas;A primeira parte detm cento e quatro versos divididos dezesseis estrofes, oito destinadas a descrever casa personagem;Quando se trata de Lancelote, as estrofes so compostas por sete versos, enquanto as de Lampio detm seis versos cada, o esquema de rimas conforme descrito no prprio livro, obedece ao esquema A B C B D D B na descrio de Lancelote, e A B C B D B quando diz respeito a Lampio.

O poema narrativo e seus heris O poema narrativo caracteriza-se como a manifestao literria em verso na qual se realiza a narrao ficcional de fatos ou de aes antropomorfizadas, com traos dramticos, cmicos ou srios e pode ser de alcance universal, regional ou local, dada a presena ou a ausncia de grandiosidade. Dessa forma, o poema narrativo pode ser classificado como pico, herico ou heri-cmico. (SALES, 2014).

Analisando sob a perspectiva Aristotlica os trs tipos poticos realizam a mimese da realidade dos homens superiores (epopeia/heroico) e inferiores (heri-cmico);

A que trata dos homens superiores divide-se em dois tipos, a epopeia e o heroico, aquele segundo Jos Sales se constitui na narrao de um fato grandioso e de claro interesse nacional e social e esse a narrao de um fato menos grandioso ou de importncia e interesse apenas nacional. (SALES, 2014);

Nas palavras de Empdocles, sendo a arte a mimese da ao de agentes humanos, traar a caracterizao do heri optar por trilhar os caminhos do pico sob a perspectiva do humano;

Por meio do estudo do heri possvel notar a manuteno do poema narrativo no tempo e sua adequao a novas pocas;

O poema narrativo no se extinguiu com o nascimento do romantismo, mas apenas se aperfeioou na arte prismtica de refletir as vrias facetas do homem.

Heri e Anti-heri: Lampio e LanceloteLancelote: Essa viso do heri-cavaleiro como ser inabalvel traduz o labor potico do pico clssico que embutia no heri fora e coragem animada de fria fsica e sobrenatural, sendo que seu carter, pensamento e ao eram exteriores a ele mesmo, evidenciando sua adeso objetiva aos valores de seu mundo (HANSEN, 2008, p. 61).;

O heri um ser paradigmtico do perodo que representa.;

Lancelote = modelo representativo dos valores da comunidade inglesa (scio simblico);

Lampio: Divergindo do heri medieval, Lampio um tpico anti-heri, um paradigma da mudana de conscincia sobre o humano;

Ope-se diretamente configurao do cavaleiro da Tvola Redonda, por aproximar-se da figura humana. O cangaceiro, despido das virtudes que moldavam o cavaleiro medieval, caracteriza-se por ser um guerreiro temido, porm corajoso como Lancelote;

Lampio= paradigma da controversa condio humana (humano-existencial).

A transformao do heri paradigmticoH a manuteno da figura paradigmtica pertencente a ambas as personagens durante o encontro e a batalha, porm quando ela interrompida pela troca de roupa das personagens, a seriedade caracterstica a situao desconstruda ressignificando Lancelote;

O encontro, p. 22,23.

quando Lancelote adere proposta do cangaceiro percebe-se uma mudana de paradigma;Lancelote vestido com as roupas de Lampio ao entrar com ele na dana, apresenta a sua reconfigurao na histria adquirindo uma faceta de anti-heri, corrompendo seu traje scio-simblico de origem pica-medieval trazendo a tona seu perfil humano-existencial Reformulao do heri;

A necessidade de modificao para fins de adequao a nova situao por ele vivenciada reflete, ainda que de forma abrupta como se deu a modificao do poema narrativo no tempo, ou seja, pela necessidade de adaptar-se a nova realidade. Lancelote pode ser visualizado, portanto como uma metaforizao da transformao do poema narrativo sob uma perspectiva temporal.Lancelote, p. 06,07.

BibliografiaARISTTELES. Potica. tica a Nicmaco; Potica. Trad. VALANDRO, Leonel; BORNHEIM, Gerd. V.2. So Paulo: Nova Cultural, 1991.

DACANAL, Jos Hildebrando. Nova narrativa pica no Brasil: uma interpretao de Grande Serto: Veredas, O coronel e o Lobisomem, Sargento Getlio e os Guaians. 2 Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

HANSEN, J. A. Notas sobre o gnero pico. In: TEIXEIRA, I. picos: Prosopopeia: O Uraguai: Caramuru: Vila Rica: A Confederao dos Tamoios: I-Juca-Pirama. So Paulo: EDUSP, 2008.

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