A influência do Top of Mind no Brand Equity: um estudo ...
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ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
GIULIANO MEARIM ODONE
A INFLUÊNCIA DO TOP OF MIND NO BRAND EQUITY:
UM ESTUDO SOBRE MARCAS DE UÍSQUE
SÃO PAULO 2018
GIULIANO MEARIM ODONE
A INFLUÊNCIA DO TOP OF MIND NO BRAND EQUITY: UM ESTUDO SOBRE MARCAS DE UÍSQUE
Dissertação de Mestrado apresentada
como requisito para obtenção do título de
Mestre em Administração, com ênfase em
Comportamento do Consumidor, pela
Escola Superior de Propaganda e
Marketing - ESPM.
Orientadora: Profa. Dra. Thelma Valéria
Rocha
SÃO PAULO 2018
Ficha catalográfica elaborada pelo autor por meio do Sistema de Geração Automático da Biblioteca ESPM
Odone, Giuliano Mearim A influência do top of mind no brand equity: um estudo sobre marcas
de uísque / Giuliano Mearim Odone. - São Paulo, 2018. 139 f.
Dissertação, Mestrado Profissional em Comportamento do Consumidor, São Paulo, 2018.
Orientador: Thelma Valéria Rocha
1. Brand equity. 2. Comportamento do consumidor. 3. Lealdade de marca. 4. consciência de marca. 5. top of mind. I. Rocha, Thelma Valéria. II. Escola Superior de Propaganda e Marketing. III. Título.
Dedico esse trabalho aos meus pais,
Vicente e Alda, que me ensinaram a ter
muitos sonhos e, principalmente a
batalhar por todos eles.
AGRADECIMENTOS
“O que é mais resiliente que um parasita? Uma bactéria? Um vírus? Uma ideia.
Resiliente.. altamente contagiosa. Uma vez que a ideia ganha força no cérebro, é
quase impossível erradicá-la. Uma ideia que se forma totalmente é tão
compreendida, que permanece para sempre.”
Tudo começou com uma ideia. Uma idéia fixa, resiliente que estava totalmente
formada na minha cabeça: um dia quero dar aulas. E para isso muita coisa
precisava acontecer antes. Foram mudanças de emprego, casa e até país, e tomo
essa página para agradecer àqueles que me apoiaram, me inspiraram e me
aguentaram para que eu desse mais esse importante passo rumo àquela tão
sonhada ideia.
Primeiro agradeço aos meus dois grandes professores da vida, meus pais Alda e
Vicente. Passionais, racionais, acadêmicos e sempre com um sorriso. Duas pessoas
que me inspiram diariamente, me ensinaram a sonhar, a ter valores sólidos, a fazer
sempre a coisa certa independente do preço. Cada página que escrevi aqui tem um
pouco da inspiração de vocês.
Agradeço aos meus grandes professores acadêmicos, a começar por minha
orientadora Thelma Rocha (Super Thelma), cujo profissionalismo, atenção e
dedicação foram únicos em toda essa jornada. Sou eternamente grato.
Ao meu co-orientador, Marcelo D’Emídio, que foi meu professor em 2008 e uma das
grandes inspirações para querer seguir o meio acadêmico. Hoje, agradeço ao
parceiro pela atenção, tempo e contribuições.
Ao prof. dr. Luis Henrique Pereira pelo tempo e contribuição, que elevaram a
qualidade desse estudo.
Ao grande mestre Ismael Rocha, que me recebeu como seu monitor, e me ensinou
valores para ser, um dia, um grande professor.
A todo o grupo de mestres e alunos do MPCC. Nunca estive em companhia de
tantas pessoas brilhantes. Cada aula com vocês me trazia novas ideias,
aprendizados e amizades.
E a àqueles que aturaram meu péssimo humor em muitos momentos nessa jornada.
Fernanda, seu sorriso faz tudo valer a pena, obrigado pela companhia. Vinicius,
Luciene e Rafaela, que me animavam e davam gás extra com suas fotos. Ao Grupo
Rochedo, que já são muito mais que colegas e head hunters. E ao grande amigo
Lucas Bonini e seu canal Bonizone, para realizar as pesquisas do projeto.
RESUMO
O presente trabalho tem como tema a mensuração do brand equity (BE) por meio
de um modelo comportamental (CBBE). Nele, investigou-se a existência de uma
hierarquia de forças entre as dimensões que formam o BE. A pesquisa também inclui
a influência da consciência de marca espontânea, Top of Mind, e da recomendação
das marcas no BE. Para desenvolver o estudo, foi realizada uma survey com 679
consumidores da Grande São Paulo, para verificar o valor de marca atribuído a duas
das principais marcas de uísque no mercado brasileiro - Johnnie Walker Red Label e
Jack Daniels. O desenvolvimento do estudo ocorreu em duas etapas. A primeira
envolveu uma revisão bibliográfica das teorias e pesquisas publicadas sobre
mensuração de BE, lealdade de marca e consciência de marca. A segunda envolveu
a coleta de dados por meio de uma survey e sua análise. Os resultados
demonstraram que existe hierarquia de forças para formação do BE e TOM exerce
influência positiva no construto, e BE precede a recomendação de marca. Entre as
contribuições deste trabalho estão a inclusão da consciência de marca espontânea
na mensuração do BE, até então as escalas utilizavam consciência de marca
auxiliada, e a grande variedade de perfis na amostra para validar a escala de
mensuração de produtos de maior valor agregado no mercado brasileiro, bem como
as recomendações para estudos futuros.
Palavras-chave: Brand Equity. Lealdade. Comportamento do consumidor. Consciência de marca.
Abstract
The present study main topic is the measure of brand equity using a consumer based
model. It investigates the existence of a hierarchy of forces that influence BE
formation. The research also includes the influence of spontaneous brand awareness
(top of mind - TOM) on BE, and brand recommendation. To apply such model, a
survey with 679 consumers from São Paulo, to measure the brand equity assigned to
two of the main whisky brands in Brazil - Johnnie Walker Red Label e Jack Daniels.
The development occurred in two stages. First, a thorough review of the theories that
measure brand equity, brand loyalty and brand awareness. The second stage,
involved the data collection via a survey and its analysis. The results show that there
is a hierarchy of forces that form BE, and TOM has a positive influence on it, and BE
precedes brand recommendation. The study has important contributions to the
academy since it includes spontaneous brand awareness on BE measurement, while
the other scales use only aided brand awareness. Also, the survey was applied with
a great variety of consumer profiles, therefore, has outmost importance on the
validation of the BE measurement model with high value brands in the Brazilian
market.
Keywords: Brand equity. Brand loyalty. Consumer behavior. Brand awareness.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 MODELO CONCEITUAL DE BE DE YOO ET AL (2000) 22 ....................................................
FIGURA 2 MODELO CONCEITUAL DO ESTUDO ADAPTADO PELO AUTOR 23 ...................................
FIGURA 3 ESTRUTURA DO ESTUDO 26 .................................................................................................
FIGURA 4 GARRAFAS JWRL 32 ...............................................................................................................
FIGURA 5 DETALHE DO ÍCONE DE JW 33 ..............................................................................................
FIGURA 6 DETALHE DO LOGOMARCA DE JW 34 ..................................................................................
FIGURA 7 PORTÃO ETÁRIO SITE JOHNNIE WALKER 35 .....................................................................
FIGURA 8 CONTEÚDO DA MARCA JW BRASIL NO INSTAGRAM 36 ....................................................
FIGURA 9 RÓTULOS DE JACK DANIEL’S DO SÉCULO 19, 20 E 21. 37 ................................................
FIGURA 10 LOGOTIPO E RÓTULO DE JACK DANIEL'S 38 ...................................................................
FIGURA 11 PORTÃO ETÁRIO SITE JACK DANIEL’S 40 .........................................................................
FIGURA 12 CONTEÚDO DA MARCA JD BRASIL NO INSTAGRAM 41 ...................................................
FIGURA 13 OFERTAS DE PRODUTOS LICENCIADOS COM A MARCA JACK DANIEL'S 42 ................
FIGURA 14 ITENS VENDIDOS COM A MARCA JD SEM INTERFERÊNCIA DA MARCA 43 ...................
FIGURA 15 TOP 10 MARCAS DO RANKING INTERBRAND 2017 46 .....................................................
FIGURA 16 TOP 10 MARCAS DO RANKING BRAND FINANCE 2017 47 ...............................................
FIGURA 17 MODELO DE BRAND EQUITY DE AAKER (1992, 1996A, 1998) 48 .....................................
FIGURA 18 ATRIBUTOS DA QUALIDADE PERCEBIDA DE AAKER 49 ...................................................
FIGURA 19 MODELO DE CONHECIMENTO DE MARCA AAKER (1998) 50 ...........................................
FIGURA 20 DIMENSÕES DO CONHECIMENTO DE MARCA DE KELLER 1993 54 ...............................
FIGURA 21 MODELO CONCEITUAL DO BA DE YOO ET AL. (2000) 55 .................................................
FIGURA 22 MODELO CONCEITUAL DE MENSURAÇÃO DO VALOR DA MARCA 57 ...........................
FIGURA 23 MODELO TEÓRICO DE BE DE OLIVEIRA ET AL (2015) 59 .................................................
FIGURA 24 MODELO DE LEALDADE DE MARCA DE AAKER (1998) 61 ...............................................
FIGURA 25 ETAPAS DA METODOLOGIA DE PESQUISA 67 ...................................................................
FIGURA 26 CONVITE EM FB PARA PARTICIPAÇÃO DA SURVEY, VERSÃO 1 69 ................................
FIGURA 27 CONVITE EM FB PARA PARTICIPAÇÃO DA SURVEY, VERSÃO 2 69 ................................
FIGURA 28 APRESENTAÇÃO DA PÁGINA CRIADA PARA A SURVEY 70 ..............................................
FIGURA 29 TEXTO INTRODUTÓRIO DO QUESTIONÁRIO 70 ..............................................................
FIGURA 30 DESCRIÇÃO DOS CONSTRUTOS CM E QP 83 ..................................................................
FIGURA 31 DESCRIÇÃO DOS CONSTRUTOS VP E PM 83 ...................................................................
FIGURA 32 DESCRIÇÃO DOS CONSTRUTOS ASO E LEALDADE. 84 ..................................................
FIGURA 33 CICLO DE DECISÃO DE COMPRAS MCKINSEY 86 ............................................................
FIGURA 34 COMPARATIVO DE LOGOMARCAS DE UÍSQUE 91 ...........................................................
FIGURA 35 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA JACK DANIEL'S. 97 ...............................................
FIGURA 36 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA JWRL 105 ...............................................................
FIGURA 37 JACK DANIELS TENNESSEE FIRE 108 ...............................................................................
FIGURA 38 JOHNNIE WALKER BLENDER’S BATCH RED RYE FINISH 109 .........................................
FIGURA 39 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA JWRL/ JD 114........................................................
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
QUADRO 1 RESUMO DOS OBJETIVOS DO ESTUDO 20 ......................................................................QUADRO 2 COMPARATIVO DE VALOR DE MARCAS E VALOR DE EMPRESAS 24 ............................QUADRO 3 FORMAÇÃO DE IMAGEM DE MARCA 52 ............................................................................QUADRO 4 FORMULAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PESQUISA 71 ............................................................QUADRO 5 APRESENTAÇÃO E SUSTENTAÇÃO DAS HIPÓTESES 125..............................................
GRÁFICO 1 COMPARATIVO RESULTADOS JD E JWRL, QUANDO NÃO SÃO TOM 118 ......................GRÁFICO 2 COMPARATIVO RESULTADOS JD E JWRL, QUANDO TOM 118 .......................................GRÁFICO 3 COMPARATIVOS JD E JWRL CONSTRUTOS PM E L 119 .................................................GRÁFICO 4 PERCENTUAL DE PROMOTORES DAS MARCAS JWRL E JD 122 ...................................GRÁFICO 5 COMPARAÇÃO DAS DIMENSÕES E BE DE PROMOTORES DE JD E JWRL 122 ............GRÁFICO 6 COMPARAÇÃO DAS DIMENSÕES E BE DE NÃO PROMOTORES DE JD E JWRL 123 ...GRÁFICO 7 COMPARAÇÃO DAS DIMENSÕES E BE DE NÃO PROMOTORES DE JD E JWRL 124...
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 VENDA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO BRASIL 2012/2016 28 ............................................TABELA 2 VENDAS DE DESTILADOS ALCOÓLICOS NO BRASIL 2012/2016 29 ..................................TABELA 3 DESCRIÇÃO DOS ITENS POR CONSTRUTO - PRÉ TESTE. 75 ..........................................TABELA 4 ANÁLISE DE CF E COMUNIDADE DOS CONSTRUTOS 77 .................................................TABELA 5 ANÁLISE DA AVE, DIM E CC 78 ..............................................................................................TABELA 6 DESCRIÇÃO DA VARIÁVEL RENDA SOCIODEMOGRÁFICAS 81 ........................................TABELA 7 DESCRIÇÃO DOS ITENS DOS CONSTRUTOS 82 ................................................................TABELA 8 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA DE JACK DANIEL'S 89 ...........................................TABELA 9 VALIDAÇÃO DOS CONSTRUTOS DE PRIMEIRA ORDEM - JACK DANIEL'S 93 ..................TABELA 10 CARGAS FATORIAIS CRUZADAS - JACK DANIEL'S 94 ......................................................TABELA 11 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA DO BE - JACK DANIEL'S. 95 .................................TABELA 12 VALIDAÇÃO DO CONSTRUTO DE SEGUNDA ORDEM BE JACK DANIEL'S. 95 ..............TABELA 13 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO MODELO - JACK DANIEL'S 96 ..................................TABELA 14 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA JWRL. 99 ...............................................................TABELA 15 VALIDAÇÃO DOS CONSTRUTOS DE PRIMEIRA ORDEM JWRL 101 ................................TABELA 16 CARGAS FATORIAIS CRUZADAS JWRL 102 .......................................................................TABELA 17 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA DO BE JWRL 103 ..................................................TABELA 18 VALIDAÇÃO PARA O CONSTRUTO DE SEGUNDA ORDEM JWRL 103 .............................TABELA 19 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO AJUSTE - JOHNNIE WALKER. 104 ...........................TABELA 20 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA - JOHNNIE WALKER/ JACK DANIEL'S. 107 .........TABELA 21 VALIDAÇÃO DOS CONSTRUTOS DE PRIMEIRA ORDEM JWRL/ JD 110 ..........................TABELA 22 CFC DE JWRL / JD 111 .........................................................................................................TABELA 23 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA DO BE JW/ JD 112 .................................................TABELA 24 VALIDAÇÃO DO CONSTRUTO DE SEGUNDA ORDEM BE JWRL/ JD 112 .........................TABELA 25 PARÂMETROS DE QUALIDADE DO MODELO JWRL/ JD 113 ............................................TABELA 26 COMPARAÇÃO DOS CONSTRUTOS ENTRE O TOM JD 116 .............................................TABELA 27 COMPARAÇÃO DOS CONSTRUTOS ENTRE O TOM JWRL 117 ........................................TABELA 28 COMPARAÇÃO DA RECOMENDAÇÃO DA MARCA JD POR CONSTRUTO 120 ................TABELA 29 COMPARAÇÃO DA RECOMENDAÇÃO DA MARCA JWRL POR CONSTRUTO 121 ..........TABELA 30 COMPARAÇÃO DA RECOMENDAÇÃO DA MARCA ENTRE O TOM. 124...........................
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
AC – Alfa de Cronbach
AMA – American Marketing Association
ASO – Associações organizacionais
AVE – Variância Média Extraída
BE – Brand equity
CC – Confiabilidade Composta
CF – Carga fatorial
CFC – Carga fatorial cruzada
CM - Consciência de marca
COM – Comunalidade
DIM – Dimensionalidade
DP – Desvio Padrão
EP – Erro Padrão
FB – Facebook
GSP – Grande São Paulo
IC 95% – Intervalo de 95% de confiança
JW – Johnnie Walker
JWRL -– Johnnie Walker Red Label
JD – Jack Daniel's
PM – Personalidade de marca
TOM – Top of mind
QP – Qualidade percebida
VCM – Variância Máxima Compartilhada
VP – Valor percebido
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 15 .....................................................................................................................
1.1 OBJETIVOS E PROBLEMATIZAÇÃO 19 ......................................................................................1.2 JUSTIFICATIVA 23 ..................................................................................................................1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO 26 ...................................................................................................
2. O MERCADO BRASILEIRO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS 28 ................................................2.1 JOHNNIE WALKER RED LABEL 31 ..........................................................................................2.2 JACK DANIEL'S 37 .................................................................................................................
3. REVISÃO DA LITERATURA 44 ..............................................................................................3.1 MARCA 44 3.2 BRAND EQUITY 45 ................................................................................................................
3.2.1 Modelos de Brand Equity 47 .......................................................................................3.2.1.1 Modelo de Aaker 48 ..................................................................................................3.2.1.2 modelo de Keller (1993) 53 ......................................................................................3.2.1.3 Modelo de Yoo et al (2000) 55 ..................................................................................3.2.1.4 Modelo de D’Emídio et al (2013) 56 .........................................................................3.2.1.5 Modelo de Oliveira et al (2015) 58 ...........................................................................
3.3 LEALDADE DE MARCA 59 .......................................................................................................3.3.1 Recomendação 62 3.3.2 Engajamento 63 3.3.3 Word of mouth - WOM (boca a boca) 63 .....................................................................
3.4 ESTRATÉGIA DE POSICIONAMENTO 64 ....................................................................................3.5 CONSCIÊNCIA DE MARCA ESPONTÂNEA: TOP OF MIND 66 ....................................................
4. METODOLOGIA 67 ..................................................................................................................4.1 AMOSTRA 68 4.2 MÉTODO E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 71 ...............................................................
4.3 PRÉ TESTE 73 ......................................................................................................................4.3.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS DO PRÉ-TESTE 74 ...........................................................4.3.2 ANÁLISE FATORIAL 76 ........................................................................................................
5. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 79 .................................................5.1. METODOLOGIA PARA ANÁLISE 79 ..........................................................................................5.2. ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS 80 .................................................................................5.2.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS ITENS 81 ...................................................................................5.3 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA 87 .................................................................................
5.3.1. Jack Daniel's 88 5.3.2 JOHNNIE WALKER 98 .........................................................................................................
5.3.3 Johnnie Walker/ Jack Daniel's 106 ..............................................................................5.3.4 Associações TOM e recomendação de marca 114 .....................................................
5.4 HIPÓTESES 125 6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 127 ..................................................................REFERÊNCIAS 130.....................................................................................................................
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1. INTRODUÇÃO
Produtos e marcas são bens completamente diferentes. Um produto é
qualquer coisa oferecida a um mercado que possa satisfazer uma necessidade ou
desejo. Já a marca, mais que um produto, pode ter dimensões que diferenciam de
alguma forma de outros bens desenhados para satisfazer a mesma necessidade
(KELLER, 2013). A gestão estratégica lucrativa de uma marca exige desenhar e
implementar um sistema de medir o seu valor (KELLER; LEHMANN, 2003).
Os estudos sobre valor de marca, ou Brand Equity (BE), iniciaram na
década de 80, influenciados por grandes empresas, suas fusões e aquisições, e
desde então o modelo de valoração de marcas mais amplamente aceito é o
apresentado por Aaker (YOO et al., 2000; BUIL et al., 2013).
Em seu modelo, o BE é composto por cinco dimensões: consciência de
marca, qualidade percebida, associações organizacionais, lealdade à marca e outros
ativos de marca. Essa última dimensão é normalmente omitida das pesquisas de
Brand Equity, uma vez que não está diretamente relacionada com os consumidores
(BUIL et al., 2008).
O modelo original de Aaker (1992) se fortalece por considerar a
perspectiva do consumidor, enquanto a predominância até então eram modelos cuja
abordagem era inteiramente financeira. Desde então, muitos modelos foram
desenvolvidos suportando a multidimensionalidade do construto (COSTA; ALMEIDA,
2012) e variando tanto na abordagem financeira quanto do consumidor (BUIL et al.,
2013) Existe na academia pouco consenso com relação à qual seria o modelo ideal
(OLIVEIRA; LUCE, 2011; OLIVEIRA et al., 2015).
A falta de concordância existe por diferenças nas abordagens nos
modelos propostos (OLIVEIRA; LUCE, 2011; OLIVEIRA et al., 2015), mas também
devido à complexidade do comportamento dos consumidores perante bens simples.
Afinal, cada modelo é testado empiricamente com categorias bastante diferentes.
Por exemplo, Yoo et al. (2000) utilizaram filmes de máquina fotográfica
(categoria praticamente inexistente em 2018), calçados esportivos e televisores
(segmento que sofreu grande desenvolvimento desde então). Buil et al. (2008),
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utilizaram PC (computadores pessoais), D’Emídio et al. (2013) e Oliveira et al.
(2015), utilizaram operadoras de telefonia celular, para citar alguns.
Portanto, o estudo de valor de marca tem a necessidade de se atualizar
conforme o comportamento do consumidor é melhor compreendido. Essa realidade
introduz também uma nova complexidade ao trabalho do profissional de marketing,
que passa a ter como objetivo criar marcas icônicas e com vida para poder se
relacionar com indivíduos ávidos por trocas e experiências com as marcas.
Wroe Alderson (1957, p. 15) afirma que “marketing é a troca que ocorre
entre grupos de consumo e grupos de fornecimento”, definição bastante limitada se
comparada ao escopo atual da área. Mais de meio século depois, Kotler e Keller
(2012, 4) definem como “o processo social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o
que necessitam e desejam através da criação, da oferta e da livre troca de produtos
de valor entre si”.
Anos antes, sua definição baseava-se em lucro (2004), depois por
entrega de valor (2007) até a atual sobre troca beneficiando duas ou mais partes
(2011). Kotler e Keller foram capazes de atualizar sua definição e acompanhar o
desenvolvimento do marcado e dos consumidores.
Keller (2013) afirma que a criação de uma percepção sobre a marca vai
existir quando os consumidores conhecerem essa marca e tiverem algum tipo de
consciência sobre ela.
Consciência de uma marca é o primeiro passo para criar valor em uma
marca (BUIL et al., 2013) e é uma variável que impulsiona a performance de
mercado (HUANG; SARIGOLLU, 2012). Quando consumidores conhecem muitas
marcas de uma categoria, e todas estão acessíveis para compra, a consciência de
marca passa a ser secundária para a construção de BE (MACKAY, 2001) e passa a
ter um impacto indireto na influência do brand equity (BUIL et al., 2013). Assim, as
outras dimensões ganham mais relevância e o estudo desse construto também.
Por anos, os principais veículos para gerar conhecimento de marca eram
a televisão e a mídia impressa. Atualmente o cenário mudou, e a internet
democratizou o acesso das marcas a esses consumidores.
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Atualmente o Facebook (FB) possui mais de um bilhão de usuários ativos
(FACEBOOK, 2016). Além de pessoas físicas, as empresas são parte da rede, já
que o FB é hoje uma das maneiras mais rápidas das companhias e negócios
promoverem suas marcas e produtos, e mudar o que antes era uma via unilateral de
comunicação, para um modelo interativo de comunicação (SENGUPTA, 2015).
A mudança do papel do consumidor na comunicação, de um ser passivo
para alguém interativo é um dos grandes desafios para as marcas se afirmarem em
suas mentes e conquistarem sua preferência. A mídia torna-se uma parte importante
de como a marca deve expor sua identidade, pois há uma mudança na visão de
criação de valor, de uma ideia centrada no produto para uma proposta focada nas
experiências personalizadas de uma marca (TYNAN et al., 2010), já que uma marca
forte está baseada no que os clientes aprenderam, sentiram, viram e ouviram sobre
ela (KELLER, 2006).
O presente estudo irá investigar o desenvolvimento do BE em duas
marcas de uísque no Brasil: Jack Daniel's (JD) e Johnnie Walker Red Label (JWRL).
A proposta é trazer à tona os fundamentos da construção de marcas de valor,
colocando em questão a importância das dimensões, principalmente lealdade e
consciência, para construir uma marca forte e sustentável no longo prazo.
O estudo possui grande contribuição ao incluir também a variável Top of
Mind (TOM), como uma medida de consciência espontânea de marca (AAKER,
2007). As questões de consciência de marca estão embasadas nas escalas
utilizadas por Oliveira et al. (2015) e Buil et al. (2008), que por sua vez seguiram
Netemeyer et al. (2004), Yoo e Donthu (2001). Em todos os casos, a consciência de
marca foi medida através de reconhecimento, lembrança e familiaridade de marca
nenhuma delas medidas espontâneas, todas auxiliadas.
Com essa variável incluída, o estudo busca entender se a consciência
espontânea de uma marca influencia positivamente nas outras dimensões e no BE,
uma vez que o entendimento da formação da lealdade é de mais elevada
importância (HAN et al., 2011).
Oliver (1997) afirma que a lealdade pode ser processual ou
comportamental, sendo a primeira conhecida como a recompra regular de um
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produto, mas o autor afirma que esse processo não isola fatores de conveniência,
por exemplo. A lealdade comportamental não envolve apenas compra e recompra, e
sim a preferência por uma determinada marca, mesmo que o consumidor compre
outras marcas no ínterim.
A lealdade comportamental se desenvolve em quatro estágios: 1) a
lealdade cognitiva, que foca na performance e seus aspectos; 2) a lealdade afetiva,
que está ligada a um gosto e à facilidade de acesso à marca; 3) a lealdade conativa,
quando o consumidor intencionalmente deseja recomprar a marca; e 4) a lealdade
ativa, que expressa-se pelo compromisso de recompra da marca.
As ações dos consumidores podem ser entendidas como processos de
tomadas de decisão, e compras são reconhecidas como atividades de solução de
problema, na qual consumidores passam por diferentes estágios (MOWEN, 1988).
Seguindo essa proposta de compreensão da compra, Solomon (2015)
considera três diferentes perspectivas de tomada de decisão: a cognitiva, a habitual
e a afetiva.
A primeira, tomada de decisão cognitiva possui quatro etapas descritas
como reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas
e escolha do produto. Esse processo tende a influenciar a escolha seguinte (próxima
compra), caso a necessidade seja semelhante.
No caso da tomada de decisão habitual, ela difere da primeira, pois não
passa pela mesma sequência elaborada toda vez que há uma compra
(OLSHAVSKY; GRANBOIS, 1979). Portanto, a tomada de decisão habitual se refere
a escolhas feitas com pouco ou nenhum esforço consciente (SOLOMON, 2015) – e
em muitos casos o consumidor só se dá conta do que compra quando olha seu
carrinho (GLADWELL, 2005).
No entanto, isso não significa que são decisões imprecisas. Em ocasiões
de consumo cujo grau de envolvimento na compra, o valor financeiro e o risco social
são baixos, os consumidores geralmente não investem tempo ou esforços para
buscar informações e comparar marcas (HUANG; SARIGÖLLÜ, 2012), mas mesmo
assim tendem a seguir uma hierarquia racional.
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Mowen e Minor (2001) apresentam um processo de três estágios:
crenças, comportamento e afeto. Nesse caso, muito do que o consumidor pondera
para sua decisão vem do ambiente externo e anterior ao momento da compra. Por
isso, entende-se que na ocasião da aquisição do bem o consumidor pode não
necessitar de conhecimento prévio da marca. Tal conhecimento pode se dar no
momento de compra, na gôndola.
Por fim, a tomada de decisão afetiva ocorre quando as reações
emocionais determinam a reação do consumidor frente a um produto (SOLOMON,
2015, p. 69). Compras cuja tomada de decisão envolvem afeto tendem a necessitar
de maior envolvimento. Nesse caso é comum que consumidores sigam outro o
processo trifásico apresentado por Mowen e Minor (2001), de cognição, afeto e
ação, no qual o conhecimento sobre a marca é mais relevante pois afeta sua busca
por informação, que interfere na decisão de compra.
Portanto, está relacionado tanto ao comportamento de compra cognitivo
quanto afetivo, o que ressalta mais a importância do conhecimento e lealdade a
marca, que deve estar no centro dos objetivos de longo prazo das empresas, pois
somente consumidores leais recompram a mesma marca de produto ao longo do
tempo, mesmo que exista uma marca alternativa no mercado. Eventualmente a
lealdade pode ser medida pelo compromisso de recompra de produtos e serviços
(RYAN et al, 1999).
1.1 Objetivos e problematização
Farquar (1989, p.24), em um dos estudos seminais sobre marcas define
que “produto é algo que oferece um benefício funcional”, enquanto a marca “é um
símbolo que eleva o valor do produto, além do funcional”.
Marcas colocam produtos em novos patamares. Evitam que o consumidor
se entregue a “habituais arbítrios qualidade X preço”, que são substituídos pelo
raciocínio valor x preço (“value for money”). Valor que é o preço real, acrescido de
um valor afetivo e emocional trazido por marcas, que ajuda a justificar o diferencial
de preço (LIPOVETSKY; ROUX, 2005, p. 96)
Isso é, símbolo e nome diferenciado destinado a identificar esses bens e
serviços em relação aos concorrentes (AAKER, 1998).
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Em ambos os casos, os autores têm a identificação de valor intrínseca à
sua definição: a identificação do consumidor com algo e a sua atribuição de valor, ou
seja, em outras palavras, a sua preferência.
A preferência por um determinado produto está no centro do que o
dicionário da American Marketing Association (AMA) define como lealdade de marca.
Na perspectiva de vendas, define-se como a “situação na qual o consumidor
geralmente compra produtos ou serviços do mesmo fabricante/fornecedor repetidas
vezes por um período de tempo, ao invés de comprar de múltiplos competidores na
mesma categoria”. Do ponto de vista do comportamento do consumidor, define-se
como “o grau no qual o consumidor, consistentemente, compra a mesma marca,
dentro de uma classe de produtos” (Brand loyalty term, AMA, 2012a).
A importância da lealdade para uma marca é notável, pois o construto tem
mostrado uma alta correlação com a rentabilidade das empresas, e a pouca
sensibilidade dos consumidores a preços (DAWES, 2009; REICHHELD, 1993).
Lealdade é considerada um ativo, e consumidores estão dispostos a pagar mais por
isso (WERNERFELT, 1991).
O Quadro 1 descreve os objetivos do estudo.
Quadro 1 Resumo dos objetivos do estudo
!21
Fonte: elaborado pelo autor
A proposta citada é a base para a definição do problema de estudo, “o
problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara,
compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou
pode ser resolvido por meio de processos” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.127).
Com essa premissa, o problema de pesquisa proposto é: “existe hierarquia de forças
entre as dimensões do BE?”.
A tentativa de mensurar o BE é um tema estudado por outros autores já
publicados, por exemplo, Yoo e Donthu (2001), Buil et al. (2008), Buil et al. (2013),
D’Emídio et al. (2013), Oliveira et al. (2015), e como citado anteriormente, todos
utilizam escalas de reconhecimento, lembrança ou familiaridade na dimensão
Consciência de Marca.
Brand equity, em geral, é mais relevante em indústrias que vendem
produtos de baixo envolvimento, que são comprados com alta frequência e os
consumidores não querem passar muito tempo pensando neles (ARAVINDAKSHAN
et al., 2004). O presente estudo inova por utilizar uma categoria de alto valor
agregado e que possui volume massivo como um fast moving consumer good
(FMGC), ou bem de consumo de rápido giro, agregando a variável TOM como
critério de consciência espontânea de marca.
Como base da escala deste estudo são utilizadas duas teorias da
academia. Primeiro, o modelo de análise e construção de BE de Aaker (1992), e a
escala multidimensional de mensuração de BE de Yoo e Donthu (2001), e os
modelos que dele derivam, como os desenvolvidos por Buil et al. (2018, 2013),
D’Emídio (2013) e Oliveira (2015).
Objetivo central Objetivos específicos
Investigar se a lealdade de marca possui maior influência no Brand Equity do que as outras dimensões
Analisar se há diferenças entre lealdade de marca para consumidores TOM e não TOM.
Analisar se o BE pode influenciar a recomendação de marca.
!22
Yoo et al (2000) criam um modelo teórico de BE com perspectiva do
consumidor. Tal proposta é baseada no modelo teórico de Aaker (1992) e Keller
(1993).
Figura 1 Modelo conceitual de BE de Yoo et al (2000)
! Fonte: Yoo et al (2000, p.196)
Para testar empiricamente o modelo, Yoo e Donthu (2001) criaram uma
escala multidimensional de mensuração do BE, que foi vastamente aplicada na
academia e deu origem a muitos outros trabalhos.
Em 2015, Oliveira et al. inovam no estudo de mensuração de BE com um
modelo que pode avaliar o valor de uma marca ao longo do tempo estimando as
compras futuras do consumidor.
O presente estudo irá utilizar o referido modelo de mensuração de BE
apresentado por Oliveira et al. (2015), acrescentando os construtos Consciência de
Marca espontânea (Top of Mind), e Recomendação de marca baseado na “pergunta
definitiva”, proposta por Reichheld (2006).
!23
Figura 2 Modelo conceitual do estudo adaptado pelo Autor
! Fonte: elaborado pelo autor
As hipóteses do estudo são:
• H1 – a Lealdade de marca influencia positivamente o BE. • H2 – TOM (consciência de marca espontânea) influencia positivamente no BE. • H3 – TOM (consciência de marca espontânea) influencia positivamente a lealdade de
marca. • H4 – BE influencia positivamente em recomendações à marca.
1.2 Justificativa
Empresas investem anualmente bilhões de dólares em publicidade e
ações para atrair a preferência dos consumidores para suas marcas. O Instituto
Gartner (2016) apresentou um estudo apontando que empresas de mais de US$ 5
bilhões de faturamento investem, em média, 13% em marketing, cerca de US$ 650
milhões por ano. Grandes investimentos em busca de grandes resultados.
Marcas se tornaram ativos das empresas, e se equiparam em valor a
empresas inteiras, como demonstrado no Quadro 2.
!24
Quadro 2 Comparativo de valor de marcas e valor de empresas
Fonte: Relatório BrandFinance 2017 e Forbes 500 2017.
Para base de comparação, a Ford Motors vende mais de US$ 150 bilhões
por ano, e sua marca é avaliada em US$ 22 bilhões. Já a marca Facebook, que vale
US$ 61 bilhões, fatura menos da metade disso. Vale apontar que essa comparação
é do faturamento de um ano e do valor de uma marca ao longo de 5 anos, mas a
título de comparação fica clara a relevância do estudo de marcas.
O tema valor de marca é vastamente estudado pela academia. Tal
fenômeno teve início na década de 80 por conta do movimento de fusões e
aquisições entre empresas (KAPFERER, 2004; D’EMIDIO, 2013). Nas pesquisas
sobre o assunto, o tema possui duas abordagens: a financeira e a comportamental.
A primeira, chamada de Financially Based Brand Equity (FBBE) tem o
objetivo de calcular o valor financeiro de uma marca e possui modelos como o da
InterBrand, Y&R e Simon e Sullivan (1993). A segunda, chamada Consumer Based
Brand Equity (CBBE), determina o valor de uma marca desde o ponto de vista do
consumidor, e parte do princípio de que o valor é construído da interpretação dos
consumidores para aquilo que a marca se propõe a ser (AAKER, 1992, 1998, 2007;
BIEL, 1992; KELLER, 2003; YOO et al, 2000; D’EMIDIO et al, 2013; OLIVEIRA et al,
2015).
Para multinacionais, que são afetadas por variações cambiais e
necessitam muitas vezes repassar custos a consumidores com maior frequência,
uma marca com BE alto tem condições de cobrar preços premium no mercado
(ROMERO; YAGUE, 2016).
TOP 10 marcas em valor TOP 10 empresas em vendasGoogle US$ 109 bi Walmart group US$ 485 biApple US$ 107 bi Berkshire Hathaway US$ 223 biAmazon US$ 106 bi Apple US$ 215 biAT&T US$ 87 bi Exxon Mobil US$ 205 BIMicrosoft US$ 76 bi McKesson US$ 192 biSamsung US$ 66 bi UnitedHealth Group US$ 184 BIVerizon US$ 65 bi CVS Health US$ 177 biWALMART US$ 62 BI General Motors US$ 166 biFacebook US$ 61 bi AT&T US$ 163 BIICBC US$ 47 bi Ford Motor US$ 151 biJohnnie Walker US$ 4.5 bi DIAGEO1 US$15.2 biJack Daniel's US$ 3.1 bi BROWN FORMAN US$ 3.1 bi
!25
Wernerfelt (1991) classifica lealdade de duas maneiras: inerte e custosa.
A primeira é construída ao longo do tempo e se desenvolve em uma relação do
consumidor com a marca (exemplo: marca de uísque), e a segunda existe devido a
um custo de troca mais alto, por exemplo, marca de carro. Em geral, lealdades
inertes possuem custo de troca mais baixos.
Em um cenário competitivo, no qual a comunicação das marcas, e o
acesso para comprá-las foi democratizado pela internet, a lealdade se torna ainda
mais relevante.
Aaker (1998, p. 16), propõe que BE é “um grupo de ativos e passivos
ligados à marca, seu nome e logo, que acrescentam e subtraem do valor proposto
por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para o seu consumidor”.
A necessidade por consumidores leais aumenta em momentos de crise. O
Instituto Focus calcula que o PIB brasileiro crescerá apenas 0,4% em 2017, após
forte retração em 2016. A previsão de crescimento para 2018 é de 2,0%.
Tais previsões, quando detalhadas, impactam o consumo das mais
diversas categorias. Primeiro, porque a tendência é que o desemprego continue a
aumentar, chegando até 12% em 2017 (FOCUS, 2017). E segundo porque o
comportamento de compra de consumidores muda em momentos difíceis.
O Instituto de Pesquisa e Tendências Nielsen, por meio do seu painel de
tendência Homescan, identificou mudanças de comportamentos nos consumidores
em momentos de crise e desaceleração econômica. Esses comportamentos afetam
drasticamente o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil.
De acordo com o estudo, 61% dos consumidores estão gastando menos.
Isso se dá, entre outras coisas, com a redução da quantidade de vezes que saem
para atividades de lazer, como bares e restaurantes, por exemplo.
Até 50% das categorias listadas no estudo apresentam redução em
vendas, pois além de saírem de algumas categorias devido à crise, os consumidores
buscam marcas mais baratas, e a média total de vendas cai -3,5%. Com esse
cenário descrito, o consumo de uísque no Brasil caiu -6,5% em 2016 sobre o mesmo
período de 2015.
!26
O entendimento sobre os fatores que influenciam no desenvolvimento de
lealdade de marca é relevante por que auxilia na determinação de prioridades de
investimento. Utilizando a definição de valor de marca de Aaker (1998), nota-se que
a lealdade está dentro de um escopo maior e que cada uma dessas dimensões
demanda investimentos e prioridades diferentes.
O presente estudo irá direcionar quais são essas prioridades que as
marcas devem investir.
1.3 Estrutura do estudo
A presente pesquisa está organizada em seis capítulos: 1. introdução; 2.
mercado de bebidas alcoólicas; 3. revisão de literatura e fundamentação teórica dos
construtos Brand Equity, Lealdade de Marca, Consciência de marca e
Posicionamento Estratégico; 4. abordagem metodológica da pesquisa e
procedimento de coleta de dados; 5. resultados da pesquisa de campo, análise
estatística dos dados e discussão dos resultados; e 6. conclusão, considerações
finais, limitações e recomendações para novas pesquisas.
Figura 3 Estrutura do estudo
!27
! Fonte: elaborado pelo autor
!28
2. O MERCADO BRASILEIRO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Com alta penetração na sociedade brasileira, o setor de bebidas
alcoólicas movimentou mais de R$ 177 bilhões em 2016 (EUROMONITOR, 2017).
Assim como muitas categorias, foi fortemente afetado pelo cenário macroeconômico
e desde 2014 o volume de consumo de bebidas alcoólicas no Brasil está em forte
declínio, causado pela redução da renda do trabalhador.
Em contrapartida, o segmento cresce em valor, impulsionado por
lançamentos de linhas premium, e o aumento dos preços que, apenas em 2016 foi
de 10% (EUROMONITOR, 2017).
Tabela 1 Venda de bebidas alcoólicas no Brasil 2012/2016
Fonte: EUROMONITOR 2017
Há segmentos que driblam a crise e crescem em vendas e volume. É o
caso das bebidas prontas à base de destilados (RTDs), e base para mistura de
drinks (Pré-Mix), que juntas apresentaram crescimento de 41% em volume e 48%
em vendas.
As cervejas são responsáveis por 91,6% do volume e são analisadas à
parte. Os destilados se dividem em oito subcategorias, como destacado na Tabela 2.
BRL Milhões 2012 2013 2014 2015 2016 2016/2012Cerveja R$ 87,103 R$ 95,826 R$ 108,753 R$ 117,783 R$ 128,979 48.1%Cidra R$ 104 R$ 146 R$ 159 R$ 177 R$ 197 90.7%RTD’s / Pré-Mix R$ 968 R$ 1,019 R$ 1,121 R$ 1,367 R$ 2,027 109.4%Destilados R$ 22,756 R$ 25,143 R$ 28,642 R$ 30,238 R$ 31,992 40.6%Vinho R$ 10,384 R$ 11,497 R$ 12,150 R$ 12,912 R$ 13,900 33.9%Total R$ 121,342 R$ 133,631 R$ 150,825 R$ 162,477 R$ 177,095 45.9%
!29
Tabela 2 Vendas de destilados alcoólicos no Brasil 2012/2016
Fonte: EUROMONITOR 2017
Apesar do crescimento no valor das vendas, inclusive em anos de
recessão econômica, as bebidas alcoólicas são consideradas como algo supérfluo
em uma sociedade na qual mais da metade da população vive com menos de três
salários mínimos por mês (IBGE, 2016).
O consumidor teve que fazer escolhas. Passou a tomar decisões mais
racionais nas suas compras, e diminuiu a frequência do consumo de bebidas
alcoólicas ou passou a consumir bebidas mais baratas (THE NIELSEN COMPANY
2017).
O segmento de destilados foi bastante afetado por isso: de 2012 a 2016,
apesar do crescimento de mais de 40% em faturamento, o volume de vendas caiu
6,6% (EUROMONITOR, 2017).
O decréscimo no volume de vendas é parcialmente compensado pelas
grandes empresas pelo aumento no preço médio cobrado, que em 2016 ficou 10%
acima que no ano anterior, motivado por 1) aumento de impostos, e 2)
compensações cambiais e outros custos.
O uísque é responsável por R$7,4 bilhões e atualmente é o 4º destilado
mais consumido no Brasil, atrás da cachaça, brandy/conhaque e da vodca, sendo
responsável por 6% do total das vendas de destilados.
BRL Milhões 2012 2013 2014 2015 2016 2016/2012Brandy e Cognac 1,499.6 1,542.5 1,610.7 1,708.3 1,797.1 19.8%Licores 1,158.1 1,267.7 1,387.2 1,507.9 1,642.6 41.8%Rum 624.4 650.2 681.6 720.5 760.9 21.9%Tequila e Mescal 151.4 181.3 210 242.5 275.7 82.1%Uísque 5,756 6,471.6 7,212.1 7,370.3 7,424 29.0%Gin 24.4 25.1 27.7 29.6 31.9 30.7%Vodca 4,839.3 5,660.1 6,642.1 6,851.8 7,338.6 51.6%Cachaça 8,678.1 9,318.4 10,842.8 11,777.4 12,689.1 46.2%Outros 24.9 26.3 27.6 29.6 31.8 27.7%Total 22,756.2 25,143.2 28,641.8 30,237.9 31,991.7 40.6%
!30
Atualmente são comercializadas regularmente no Brasil cerca de 65
marcas de uísque (NIELSEN SCANTRACK, 2017), isso sem contar suas versões e
extensões de linha.
As dez maiores marcas de uísque do Brasil correspondem a 83% do
consumo nacional da bebida. Os 17% restantes estão espalhados por mais de 50
rótulos. Nota-se ainda a concentração em grandes multinacionais que detêm as
principais marcas importadas e adquiriram marcas nacionais para entrar no país
décadas atrás (NIELSEN SCANTRACK 2017).
Desses 83%, a maioria, cerca de 3/4, são de marcas nacionais ou
standard (uísque importado engarrafado no Brasil), e apenas 1/4 representam os
uísques importados. O presente estudo se foca no que o mercado denomina marcas
premium, que são os uísques importados, não engarrafados localmente e com
menos de 12 anos.
Johnnie Walker Red Label (JWRL) continua sendo a marca mais
relevante do mercado, por ser a líder de vendas em valor e a terceira em volume. A
marca se destaca também por ser a referência (benchmark) usada para a
classificação e segmentação de preços pelo Euromonitor.
A pesquisa de campo foi realizada com moradores da Grande São Paulo
(GSP), por conta disso, para decidir quais marcas seriam objeto de estudo focou-se
nas marcas de uísque premium mais vendidas na região.
Para determinar as marcas, segmentou-se dentro da base de dados
Scantrack as marcas premium com maior consumo na GSP, que são - JWRL,
Ballantines Finest, White Horse e Jack Daniel's (JD)
As marcas selecionadas para objeto de estudo foram JWRL e Jack
Daniel's.
A escolha de JWRL se deu por ser a maior marca do mercado, e por ser a
marca benchmark no Euromonitor. A escolha de JD se deu por ser uma marca que
realiza investimentos constantes, ao contrário de Ballantines Finest e White Horse.
Apresenta uma comunicação diferente que se opõe ao tradicionalismo de JWRL, e
desde 2011, apresenta crescimento significativo em volume na região (250%),
!31
enquanto a concorrente somou apenas 10%, e a categoria, 19% (NIELSEN
SCANTRACK 2017).
2.1 Johnnie Walker Red Label
A tradicional marca escocesa é o uísque mais vendido no mundo e hoje
está presente em mais de 180 países. Foi criada em 1909, e naquela época seus
blends tinham a assinatura “Old Highlland Whisky” e eram feitos de diferentes maltes
que a família Walker comercializava.
A garrafa é icônica e caracterizada pela tradicional faixa diagonal a exatos
24 graus com detalhes dourados. A marca já recebeu mais de 30 prêmios em mais
de cem anos de história.
Atualmente, Johnnie Walker possui sete linhas de produtos fixas no
mercado, que em ordem crescente de preço são Red Label (entre três a oito anos),
Black Label (12 anos), Double Black (sem idade informada), Gold Label (sem idade
informada), Platinum (18 anos), Island Green (sem idade informada) e Blue Label
(sem idade informada). Ainda possui quatro coleções limitadas e seis linhas premium
de produtos raros.
Os preços variam de cerca de R$100 para uma garrafa de um litro de
JWRL até mais de R$ 20 mil pelo exclusivo “The John Walker”.
A estratégia de preço entre as linhas é planejada para que não se reflita
no valor financeiro a ser gasto, mas também em uma concepção de status. As
garrafas de JW possuem tamanhos diferentes, independentemente do volume de
produto. A garrafa da linha Red Label, mais simples, é menor que a garrafa de Black
Label, que por sua vez é menor que a garrafa de Blue Label.
A Figura 4 apresenta uma garrafa da marca do início do século 20, à
esquerda, e a atual, à direita.
!32
Figura 4 Garrafas JWRL
! Fonte: DIAGEO (2018)
O JWRL é um uísque blended, nome dado aos produtos feitos de
diversos maltes. De acordo com o órgão oficial do governo escocês, que
regulamenta a produção no país, todo uísque deve ficar ao menos três anos em um
barril de carvalho para poder adquirir a denominação de “Scotch Whisky” (uísque
escocês).
A multinacional Diageo, dona da marca Johnnie Walker, não informa
quantos anos o Red Label fica dentro das barricas de carvalho.
Em São Paulo, o produto pode ser encontrado em três tamanhos: 50ml,
500ml e um litro no site oficial da marca.
A distribuição de JWRL é extensiva e está massivamente distribuída em
locais de consumo imediato (on premise) e locais de consumo posterior (off
premise). Os locais de consumo imediato são bares, restaurantes e eventos, e
atualmente representam 65% das vendas da categoria. Já os locais de consumo
posterior são mercados físicos e virtuais, e completam os 35% restantes
(EUROMONITOR, 2017).
!33
A comunicação da marca JW ocorre sem distinguir as famílias, e utiliza a
icônica frase “Keep Walking” (ou “continue em frente”, em português). A marca não
informa há quantos anos utiliza o slogan, mas é possível encontrar evidências desde
1999.
Antes da década de 90, o logo de JW, a figura de um lorde era virada
para a esquerda, e após reposicionamento da marca foi colocada movendo-se “para
frente”, como demonstrado na Figura 5.
Figura 5 Detalhe do ícone de JW
! Fonte: elaborado pelo autor
Juntamente com o reposicionamento da figura do lorde, foi incluído o
slogan da marca.
!34
Figura 6 Detalhe do logomarca de JW
!
Fonte: JOHNNIE WALKER (2018)
A JW realiza suas campanhas como marca mãe e não cita nenhuma de
suas linhas de produtos. Tratam-se de campanhas conceituais com o slogan “Keep
Walking”.
Assim como toda marca de bebida alcoólica, a JW segue as instruções do
CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que impõe regras
bastante rígidas para a comunicação de destilados. Dentre elas, vale o destaque
para o portão etário no site da marca. O intuito é que apenas consumidores maiores
de 18 anos tenham acesso, como demonstra a Figura 7.
!35
Figura 7 Portão etário site Johnnie Walker
! Fonte: JOHNNIE WALKER (2017)
O site da marca é inteiramente em português, e possui um canal online de
vendas diretas ao consumidor chamado The Bar, que engloba todas as marcas da
empresa Diageo, dona de JWRL, no Brasil. Além dos destilados da marca, o site
também vende edições para presentes. Não há a venda de acessórios.
As cores das comunicações da marca variam entre tons escuros e o
dourado presente tanto no logo quanto nos detalhes das garrafas. Visualmente, foi
possível observar nas redes sociais da marca que sua comunicação se ancora em
eventos, patrocínios e parcerias, com destaque à Formula 1, e ao filme Blade
Runner.
!36
Figura 8 Conteúdo da marca JW Brasil no Instagram
!
Fonte: JOHNNIE WALKER BRASIL (2018)
O que se nota, novamente, é uma comunicação conceitual sobre o tema
“Keep Walking” e campanhas de consumo responsável ao volante, com pouca
referência visual e informativa do produto.
!37
Em 2017 a marca lançou a “Johnnie Walker House”, uma embaixada do
scotch whisky, para consumidores apaixonados pela categoria poderem fazer cursos
e apreciar produtos exclusivos, entre outras comodidades. Apesar da grande
comunicação em torno do estabelecimento, não há nenhum no Brasil.
2.2 Jack Daniel's
A tradicional e centenária marca americana foi registrada em 1866 como a
primeira destilaria dentro dos Estados Unidos. Seu dono e mestre destilador, Jasper
Newton Daniel’s, mais conhecido como Jack, deu nome à marca.
Desde sua fundação, a marca mantém o mesmo nome e a mesma
estrutura de logo e rótulo, como destacado na Figura 9.
Figura 9 Rótulos de Jack Daniel’s do século 19, 20 e 21.
! Fonte: elaborado pelo autor
O logo da marca se manteve praticamente inalterado em mais de um
século. Houve mudanças pequenas de fontes, adaptações de tamanho à garrafa,
mas sem perder a simplicidade.
!38
Figura 10 Logotipo e rótulo de Jack Daniel's
! Fonte: JACK DANIEL’S 2017
Curiosamente, não há informações sobre o significado de “Old No
7” (velho número 7), estampado em todas as garrafas do produto desde o início da
sua produção. Assim, o imaginário popular da cidade de Lynchburg, Tennessee, de
pouco mais de seis mil habitantes, e lar da marca, se enche de contos populares
para dar explicações ao mistério.
Em fontes não oficiais, as versões folclóricas mais populares são que o
sabor marcante do produto foi encontrado na sétima tentativa de produção, ou que
Jasper se inscreveu em um concurso de melhores destilados, e ele era o sétimo
concorrente. Reza a lenda que o produto ganhou o concurso.
Atualmente a marca é vendida em mais de 160 países, e é o Tennessee
uísque mais vendido no mundo. O produto possui um método de destilação
diferenciado, por isso não se encaixa como Bourbon ou Blended Scotch Whisky.
Seu grande diferencial está no processo de suavização, chamado de
“charcoal mellowing”, ou amadurecimento no carvão (em tradução literal). Esse
carvão tem a função de filtrar as impurezas do uísque para torná-lo mais suave e
adocicado. É nessa etapa que o produto se diferencia de um Bourbon, que não
passa por esse mesmo processo produtivo.
!39
A primeira gota da bebida fermentada que cai no material leva cerca de
uma semana para atravessar todo o tanque.
Assim como JWRL, o líquido de JD também é maturado em barris de
carvalho. Ao contrário do uísque escocês, que precisa seguir regras de qualidade de
uma entidade oficial do governo, devido à sua exclusividade de método, JD não
revela se há um tempo específico de maturação. A empresa afirma “o tempo não
pode dizer tudo o que um gole dos mestres destiladores pode” (JD, 2017). Assim,
quando o produto é aprovado pelo mestre destilador, pode ser comercializado.
Existe apenas um mestre destilador por vez; o primeiro foi o próprio Jack
Daniel's, e, 152 anos depois, o cargo é ocupado pelo seu sétimo profissional.
O carro-chefe da marca no Brasil é o tradicional “Old no 7”, que é
comercializado em 50ml, 200ml, 375ml, um litro e 1.75 litro, em preços que variam
de R$20 a R$250.
Há também duas versões adicionais, Tennessee Honey, com mel, e
Tennessee Fire, com canela. A marca possui ainda suas versões premium, como:
Gentleman Jack, filtrado duas vezes para maior suavidade; Single Barrel, produzido
a partir de um único barril; e Sinatra Select, envelhecido em barris especiais. E em
outros mercados, ainda não presente no Brasil, possui edições limitadas.
A distribuição da marca é extensiva pelas regiões sul e sudeste em
ambos canais (on e off premise). De acordo com a própria empresa, o produto
chega às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste via distribuidores, mas tais regiões
não são a prioridade imediata.
A comunicação dar marca é mais focada no produto do que na criação de
um conceito. Sempre se encontra o nome da marca na sua fonte característica, e o
No 7. Os tons escuros, contrastando o preto e branco do logo, em geral são
predominantes.
A marca não possui um slogan marcante, como sua concorrente
escocesa. Em suas comunicações costuma utilizar o próprio nome Jack Daniel's em
todas ocasiões, e propõe trocadilhos com Jack.
!40
Seguindo as instruções do CONAR, a página da marca, possui um portão
etário para minimizar o acesso de menores de idade ao seu conteúdo, como
destacado na Figura 11.
Figura 11 Portão etário site Jack Daniel’s
! Fonte: JACK DANIEL’S (2018)
A marca não possui um site brasileiro, todo conteúdo é em inglês, apesar
de ser necessário escolher o país de origem do acesso à página. Diferentemente de
JW, a marca não possui um canal de venda online direta ao consumidor. A Figura
12, destaca um painel do conteúdo da marca no Instagram, no mês de janeiro de
2018.
!41
Figura 12 Conteúdo da marca JD Brasil no Instagram
!
Fonte: JACK DANIEL’S BRASIL (2018)
De acordo com uma pesquisa observatória sobre as ações da marca, foi
possível identificar que sua estratégia é diferente da utilizada pela JW, e não tem o
costume de patrocinar grandes eventos e investir em grandes parcerias. Seu
conteúdo é criado em torno de ações que envolvem a tradição e história da marca.
!42
Por conta disso, a marca possui uma linha de produtos licenciados de
outras categorias além de uma grande quantidade de produtos não licenciados, mas
que vendem a marca.
A empresa não confirma o que e quais produtos são oferecidos no Brasil,
uma vez que as negociações são tanto globais quanto locais, mas confirma a
existência de molhos para churrasco (R$28,80), chocolates (R$42,20) e uma oferta
de hambúrguer especial no cardápio do restaurante General Prime Burguer (R$39),
que é vendido apenas para maiores de 18 anos.
Figura 13 Ofertas de produtos licenciados com a marca Jack Daniel's
!
Fonte: produzido pelo autor
!43
Dentre os produtos não licenciados, foi possível encontrar camisetas,
materiais para bares e cozinha e inúmeros itens de decoração, como destacado na
Figura 14.
Figura 14 Itens vendidos com a marca JD sem interferência da marca
!
Fonte: elaborado pelo autor
Ainda que não confirme, a marca definitivamente se beneficia dessa
publicidade gratuita.
!44
3. REVISÃO DA LITERATURA
Neste item serão revisados os conceitos de marca, brand equity, lealdade
de marca, consciência de marca e posicionamento estratégico.
3.1 Marca
O conceito de marca foi vastamente estudado na academia. Afirma-se
que nasceu séculos atrás, quando egípcios marcavam seus produtos com símbolos
e hieróglifos.
O conceito de “marca” evoluiu no século 18, quando os nomes e imagens de animais, locais de nascimento, e pessoas famosas substituíram os nomes de alguns produtores, numa proposta para fortalecer associações com o produto. Produtores queriam facilitar a memorização dos seus produtos junto aos consumidores, e aumentar a diferenciação dos mesmos versus seus concorrentes (FARQUAR, 1989, p. 24).
A marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou qualquer outro atributo que
identifique o vendedor de um produto ou serviço e o diferencie de seus concorrentes
(AMA, 2006). Para as empresas a criação de marcas tem grande importância por
facilitar as decisões de dos consumidores, aumentando a recompra, que melhora o
seu resultado financeiro (VELOUTSOU, 2015).
Após intensa revisão da literatura sobre marca, De Charnatony e Riley
(1998) propõem que as definições que existem na academia possuem 12 diferentes
temas. São eles: 1) marca como instrumento legal, 2) um logo, 3) uma companhia/
empresa (ocorre quando marcas são a principal representação de uma empresa,
muitas vezes em mercados que há competição com marcas próprias), 4) marca
como um símbolo ou abreviatura, 5) redutor de riscos, 6) sistema de identidade, 7)
imagem na mente de consumidores, 8) sistemas de valor, 9) personalidade, 10)
marca como relacionamentos, 11) agregadores de valor, e por fim, 12) como
entidades evolutivas.
Essa proposta dos autores leva o conceito de marca a uma visão mais
abrangente de como essa noção é construída, e por identificar esses 12 temas é
possível entender com mais facilidade como se constroem marcas com alto valor
financeiro e emocional com os consumidores.
!45
O crescimento desse conceito deu origem aos estudos sobre Brand
Equity, definido como o “valor adicional” que uma marca endossa um produto
(JONES, 1986; LEUTHESSER, 1988, apud FARQUAR 1989), e posteriormente, na
década de 90, são muito estudados devido a fusões de grandes corporações
(KELLER, 1993).
3.2 Brand Equity
O conceito de Brand Equity (BE), ou valor de marca, é definido do ponto
de vista dos consumidores, ou abordagem comportamental, e do ponto de vista
financeiro, ou abordagem financeira. O primeiro avalia como os consumidores
entendem e valorizam uma marca. Já o segundo, tem como objetivo valorar
financeiramente o valor de venda de uma marca, como ativo.
Posteriormente, o conceito foi estudado da perspectiva do consumidor, e
nasce o CBBE abordado por este estudo, elaborado por Yoo et al. (2000), Yoo e
Donthu (2001) e Oliveira et al. (2015).
Finance based brand equity (FBBE) são modelos de mensuração de
marca cuja abordagem é financeira, e se baseia em ativos, preços de ações no
mercado, suas variações, fluxo de caixa e outras informações financeiras para
determinar o valor de marca. Dentre os modelos financeiros estão o de Simon e
Sullivan (1993) e das consultorias Interbrand e Brand Finance.
Simon e Sullivan (1993, p. 29) propuseram uma abordagem de
mensuração do valor de BE a partir do valor de mercado de uma empresa, definindo
BE como “o fluxo de caixa incremental que é adicionado a produtos com uma marca,
versus aqueles sem marca”.
Interbrand é uma empresa de consultoria de gestão de marca, e aplica
seu modelo de mensuração do valor de BE em sua pesquisa anual de valor de
marca. Similar ao modelo supracitado, a consultoria coloca que BE é o fluxo de
caixa descontado de ganhos futuros que surjam da marca. Para calcular o valor,
utiliza receita anual e a projeção dos cinco próximos anos (retira-se custos para
estimar lucros no período). Em seguida, desenvolve uma série de cálculos autorais,
e não divulgados, para calcular o índice Role of Branding, e depois o índice Brand
Strengh Score. Tais índices são aplicados aos ganhos futuros da marca para
!46
determinar um valor (em dólares). As top 10 marcas do ranking de 2017 estão
colocadas na Figura 15.
Figura 15 Top 10 marcas do ranking Interbrand 2017
!
Fonte: INTERBRAND 2017
Brand Finance, é também uma grande consultoria de gestão de marca, e
desenvolveu um modelo de valoração baseado no fluxo de caixa. Possui uma
metodologia similar ao modelo de Interbrand, mas desenvolve seus próprios índices,
chamados: BVA - brand value added e BrandBeta. Os índices são aplicados ao fluxo
!47
de caixa descontado da marca, e encontra-se um valor financeiro. A Figura 16
demonstra as dez maiores marcas do ranking de 2017.
Figura 16 Top 10 marcas do ranking Brand Finance 2017
! Fonte: BRAND FINANCE (2017)
Devido ao propósito do estudo, o foco será o Brand Equity sob o ponto de
vista dos consumidores, pois é um fator crítico para criar diferenciação que leva a
vantagens competitivas em uma concorrência não focada no preço (AAKER, 1998).
Os modelos a serem explorados para realização do estudo são o de Aaker
(1991,1998), Keller (1993), Yoo e Donthu (2001), D´Emídio (2013) e Oliveira et al
(2015).
3.2.1 Modelos de Brand Equity
Dentre os modelos financeiros, um dos mais conhecidos é o de Simon e
Sullivan (1993), que se baseava em preços de ações no mercado, e suas variações,
para determinar o valor de marca.
!48
No entanto, devido ao propósito do estudo, o foco será o brand equity sob
o ponto de vista dos consumidores, em que BE é a parte “não objetiva” de um
produto que atrai, ou repele, o indivíduo (KELLER, 2006).
3.2.1.1 Modelo De Aaker
O professor de marketing da universidade de Berkeley, na Califórnia é
uma das autoridades do mundo no tema BE.
Para Aaker, o valor da marca existe naquilo que o consumidor interpreta
dela, e para tanto desenvolveu um modelo teórico para explicar a formação do BE,
que é grupo de ativos e passivos ligados à marca e que acrescentam e subtraem do
valor proposto por um (AAKER, 1991;1998). Para tanto, são agrupados em cinco
grupos ou dimensões apresentados na Figura 17.
Figura 17 Modelo de Brand Equity de Aaker (1992, 1996a, 1998)
! Fonte: AAKER (1998)
!49
Lealdade à marca: a existência de consumidores leais é uma
representação de uma marca com alto valor. Consumidores não leais compram um
determinado produto ou serviço seguindo apenas características funcionais, ofertas
de preço e até conveniência – com pouca ou nenhuma conexão com o que a marca
lhe propõe como símbolo (AAKER, 1998). O autor descreve cinco níveis de lealdade
de marca em uma pirâmide, que será abordada na revisão teórica específica à
lealdade.
Quanto maior a base de consumidores leais, maior o valor de uma marca
pois seus resultados ficam menos suscetíveis a fatores externos como crise e
concorrência. O detalhamento da mensuração de lealdade será colocado junto ao
referencial teórico sobre o construto.
Qualidade percebida: é o grau de conhecimento que o consumidor tem da
qualidade geral ou da superioridade de um produto em relação aos seus
concorrentes e substitutos (AAKER, 1998). O interessante sobre essa dimensão é
sua subjetividade, pois envolve o julgamento do consumidor sobre aquilo que é
importante para ele. Portanto, diferentemente da lealdade, a qualidade percebida
varia por marca e consumidor.
Uma alta qualidade percebida influencia positivamente nos atributos
colocados na Figura 18:
Figura 18 Atributos da qualidade percebida de Aaker
!
Fonte: AAKER (1998)
!50
Portanto, esse atributo demostra o grau de satisfação que um consumidor
tem com determinado produto ou serviço.
Para mensurar essa dimensão do Brand Equity, Aaker propõe duas
avaliações de produto e de serviço. Para a avaliação de qualidade percebida de um
produto, as variáveis consideradas são: desempenho, que destaca as
funcionalidades do produto; características que envolvem atributos de conveniência
relacionados à sua categoria; conformidade com especificações do produto;
confiabilidade com a funcionalidade do produto; durabilidade; disponibilidade de
serviços adicionais e de conveniência; e forma e acabamento (design).
Para a avaliação de qualidade percebida de um serviço, as dimensões
consideradas são tangibilidade, através de suas instalações físicas, equipamentos e
aparência, que possam influenciar na percepção de qualidade; confiabilidade
através do modo de execução de um serviço (refere-se à padronização, segurança e
forma de execução); competência, que é avaliada através do aspecto técnico para
executar o serviço e como o consumidor o percebe; atendimento, buscando
mensurar qualidade de vendas; empatia, que se relaciona a customização, ou seja,
quanto o serviço oferece que seja individualizado àquele cliente.
Consciência da marca, a terceira dimensão, é a capacidade que um
consumidor potencial tem de reconhecer ou de se lembrar de uma marca como
integrante de uma categoria de produtos (AAKER, 1998). A Figura 19 apresenta a
pirâmide de Consciência de marca.
Figura 19 Modelo de conhecimento de marca Aaker (1998)
! Fonte: AAKER (1998)
!51
Os quatro níveis apresentados mostram a variância da consciência de um
consumidor perante a marca. Ter a consciência da sua existência é um fator
essencial para a saúde e o valor de uma marca, pois uma marca que seja
desconhecida para um consumidor não entra no seu rol de escolhas, e não possui
valor a ele.
A base, ou primeiro nível, apresenta total desconhecimento sobre a
marca, no qual não há ou houve nenhum contato visual com a mesma. Além do
desconhecimento, esse nível também reflete um sentimento inexistente pela marca.
Já o segundo nível, que apresenta o menor índice de conhecimento de
marca, é o reconhecimento. Essa recordação da marca presente em uma
determinada categoria se dá a partir de um estímulo, e pressupõe que anteriormente
já havia algum tipo de conexão entre consumidor e marca.
O terceiro nível, de lembrança da marca, difere do anterior quanto ao
modo de recordação da marca. Nesse nível não há necessidade de estímulo, o
consumidor tem a lembrança pela própria cognição. Esse grau já começa a mostrar
a diferença e o valor que a dimensão tem para a marca.
No topo da pirâmide está a escala mais alta, o Top of Mind. Nesse caso, a
marca avaliada é a primeira a ser lembrada pelo consumidor, sem estímulo algum.
Nesse caso, a forma de mensuração de consciência de marca é mais
simples que outras dimensões, pois basta apresentar um conjunto de marcas e
consumidores apontam suas respostas.
A escala de lembrança de marca de Aaker determina o grau de
consciência, sem levar em conta qualidade ou pontuação sobre o mesmo.
Associações de marca: o autor define como algo “ligado” a uma imagem
na memória de um indivíduo (AAKER, 1998). Ou seja, trata-se da ligação na mente
do consumidor. A imagem de uma marca é definida como a percepção sobre a
marca, refletida em associações na memória do consumidor (KELLER, 1993).
Diferentemente de consciência de marca, as associações possuem níveis
e grau de força, e uma baixa ligação com a marca é determinada por poucas ou
ruins exposições e experiências com a marca e sua comunicação. E o oposto é
!52
igualmente verdade. Por isso o valor de uma marca é sustentado, em grande parte,
pelas associações estabelecidas pelos clientes (AAKER, 2007). “As associações
relativas à marca são impulsionadas pela identidade da marca – aquilo que a
organização deseja que a marca represente na mente dos clientes” (AAKER, 2007,
p. 35).
Quadro 3 Formação de imagem de marca
Fonte: AAKER (1998), adaptado pelo autor
Há 11 tipos de associações que consumidores podem ter com as marcas,
que são país ou área geográfica, atributos do produto, atributos intangíveis ao
produto, benefícios ao cliente, preço relativo, uso e aplicação, usuário e consumidor
(que similar ao anterior sua associação se dá não ao tipo de uso, mas sim ao
consumidor), celebridade e personalidade, estilo de vida ou personalidade, classe
de produto e por fim, concorrência. Buil et al. (2008), colocam que as associações à
marca podem ser encontradas na literatura unificadas em três grupos, que são os
relacionados ao produto (valor), à personalidade e à organização.
Para Aaker (2007), as marcas têm como função criar valor a um produto,
e o valor da marca deve ser mensurado na adequação ao que é pago por ela (value
for money) e na criação de preferência através da existência de razões para comprar
determinada marca em detrimento a outras.
A quinta dimensão do Brand Equity do autor são outros ativos da marca.
Tal dimensão se refere a patentes, marcas registradas e relacionamento com canais
Identidade Posicionamento Imagem
Um conjunto de associações que a empresa pretende criar ou manter, agindo como uma promessa para o consumidor.
Seleção de conjunto de associações cuidadosamente escolhidas, e comunicadas para o público a fim de formar uma imagem
Conjunto de associações organizadas na mente do consumidor de forma significativa
!53
de distribuição. É um ativo que não é muito detalhado por Aaker, pois já está em
parte inserido nos outros quatro itens.
3.2.1.2 Modelo de Keller (1993)
Keller apresenta um modelo de Brand Equity criado a partir da
perspectiva do consumidor, denominado Consumer Based Brand Equity (CBBE). O
autor afirma que a força de uma marca está no que os clientes aprenderam,
sentiram, viram e ouviram sobre ela como resultado de suas experiências ao longo
do tempo (KELLER; MACHADO, 2006). Para o autor, valor de marca é efeito que o
conhecimento da marca ocasiona quando os consumidores respondem aos esforços
de marketing da mesma (KELLER, 2013)
Em 1998, o autor apresenta o conceito de customer-based brand equity
em duas abordagens: primeiro a abordagem indireta, que mensura as fontes do
valor à marca, como consciência e imagem da marca (KELLER, 1998); e o segundo
é a abordagem direta de CBBE, que propõe uma tentativa de acessar o impacto do
valor da marca baseado na resposta do consumidor ao programa de marketing da
empresa, ou seja, busca mensurar os resultados do valor da marca (KELLER, 1998).
Em seu conceito de CBBE, o autor propõe um modelo, que possui duas
principais dimensões: a consciência e a imagem de marca que se originam do
conhecimento da mesma. Esse, por sua vez é o atributo que constrói valor de
marca.
!54
Figura 20 Dimensões do conhecimento de marca de Keller 1993
!
Fonte: KELLER (1993)
Para o autor, as duas principais dimensões se diferenciam quanto à
profundidade na criação do Brand Equity. A lembrança é a primeira etapa e refere-se
à força da marca na memória do indivíduo, refletida na capacidade de um
consumidor identificá-la em diferentes situações.
A consciência de marca se divide em duas etapas, reconhecimento e
lembrança. A primeira se refere à quando o consumido identifica uma marca com
auxílio de algum estímulo. Já a segunda, existe quando o indivíduo não necessita de
estímulo para essa identificação.
A outra dimensão, imagem de marca, é uma etapa complementar para a
criação do brand equity, pois ela reflete as associações que o consumidor possui da
marca, e assim dá significado ao que lembra.
Tais associações podem ser de atributos, atitudes e benefícios.
Associações de atributo são características descritivas de um produto ou serviço, e
tem relação com aquilo que o consumidor pensa sobre o mesmo. É divido em
relacionados ou não ao produto.
!55
Atributos não relacionados ao produto são os aspectos externos que se
relacionam a compra e consumo do mesmo. Possui quatro principais atributos:
preço, aparência ou embalagem, imagem do usuário e imagem do uso. Já os
atributos relacionados ao produto são as características básicas para o produto ou
serviço desempenhar suas funções básicas.
As associações de atitudes perante a marca são fruto da avaliação dos
consumidores perante àquilo que a marca lhe oferece de benefícios e atributos.
As associações de benefícios podem ser funcionais, experiências e
simbólicas. O primeiro é relacionado a atributos ligados à funcionalidade (racional)
daquilo que o produto lhe oferece. O segundo está ligado a sentimentos e memórias
do que a interação com a marca lhe ofereceu. E por fim, o terceiro benefício, o
simbólico, é extrínseco ao produto, como uma representação social.
3.2.1.3 Modelo de Yoo et al (2000)
Yoo et al. (2000) propuseram um modelo multidimensional para valoração
de BE. Diferentemente do autor americano, que coloca quatro dimensões para a
construção do BE, os Yoo et al. unificam consciência de marca e associações de
marca como uma única dimensão.
Figura 21 Modelo conceitual do BA de Yoo et al. (2000)
!Fonte: YOO et al. (2000)
!56
Esse modelo testava a influência das atividades de marcas nas
dimensões do brand equity, e por consequência no BE em si. O estudo foi conduzido
com três categorias distintas de produtos como teste, assegurando que cada uma
tivesse sua particularidade na compra e relacionamento com consumidor.
As categorias foram:
1. Filmes para câmeras fotográficas: categoria de baixo custo, rápido giro
e curto tempo de interação com a marca.
2. Calçados esportivos: categoria de custo médio, giro e período de
recompra médio, e período de interação com a marca médio.
3. Televisores: categoria com alto custo de compra, e período de
recompra/troca longos, assim como o período de interação com a marca.
O resultado desse primeiro teste, ainda que positivo, tinha inúmeras
oportunidades devido às limitações do que era chamado de “atividades de
marketing”. No entanto, o modelo teórico conceitual estava validado.
Em consequência ao primeiro estudo, Yoo e Donthu (2001)
desenvolveram uma escala para mensuração do BE. Nesse estudo, mais de 1500
consumidores avaliaram 12 marcas das três categorias citadas.
Para chegar na escala ideal, os autores iniciaram com uma extensa
revisão bibliográfica, e encontraram 48 itens de possíveis dimensões para uma
escala de mensuração do brand equity. Em seguida, fizeram uma revisão em busca
de possíveis redundâncias e similaridades, e ao final a escala se reduziu a dez itens
após pré-teste.
O resultado foi uma escala multidimensional considerando lealdade de
marca, qualidade percebida e consciência de marca/associações de marca.
3.2.1.4 Modelo de D’Emídio et al (2013)
D´Emídio propõe a criação de um modelo de equações estruturais para
se medir o valor do brand equity por consumidor. O modelo se dá na capacidade de
identificar o valor atribuído a uma marca individualmente e identificando atributos
que têm maior influência.
!57
Figura 22 Modelo Conceitual de mensuração do valor da marca
! Fonte: D´EMÍDIO et al. (2013)
OS autores afirmam que se trata de um modelo reflexivo já que “todas as
variáveis latentes (representadas por círculos ou elipses) se refletem em seus
indicadores” (D´EMÍDIO et al., 2013, p. 526).
Por ser reflexivo, o modelo se difere dos anteriormente citados de Yoo e
Donthu e Aaker, que são formativos.
O modelo foi desenvolvido e aplicado com duas das principais operadoras
de telefonia celular do Brasil. O modelo reflexivo varia de acordo com as respostas
dos consumidores e modela as correlações e pesos entre elas. Logo, respostas
diferentes geram padrões diferentes.
!58
3.2.1.5 Modelo de Oliveira et al (2015)
O modelo de Oliveira et al. (2015) surge da falta de consenso na
academia sobre um modelo de valoração de marca. Como destacado neste estudo,
existe uma série de modelos que partem da abordagem do consumidor, CBBE.
Assim como existe uma série de modelos cuja abordagem é inteiramente financeira.
O primeiro tem como oportunidade não possuir uma estimação de valor
financeiro da marca, e o segundo tem a oportunidade de considerar percepções dos
consumidores.
Os autores desse modelo combinam ambas as abordagens ao realizar a
mensuração em duas partes. A primeira, focada no consumidor utiliza escalas de
intenção de compra e mensuração de CBBE e probabilidades de troca de marcas
em compras futuras, ou sua manutenção. A segunda parte, de abordagem
financeira, utiliza o fluxo de caixa descontado.
Portanto, unindo CBBE e FBBE, o modelo permite calcular o valor de
marca de um produto, em particular, bem como o cálculo do valor da marca da
empresa (OLIVEIRA et al., 2015).
O modelo baseia-se em Aaker (1991, 1998) para identificar as dimensões
condutoras do BE, que são consciência de marca, qualidade percebida, lealdade à
marca, valor percebido, personalidade da marca e associações organizacionais. O
modelo, por ser realizado em 2015, já atualiza a percepção de Aaker (2007) que
destrincha a dimensão “associações de marca” em valor percebido, personalidade
de marca e associações organizacionais, conforme está detalhado na Figura 22.
!59
Figura 23 Modelo teórico de BE de Oliveira et al (2015)
! Fonte: Oliveira et al (2015)
As etapas seguintes do modelo são o estudo de probabilidade de troca
ou manutenção de marca, cálculo de fluxo de caixa descontado e, por fim, cálculo do
valor (monetário) da marca.
O teste e validação do modelo se deu com consumidores das maiores
operadoras de telefonia celular do Rio Grande do Sul, que são TIM, VIVO, OI e
Claro.
Dentre as recomendações do estudo está a aplicação do modelo em bens
tangíveis, e por isso a primeira etapa do modelo de mensuração de valor de marca
será utilizada no presente estudo.
3.3 Lealdade de marca
Lealdade à uma marca é um construto de alta complexidade devido aos
inúmeros estudos para entendê-la. Já foi colocada como irracional (OLIVER, 1999),
morta (REICHEFELD, 1996), fundamental para o crescimento de empresas
(JACOBY; CHESTNUT, 1978; AAKER, 1996; OLIVER, 1999; YOO et al., 2000;
HARRIS; GOODE, 2004; REICHHELD, 2006; LADHARI et al., 2007; TONG;
!60
HAWLEY, 2009; BUIL et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2015), e por haver evidências
empíricas como a dimensão mais influente no BE (ATILGAN et al., 2005;
TONG;HAWLEY, 2009).
O presente estudo utiliza a conceituação de Oliver (1997), e entende
lealdade como
[…] um profundo compromisso de comprar ou usar novamente um produto ou serviço preferido de forma consistente no futuro, causando, assim, compras repetidas do mesmo conjunto de marcas ou da mesma marca, independente das influências situacionais ou de esforços de marketing com potencial para causar mudança de comportamento (OLIVER, 1997, P. 392).
No entendimento do autor, para compreender lealdade é necessário
entender satisfação, pois mesmo que consumidores leais geralmente estão
satisfeitos, consumidores satisfeitos não necessariamente são leais (OLIVER, 1999).
A satisfação é “uma resposta de um consumidor realizado. é um julgamento de que
aquele produto/serviço adquirido propiciou um nível de prazer relacionado ao seu
consumo, incluindo níveis de insuficiência e superação” (OLIVER, 1997, p. 8).
A satisfação é um passo necessário para a formação da lealdade,
entretanto perde sua significância quando a lealdade é desenvolvida através de
outros mecanismos (OLIVER, 1999). Esses outros mecanismos incluem “força
moral” e conexões sociais em nível pessoal ou institucional. Satisfação pode ser
entendida como
Uma avaliação já processada que a experiência foi pelo menos tão boa quanto se esperava ou uma resposta do consumidor da avaliação percebida entre a discrepância da sua expectativa inicial em comparação a performance de fato do produto depois do seu consumo” (OLIVER, 1997, p. 6)
Antes de incluir satisfação no entendimento, a academia e empresas
entendiam a lealdade como um comportamento do cliente baseado na compra
repetida de uma mesma marca era sozinha uma medida significativa de lealdade
(HARRIS; GOODE, 2004).
Cada vez mais os pesquisadores estão compreendendo a lealdade como
uma combinação de atitudes e comportamentos, e investiga a lealdade do
consumidor a partir de duas perspectivas: a comportamental e a atitudinal (BUIL et
al., 2008).
!61
Para Aaker (1998), lealdade de marca é a base do brand equity e o autor
define como um grau de ligação entre consumidor e a marca. A lealdade reflete a
possibilidade de uma marca perder ou não um consumidor na próxima compra.
O autor define cinco níveis de lealdade, colocados na pirâmide
representada na Figura 24.
Figura 24 Modelo de lealdade de marca de Aaker (1998)
!Fonte: AAKER (1998)
Os níveis de lealdade são bastante claros. A base se inicia com
consumidores não leais, que são sensíveis a mudanças de preço e conveniência na
hora da escolha.
O segundo nível são consumidores satisfeitos com um determinado
produto/serviço e que não têm razão para mudar, ou seja não estão insatisfeitos com
aquela compra. É evidente a fragilidade desse nível.
O terceiro nível são de consumidores satisfeitos e com receio da troca.
Esse receio pode vir por conta de custos de mudança por tempo, ou até financeiro,
como deixar de abastecer em um posto de gasolina no qual se tem um cartão
fidelidade.
!62
O topo da pirâmide consiste do quarto nível, que se trata de
consumidores que gostam de uma marca e a compram por opção, mesmo sabendo
de outras que podem ser mais baratas, ou mais convenientes para sua escolha. E o
quinto, e último nível, é composto por consumidores comprometidos com a marca e
que têm orgulho de serem vistos consumindo e associados a ela (AAKER, 1998).
De acordo com o autor, cada um dos níveis de lealdade representa um
desafio de marca, e deve ser abordado com estratégias diferentes confirmando,
portanto, a importância de saber em qual estágio a marca se encontra.
Wernerfelt (1991) avalia dois tipos diferentes de lealdade de marca:
aquela baseada em construção pelo tempo, que ele chama de inerte, e lealdade
desenvolvida por custo de troca, denominada custosa.
A importância dos diferentes tipos de lealdade se mostra clara para a
categoria de uísque, pois nesse caso entende-se que é uma lealdade inerte, já que
se trata de um desenvolvimento de marca e possui um custo de troca baixo.
3.3.1 Recomendação
O presente estudo utiliza o construto recomendação de marca como parte
da análise de lealdade dos consumidores.
Para tanto, utiliza a medida de mensuração de Reicheld (2006), através
de uma pergunta definitiva: “qual é a probabilidade de você recomendar esta
empresa a um amigo ou colega?”, numa escala Likert de 1 a 10.
No livro homônimo, o autor afirma e comprova sua teoria empiricamente,
através do NPS (Net Promoter Score), um índice criado para saber se seus clientes
são promotores ou não da marca. Os clientes de cada empresa podem ser divididos
em três categorias, de acordo com as suas respostas.
Promotores são aqueles que respondem 9 ou 10. São entusiasmados
leais à marca, que compram e insistem para que os amigos façam o mesmo.
Neutros são aqueles que respondem 7 ou 8. São clientes satisfeitos mas pouco
entusiasmados, podendo facilmente ir para o concorrente. Detratores são aqueles
que respondem de 0 a 6. São clientes insatisfeitos, presos em uma relação ruim.
!63
3.3.2 Engajamento
A proposta em estudar engajamento está em complementar o estudo de
lealdade de marca. Há evidências de que consumidores engajados demonstram ser
mais leais, satisfeitos, possuem maior conexão emocional, confiança e
comprometimento com as marcas (BRODIE et al., 2011).
Já o engajamento engloba fatores que vão além, como conexão com a
marca, confiança e comprometimento. É possível que exista relação de compra sem
existir nenhum dos atributos citados acima, como em ocasiões em que o custo de
troca ou saída é muito alto, por exemplo, na troca de um carro. Também é possível
que exista engajamento sem relação de compra, como em situações que o custo de
troca é muito baixo, como no caso de uma cerveja.
Há ainda uma busca por entender os tipos de engajamento, e um dos que
se destaca é o engajamento por publicidade, que é a capacidade de uma peça em
chamar a atenção de um consumidor (GAMBETTI, 2010).
3.3.3 Word of mouth - WOM (boca a boca)
Já divulgada como a estratégia de marketing mais eficaz e menos
compreendida do mundo (MISNER, 1999), o “boca a boca” é uma estratégia que a
cada ano ganha mais visibilidade na comunidade acadêmica. A razão disso são os
inúmeros estudos que mostram a capacidade do word-of-mouth (WOM) converter
novos consumidores e permanecer na memória das pessoas por mais tempo.
Enquanto a base do estudo sobre lealdade processual se baseia na
recompra, e a lealdade comportamental mais próxima ao engajamento com a marca,
o WOM trata de uma evolução de ambos, no qual o consumidor passa a ser a
ferramenta de propagação de uma marca.
Quando essa ideia é levada à internet fica ainda mais relevante, pois é
um canal que propicia múltiplas ferramentas para que o WOM aconteça (TRUSOV et
al., 2009).
A importância do WOM se dá porque é algo que pode acontecer para o
bem e para o mal da marca. Por se tratar de conversas entre consumidores a marca
!64
não consegue controlá-la e passa a ter a entrega de qualidade como a ferramenta
para proteger-se do WOM negativo.
Assim, estes construtos passam a se conectar. Singh (2014) relata
diversos fatores que impactam na lealdade de marca, mas são inerentes a ela, como
o serviço prestado em uma loja. Esse serviço, por exemplo, que uma vez impactou
vendas de um produto, pode ser transformado em boca a boca entre amigos e afetar
marcas que pouca ou nenhuma relação tinham com a loja que as vendeu.
3.4 Estratégia de posicionamento
Em um cenário competitivo como o setor de bebidas alcoólicas, estar
presente na mente dos consumidores é fundamental para vencer, e até marcas
grandes enfrentam dificuldades para criar diferencias competitivos suficientes para
se distinguir dos concorrentes (CLANCY E TROUT, 2002).
Daniel Miller (2013) propõe que a diferenciação que um indivíduo busca
origina-se da criação de uma identidade que reflete na maneira que o mesmo
consome – que para o autor é uma forma de comunicação não-verbal. Para uma
marca, não é diferente. Aaker (1998) define marca como um nome diferenciado e/ou
símbolo destinado a identificar esses bens e serviços em relação aos concorrentes.
Portanto, o valor de uma marca é criado a partir do conhecimento e experiências do
indivíduo com a mesma.
Por conta da competitividade, as marcas buscam oferecer experiências
diferentes para tentar se identificar com seus consumidores. Esse diferencial é a
distinção que a marca busca para se tornar única na mente do consumidor.
Distinção é, por natureza, comparativa a algo, pois distingue um indivíduo
de outro. A distinção de marcas também segue esse raciocínio, e para sair do
comum executivos de marketing e propaganda buscam estabelecer associações na
mente dos consumidores para se diferenciar da concorrência (KELLER; LEHMANN,
2006), dentro de uma estratégia de posicionamento de marca.
Posicionamento de marca é
O ato de desenvolver a oferta e imagem da marca para ocupar um espaço distinto na mente de um público alvo. O resultado de um posicionamento de sucesso é a criação de uma proposta de valor
!65
focada no consumidor, e assim uma razão convincente pela qual esse target deveria comprar o produto. ” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 305).
Um bom posicionamento espera criar preferência, comunicando os
benefícios do produto ao invés das suas características, e levará a maiores níveis de
lealdade, melhor imagem da marca apresentando uma proposta única (KELLER,
2013; SCHIFFMAN; KANUK, 2009).
Posicionamento de marca é similar à imagem de marca, que é definida
pelo “conceito identificado por um consumidor” (DOBNI; ZINKHAN, 1990, p. 117). A
diferença fundamental é que o posicionamento tem como referência a distinção a um
competidor.
O posicionamento de marca possui três níveis diferentes: o
posicionamento pretendido, o real e o percebido.
O posicionamento pretendido é como uma marca quer ser vista e
percebida pelo seu público-alvo. O posicionamento real se diferencia pelas
informações que de fato a empresa coloca a seus consumidores, por exemplo em
peças publicitárias nas quais as marcas elegem uma quantidade limitada de
informações para apresentar ao seu consumidor.
Baseado no posicionamento real, aquilo que consumidores captam da
marca servem de base para o posicionamento percebido, que é uma complexa rede
de percepções, crenças, sentimentos e impressões que se tem de uma marca e
comparando-a com concorrentes (RIES; TROUT, 1986).
O posicionamento percebido pode variar dependendo do indivíduo, pois
cada um interpreta a informação de uma maneira particular, inclusive por suas
crenças pessoais, objetivos de vida e relação com a categoria e uso do produto
(FRIEDMANN; LESSIG, 1987; SCHIFFMAN E KANUK, 2009), mas há evidencias de
que nenhum posicionamento é mais eficaz que outros em todas as suas dimensões
(FUCHS; DIAMANTOPOULUS, 2010).
Portanto, esse construto tem importância no presente estudo, pois é
suporte para identificar as duas marcas que serão objeto de estudo que possuem
posicionamentos estratégicos diferentes.
!66
3.5 Consciência de marca espontânea: TOP OF MIND
Apresentado como a âncora de ligação para outras associações (AAKER,
1998), a Consciência da Marca melhora a performance de mercado,
especificamente com aumento de vendas e participação de mercado, e é um
importante atributo no processo de tomada de decisões (HUANG; SARIGOLLU,
2012).
Brand Awareness, inicialmente foi traduzido para a literatura brasileira
como Conhecimento de Marca. A partir de 2007, com o livro “Como Construir marcas
líderes” (ed. Bookman), o termo foi atualizado para Consciência de Marca.
O Top of Mind é a primeira marca mencionada numa pesquisa sem
estímulo (AAKER, 1998), e é a porção mais facilmente resgatada na memória de
consumidores (STEPCHENKOVA; LI, 2013). Se diferencia das demais por se tratar
de uma resposta espontânea.
Para as empresas, a consciência sobre a marca e o TOM são de alta
relevância pois são uma das principais métricas reportadas do BE. Em geral, marcas
grandes, como JWRL, tem resultados de TOM mais voláteis, enquanto para marcas
médias, como JD, o resultado de TOM é mais confiável (ROMANIUK et al., 2017).
!67
4. METODOLOGIA
O objetivo desta etapa é detalhar como foram os procedimentos da
pesquisa empírica realizada no estudo.
A Figura 25 representa as etapas metodológicas da pesquisa a ser
realizada neste estudo.
Figura 25 Etapas da metodologia de pesquisa
! Fonte: elaborado pelo autor
A abordagem da pesquisa foi quantitativa, e tal escolha se deu devido ao
objetivo de identificar hipóteses causais. Uma pesquisa quantitativa é um método
que visa quantificar dados e aplica alguma forma de análise estatística. Essa
abordagem estuda as sequências numéricas para representar fenômenos (VIRGILIO
et al., 2010).
Um estudo quantitativo possui ao final uma etapa de tratamento de dados
mais detalhada, já que possui amostras significativas. Isso é, traduzir opiniões de
consumidores em informações estatisticamente relevantes para uso.
!68
O método e técnica aplicados em uma pesquisa devem adequar-se ao
problema a ser estudado, às hipóteses levantadas e ao tipo de informantes com que
se vai entrar em contato (MARCONI, 1999).
O método utilizado foi uma survey, que pode ser descrita como a
obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de
determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-
alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário
(PINSONNEAULT KRAEMER, 1993).
Para tal, foram levantadas as marcas de uísque chamadas premium
(uísque importado e não engarrafado localmente) e, como determinado
anteriormente, foram escolhidas as marcas JWRL e JD.
4.1 Amostra
A amostragem da pesquisa será não probabilística, por conveniência, na
qual a escolha dos elementos não depende da probabilidade, mas sim de causas
relacionadas com as características da pesquisa ou de quem faz a amostra
(SAMPIERI et al., 2006).
O target da pesquisa são homens da cidade de São Paulo, entre 18 a 35
anos. Segundo dados do IBGE (2017), essa população é de aproximadamente 1,5
milhão. A esta pesquisa foi adicionado um filtro para identificar se houve consumo da
bebida nos últimos três meses para identificar consumidores reais. Para obter um
resultado com 90% de índice de confiança e 6% de erro amostral, é necessário um
N=188 por questionário.
Para obter-se esse número de respostas foi criada uma página na rede
social digital FB, com o questionário. Essa página para respostas foi impulsionada
para 840 mil usuários da rede social, e teve um alcance de 36mil indivíduos. Ao final,
devido ao alcance da ferramenta, o questionário 1 (JWRL) obteve 430 respostas,
sendo 367 válidas. E o questionário 2 (JD) obteve 378 respostas, sendo 312 válidas.
As Figura 26, 27 e 28 apresentam visualmente como foram realizadas as
comunicações convidando usuários da rede para participarem das pesquisas.
!69
Figura 26 Convite em FB para participação da survey, versão 1
!Fonte: elaborado pelo autor
Figura 27 Convite em FB para participação da survey, versão 2
! Fonte: elaborado pelo autor
!70
Figura 28 Apresentação da página criada para a survey
! Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 29 apresenta como o link do questionário era exibido, uma vez
que o respondente entrava no portal de pesquisa.
Figura 29 Texto introdutório do questionário
!
Fonte: elaborado pelo autor
!71
A amostra pretendida era de N=188 por questionário, com o resultado
alcançado o índice de confiança subiu para 95% com a mesma margem e erro de
6%.
4.2 Método e instrumento de coleta de dados
Esta etapa consiste na escolha de como adquirir os dados junto ao
público determinado. A forma que o pesquisador adota para se aproximar do público
da amostra é um dos elementos que define a qualidade e aplicação das pesquisas
de satisfação do consumidor (FARIAS et al., 2000, apud. RIBEIRO, 2014, p. 83).
O questionário utilizado foi desenvolvido a partir do modelo de Oliveira et
al. (2015), que por sua vez foi baseado em outras escalas já consolidadas na
academia e publicadas em grandes journals.
A escala aborda o BE como um construto que possui seis dimensões:
lealdade de marca, conhecimento de marca, qualidade percebida, associações
organizacionais, valor percebido e personalidade de marca. O questionário foi
elaborado a partir de uma extensa investigação e uniu modelos de BE de diversos
autores para construir o modelo como indicado no Quadro 4.
Quadro 4 Formulação das variáveis de pesquisa
Fonte: Adaptação do autor baseado em de Oliveira et al. (2015)
Construto Escalas
Top of Mind Keller (1993), Aaker (1998), D’Emidio et al (2013)
Consciência de marca Oliveira et Al (2015), que deriva da escala de Buil et Al (2008), e D’Emidio et al (2013)
Qualidade percebida Oliveira et Al (2015), que deriva da escala de Buil et Al (2008).
Valor percebido Oliveira et Al (2015), que deriva da escala de Buil et Al (2008) e Aaker (2007)
Personalidade de marca Oliveira et Al (2015), que deriva da escala de Buil et Al (2008) e Aaker (2007).
Associações organizacionais Oliveira et Al (2015), que deriva da escala de Buil et Al (2008) e Aaker (2007).
Lealdade Oliveira et al (2015), que deriva da escala de Zeithaml, Berry e Parasuraman (1996)
Recomendação Reichheld (2006)
!72
O questionário da survey utiliza a escala Likert de seis pontos para medir
as respostas. Essa escala consiste de um conjunto de itens apresentados em forma
de afirmação ou juízos, que reflete a reação dos indivíduos (SAMPIERI at al., 2006).
Segundo Malhotra (2006) é uma escala recomendada por ser fácil de ser construída
pelo pesquisador e fácil de ser compreendida pelo entrevistado. A escala de seis
pontos foi escolhida para evitar que houvesse uma resposta média.
O questionário foi separado em quatro partes, precedidas por uma
pergunta qualificadora para identificar se o indivíduo consumiu uísque nos últimos
três meses antes da pesquisa. Caso seja uma negativa, o questionário se encerra.
A primeira parte consiste de três perguntas para identificar: 1. a marca
Top of Mind do respondente; 2. as marcas que o consumidor se recorda sem auxílio,
e 3. as marcas que o consumidor reconhece de uma lista de 23 marcas
selecionadas pela relevância em participação de mercado Nielsen.
A segunda etapa consiste de 26 perguntas relacionadas aos seis
construtos formativos do BE: consciência de marca, qualidade percebida, valor
percebido, personalidade de marca, associações organizacionais e lealdade à
marca.
A terceira etapa consiste na pergunta definitiva: “qual é a probabilidade de
você recomendar esta empresa a um amigo ou colega?” (REICHHELD, 2006), para
identificar se o respondente é um detrator, neutro ou promotor da marca. Aqueles
que respondem 9 ou 10 são promotores da marca e terão sua recomendação
validada no estudo.
A quarta etapa consiste em perguntas sociodemográficas: idade, gênero,
renda, cidade em que vive e ocupação.
Em outubro 2017 foi realizado um pré-teste semântico com cinco
consumidores para garantir a total compreensão das perguntas e termos utilizados
no questionário.
O resultado direcionou para algumas modificações como a inclusão de
uma segunda linha da marca Johnnie Walker, a extensão Black Label e a inclusão
!73
das marcas Gentleman Jack e Wild Turkey na pergunta CM3. Portanto, essa
pergunta passou de 20 para 23 marcas.
A questão ASO1 (“Eu confio nos produtos da marca X) foi modificada da
original de Buil et al. (2008) para uma escala de Aaker (2007): “X é uma marca na
qual eu confiaria”, para evitar a percepção de que fosse repetida a questão QP3. E a
questão L3 (“Encorajo amigos e parentes a fazer negócio com a marca X”), foi
modificada para “Encorajo amigos e parentes a experimentar a marca X”. A versão
original tratava-se de uma tradução literal ao questionário original e atrapalhava a
compreensão.
A etapa seguinte foi a aplicação de um pré-teste com 30 consumidores
para identificar se havia significância estatística no modelo reaplicado.
4.3 PRÉ TESTE
Esta etapa do projeto de pesquisa foi realizada com 3 objetivos: Calcular
o Alfa de Cronbach (AC) de cada construto do teste piloto, realizar uma análise
descritiva dos dados e testar a validade dos construtos.
Alfa de Cronbach é um indicador que representa a proporção da variância
total da escala que é atribuída ao verdadeiro escore do construto latente que está
sendo mensurado. O AC deve ser maior que 0,70 para uma indicação de
confiabilidade do construto.
A amostra piloto era formada por 30 indivíduos, predominantemente
homens estudantes. Foi respondido o questionário relacionado a sete construtos:
Consciência da marca, Qualidade percebida, Valor percebido, Personalidade da
marca, Associações organizacionais, Lealdade e Inércia.
A fim de avaliar a validade convergente, dimensionalidade e a
confiabilidade dos construtos foi utilizada uma análise fatorial, sendo que a
dimensionalidade dos construtos foi verificada através do critério das retas paralelas
(HOYLE; DUVAL, 2004), o qual retorna a quantidade de dimensões do construto.
A qualidade dos indicadores criados a partir da análise fatorial para
representar cada construto foi avaliada através da análise de validade convergente e
!74
confiabilidade de cada construto. Na avaliação da validade convergente utilizou-se o
critério da Variância Média Extraída (AVE) proposto por Fornell et al. (1981), que
representa o percentual médio de variância compartilhada entre o construto latente e
seus itens. Este critério garante a validade convergente para valores da AVE acima
de 50% (HENSELER et al., 2009) ou 40% no caso de pesquisas exploratórias
(NUNNALY et al., 1994). Para verificar a confiabilidade foram utilizados os
indicadores Alfa de Cronbach (AC) e Confiabilidade Composta (CC) (CHIN et al.,
1998).
De acordo com Tenenhaus et al. (2005) os indicadores AC ou CC devem
apresentar valor acima de 0,70 para uma indicação de confiabilidade do construto,
ou valor acima de 0,60 no caso de pesquisas exploratórias (HAIR et al., 2009). Para
avaliar se a utilização da análise fatorial era adequada aos dados da pesquisa foi
utilizada a medida de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que
verifica a proporção da variância dos dados que pode ser considerada comum a
todas as variáveis. Os valores desta medida variam entre 0 e 1 e a utilização da
análise fatorial é adequada aos dados quando o KMO for maior ou igual 0,50, sendo
que quanto mais próximo de 1, mais apropriada é a amostra à aplicação da análise
fatorial. O software utilizado nas análises foi o R (versão 3.2.4).
4.3.1 Análise descritiva dos dados do Pré-Teste
A Tabela 3 apresenta a descrição dos itens por construto. Cabe ressaltar que
os itens estavam em uma escala de 1 a 6, sendo 1 “Discordo totalmente” e 6
“Concordo totalmente”.
Em média os indivíduos tenderam a concordar com todos os itens do
construto consciência de marca, qualidade percebida, valor percebido,
personalidade da marca e associações organizacionais.
Em média houve imparcialidade quanto ao item L2 (“Recomendo a marca
JWRL para alguém que peça meu conselho”) e a não concordar com os demais
itens do construto Lealdade. Além disso, não houve diferença significativa entre os
itens quanto à média de respostas.
!75
Em geral os indivíduos tenderam a concordar com o item I3 (“Eu acho difícil
comparar marcas de uísque.”) e a discordar com os demais itens do construto
Inércia.
Tabela 3 Descrição dos itens por construto - Pré teste.
Fonte: Autor . ¹Intervalo bootstrap (índice de confiabilidade)
Construto Item Média D.P. I.C. (95%)¹ Min. 1ºQ 2ºQ 3ºQ Máx.
Consciência de marca
CM4 4,53 1,43 [4,00;5,00] 1,00 4,00 5,00 5,00 6,00
CM5 4,50 1,11 [4,13;4,87] 2,00 4,00 5,00 5,00 6,00
CM6 3,87 1,20 [3,43;4,30] 1,00 3,00 4,00 5,00 6,00
CM7 4,70 1,24 [4,27;5,10] 1,00 4,00 5,00 5,00 6,00
CM8 5,57 0,57 [5,37;5,77] 4,00 5,00 6,00 6,00 6,00
Qualidade percebida
QP1 3,97 1,13 [3,57;4,37] 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
QP2 4,50 1,04 [4,13;4,87] 2,00 4,00 4,00 5,00 6,00
QP3 4,43 1,14 [4,00;4,80] 1,00 4,00 4,00 5,00 6,00
QP4 3,93 1,05 [3,57;4,30] 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Valor percebido
VP1 3,80 1,32 [3,37;4,23] 1,00 3,00 4,00 5,00 6,00
VP2 3,80 1,22 [3,40;4,27] 2,00 3,00 4,00 4,00 6,00
VP3 3,60 1,00 [3,23;3,93] 2,00 3,00 4,00 4,00 5,00
VP4 3,57 1,31 [3,13;4,03] 1,00 3,00 3,00 5,00 6,00
Personalidade da marca
PM1 4,17 1,18 [3,73;4,53] 1,00 4,00 4,00 5,00 6,00
PM2 3,97 1,27 [3,47;4,40] 1,00 3,00 4,00 5,00 6,00
PM3 3,47 1,20 [3,07;3,90] 1,00 3,00 3,00 4,00 6,00
PM4 4,77 1,07 [4,37;5,13] 1,00 4,00 5,00 5,00 6,00
Associações organizacionais
ASO1 4,57 1,14 [4,13;4,93] 1,00 4,00 5,00 5,00 6,00
ASO2 4,97 1,03 [4,57;5,30] 1,00 5,00 5,00 6,00 6,00
ASO3 4,53 1,31 [4,07;4,97] 1,00 4,00 4,50 6,00 6,00
ASO4 3,83 1,15 [3,43;4,23] 1,00 3,00 4,00 5,00 6,00
Lealdade
L1 3,40 1,22 [3,00;3,80] 1,00 3,00 3,50 4,00 6,00
L2 3,50 1,43 [3,00;4,00] 1,00 2,00 3,00 5,00 6,00
L3 3,20 1,45 [2,67;3,70] 1,00 2,00 3,00 4,00 6,00
L4 2,60 1,55 [2,10;3,17] 1,00 1,00 2,00 4,00 6,00
L5 2,97 1,63 [2,40;3,57] 1,00 2,00 3,00 4,00 6,00
Inércia
I1 3,13 1,43 [2,63;3,63] 1,00 2,00 3,00 4,00 6,00
I2 2,97 1,40 [2,43;3,43] 1,00 2,00 3,00 4,00 6,00
I3 3,60 1,67 [3,00;4,17] 1,00 2,00 4,00 5,00 6,00
!76
4.3.2 Análise Fatorial
Na análise fatorial são verificadas a validade convergente, a
dimensionalidade e a confiabilidade dos construtos. A validade convergente garante
que os itens de um construto estão correlacionados o suficiente para medir o
conceito latente. A validade discriminante verifica se os construtos medem
efetivamente diferentes aspectos do fenômeno de interesse. A confiabilidade revela
a consistência das medidas em mensurar o conceito que pretendem medir.
Na análise fatorial a dimensionalidade dos construtos foi verificada
através do critério das retas paralelas (HOYLE; DUVAL, 2004), o qual retorna à
quantidade de dimensões do construto.
A qualidade dos indicadores criados a partir da análise fatorial para
representar cada construto foi avaliada através da análise de validade convergente e
confiabilidade de cada construto.
Na avaliação da validade convergente utilizou-se o critério da Variância
Média Extraída (AVE), detalhado no sub-item 4.3 Pré-Teste.
A Tabela 4 apresenta as cargas fatoriais, as comunalidades e os pesos de
cada item, separados por construto. Esta metodologia de avaliação é realizada para
identificar a quantia total de variância que uma variável medida tem em comum com
os construtos sobre os quais ele tem carga fatorial e também auxilia a determinar a
interdependência das variáveis.
Em detalhamento de cada um dos construtos, concluiu-se que, de
consciência de marca, apenas o item CM6 (“Estou muito bem familiarizado com a
marca JWRL, e com o que ela pode oferecer aos seus consumidores”) apresentou
carga fatorial acima de 0,50. Com relação à qualidade percebida, valor percebido,
associações organizacionais e lealdade todos itens apresentaram carga fatorial
acima de 0,50. Personalidade da marca: todos itens apresentaram carga fatorial
acima de 0,50, exceto o item PM4 (“A marca JWRL tem uma história muito positiva”).
Inércia: todos os itens apresentaram carga fatorial abaixo de 0,50.
!77
Tabela 4 Análise de CF e comunidade dos construtos
Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 5 apresenta as análises da validade convergente,
dimensionalidade e a confiabilidade dos construtos.
Construto Questões Carga Fatorial Comunalidade Peso
Consciência de marca
CM4 0,45 0,20 0,03
CM5 0,24 0,06 0,02
CM6 0,59 0,35 0,05
CM7 0,42 0,18 0,03
CM8 0,41 0,17 0,03
Qualidade percebida
QP1 0,75 0,57 0,06
QP2 0,76 0,57 0,06
QP3 0,77 0,60 0,06
QP4 0,91 0,83 0,07
Valor percebido
VP1 0,79 0,63 0,06
VP2 0,79 0,62 0,06
VP3 0,81 0,66 0,06
VP4 0,69 0,47 0,05
Personalidade da marca
PM1 0,70 0,49 0,05
PM2 0,79 0,62 0,06
PM3 0,63 0,39 0,05
PM4 0,49 0,24 0,04
Associações organizacionais
ASO1 0,83 0,69 0,06
ASO2 0,52 0,27 0,04
ASO3 0,69 0,47 0,05
ASO4 0,79 0,62 0,06
Lealdade
L1 0,65 0,43 0,05
L2 0,76 0,58 0,06
L3 0,83 0,69 0,06
L4 0,82 0,68 0,06
L5 0,83 0,69 0,06
Inércia
I1 0,22 0,05 0,02
I2 0,30 0,09 0,02
I3 -0,20 0,04 -0,02
!78
Houve validação convergente em todos os construtos, exceto o construto
Inércia, dado que a variância extraída foi inferior a 0,40.
Em todos os construtos, exceto em Inércia, o índice de confiabilidade Alfa
de Cronbach (AC) ou Confiabilidade Composta (CC). foi superior a 0,60,
evidenciando assim a confiabilidade dos mesmos.
Em todos os construtos, exceto em Inércia, o ajuste da Análise Fatorial foi
adequado, uma vez que todos os KMO foram maiores ou iguais a 0,50. De acordo
com o critério das retas paralelas todos os construtos foram unidimensionais.
Na tabela 5, AVE é Variância Extraída; AC é Alfa de Cronbach; CC é
Confiabilidade Composta KMO é Adequação da amostra; e DIM refere-se à
Dimensionalidade.
Tabela 5 Análise da AVE, DIM e CC
Fonte: elaborado pelo autor
Os resultados adquiridos no pré-teste foram adequados, e a pesquisa
pode prosseguir para a etapa de exação de campo. Devido ao resultado do índice
de confiabilidade não satisfatório do construto inércia (AC 0,2), o item foi retirado da
pesquisa de campo. Tal resultado é similar ao observado por Oliveira et al (2015).
Construto Itens AVE¹ A.C.² C.C.³ KMO4 Dim.5
Consciência de marca 5 0,50 0,71 0,77 0,59 1
Qualidade percebida 4 0,72 0,87 0,86 0,74 1
Valor percebido 4 0,79 0,90 0,89 0,72 1
Personalidade da marca 4 0,56 0,74 0,77 0,63 1
Associações organizacionais 4 0,62 0,80 0,81 0,74 1
Lealdade 5 0,76 0,92 0,90 0,86 1
Inércia 3 0,39 0,20 0,57 0,49 1
!79
5. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
5.1. Metodologia para análise
O banco de dados da pesquisa é constituído por um n=679 indivíduos; no
total, JWRL obteve n=367 respostas válidas, e JD=312. Os indivíduos foram
avaliados por questões sociodemográficas e responderam itens relacionados a seis
construtos: Consciência de marca, Qualidade percebida, Valor percebido,
Personalidade da marca, Associações organizacionais e Lealdade.
Na análise descritiva das variáveis qualitativas foram utilizadas as
frequências absolutas e relativas, enquanto que na descrição dos itens foram
utilizadas medidas de tendência central, posição e dispersão.
Além disso, o método Bootstrap (EFRON; TIBISHIRANI, 1993) foi
utilizado para calcular os intervalos de confiança das médias. Cabe ressaltar que os
itens estão dispostos numa de escala Likert de concordância com níveis de 1
(Discordo totalmente) a 6 (Concordo totalmente).
Para a análise inferencial foi feita uma Análise Fatorial Confirmatória
(HAIR et al., 2009). A Análise Fatorial Confirmatória supõe que as variáveis latentes
apresentam distribuição normal. Por definição, as variáveis em estudo não
apresentam distribuição normal, uma vez que apresentam uma escala discreta e
limitada. Logo, foram utilizados estimadores robustos para a estrutura de covariância
na Análise Fatorial Confirmatória com a estatística de teste reescalada pelo método
de Satorra e Bentler (1994).
De acordo com Hair et al. (2009), os componentes com cargas fatoriais
menores que 0,50 devem ser eliminados, pois ao não contribuir de forma relevante
para formação da variável latente, prejudicam o alcance das suposições básicas
para validade e qualidade do modelo.
Para analisar a qualidade e validade dos construtos, foi verificada a
dimensionalidade, confiabilidade e a validade convergente. Para verificar esta última,
foi utilizado o critério proposto por Fornell e Lacker (1981). Ele garante tal validade
caso a Variância Média Extraída (AVE), que indica o percentual médio de variância
compartilhada entre a variável latente e seus componentes, seja superior a 50%
!80
(HENSELER et al., 2009), ou 40% no caso de pesquisas exploratórias (Nunnaly e
Bernstein, 1994). Para mensurar a confiabilidade foi utilizado o Alfa de Cronbach
(A.C.) e a Confiabilidade Composta (C.C.).
De acordo com Tenenhaus et al. (2005) os indicadores A.C. e C.C. devem
ser maiores que 0,70 para garantir a confiabilidade, sendo que em pesquisas
exploratórias valores acima de 0,60 também são aceitos. Para verificar a
dimensionalidade foi utilizado o critério de Kaiser. Para a validade discriminante foi
utilizado o critério de Fornell e Larcker (1981), que garante a validade discriminante
quando a variância extraída (AVE) de uma variável latente for maior que a variância
compartilhada com as demais. O método das cargas fatoriais cruzadas (BARCLAY
et al., 1995) também foi utilizado para verificar a validação discriminante. Pelo
critério das cargas fatoriais cruzadas, a validade discriminante é alcançada quando a
carga fatorial do item é maior que todas as suas cargas fatoriais cruzadas.
Para um bom ajuste espera-se que X²/G.L. seja menor que 3
(ARBUCKLE, 2008; WHEATON, 1987), o CFI (Comparative Fit Index) seja maior que
0,80 (BENTLER, 1990), TLI (Tucker-Lewis Index) seja maior que 0,80 (BENTLER;
BONNET, 1980) e que o RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation) seja
menor que 0,10 – sendo o ideal abaixo de 0,05 (Steiger et al., 1985).
Para analisar a associação entre a variável TOM e a Recomendação da
marca foi utilizado o teste Qui-Quadrado (AGRESTI, 2002), enquanto que para a
variável TOM e brand equity foi utilizado e o teste de Mann-Whitney (HOLLANDER;
WOLFE, 2013). O software utilizado nas análises foi o R (versão 3.4.1).
5.2. Análise descritiva das variáveis
A Tabela 6 apresenta a descritiva das variáveis qualitativas
caracterizadoras. A maioria dos indivíduos (52,28%) apresentou como escolaridade
o Ensino Superior. Quase todos respondentes (92,05%) vivem na Grande São
Paulo.
A maioria dos indivíduos (28,28%) tinha como renda bruta de R$ 1.874,01
a R$ 3.748,00 (de dois a quatro salários mínimos), enquanto que 19,88% recebem
até R$ 1874,00 (até dois salários mínimos) e 10,60%, R$ 18.740,01 ou mais (acima
de 20 salários mínimos). Tal variação de renda mostra uma característica positiva do
!81
método de coleta de dados, que favorece uma amostra bastante diversificada, ao
invés da utilização de estudantes que tendem a ser mais homogêneos.
Tabela 6 Descrição da variável renda sociodemográficas
Fonte: elaborado pelo autor.
A idade média dos indivíduos foi de 26 anos.
5.2.1 Análise Descritiva dos Itens
A Tabela 7 e as figura 30, 31 e 32 apresentam a descrição dos itens por
construto. Como já dito anteriormente, os itens estavam em uma escala de 1 a 6,
sendo 1 “discordo totalmente” e 6 “concordo plenamente”.
Dessa forma, tem-se que em média os indivíduos tenderam a concordar
com todos os itens dos construtos Consciência de marca, Qualidade percebida,
Valor percebido, Associações Organizacionais e Lealdade.
Na Tabela 7 estão também destacados em azul os itens que tiveram
médias significantemente maior dentro do construto, e em vermelho aqueles com
médias significantemente menor.
Variáveis N %
Escolaridade
Ensino Fundamental 28 4,12%
Ensino Médio 226 33,28%
Ensino Superior 355 52,28%
Pós-graduação 70 10,31%
Aonde vive
Cidade Grande São Paulo 625 92,05%
Interior de São Paulo 26 3,83%
Litoral de São Paulo 18 2,65%
Outros estados 10 1,47%
Faixa de
Renda Bruta
Até R$ 1874,00 (até 2 salários mínimos) 135 19,88%
De R$ 1.874,01 a R$ 3.748,00 (2 a 4 salários mínimos) 192 28,28%
de R$ 3.748,01 a R$ 9.370,00 (4 a 10 salários mínimos) 187 27,54%
de R$ 9.370,01 a R$ 18.740,00 (10 a 20 salários mínimos) 93 13,70%
R$ 18.740,01 ou mais (acima de 20 salários mínimos) 72 10,60%
!82
Tabela 7 Descrição dos itens dos construtos
Fonte: elaborado pelo autor
Construtos Itens Média D.P. I.C. - 95%¹
Consciência de marca
CM4 4,95 1,22 [4,86; 5,05]
CM5 4,73 1,64 [4,60; 4,84]
CM6 5,00 1,20 [4,91; 5,10]
CM7 4,95 1,26 [4,85; 5,04]
CM8 5,61 0,85 [5,55; 5,68]
Qualidade percebida
QP1 4,95 1,35 [4,84; 5,05]
QP2 5,07 1,18 [4,99; 5,16]
QP3 5,13 1,18 [5,04; 5,21]
QP4 4,95 1,34 [4,85; 5,05]
Valor percebido
VP1 4,77 1,48 [4,65; 4,89]
VP2 4,80 1,45 [4,69; 4,90]
VP3 4,14 1,52 [4,04; 4,25]
VP4 4,44 1,50 [4,33; 4,56]
Personalidade da marca
PM1 5,19 1,15 [5,11; 5,28]
PM2 4,75 1,47 [4,64; 4,86]
PM3 4,77 1,34 [4,67; 4,86]
PM4 5,07 1,13 [4,98; 5,15]
Associações organizacionais
ASO1 5,10 1,27 [5,00; 5,20]
ASO2 5,05 1,14 [4,96; 5,13]
ASO3 5,21 1,14 [5,12; 5,29]
ASO4 4,88 1,60 [4,76; 5,00]
Lealdade
L1 4,88 1,44 [4,76; 4,99]
L2 4,71 1,60 [4,59; 4,82]
L3 4,70 1,60 [4,58; 4,81]
L4 4,03 1,88 [3,89; 4,16]
L5 4,65 1,67 [4,52; 4,77]
!83
Figura 30 Descrição dos construtos CM e QP
Fonte: elaborado pelo autor
Figura 31 Descrição dos construtos VP e PM
Fonte: elaborado pelo autor
!84
Figura 32 Descrição dos construtos ASO e Lealdade.
Fonte: elaborado pelo autor
Houve itens que obtiveram respostas acima da média dentro de seus
construtos.
No construto Consciência de marca, o item CM8 (“Consigo reconhecer,
distinguir a logomarca do uísque JWRL/JD entre outros produtos no mercado”) foi
significativamente maior que os outros. Tal ocorrência pode se justificar por ambas
marcas possuírem garrafas icônicas, com rótulos e logos que pouco se modificaram
em décadas, como foi apresentado anteriormente, nas Figuras 4 e 9.
No construto Personalidade da marca, os itens PM4 (“A marca JWRL/JD
tem uma história muito positiva”) e PM1 (“A marca JWRL/JD tem personalidade”)
foram significativamente maiores que a média das respostas do item PM3 (“Eu tenho
uma imagem clara do tipo de pessoa que um uísque da marca JWRL/JD seria”) e do
item PM2 (“A marca JWRL/JD é interessante, sempre chama minha atenção”). Esse
resultado pode ser justificado pela tradição de ambas as marcas, especialmente
para o item PM4. Já os itens PM2 e PM3 ficaram dentro da média dos outros
construtos.
Em Valor Percebido, o item VP3 (“Considerando o que se paga pelas
marcas JWRL/ JD, recebe-se muito mais do que se paga”) foi significativamente
menor que a média dos demais itens. A equação de valor é uma função entre o que
se paga e o que se recebe, tendo um índice positivo ou negativo para cada
!85
indivíduo. Kotler e Keller (2006, p. 23) colocam valor como “uma combinação de
qualidade, serviço e preço, denominada Tríade do Valor para o cliente”. Como
apresentado no capitulo 2, o preço médio dos destilados no Brasil aumentou 10%
em 2016 e continuou a aumentar no ano seguinte, já que a maioria dos repasses de
aumento de impostos ocorreu em 2017. Portanto, ambas as marcas foram
impactadas pelo aumento de preço e a crise econômica nacional.
A Tabela 6 apresentou que quase 50% dos respondentes possuem uma
renda familiar de até quatro salários mínimos. Portanto, utilizando a tríade
mencionada, o consumidor pagava 10% a mais pelo mesmo produto e serviço.
Parece natural que a percepção de valor por ele diminua.
No construto Lealdade, item L4 (“Considero as marcas JWRL / JD como
minha primeira escolha na compra de um uísque”) obteve respostas
significativamente menores que a média dos demais itens. A consultoria McKinsey
(2017) apresenta um complexo ciclo no qual descreve as quatro etapas (batalhas)
na decisão de compra de um consumidor (Figura 33).
!86
Figura 33 Ciclo de decisão de compras McKinsey
! Fonte: MCKINSEY (2017), adaptado pelo autor
O ciclo apresenta entre os pontos 1, 2 e 3 a diferença entre marcas que o
consumidor tem consciência (Brand Awereness) e marcas que estão na sua
consideração de compra (Consideration set). O estudo realizado com mais de 30
categorias e 350 marcas afirma que os consumidores têm consciência da existência
de um grande número de marcas, mas têm em sua consideração de compra apenas
três ou quatro. Isso ajuda a explicar ocorrido no item L4.
Em cada um dos questionários, a marca objeto de estudo foi TOM em
mais de 40% dos casos (40% para JWRL, e 50% para JD). Entretanto, obtiveram um
resultado abaixo da média do construto quanto a serem a primeira opção de compra.
Pode-se, com relação a isso, fazer uma correlação com o preço de destilados no
Brasil, que é em média de R$ 46 (EUROMONITOR, 2017), e os produtos em estudo,
que custam pelo menos o dobro. Para marcas de menor valor agregado em
mercados de alta competitividade, uma maneira de manter paridade de preço é via
construção de BE, tida como de fundamental importância (PRIILAID, 2016).
!87
5.3 Análise Fatorial Confirmatória
Para validar os construtos de primeira ordem “Consciência de Marca”,
“Qualidade Percebida”, “Valor Percebido”, “Personalidade da marca”, “Associações
Organizacionais”, “Lealdade” e construir e validar o construto de segunda ordem BE
foi feita uma Análise Fatorial Confirmatória (HAIR et al., 2009).
A Análise Fatorial Confirmatória supõe que as variáveis latentes
apresentam distribuição normal. Por definição, as variáveis em estudo não
apresentam essa distribuição normal, uma vez que apresentam uma escala discreta
e limitada (likert de concordância de 6 níveis). Logo, foram utilizados estimadores
robustos para estrutura de covariância na Análise Fatorial Confirmatória com a
estatística de teste reescalada pelo método de Satorra e Bentler (1994).
De acordo com Hair et al. (2009) os componentes com cargas fatoriais
menores que 0,50 devem ser eliminados, pois ao não contribuir de forma relevante
para formação da variável latente, prejudicam o alcance das suposições básicas
para validade e qualidade do modelo.
Para analisar a qualidade e validade dos construtos, foi verificada a
dimensionalidade, confiabilidade e validade convergente. Para verificar a validade
convergente foi utilizado o critério proposto por de Fornell e Lacker (1981). Ele
garante tal validade caso a Variância Média Extraída - AVE, que indica o percentual
médio de variância compartilhada entre a variável latente e seus componentes, seja
superior a 50% (HENSELER et al., 2009), ou 40% no caso de pesquisas
exploratórias (NUNNALY E BERNSTEIN, 1994).
Para mensurar a confiabilidade foi utilizado o Alfa de Cronbach (AC) e a
Confiabilidade Composta (CC). De acordo com Tenenhaus et al (2005) os
indicadores AC e CC devem ser maiores que 0,70 para garantir a confiabilidade.
Para verificar a dimensionalidade foi utilizado o critério da Kaiser (DIM).
Para a validade discriminante foi utilizado o critério de Fornell e Larcker
(1981), que garante a validade discriminante quando a variância extraída (AVE) de
uma variável latente for maior que a variância compartilhada com as demais. O
método das cargas fatoriais cruzadas (BARCLAY et al..,1995) também foi utilizado
para verificar a validação discriminante. Por este critério, a validade discriminante é
!88
alcançada quando a carga fatorial do item é maior que todas as suas cargas fatoriais
cruzadas.
Para um bom ajuste espera-se que o CFI seja maior que 0,80 (BENTLER,
1990), TLI seja maior que 0,80 (BENTLER E BONNET, 1980) e que o RMSEA
(Steiger et al., 1985) seja menor que 0,10, sendo o ideal abaixo de 0,05.
Primeiramente é apresentada a Análise Fatorial Confirmatória
considerando cada uma das marcas individualmente e em seguida é apresentado
considerando as duas marcas conjuntamente.
5.3.1. Jack Daniel's
A Tabela 8 apresenta a análise fatorial confirmatória somente para a
marca Jack Daniel's.
Pode destacar-se que em todos os construtos os itens apresentaram
cargas fatoriais superiores a 0,50. Colocam-se em azul os itens que possuíram
maior peso nos construtos, e vermelho, se houver, os de menor peso; C.F
representa a Carga Fatorial.
!89
Tabela 8 Análise Fatorial Confirmatória de Jack Daniel's
Fonte: elaborado pelo autor.
Houve itens em destaque tanto com peso de superior e inferior
contribuição ao resultado.
No construto Consciência de marca, o item CM6 (“Estou muito bem
familiarizado com a marca JD, e com o que ela pode oferecer aos seus
consumidores”), teve maior peso. A marca JD, diferentemente de muitas no mercado
Construtos Itens Peso1 I.C. - 95% C.F.2
Consciência de marca
CM4 1,00 [1,00; 1,00] 0,64
CM5 1,11 [0,75; 1,47] 0,62
CM6 1,16 [0,97; 1,36] 0,81
CM7 1,09 [0,88; 1,29] 0,68
CM8 0,41 [0,26; 0,57] 0,46
Qualidade percebida
QP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,88
QP2 0,77 [0,63; 0,92] 0,77
QP3 0,82 [0,71; 0,92] 0,82
QP4 0,99 [0,86; 1,12] 0,88
Valor percebido
VP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,85
VP2 0,77 [0,65; 0,89] 0,82
VP3 0,95 [0,84; 1,06] 0,69
VP4 0,91 [0,79; 1,03] 0,70
Personalidade da marca
PM1 1,00 [1,00; 1,00] 0,63
PM2 1,75 [1,30; 2,21] 0,83
PM3 1,61 [1,09; 2,13] 0,62
PM4 1,31 [0,89; 1,73] 0,63
Associações organizacionais
ASO1 1,00 [1,00; 1,00] 0,79
ASO2 1,11 [0,91; 1,31] 0,67
ASO3 0,74 [0,55; 0,93] 0,65
ASO4 1,49 [1,21; 1,76] 0,79
Lealdade
L1 1,00 [1,00; 1,00] 0,86
L2 1,20 [1,05; 1,35] 0,88
L3 1,20 [1,03; 1,37] 0,84
L4 1,53 [1,32; 1,74] 0,81
L5 1,30 [1,12; 1,48] 0,78
!90
como a família Johnnie Walker, possui um portfólio com distribuição massiva
bastante conciso e claro: Old No 7, Tennessee Honey e Tennessee Fire. Com isso,
pode haver influência em como o consumidor entende o que a marca lhe oferece.
Por outro lado, o item CM8 (“Consigo reconhecer, distinguir a logomarca
do JD entre outros produtos no mercado”) teve carga fatorial menor que 0,50, que é
abaixo do considerado satisfatório. Porém, foi mantido no construto uma vez que
não interferiu na sua validação. Para tentar identificar possíveis razões, vale
entender a definição de logomarca da American Marketing Association:
Logomarca é uma imagem/desenho gráfico que é usado continuamente como símbolo para uma empresa, organização ou marca. Frequentemente é colocado como uma adaptação do nome da empresa ou marca, e usado em conjunto com algum desses nomes (AMA, 2017)
A marca JD possui o seu próprio nome como logomarca; não há uma
imagem ou desenho, como outras marcas de Johnnie Walker, que possui a imagem
do lorde, White Horse com um cavalo branco, Black & White, com os dois cachorros
e Jack Daniel’s, que é apenas a marca (em sentido horário na Figura 34). Com isso,
os respondentes podem ter ficado em dúvida de qual seria a logomarca de JD.
!91
Figura 34 Comparativo de logomarcas de uísque
!
Fonte: elaborado pelo autor
No construto Valor Percebido, o item VP1 (“Vale a pena gastar dinheiro
com produtos da marca JD”) teve peso maior que os demais itens. Tal fato pode ter
ocorrido devido à grande gama de produtos vendidos com a marca JD, como
apresentado no item 2.2., e caso haja uma boa aceitação nessa gama de produtos,
há reflexo na marca.
No construto Qualidade Percebida, o item com maior peso foi o QP1 (“A
marca JD oferece um uísque de qualidade muito boa”), o que pode ser uma
consequência da história e tradição de uma marca de mais de 150 anos.
No construto Personalidade da Marca, o item PM2 (“A marca JD é
interessante, sempre chama minha atenção”) teve peso significativamente maior que
os outros itens. Tal resultado pode ser uma resposta à comunicação pouco
convencional, e à tradição (e folclore) da marca. Como mencionado no tópico 2.2,
JD é uma marca que se destaca por ter um método de produção único e diferente de
!92
qualquer outra marca de destilado no mundo, possuir folclores e tradições sobre sua
existência, e parcerias para diversos tipos de extensão de linha.
Vale colocar também que o campo da pesquisa foi realizado nos meses
de outubro e novembro, período de grande volume de vendas de destilados e,
consequentemente, de grandes investimentos em comunicação e presença em loja.
As marcas buscam ser mais interessantes nesse período.
No construto Associações Organizacionais, o item ASO4 (“Eu me sentiria
orgulhoso de possuir (mais) produtos da marca JD”) teve peso significativamente
superior aos outros itens. Possivelmente, por uma consequência da alta relevância
nos outros itens relacionados ao valor e à qualidade percebida da marca.
No construto Lealdade, o item de maior relevância foi o L4 (“Considero a
marca JD como minha primeira escolha na compra de um uísque”). Mesmo que a
pesquisa não possua dados sobre intenção de compra (como mencionado na Figura
33), pode-se supor que Top of Mind seja um proxy para intenção de compra, e
correlacionar o alto peso do item L4 com o fato da marca ser TOM para 50% dos
respondentes.
Nas Tabelas 9 e 10 pode-se verificar as medidas de validade, qualidade
dos construtos e as cargas fatoriais cruzadas.
Pode-se confirmar que todos os construtos apresentaram validação
convergente (AVE>0,40); e Alfa de Cronbach (A.C.) ou Confiabilidade Composta
(C.C.) acima de 0,60, ou seja, todos apresentaram os níveis exigidos de
confiabilidade. E ainda, todos os construtos foram unidimensionais segundo o
critério de Kaiser (DIM).
Pelo critério de Fornell e Larcker (1981), nenhum dos construtos atingiram
validação discriminante, pois as AVEs foram inferiores às respectivas variâncias
compartilhadas máximas.
Foi utilizado então o método das cargas fatoriais cruzadas (BARCLAY et
al.,1995). Sendo assim, observa-se que todos os itens tiveram as cargas fatoriais
maiores que as cargas fatoriais cruzadas, com exceção de um único item (CM8 –
“Consigo reconhecer, distinguir a logomarca do uísque JD entre outros produtos no
!93
mercado”). Porém foi considerado que a validação foi atingida, uma vez que ocorreu
problema em apenas em um item e que a carga fatorial cruzada está relativamente
próxima da carga fatorial do construto.
A possível explicação sobre o resultado do item CM8 foi colocado
anteriormente com a Figura 34. O que é apontado é uma possível falta de
identificação pelo fato da marca não possuir um logotipo distintivo ao seu próprio
nome, como outras marcas.
Vale ressaltar que o item CM8 apresentou uma maior correlação com o
construto Lealdade.
Na Tabela 9, A.C é Alfa de Cronbach; C.C é Confiabilidade Composta;
Dim. refere-se à ³ Dimensionalidade; AVE é Variância Extraída; e VCM trata de
Variância Máxima Compartilhada.
Tabela 9 Validação dos construtos de primeira ordem - Jack Daniel's
Fonte: elaborado pelo autor.
Na Tabela 10, CF refere-se a Carga fatorial e Máx(C.F.C.) está
relacionado ao Máximo da carga fatorial cruzada.
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM
Consciência da marca 5 0,76 0,78 1 0,42 0,55
Qualidade percebida 4 0,90 0,91 1 0,71 0,64
Valor percebido 4 0,84 0,85 1 0,58 0,71
Personalidade da marca 4 0,78 0,77 1 0,46 0,61
Associações organizacionais 4 0,80 0,82 1 0,53 0,64
Lealdade 5 0,91 0,92 1 0,70 0,71
!94
Tabela 10 Cargas Fatoriais Cruzadas - Jack Daniel's
Fonte: elaborado pelo autor
A tabela 11 apresenta a Análise Fatorial Confirmatória para BE de Jack
Daniel’s. Pode-se concluir que todos os indicadores apresentaram cargas fatoriais
satisfatórias e positivas. O maior e o menor peso relativo foram dos indicadores
Valor Percebido e Personalidade de Marca respectivamente. Vale ressaltar que a
Lealdade de Marca foi o que teve segunda maior influência sobre o BE.
Construtos Itens C.F.1 Máx(C.F.C.)²
Consciência da marca
CM4 0,64 0,51
CM5 0,62 0,68
CM6 0,81 0,65
CM7 0,68 0,56
CM8 0,46 0,35
Qualidade percebida
QP1 0,88 0,75
QP2 0,77 0,70
QP3 0,82 0,71
QP4 0,88 0,72
Valor percebido
VP1 0,85 0,77
VP2 0,82 0,79
VP3 0,69 0,65
VP4 0,70 0,66
Personalidade da marca
PM1 0,63 0,61
PM2 0,83 0,77
PM3 0,62 0,57
PM4 0,63 0,58
Associações organizacionais
ASO1 0,79 0,75
ASO2 0,67 0,65
ASO3 0,65 0,65
ASO4 0,79 0,75
Lealdade
L1 0,86 0,75
L2 0,88 0,78
L3 0,84 0,76
L4 0,81 0,71
L5 0,78 0,69
!95
Tabela 11 Análise Fatorial Confirmatória do BE - Jack Daniel's.
Fonte: elaborado pelo autor.
Na Tabela 12 pode-se verificar as medidas de validade e qualidade do BE
de Jack Daniel's, que apresentou Alfa de Cronbach (AC) e Confiabilidade Composta
(CC) acima de 0,60, confirmando o índice de confiabilidade. O BE foi unidimensional
segundo o critério de Kaiser e apresentou validação convergente (AVE=0,90).
Lembrando que AC é Alfa de Cronbach; CC é Confiabilidade Composta;
Dim. é Dimensionalidade; AVE é Variância Extraída e VCM é Variância Máxima
Compartilhada.
Tabela 12 Validação do construto de segunda ordem BE Jack Daniel's.
Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 13 apresenta os parâmetros da qualidade do modelo: X²/G.L.,
CFI, TLI e RMSEA, além do valor-p para verificar se o RMSEA foi estatisticamente
superior a 0,05. Desta forma, avaliando os parâmetros de qualidade do ajuste com a
estatística reescalada, destaca-se que:
Analisando o X²/G.L é possível verificar que um dos valores não foi
inferior a 3,00, porém, o valor observado (3,24) foi próximo do que é esperado para
Indicadores Peso1 I.C. - 95% C.F.2
Consciência de Marca 1,00 [1,00; 1,00] 0,85
Qualidade percebida 1,21 [0,85; 1,56] 0,94
Valor percebido 1,54 [1,14; 1,93] 0,99
Personalidade da marca 0,75 [0,49; 1,00] 0,98
Associações organizacionais 1,02 [0,72; 1,32] 0,98
Lealdade 1,29 [0,94; 1,64] 0,96
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM
BE 6 0,95 0,98 1 0,90 -
!96
a medida da qualidade do ajuste, uma vez que a estatística qui-quadrado é
influenciada pelo tamanho amostral.
Analisando o TLI e o CFI, é possível verificar que eles apresentaram
valores acima de 0,80 (TLI = 0,892 e CFI = 0,903), o que também indica um bom
ajuste do modelo.
O RMSEA apresentou um valor de 0,051 [0,046; 0,057], abaixo do limite
máximo de 0,10, o que também indica um bom ajuste de modelo.
Tabela 13 Parâmetros de qualidade do modelo - Jack Daniel's
Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 35 sintetiza o ajuste da Análise Fatorial Confirmatória somente
para Jack Daniel’s, na qual se confirma a validade do modelo teórico e sua
aplicabilidade.
Medidas de Qualidade Estatística Estatística de Teste Reescalada
do Ajuste de Teste (Satorra e Bentler 1994)
χ² 949,13 535,00
G.L. 293 293
χ²/G.L. 3,24 1,83
TLI 0,880 0,892
CFI 0,892 0,903
RMSEA0,085 0,051
[0,079; 0,091] [0,046; 0,057]
valor-p (RMSEA≤0,05) 0,000 0,317
!97
Figura 35 Análise Fatorial Confirmatória Jack Daniel's.
Fonte: elaborado pelo autor
!98
5.3.2 Johnnie Walker
A Tabela 14 apresenta a análise fatorial confirmatória somente para a
marca Johnnie Walker Red Label.
Pode destacar-se que em todos os construtos os itens apresentaram
cargas fatoriais maiores que 0,50, consideradas satisfatórias. Destaca-se em azul os
itens de maior peso, e vermelho, se houver, os de peso significativamente menor.
!99
Tabela 14 Análise Fatorial Confirmatória JWRL.
Fonte: elaborado pelo autor
No construto Consciência de Marca, o item CM5 (“Quando penso em
uísque, a marca JWRL é uma das primeiras que vem à minha mente”) teve um peso
significativamente maior que os outros itens. O que pode ser justificado pela marca
ser indicada como Top of Mind para 40% dos respondentes.
Construtos Itens Peso1 I.C. - 95% C.F.2
Consciência da marca
CM4 1,00 [1,00; 1,00] 0,53
CM5 1,65 [1,21; 2,09] 0,62
CM6 1,48 [1,15; 1,82] 0,77
CM7 1,15 [0,86; 1,43] 0,58
CM8 0,78 [0,52; 1,04] 0,53
Qualidade percebida
QP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,91
QP2 0,83 [0,76; 0,90] 0,85
QP3 0,78 [0,70; 0,86] 0,80
QP4 0,99 [0,91; 1,07] 0,90
Valor percebido
VP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,88
VP2 1,03 [0,96; 1,09] 0,91
VP3 0,89 [0,81; 0,96] 0,80
VP4 0,89 [0,81; 0,97] 0,80
Personalidade da marca
PM1 1,00 [1,00; 1,00] 0,76
PM2 1,37 [1,20; 1,54] 0,85
PM3 0,74 [0,56; 0,93] 0,53
PM4 0,86 [0,75; 0,97] 0,71
Associações organizacionais
ASO1 1,00 [1,00; 1,00] 0,87
ASO2 0,54 [0,44; 0,64] 0,58
ASO3 0,80 [0,71; 0,88] 0,77
ASO4 1,21 [1,12; 1,30] 0,86
Lealdade
L1 1,00 [1,00; 1,00] 0,92
L2 1,08 [1,02; 1,14] 0,92
L3 1,04 [0,97; 1,11] 0,88
L4 1,01 [0,92; 1,10] 0,80
L5 1,03 [0,95; 1,10] 0,86
!100
No construto Qualidade Percebida, o item QP1 (“A marca JWRL oferece
um uísque de qualidade muito boa”) não foi significativamente maior que os outros
itens. O mesmo ocorreu com o item VP2 (“Dentro das opções de compra de uísque,
considero a marca JWRL uma boa compra”) do construto Valor Percebido.
No construto Personalidade de Marca, vale destaque para o item PM2 (“A
marca JWRL é interessante, sempre chama minha atenção”). Como citado
anteriormente no tópico 2.1, a marca Johnnie Walker Red Label se beneficia de toda
comunicação e construção de marca existente para a família Johnnie Walker. Afinal,
é a marca de uísque mais vendida no mundo, possui mais de dez marcas
comercializadas no Brasil sob a marca mãe e, devido ao período do campo da
pesquisa (outubro e novembro), foi são também a marca que mais se comunicou na
categoria.
No construto Associações de marca, o item ASO4 (“Eu me sentiria
orgulhoso de possuir (mais) produtos da marca JWRL”) merece destaque, já que a
marca não vende extensões de linha de outras categorias, como JD. Tal resultado
pode ser justificado pela mesma razão do item PM2. Afinal, JWRL é a marca mais
simples da família Johnnie Walker, portanto, qualquer outro produto comprado da
família pode influenciar nesse julgamento.
No construto Lealdade de marca, o item L2 - “Recomendo a marca JWRL
para alguém que peça meu conselho”, teve maior peso, mas não foi
significativamente maior que os outros itens.
Nas tabelas 15 e 16 pode-se verificar as medidas de validade, qualidade
dos construtos e as cargas fatoriais cruzadas.
Todos os construtos apresentaram validação convergente (AVE>0,40),
exceto o construto Consciência de Marca (AVE=0,37). Apesar do AVE ter sido menor
que 0,40, optou-se em não tirar nenhum item do respectivo construto para
permanecer igual aos apresentados anteriormente.
Todos os construtos apresentaram Alfa de Cronbach (A.C.) ou
Confiabilidade Composta (C.C.) acima de 0,60, ou seja, todos apresentaram os
níveis exigidos de confiabilidade. Todos os construtos foram unidimensionais
segundo o critério de Kaiser (DIM).
!101
Pelo critério de Fornell e Larcker (1981), nenhum dos construtos atingiu
validação discriminante, pois as AVE’s foram inferiores às respectivas variâncias
compartilhadas máximas.
Foi utilizado então o método das cargas fatoriais cruzadas (BARCLAY et
al.,1995), sendo assim, observa-se que todos os itens tiveram as cargas fatoriais
maiores que as cargas fatoriais cruzadas.
A única exceção foi o item CM8 - “Consigo reconhecer, distinguir a
logomarca do uísque Johnnie Walker entre outros produtos no mercado", porém foi
considerado que a validação foi atingida, uma vez que ocorreu problema em apenas
um item e que a carga fatorial cruzada está relativamente próxima da carga fatorial
do construto.
Vale ressaltar que o item CM8 apresentou uma maior correlação com o
construto Lealdade.
Na Tabela 15, AC refere-se à Alfa de Cronbach; CC, Confiabilidade
Composta; Dim., Dimensionalidade; AVE, Variância Extraída; e VCM, Variância
Máxima Compartilhada.
Tabela 15 Validação dos construtos de primeira ordem JWRL
Fonte: elaborado pelo autor
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM
Consciência da marca 5 0,73 0,74 1 0,37 0,56
Qualidade percebida 4 0,92 0,92 1 0,75 0,79
Valor percebido 4 0,91 0,91 1 0,72 0,83
Personalidade da marca 4 0,80 0,81 1 0,52 0,76
Associações organizacionais 4 0,85 0,86 1 0,61 0,79
Lealdade 5 0,94 0,94 1 0,76 0,83
!102
Tabela 16 Cargas Fatoriais Cruzadas JWRL
Fonte: elaborado pelo autor
Na Tabela apresentada, CF refere-se à Carga fatorial; Máx(CFC) é
Máximo da carga fatorial cruzada.
A Tabela 17 apresenta a Análise Fatorial Confirmatória para o BE de
Johnnie Walker Red Label.
Construtos Itens C.F.1 Máx(C.F.C.)²
Consciência da marca
CM4 0,53 0,36
CM5 0,62 0,66
CM6 0,77 0,62
CM7 0,58 0,45
CM8 0,53 0,38
Qualidade percebida
QP1 0,91 0,85
QP2 0,85 0,80
QP3 0,80 0,77
QP4 0,90 0,83
Valor percebido
VP1 0,88 0,85
VP2 0,91 0,88
VP3 0,80 0,74
VP4 0,80 0,74
Personalidade da marca
PM1 0,76 0,75
PM2 0,85 0,82
PM3 0,53 0,53
PM4 0,71 0,70
Associações organizacionais
ASO1 0,87 0,84
ASO2 0,58 0,58
ASO3 0,77 0,75
ASO4 0,86 0,84
Lealdade
L1 0,92 0,86
L2 0,92 0,84
L3 0,88 0,82
L4 0,80 0,76
L5 0,86 0,80
!103
Pode-se concluir que todos os indicadores apresentaram cargas fatoriais
satisfatórias e positivas, sendo que o maior e o menor peso relativo foram dos
indicadores Lealdade e Qualidade percebida, respectivamente.
Tabela 17 Análise Fatorial Confirmatória do BE JWRL
Fonte: elaborado pelo autor
Com isso, o resultado para JWRL está em linha aos estudos de Yoo e
Donthu (2001) e Buil et al. (2008) que apresentam que Lealdade de marca é o
construto de maior peso no BE.
Na Tabela 18 pode-se verificar as medidas de validade e qualidade do BE
de JWRL, sendo que:
O BE apresentou Alfa de Cronbach (AC) e Confiabilidade Composta (CC)
acima de 0,60, ou seja, apresentou os níveis exigidos de confiabilidade. O BE foi
também unidimensional segundo o critério de Kaiser e apresentou validação
convergente (AVE=0,91).
AC refere-se a Alfa de Cronbach; CC, Confiabilidade Composta; Dim.,
Dimensionalidade; AVE, Variância Extraída; e VCM, Variância Máxima
Compartilhada.
Tabela 18 Validação para o construto de segunda ordem JWRL
Fonte: elaborado pelo utor
Indicadores Peso1 I.C. - 95% C.F.
Consciência de Marca 1,00 [1,00; 1,00] 0,80
Qualidade percebida 2,49 [1,81; 3,17] 0,97
Valor percebido 2,61 [1,91; 3,31] 0,98
Personalidade da marca 1,86 [1,38; 2,34] 0,99
Associações organizacionais 2,34 [1,72; 2,96] 0,98
Lealdade 2,69 [1,96; 3,41] 0,97
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM
BE 6 0,96 0,98 1 0,91 -
!104
A Tabela 19 apresenta os parâmetros da qualidade do modelo: X²/G.L.,
CFI, TLI e RMSEA, além do valor-p para verificar se o RMSEA foi estatisticamente
superior a 0,05.
Desta forma, avaliando os parâmetros de qualidade do ajuste com a
estatística reescalada, pode-se destacar que analisando o X²/G.L é possível verificar
que um dos valores não foi inferior a 3,00, porém, o valor observado (3,67) foi
próximo do que é esperado para a medida da qualidade do ajuste, uma vez que a
estatística qui-quadrado é influenciada pelo tamanho amostral.
Analisando o TLI e o CFI, é possível verificar que eles apresentaram
valores acima de 0,80 (TLI = 0,921 e CFI = 0,929), o que também indica um bom
ajuste do modelo.
O RMSEA apresentou um valor de 0,063 [0,058; 0,068], abaixo do limite
máximo de 0,10, o que também indica um bom ajuste de modelo.
Tabela 19 Parâmetros de qualidade do ajuste - Johnnie Walker.
Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 36 sintetiza o ajuste da Análise Fatorial Confirmatória para
Johnnie Walker, na qual se confirma a validade do modelo teórico e sua
aplicabilidade.
Medidas de Qualidade Estatística Estatística de Teste Reescalada
do Ajuste de Teste (Satorra e Bentler 1994)
χ² 1075,30 719,24
G.L. 293 293
χ²/G.L. 3,67 2,45
TLI 0,901 0,921
CFI 0,911 0,929
RMSEA0,085 0,063
[0,080; 0,091] [0,058; 0,068]
valor-p (RMSEA≤0,05) 0,000 0,000
!105
Figura 36 Análise Fatorial Confirmatória JWRL
Fonte: elaborado pelo autor
!106
5.3.3 Johnnie Walker/ Jack Daniel's
A Tabela 20 apresenta a Análise Fatorial Confirmatória para Johnnie
Walker e Jack Daniel’s, analisando o modelo teórico unificadamente.
Em todos os construtos os itens apresentaram cargas fatoriais maiores
que 0,50, sendo estas satisfatórias. Destacam-se em azul os itens que possuíram
maior peso nos construtos, e vermelho, se houver, os de peso significativamente
menor.
!107
Tabela 20 Análise Fatorial Confirmatória - Johnnie Walker/ Jack Daniel's.
Fonte: elaborado pelo autor
No construto Consciência de marca, o item CM5 teve peso
significativamente maior que os outros itens, refletindo o que ocorreu em JWRL. No
caso de JD, o item teve um peso acima de 3 nos cinco itens.
Foi possível observar que nos construtos Qualidade Percebida e Valor
Percebido os itens de maior peso não foram significativamente maiores, como
ocorreu separadamente com as marcas.
Construtos Itens Peso1 I.C. - 95% C.F.2
Consciência de marca
CM4 1,00 [1,00; 1,00] 0,56
CM5 1,58 [1,26; 1,89] 0,65
CM6 1,39 [1,17; 1,61] 0,79
CM7 1,15 [0,95; 1,34] 0,62
CM8 0,65 [0,48; 0,81] 0,52
Qualidade percebida
QP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,92
QP2 0,81 [0,75; 0,87] 0,85
QP3 0,79 [0,73; 0,85] 0,83
QP4 0,98 [0,92; 1,05] 0,91
Valor percebido
VP1 1,00 [1,00; 1,00] 0,88
VP2 1,01 [0,95; 1,06] 0,90
VP3 0,90 [0,84; 0,96] 0,77
VP4 0,91 [0,85; 0,97] 0,78
Personalidade da marca
PM1 1,00 [1,00; 1,00] 0,76
PM2 1,46 [1,31; 1,61] 0,87
PM3 0,88 [0,71; 1,05] 0,57
PM4 0,87 [0,77; 0,97] 0,67
Associações organizacionais
ASO1 1,00 [1,00; 1,00] 0,87
ASO2 0,61 [0,52; 0,70] 0,59
ASO3 0,80 [0,72; 0,87] 0,77
ASO4 1,24 [1,15; 1,33] 0,85
Lealdade
L1 1,00 [1,00; 1,00] 0,91
L2 1,12 [1,07; 1,17] 0,92
L3 1,08 [1,02; 1,14] 0,88
L4 1,17 [1,10; 1,25] 0,82
L5 1,07 [1,01; 1,13] 0,84
!108
Vale apontar que ambas as marcas obtiveram alto peso no construto QP.
Pappu e Quester (2016), em estudo sobre como inovações influenciam no
desenvolvimento de brand equity, apontam a existência de uma correlação entre a
qualidade percebida nas inovações e a lealdade de marca.
Em 2017, JD e JWRL trouxeram inovações em sua linha de produtos. A
primeira marca trouxe a extensão Tennessee Fire (Figura 37), e JW trouxe a edição
limitada do uísque Johnnie Walker Blender’s Batch Red Rye Finish (Figura 38).
Figura 37 Jack Daniels Tennessee Fire
!
Fonte: JACK DANIEL’S (2017)
!109
Figura 38 Johnnie Walker Blender’s Batch Red Rye Finish
!
Fonte: JW (2017)
Independentemente da diferença entre as especificações do produto,
ambas as inovações têm preço similar aos produtos originais, e podem ter afetado
na percepção de qualidade da marca.
Nos construtos Personalidade de marca e Associações Organizacionais,
os itens PM2 e ASO4 tiveram peso significativamente maior que os outros itens do
construto, refletindo o mesmo ocorrido separadamente nas marcas.
Com relação ao construto Lealdade de marca, o item L4 teve maior peso,
mas não significativo – refletindo o balanço do que ocorreu entre as marcas.
Nas Tabelas 21 e 22 pode-se verificar as medidas de validade, qualidade
dos construtos e as cargas fatoriais cruzadas.
Destaca-se que todos os construtos apresentaram validação convergente
(AVE>0,40), e Alfa de Cronbach (AC) ou Confiabilidade Composta (CC) acima de
0,60, ou seja, todos apresentaram os níveis exigidos de confiabilidade, similar ao
!110
ocorrido separadamente, onde todos os construtos foram unidimensionais, segundo
o critério de Kaiser.
Pelo critério de Fornell e Larcker (1981), nenhum dos construtos atingiu
validação discriminante, pois as AVEs foram inferiores às respectivas variâncias
compartilhadas máximas.
Tabela 21 Validação dos construtos de primeira ordem JWRL/ JD
Fonte: elaborado pelo autor
Foi utilizado então o método das cargas fatoriais cruzadas (Barclay et al.,
1995) (Tabela 22), sendo assim, observa-se que todos os itens tiveram as cargas
fatoriais maiores que as cargas fatoriais cruzadas, com exceção de um único item
CM5 (Consigo reconhecer, distinguir a logomarca do uísque JWRL / JD entre outros
produtos no mercado), porém foi considerado que a validação foi atingida, uma vez
que ocorreu problema em apenas um item e que a carga fatorial cruzada está
relativamente próxima da carga fatorial do construto.
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM5
Consciência da marca 5 0,75 0,77 1 0,40 0,58
Qualidade percebida 4 0,93 0,93 1 0,76 0,77
Valor percebido 4 0,90 0,90 1 0,69 0,81
Personalidade da marca 4 0,81 0,81 1 0,53 0,74
Associações organizacionais 4 0,85 0,86 1 0,60 0,77
Lealdade 5 0,94 0,94 1 0,77 0,81
!111
Tabela 22 CFC de JWRL / JD
Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 23 apresenta a Análise Fatorial Confirmatória para BE. Pode-se
concluir que todos os indicadores apresentaram cargas fatoriais satisfatórias e
positivas, sendo que o maior e o menor peso relativo foram dos indicadores Valor
Percebido e Consciência de Marca, respectivamente. Vale ressaltar que a Lealdade
de Marca foi o que teve segunda maior influência sobre o BE.
Construtos Itens C.F.1 Máx(C.F.C.)²
Consciência da marca
CM4 0,56 0,39
CM5 0,65 0,69
CM6 0,79 0,63
CM7 0,62 0,50
CM8 0,52 0,39
Qualidade percebida
QP1 0,92 0,84
QP2 0,85 0,79
QP3 0,83 0,78
QP4 0,91 0,82
Valor percebido
VP1 0,88 0,84
VP2 0,90 0,87
VP3 0,77 0,73
VP4 0,78 0,73
Personalidade da marca
PM1 0,76 0,74
PM2 0,87 0,83
PM3 0,57 0,57
PM4 0,67 0,66
Associações organizacionais
ASO1 0,87 0,84
ASO2 0,59 0,59
ASO3 0,77 0,76
ASO4 0,85 0,83
Lealdade
L1 0,91 0,84
L2 0,92 0,85
L3 0,88 0,83
L4 0,82 0,77
L5 0,84 0,79
!112
Tabela 23 Análise Fatorial Confirmatória do BE JW/ JD
Fonte: elaborado pelo autor
Na Tabela 24 pode-se verificar as medidas de validade e qualidade do
BE, sendo que o BE apresentou Alfa de Cronbach (AC) e Confiabilidade Composta
(CC) acima de 0,60, ou seja, apresentou os níveis exigidos de confiabilidade; o BE
foi unidimensional segundo o critério de Kaiser e apresentou validação convergente
(AVE>0,40).
AC refere-se a Alfa de Cronbach; CC, Confiabilidade Composta; Dim.,
Dimensionalidade; AVE, Variância Extraída; e VCM, Variância Máxima
Compartilhada.
Tabela 24 Validação do construto de segunda ordem BE JWRL/ JD
Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 25 apresenta os parâmetros da qualidade do modelo: X²/G.L.,
CFI, TLI e RMSEA, além do valor-p para verificar se o RMSEA foi estatisticamente
superior a 0,05. Desta forma, avaliando os parâmetros de qualidade do ajuste com a
estatística reescalada, destaca-se que:
Analisando o X²/G.L, é possível observar que os valores não foram
inferiores a 3,00, porém, mesmo observando valores superiores a 3,00 é valido
Indicadores Peso1 I.C. - 95% C.F.2
Consciência de Marca 1,00 [1,00; 1,00] 0,83
Qualidade percebida 2,14 [1,72; 2,56] 0,97
Valor percebido 2,28 [1,85; 2,71] 0,99
Personalidade da marca 1,56 [1,26; 1,85] 0,99
Associações organizacionais 1,93 [1,56; 2,30] 0,98
Lealdade 2,27 [1,84; 2,70] 0,97
Construtos Itens A.C.¹ C.C.² Dim.³ AVE4 VCM5
BE 6 0,96 0,98 1 0,92 -
!113
ressaltar que as outras medidas têm uma relevância maior na qualidade do ajuste,
uma vez que a estatística qui-quadrado é influenciada pelo tamanho amostral.
Analisando o TLI e o CFI, é possível verificar que eles apresentaram
valores acima de 0,80 (TLI = 0,908 e CFI = 0,917), o que também indica um bom
ajuste do modelo.
O RMSEA apresentou um valor de 0,060 [0,056; 0,063], abaixo do limite
máximo de 0,10, o que também indica um bom ajuste de modelo.
Tabela 25 Parâmetros de qualidade do modelo JWRL/ JD
Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 39 sintetiza o ajuste da Análise Fatorial Confirmatória para JD/
JWRL, e confirma a validade do modelo.
Medidas de Qualidade Estatística Estatística de Teste Reescalada
do Ajuste de Teste (Satorra e Bentler 1994)
χ² 1665,32 999,84
G.L. 293 293
χ²/G.L. 5,68 3,41
TLI 0,907 0,908
CFI 0,916 0,917
RMSEA0,083 0,060
[0,079; 0,087] [0,056; 0,063]
valor-p (RMSEA≤0,05) 0,000 0,000
!114
Figura 39 Análise Fatorial Confirmatória JWRL/ JD
Fonte: elaborado pelo autor
5.3.4 Associações TOM e recomendação de marca
Pesquisadores geralmente assumem que as associações de uma marca
Top of Mind representam conhecimento ímpar sobre a marca (STEPCHENKOVA; LI
2013).
Para analisar a associação entre a variável TOM e “Recomendação da
marca” foi utilizado o teste Qui-Quadrado (AGRESTI, 2002) enquanto que para a
variável TOM e os construtos “Consciência de Marca”, “Qualidade Percebida”, “Valor
!115
Percebido”, “Personalidade da Marca”, “Associações Organizacionais”, “Lealdade” e
“Brand Equity” foi utilizado e o teste de Mann-Whitney (HOLLANDER; WOLFE,
2013).
A Tabela 26 apresenta a comparação dos resultados entre respostas cuja
marca Jack Daniel’s foi apontada como TOM, e não TOM, e entre os demais
construtos.
Dessa forma, conclui-se que os indivíduos que apontaram Jack Daniel’s
como sua marca Top of Mind, apresentaram mediana significativamente maior
(valor-p = 0,000) em todos os construtos e no total brand equity, do que os
indivíduos que pensaram em uma outra marca de uísque.
Nas Tabelas 26 e 27, Valor-p¹ refere-se ao Teste de Mann-Whitneyalor.
!116
Tabela 26 Comparação dos construtos entre o TOM JD
Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 27 apresenta a comparação dos resultados entre respostas cuja
marca JWRL foi apontada como TOM, e não TOM, e entre os demais construtos.
TOM - Jack Daniel's N Média E.P. 1º Q. 2º Q. 3º Q. Valor-p1
Consciência de MarcaNão 155 4,97 0,07 4,46 5,15 5,75
0,000Sim 157 5,50 0,04 5,19 5,69 5,91
Qualidade PercebidaNão 155 4,95 0,08 4,51 5,09 5,77
0,000Sim 157 5,46 0,05 5,13 5,58 6,00
Valor PercebidoNão 155 5,25 0,07 4,64 5,51 6,00
0,000Sim 157 5,66 0,04 5,50 6,00 6,00
Personalidade da MarcaNão 155 4,74 0,09 4,21 4,94 5,74
0,000Sim 157 5,24 0,06 4,94 5,48 6,00
Associações OrganizacionaisNão 155 5,08 0,07 4,53 5,31 6,00
0,000Sim 157 5,49 0,05 5,15 5,77 6,00
LealdadeNão 155 5,14 0,08 4,66 5,40 6,00
0,000Sim 157 5,58 0,05 5,34 6,00 6,00
Brand EquityNão 155 4,66 0,11 3,98 4,96 5,76
0,000Sim 157 5,59 0,05 5,37 6,00 6,00
!117
Tabela 27 Comparação dos construtos entre o TOM JWRL
Fonte: elaborado pelo autor
TOM em muitos casos é entendido como a maior das vantagens
competitivas de uma marca (STEPCHENKOVA; LI, 2013). Como apresentado, as
médias de JD foram superiores às encontradas em JWRL. O Gráfico 1, apresenta
um comparativo entre os resultados das médias de JD e JWRL para respostas não
TOM e o Gráfico 2 apresenta o resultado encontrado em respostas cujas marcas
foram TOM.
TOM - Johnnie Walker N Média E.P. 1º Q. 2º Q. 3º Q. Valor-p1
Consciência de MarcaNão 223 4,49 0,07 3,79 4,64 5,28
0,000Sim 144 5,20 0,05 4,85 5,27 5,72
Qualidade PercebidaNão 223 4,40 0,09 3,51 4,67 5,51
0,000Sim 144 5,02 0,10 4,53 5,30 6,00
Valor PercebidoNão 223 3,84 0,10 2,77 4,00 5,00
0,000Sim 144 4,63 0,10 3,90 5,00 5,53
Personalidade da MarcaNão 223 4,35 0,08 3,54 4,43 5,22
0,000Sim 144 4,97 0,08 4,37 5,12 5,81
Associações OrganizacionaisNão 223 4,45 0,09 3,47 4,81 5,68
0,000Sim 144 5,18 0,09 4,66 5,64 6,00
LealdadeNão 223 3,70 0,11 2,39 3,80 5,20
0,000Sim 144 4,77 0,11 4,19 5,20 5,80
Brand EquityNão 223 4,20 0,08 3,28 4,32 5,25
0,000Sim 144 4,95 0,08 4,52 5,22 5,75
!118
Gráfico 1 Comparativo resultados JD e JWRL, quando não são TOM
! Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 2 Comparativo resultados JD e JWRL, quando TOM
! Fonte: elaborado pelo autor
Nota-se também que nos construtos Valor Percebido e Lealdade, há
grande diferença entre as duas marcas. Ferreira e Coelho (2015) sugerem uma
relação entre preço premium e lealdade. Os autores propõem que preço mais alto é
visto como sinal de qualidade superior e que consumidores estão mais inclinados a
ser leais a esses produtos. Vale colocar que a JD possui em média um preço
premium com relação à JWRL.
CM QP VP PM ASO L BE
4.23.7
4.454.353.84
4.44.49 4.665.145.08
4.745.25
4.954.97
JD JWRL
CM QP VP PM ASO L BE
4.954.775.184.97
4.635.025.20
5.595.585.495.24
5.665.465.50
JD JWRL
!119
Quando não TOM, as médias das respostas de JD são superiores às
médias de JWRL quando TOM como apresentado no Gráfico 3.
Gráfico 3 Comparativos JD e JWRL construtos PM e L
!Fonte: elaborado pelo autor
Tal resultado mostra maior força da marca JD sobre JWRL, especialmente
no construto Lealdade a marca. Construto esse que foi o de maior peso para
formação do BE de JWRL.
A Tabela 28, apresenta a comparação de recomendação da marca JD por
construto.
Pode-se concluir que em todos os construtos, e no BE, os indivíduos que
recomendam a marca Jack Daniels (promotores, responderam 9 ou 10 na pergunta
LPD1), apresentaram mediana significativamente maior (valor-p = 0,000) do que os
indivíduos que não são recomendam a marca Jack Daniels (detratores e neutros,
responderam de 1 a 8 na pergunta LPD1).
PM L BE
4.954.774.97
4.2
3.7
4.35
5.595.585.24
4.665.14
4.74
JD N/TOM JD TOM JWRL N/TOM JWRL TOM
!120
Tabela 28 Comparação da Recomendação da marca JD por construto
Fonte: elaborado pelo autor
A tabela 29 apresenta a comparação de recomendação da marca JWRL
por construto.
Pode-se concluir que em todos os construtos e BE, os indivíduos que
recomendam a marca JWRL (promotores, que responderam 9 ou 10 na pergunta
LPD1), apresentaram mediana significativamente maior (valor-p = 0,000) do que os
indivíduos que não são recomendam a marca JWRL (detratores e neutros, que
responderam de 1 a 8 na pergunta LPD1).
Recomendação da Marca - Jack Daniels N Média E.P. 1º Q. 2º Q. 3º Q. Valor-p¹
Conhecimento de Marca
Não recomenda 90 4,48 0,10 3,83 4,62 5,300,000
Recomenda 222 5,51 0,04 5,16 5,68 6,00
Qualidade Percebida
Não recomenda 90 4,74 0,09 4,18 4,77 5,440,000
Recomenda 222 5,74 0,03 5,57 6,00 6,00
Valor PercebidoNão recomenda 90 4,04 0,11 3,49 4,24 4,74
0,000Recomenda 222 5,38 0,04 4,99 5,49 6,00
Personalidade da Marca
Não recomenda 90 4,55 0,09 4,00 4,69 5,200,000
Recomenda 222 5,59 0,04 5,26 5,77 6,00
Associações Organizacionais
Não recomenda 90 4,58 0,10 4,00 4,66 5,320,000
Recomenda 222 5,68 0,03 5,49 6,00 6,00
LealdadeNão recomenda 90 3,87 0,13 3,22 4,15 4,74
0,000Recomenda 222 5,64 0,04 5,40 6,00 6,00
Brand EquityNão recomenda 90 4,37 0,09 3,92 4,46 4,95
0,000Recomenda 222 5,59 0,03 5,35 5,74 5,92
!121
Tabela 29 Comparação da Recomendação da marca JWRL por construto
Fonte: elaborado pelo autor
Como apresentado na Tabela 28 e 29, pode-se concluir que BE precede a
recomendação de marca.
O gráfico 4, apresenta o percentual de promotores de cada uma das
marcas estudadas
Recomendação da Marca - Johnnie Walker N Média E.P. 1º Q. 2º Q. 3º Q. Valor-p¹
Conhecimento de Marca
Não recomenda 218 4,33 0,07 3,72 4,49 5,000,000
Recomenda 149 5,42 0,05 5,02 5,57 6,00
Qualidade Percebida
Não recomenda 218 3,97 0,08 3,04 4,01 5,000,000
Recomenda 149 5,62 0,05 5,45 6,00 6,00
Valor PercebidoNão recomenda 218 3,37 0,09 2,50 3,50 4,37
0,000Recomenda 149 5,29 0,06 5,00 5,50 6,00
Personalidade da Marca
Não recomenda 218 3,99 0,07 3,22 4,11 4,810,000
Recomenda 149 5,48 0,05 5,09 5,66 6,00
Associações Organizacionais
Não recomenda 218 4,11 0,09 3,25 4,24 5,070,000
Recomenda 149 5,66 0,04 5,47 5,85 6,00
LealdadeNão recomenda 218 3,21 0,09 2,01 3,39 4,40
0,000Recomenda 149 5,44 0,06 5,01 5,61 6,00
Brand EquityNão recomenda 218 3,82 0,07 3,07 3,86 4,66
0,000Recomenda 149 5,49 0,04 5,23 5,62 5,90
!122
Gráfico 4 percentual de promotores das marcas JWRL e JD
!Fonte: elaborado pelo autor
O nível de recomendações de JD foi 77% maior que em JWRL, que
reflete também em JD possuir mais menções TOM, maior BE.
O Gráfico 5 apresentam o resultados dos construtos para ambas as
marcas quando os respondentes são promotores das marcas.
Gráfico 5 Comparação das dimensões e BE de promotores de JD e JWRL
!Fonte: elaborado pelo autor
JWRL
JD
0.0% 25.0% 50.0% 75.0% 100.0%
28.8%
59.4%
71.2%
40.6%
Promotores Não Promotores
CM QP VP ASO PM L BE
5.55.45.55.75.3
5.65.4 5.65.65.65.7
5.45.7
5.5
JD JWRL
!123
O Gráfico 6 apresentam o resultados dos construtos para ambas as
marcas quando os respondentes não promotores das marcas.
Gráfico 6 Comparação das dimensões e BE de não promotores de JD e JWRL
!Fonte: elaborado pelo autor
Como apontado pelos gráficos 5 e 6, JD possui resultados superiores em
comparação a JWRL para todas as dimensões e BE.
O gráfico 7, aponta a comparação de respostas entre promotores e não
promotores das dimensões com maior peso para a formação do BE de ambas JWRL
e JD. Destaca-se a diferença nas respostas de promotores e não promotores das
marcas. E mesmo para não promotores de JD, os consumidores apontam índices
de Lealdade e brand equity muito superiores ao e JWRL.
CM QP VP ASO PM L BE
3.8
3.2
4.04.1
3.4
4.04.3 4.4
3.9
4.64.6
4.0
4.74.5
JD JWRL
!124
Gráfico 7 Comparação das dimensões e BE de não promotores de JD e JWRL
!Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 30 apresenta a comparação da Recomendação da Marca e o
TOM entre os uísques Jack Daniel's e Johnnie Walker.
Tabela 30 Comparação da Recomendação da marca entre o TOM.
Fonte: Autor. ¹ Teste Qui-Quadrado.
Nos dados apresentados pode-se concluir que em relação à marca JD
houve diferença significativa (valor-p = 0,000) quanto à Recomendação da Marca.
Isto é, dos indivíduos que mencionam JD como TOM, 86,60% recomendam a marca
– enquanto que os indivíduos que não apontaram JD como TOM houve uma queda
de 30 pontos percentuais, resultando em 55,50% de recomendação.
VP L BE
5.55.45.3
3.8
3.23.4
5.65.65.4
4.43.94.0
N/Promotores JD Promotores JD N/Promotores JWRL Promotores JWRL
Variáveis
TOM
Valor-p¹Não Sim
N % N %
Jack Daniel'sNão recomenda 69 44,50% 21 13,40%
0,000Recomenda 86 55,50% 136 86,60%
Johnnie WalkerNão recomenda 155 69,50% 63 43,80%
0,000Recomenda 68 30,50% 81 56,20%
!125
Quanto ao uísque Johnnie Walker também houve diferença significativa
(valor-p = 0,000) da Recomendação da Marca. Dentre os indivíduos que apontaram
JWRL como TOM, um total de 56,20% recomenda a marca, enquanto que os
indivíduos que não apontaram como TOM, a queda foi de 26 pontos percentuais,
totalizando 30,50% de recomendação.
Essa diferença, novamente, ressalta que no modelo testado e aprovado
na pesquisa, a marca JD possui maior força em TOM, BE e recomendação de
marca. Alta participação de mercado não se transfere em maiores níveis nos
atributos de marca (MYERS, 2003) e se nota que aqueles indivíduos que possuem
JWRL como marca TOM não a recomendam na mesma proporção que JD.
5.4 Hipóteses
A partir dos resultados obtidos com a survey, e cruzando-as com as
hipóteses propostas para o trabalho, o Quadro 5 apresenta o suporte ou não de
cada uma delas.
Quadro 5 Apresentação e sustentação das hipóteses
Fonte: elaborado pelo autor
Conforme apresentado na Tabela 31, as quatro hipóteses do estudo foram
colocadas separadamente para as marcas JWRL e JD.
Hipótese Marca Resultado
H1 – a Lealdade de marca influencia positivamente o BE.JWRL suportado
JD suportado
H2 - TOM (consciencia de marca espontânea) influencia positivamente no BE.
JWRL suportado
JD suportado
H3 - TOM (consciencia de marca espontânea) influencia positivamente a lealdade de marca.
JWRL suportado
JD suportado
H4 - B.E. influencia positivamente em recomendações a marca.
JWRL suportadoJD suportado
!126
A hipótese 1, “A Lealdade de marca influencia positivamente o BE” foi
comprovada em ambas as marcas, pois apresentou coeficiente de correlação
CF>0,7, como havia sido destacado nos sub-itens anteriores.
A hipótese 2, “TOM (consciência de marca espontânea) influencia
positivamente no BE” foi suportada para ambas as marcas, pois para os
respondentes que apontaram a marca como TOM, o resultado de BE foi
significativamente superior com relação aos que não apontaram.
A hipótese 3, “TOM (consciência de marca espontânea) influencia
positivamente a lealdade de marca” foi suportada para ambas as marcas. Similar à
H2, para os respondentes que apontaram a marca como TOM o resultado de
Lealdade de marca foi significativamente superior com relação aos que não
apontaram.
A hipótese 4 “B.E. influencia positivamente em recomendações da
marca.” foi suportada para ambas as marcas, conforme apresentado nas Tabelas 28
e 29. Os respondentes que recomendam as marcas (os promotores, que
responderam 9 ou 10 na pergunta LPD1) apresentaram BE significativamente
superiores aos neutros ou detratores.
!127
6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa percorreu uma sequência lógica, na qual foi encontrado um
tema relevante tanto para a indústria, quanto para a academia. Sabe-se que BE é
um tema de alta relevância para ambos, e com grande divergência de modelos de
mensuração, também não há consenso sobre a existência de uma hierarquia de
forças entre as dimensões que formam o BE.
Descobriu-se, ainda uma carência quanto a profundidade do estudo do
construto Consciência de Marca como dimensão do BE, visto que nos modelos
teóricos estudados utilizava-se como escala o reconhecimento de marca. Portanto, o
presente estudo integrou o construto consciência de marca espontânea, ou Top of
Mind.
Tendo objetivos e problema de pesquisa definidos, o estudo realizou uma
imersão teórica para identificar no modelo de Oliveira et al. (2015) o mais adequado
para suportar a metodologia de estudo. A pesquisa de campo é aplicada, totalizando
uma amostra de 679 indivíduos, e comprova-se a validade do modelo teórico e
estatístico.
A utilização do Facebook como ferramenta para suportar a coleta de
dados foi de grande importância para o estudo, pois apresentou uma amostra
diversificada, com variação de nível socioeconômico mais próxima da realidade da
encontrada na cidade de São Paulo. Enquanto pesquisas acadêmicas utilizam
amostra por conveniência de estudantes universitários em classes sociais
homogêneas, o presente estudo obteve respostas de todas as classes sociais.
O objetivo geral foi investigar se a lealdade de marca possui maior
influência no Brand Equity do que as outras dimensões. A análise de dados mostrou
que a Lealdade à marca possui grande influência no BE, sendo a de maior peso na
marca JWRL, mas não apresentando resultado similar na marca JD. No caso da
marca JD, foi o segundo construto de maior peso.
Dentre os objetivos secundários estava primeiramente analisar se há
diferenças entre lealdade de marca para consumidores TOM e não TOM. E foi
possível identificar que consumidores que têm a marca como TOM tendem a ser
!128
mais leais que aqueles que não tem a marca como TOM. Entretanto, isso não pode
ser validado entre marcas, já que a Lealdade é maior para consumidores que não
têm a marca JD como TOM, do que para consumidores que têm JWRL como TOM.
E finalmente, também como objetivo secundário estava analisar se o BE
pode influenciar a recomendação de marca. E foi possível comprovar empiricamente
que os consumidores que recomendam as marcas (promotores de marca), possuem
níveis de BE significativamente superiores àqueles que não recomendam (neutros
ou detratores).
O estudo apresenta como contribuições gerenciais a validação do modelo
de mensuração de BE de Olivera et al (2015) para produtos de alto valor agregado,
algo que até então não havia sido feito. E possibilitou confirmar quais dimensões são
mais relevantes para influenciar na construção de marcas de valor no longo prazo, e
reiterou o peso da Lealdade de marca.
O estudo também contribui com o tema de consciência de marca, ao
apontar que quando a marca é TOM possui outras dimensões de maior peso para
construção de valor da marca, não apenas CM. Isso é de fundamental importância,
pois demonstra que mesmo que a marca realize altos investimentos em mídia, é
necessário uma mensagem relevante e ações diferenciadas que ajudem a construir
as outras dimensões do BE.
Outro ponto importante se dá quanto à preferência por uma marca. Ainda
que seja a número 1 em consumo, a JWRL não possui níveis de TOM,
recomendação ou BE altos como o de JD.
Dentre as limitações do estudo pode ser apontada a utilização de uma
marca, JWRL, que está dentro de uma marca mãe com grande relevância no
mercado. Na pergunta CM1, “qual a primeira marca de uísque que vem a sua
cabeça?”, foi possível encontrar seis referências à família JW. Enquanto com a
marca JD, que tem situação diferente por ser praticamente única no portfólio e
mercado brasileiro, teve apenas diferenças em grafia.
Com isso, é possível que resultados da marca JWRL tenham sido inflados
pela força da família Johnnie Walker.
!129
Entre as sugestões para estudos futuros estão a inclusão de todos os
níveis de Consciência de marca, além de TOM. O nível lembrança de marca e
reconhecimento de marca podem ser analisados e proporcionar grandes
aprendizados ao tema de BE. A marca JWRL é TOM para 40% dos participantes da
pesquisa, mas possui virtualmente 100% de lembrança e reconhecimento de marca.
Outra recomendação para estudos está em explorar as possibilidades que
foram apresentadas ao utilizar o Facebook como ferramenta auxiliar de pesquisa.
Devido aos filtros que a rede disponibiliza é possível realizar um campo com
indivíduos de cidades e países diferentes para comparação de resultados, e
entender a validade do modelo em grupos culturais diferentes. No caso de uísque, é
de grande valia a realização de uma pesquisa similar no Recife (PE), cidade com
maior consumo per capta de uísque no país (Nielsen, 2017), aplicando o método de
Yoo e Donthu (2002), para direcionar gerentes de marketing que devem trabalhar
com culturas diferentes.
Uma última recomendação para estudos futuros seria uma aplicação para
identificar a correlação de consciência de marca com consumo, como apresentado
pelo estudo de McKinsey, na Figura 33 em outros setores.
!130
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APÊNDICE I– Questionário
Esse questionário destina-se ao desenvolvimento de uma dissertação de mestrado. A maior parte das perguntas apresenta uma afirmação para a qual você deverá indicar o seu grau de concordância, em uma escala de “discordo totalmente" (1) a "concordo totmente" (6).A duração prevista para responder a todas as perguntas é de menos de 5 minutos. Não existe resposta correta, apenas a expressão de sua opinião.As respostas são absolutamente confidenciais, já que os dados serão tratados de forma agregada, ou seja: não serão identificadas na análise nem a pessoa que respondeu, nem a que solicitou.Caso queira participar de um sorteio de duas garrafas de whisky 12 anos, deixe seu email ao final do questionário.Obrigado por responder ao questionário!Giuliano Odone
Pergunta eliminatória:
Você consumidor uísque nos últimos 3 meses?
Sim____ Não____ (eliminado)
CM1: Quando você pensa em uísque qual a primeira marca que vem à sua cabeça? (escreva apenas uma marca)
________________________
CM2: Quais outras marcas de uísque você conhece? (separe-as por uma vírgula)
_______________________
CM3: Selecione todas as marcas que você conhece, incluindo aquelas que você já mencionou anteriormente. Clique no nome de cada marca conhecida, mesmo que nunca tenha bebido antes.
Ballantines Black & White Buchannas Chivas Regal
Cutty Sark Famous Grouse Gentleman Jack Grant’s
The Glenlivet Glenfiddich J&B Jack Daniel's
Jameson Jim Beam Johnnie Walker Red Label
Johnnie Walker Black Label
Logan Natu Nobilis Old Parr Passport
Teacher’s Wild Turkey White Horse
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(início de questões em ordem aleatória)
(Mudança de bloco, e início de questões sobre inércia)
(Mudança de bloco, e início de questões sobre recomendação)
Execução na survey escalaCM4: Tenho pleno conhecimento da marca X Likert de 6 pontosCM5: Quando penso em uísque, a marca X é uma das primeiras que vem à minha mente.CM6: Estou muito bem familiarizado com a marca X, e com o que ela pode oferecer aos seus consumidoresCM7: Eu sei como a marca X se apresenta no mercadoCM8: Consigo reconhecer, distinguir a logomarca do uísque X entre outros produtos no mercado.QP1: A marca X oferece um uísque de qualidade muito boaQP2: A marca X sempre mantém a qualidade dos produtos oferecidos de forma bastante consistenteQP3: A marca X oferece produtos muito confiáveisQP4: A marca X oferece produtos com características excelentesVP1: Vale a pena gastar dinheiro com produtos da marca XVP2: Dentro das opções de compra de uísque, considero a marca X uma boa compra.VP3: Considerando o que se paga pela marca Johnnie Walker Red Label, recebe-se muito mais do que se pagaVP4: Eu considero a marca Johnnie Walker Red Label um bom negócio por causa dos benefícios que oferecePM1: A marca Johnnie Walker Red Label tem personalidadePM2: A marca Johnnie Walker Red Label é interessante, sempre chama minha atençãoPM3: Eu tenho uma imagem clara do tipo de pessoa que um uísque da marca Johnnie Walker Red Label seria.PM4: A marca Johnnie Walker Red Label tem uma história muito positivaASO1: Johhnie Walker Red Label é uma marca na qual eu confiariaASO2: Admiro a organização que existe por trás da marca Johnnie Walker Red LabelASO3: Os produtos da marca Johnnie Walker Red Label tem credibilidadeAS4: Eu me sentiria orgulhoso de possuir (mais) produtos da marca Johnnie Walker Red LabelL1: Digo coisas positivas sobre a marca Johnnie Walker Red Label para outras pessoasL2: Recomendo a marca Johnnie Walker Red Label para alguém que peça meu conselhoL3: Encorajo amigos e parentes a experimentar a marca Johnnie Walker Red LabelL4: Considero a marca Johnnie Walker Red Label como minha primeira escolha na compra de um uísqueL5: Consumirei mais produtos da marca Johnnie Walker Red Label nos próximos meses
Execução na survey escalaIN1: Tenho intenção de trocar de marca uísque Likert de 6 pontosIN2: Em geral, seria inconveniente e trabalhoso escolher e trocar de marca de uísque IN3: Eu acho difícil comparar marcas de uísque
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(Mudança de bloco, e início de questões de perfil)
Grau de escolaridade:
Local de residencia
Idade (aberta)Genero: Masculino: ____ Feminino:____
Qual sua ocupação: _________
Faixa de Renda
Execução na survey escalaLPD1: Qual é a probabilidade de você recomendar a marca Johnnie Walker Red Label a um amigo ou colega?
Likert de 10 pontos
Fundamental Incompleto ( ) Médio Completo ( ) Pós graduação incompleta ( )
Fundamental Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Pós graduação completa ( )
Médio Incompleto ( ) Superior Completo ( )
Cidades da grande SP Interior de SP
Litoral de SP Outros Estados
Até 2 salários mínimos ( ) De 10 a 20 salários mínimos ( )
De 2 a 4 salários mínimos ( ) Acima de 20 salários mínimos ( )
De 4 a 10 salários mínimos ( )