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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO DE TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA ALINE CAROLINA MACHADO FURTADO MARIA PAULA PINHEIRO NOGUEIRA THAMIRES FEIJÃO LIMA A DOENÇA DE CHAGAS E A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X DE TÓRAX COMO O DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE CARDIOMEGALIA CHAGÁSICA. Belém Pará 2014

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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA

CURSO DE TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA

ALINE CAROLINA MACHADO FURTADO

MARIA PAULA PINHEIRO NOGUEIRA

THAMIRES FEIJÃO LIMA

A DOENÇA DE CHAGAS E A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X DE TÓRAX

COMO O DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE CARDIOMEGALIA

CHAGÁSICA.

Belém – Pará

2014

ALINE CAROLINA MACHADO FURTADO

MARIA PAULA PINHEIRO NOGUEIRA

THAMIRES FEIJÃO LIMA

A DOENÇA DE CHAGAS E A IMPORTÂNCIA DO RAIO-X DE TÓRAX

COMO O DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE CARDIOMEGALIA

CHAGÁSICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado às Faculdades Integradas Ipiranga como requisito para a obtenção do Grau de Tecnólogo em Radiologia, na modalidade artigo.

Orientador: Prof. M.Sc. Luís Augusto Araujo

dos Santos Ruffeil

Belém – Pará

2014

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente que permitiu que tudo isso acontecesse ao

longo desses três anos de minha vida acadêmica, me dando força , sabedoria e

coragem para superar as dificuldades. Aos meus pais Maria José Machado Furtado

e Júlio César de Lima Furtado pelo amor incondicional, incentivo e apoio nas horas

difíceis de desânimo e cansaço. Obrigada a meus irmãos que nos momentos de

minha ausência dedicado aos estudos me fizeram entender, que para ter um futuro

bom era preciso uma constante dedicação no presente. Ao meu noivo Neto Costa

que esteve sempre ao meu lado me dando apoio moral, valorizando a minha

capacidade e me fazendo acreditar que seria uma grande profissional. Agradeço aos

meus professores pelo apoio e confiança, ao meu orientador pelo empenho

dedicado a elaboração deste trabalho, as minhas parceiras de estudo e trabalho

Maria Paula Nogueira e Thamires Lima que fizeram parte de minha formação

acadêmica. E por fim, mas não menos importante, agradeço do fundo do meu

coração à Dr. Tereza Cristina Brito Azevedo e Jean Diego Santiago que me

ajudaram a tornar esse sonho uma realidade. Muito obrigada à todos que fizeram

parte diretamente e indiretamente da minha formação.

Aline Carolina Machado Furtado

Primeiramente o agradecimento à Deus, pois sem Ele eu não teria

conseguido forças para caminhar. Aos meus pais Rodinilson e Valda, que hoje

sorriem orgulhosos, aos meus irmãos, е a toda minha família que, com muito carinho

е apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

Ao meu namorado Lucas Mansur pelo companheirismo e paciência durante todo o

curso que sempre me incentivou para a nunca desistir dos meus ideais. As minhas

companheiras da faculdade Thamires Lima e Aline Carolina, que se encaixaram

perfeitamente em minha jornada, com suas características distintas, mas que muito

me completavam. Aos amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constante. A

todos os professores do curso, qυе foram tão importantes na minha vida acadêmica.

E por fim, ao meu orientador Augusto Ruffeil que dedicou seu tempo e compartilhou

sua experiência para a conclusão deste TCC.

Maria Paula Pinheiro Nogueira

Agradeço primeiramente a Deus pela minha existência. Aos meus pais, pela

educação e criação. Ao meu filho Luís Brayan pela motivação que me fez concluir

este curso. A toda minha família, pelo apoio que sempre me deram. Ao meu marido

Sebastião Cerdeira, pessoa muito especial e que esteve presente em todos os

momentos. As minhas colegas Aline e Maria Paula, que foram companheiras

durante a realização do curso. Ao meu orientador Luís Augusto Ruffeil, pelos

conselhos e ensinamentos utilizados para a realização deste trabalho. Enfim, a

todos que participaram de forma direta e indireta dessa conquista.

Thamires Feijão Lima

RESUMO

Apesar de ocorrer predominantemente na zona rural, a doença de Chagas representa também um problema nas zonas urbanas. Os diversos programas de controle da doença de Chagas em todo o Brasil têm contribuído na melhoria da condição clinica do paciente. Este estudo objetivou correlacionar bibliograficamente a cardiomegalia chagásica na fase crônica da doença e a utilização de exames radiológicos e comprovar a importância do Raio-X de tórax como o principal exame em valores de diagnóstico significativo e de melhor custo-benefício. De acordo com a Coordenação Estadual do programa de controle da doença de chagas/DCDTV/DSVS/ SESPA, são notificados anualmente cerca de 130 casos novos e autóctones de doença de Chagas aguda no Estado do Pará. Segundo os dados dessa Coordenação Estadual, de 2006 a 2012 foram diagnosticados em 39 municípios do Estado um total de 926 casos de doença de Chagas aguda. Desse total 75,8% concentram-se em 12 municípios, de um total de 144 que o Pará possui. Os exames de Raio-X de tórax na fase crônica da doença de Chagas revelam a cardiomegalia global discreta, moderada ou acentuada. Nos casos mais avançados constatamos aumento muito acentuado da área cardíaca. Este exame imaginológico, é o mais comuns dentre todos os procedimentos radiológicos. O Raio-X de tórax é o mais utilizado para o acompanhamento, por proporcionar um diagnóstico rápido, eficaz e por ser um exame relativamente barato, tanto para a clínica ou hospital que presta o serviço quanto para o preço da realização dos exames para o paciente. Atualmente não há critérios de cura clínica para a doença de Chagas sendo assim o acompanhamento deve ser por tempo indeterminado.

Palavras-chaves: Doença de Chagas, Cardiomegalia Chagásica, Raio-X de tórax.

ABSTRACT

Despite occur predominantly in rural areas, Chagas disease is also a problem in urban areas. The various Chagas disease control programs in Brazil contributed in improving the clinical condition of the patient.This study aimed to bibliographically correlate Chagas cardiomegaly in chronic phase of the disease and the use of radiological exams, demonstrating the importance of torax X-ray as a primary examination in significative values and cost-effective.According to the State Coordination of the Chagas disease control program / DCDTV / SVSD / SESPA anually are reported each year about 130 new and autochthonous cases of acute Chagas' disease in Pará State.According to the data of this State Steering Committee, 2006 to 2012 were diagnosed in 39 counties in the state a total of 926 cases of acute Chagas disease. Of this total 75.8% are concentrated in 12 municipalities, with a total of 144 that has Pará. The X-ray examinations of the chest in the chronic phase of Chagas disease revealed a mild, moderate or severe global cardiomegaly. In more advanced cases we see very sharp increase in the cardiac area. This imaging examination, is the most common among all radiologic procedures. The X-ray of the chest is the most used for monitoring, by providing a fast, effective and relatively inexpensive to be a test for both the clinic or hospital providing the service and for the price of the exams for the patient diagnosis. There are currently no criteria for clinical cure for Chagas disease therefore monitoring should be indefinite.

Keywords: Chagas Disease, Chagas Cardiomegaly, Chest X-Ray.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 9

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 9

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICO ................................................................................ 9

3. DOENÇA DE CHAGAS .................................................................................... 10

3.1 TRYPANOSSOMA CRUZI .............................................................................. 10

3.2 TRANSMISSÃO DO TRYPANOSSOMA CRUZI ............................................. 11

3.3 FASES DA DOENÇA ...................................................................................... 12

4. DIAGNÓSTICO POR RAIO-X ........................................................................... 14

5. METODOLOGIA ............................................................................................... 19

6. RESULTADOS .................................................................................................. 20

7. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 22

8. CONCLUSÃO ................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 25

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1. INTRODUÇÃO

A doença de Chagas (DCH - tripanossomíase americana) é uma

antropozoonose causada por um protozoário flagelado, o Trypanosoma cruzi. A

enfermidade encontra-se amplamente distribuída em todo continente americano,

desde o Sul dos Estados Unidos até a Argentina (FERREIRA et al., 2009).

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, calcula-se em cerca de 2,5

a 3 milhões o número de infectados, boa parte vivendo nas cidades. Em

consequência do fluxo de indivíduos de baixa condição socioeconômica das áreas

rurais para centros urbanos e principalmente em populações pobres que residem em

condições precárias (LANA et al., 2005).

A Amazônia foi por muitos anos considerada indene de doença de Chagas e

mesmo depois de detectados os primeiros casos humanos autóctones à doença era

tida ainda rara, mas sabe-se hoje, através de informações descritas em literaturas,

artigos científicos e informações do Instituto Evandro Chagas (IEC) que há o

reconhecimento crescente de casos autóctones na ultima década (VALENTE et al.,

1997). A ocorrência de casos na Amazônia está tendo seu risco aumentado

proporcionalmente à aproximação, cada vez maior entre vetores reservatórios de

Trypanossoma e o homem (COURA JR, 1994, 2002; FERREIRA et al., 2009).

Os casos mais recentes de transmissão da Doença de Chagas por via oral no

Brasil estão relacionados ao consumo do suco de Açaí fresco. Em 2007, 100

ocorrências da doença foram registradas no País, todas na região Norte (ANVISA,

2008).

O parasita é usualmente transmitido ao ser humano através de hospedeiros

intermediários que são insetos hemípteros, hematófagos, que vivem no interior das

casas pobres, cujas paredes e tetos contem buracos, frestas ou rachaduras onde

podem esconder-se durante o dia (ANDRADE et al., 1998).

Existem cinco formas principais de transmissão da doença que são:

transmissão pelo vetor, transfusão sanguínea, transmissão congênita, acidentes de

laboratório e transmissão oral. Há três formas clínicas clássicas da doença de

Chagas: aguda, intermediária e crônica e são em todas as fases que são registradas

alterações cardíacas e a cardiomegalia chagásica como agravante na fase crônica

da doença, sejam em maiores intensidades e outras não tão significativas.

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Além da avaliação eletrocardiográfica que irá estudar a fisiologia da área

cardíaca, é fundamental a realização do Raio-X de tórax, que demonstrará as

dimensões e características patológica comparando-se com a anatomia normal do

órgão. É de grande importância para a realização do exame de Raio-X de tórax a

aplicação das técnicas corretas como posicionamento do paciente, centralização,

colimação dos feixes de Raio-X, distância foco-filme e fatores técnicos (Kv, mA,

mAs) para que não haja um resultado falso-positivo.

Os achados radiológicos encontrados na Cardiomegalia Chagásica Crônica,

embora apresentem algumas semelhanças com encontrados em outras

miocardiopatias, mostram certas peculiaridades, como por exemplo, nos aspectos

de pulmões limpos pode ajudar no diagnóstico diferencial com outras

miocardiopatias, uma vez que nestas a congestão pulmonar costuma ser

proporcional ao grau da cardiomegalia (MALTA et al., 2005).

Os pacientes diagnosticados com a doença de Chagas devem ser avaliados

periodicamente para detecção precoce de sinais e sintomas sugestivos de

cardiopatia durante toda a sua vida.

Com base nas pesquisas, a doença está mais ligada a lugares com condições

precárias, de moradias feitas de barro ou pau-a-pique, falta de saneamento básico,

falta de higiene e até mesmo de conhecimento de um dos maiores vetores da

doença o “barbeiro”. Sabe-se também que em muitos lugares do interior o acesso a

hospitais que façam exames parasitológicos são de difícil acesso, sendo assim o

Raio-X de tórax se torna essencial, com resultado significativo, e de menor custo

benefício em relação outros exames imaginológicos, ajudando a diagnosticar junto

com os sintomas o laudo da doença. O objetivo deste trabalho é comprovar

bibliograficamente a importância da utilização do Raio-X de tórax para todas as

fases da doença, principalmente na fase crônica, buscando também informar que o

acompanhamento médico é prioridade para o tratamento.

A principal causa de morbidade e mortalidade na doença de chagas é o

acometimento cardíaco que ocorre de 5 a 30 anos após a infecção primaria em

cerca de 30% dos indivíduos infectados pelo T.cruzi. O Projeto tem como finalidade

a avalição representativa, ou seja, uma abordagem aprofundada do quadro clínico e

do manejo do paciente durante cada possível fase evolutiva da doença. A

expectativa é conseguir esclarecer os maiores erros cometidos, pelo paciente e/ou

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hospital de saúde, junto com importância do acompanhamento radiológico durante

todo o período de vida do paciente após o diagnóstico de doença de Chagas.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Descrever a utilização dos exames de Raio-X de tórax no diagnóstico e

acompanhamento da cardiomegalia chagásica

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Comprovar a importância do Raio-X de tórax como o principal exame em

valores de diagnóstico significativos e de melhor custo benefício;

Avaliar as vantagens e desvantagens do exame de Raio-X no diagnóstico do

paciente chagásico em comunidades urbanas e rurais;

Destacar a importância da boa formação técnica dos técnicos e tecnólogos

em radiologia para a obtenção de resultados precisos dos exames de Raio-X.

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3. DOENÇAS DE CHAGAS

3.1 TRYPANOSOMA CRUZI

O Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de chagas. É um

protozoário flagelar da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e gênero

Trypanosoma. Apresenta um núcleo oval, um flagelo em sua extremidade superior,

além de uma estrutura conhecida como cinetoplasto, que excede os limites da

membrana parasitária. Esta última característica permite diferenciar o Trypanosoma

cruzi do Trypanosoma rangeli que é outra espécie de Trypanosoma que infecta o

homem em alguns países das Américas do Sul e Central. A espécie Trypanossoma

cruzi tem peculiaridades de genotípica pelo fato de poder se desenvolver em dois

diferentes tipos de hospedeiros. Um deles é Tryatomineo, inseto invertebrado vetor

natural do Trypanosoma cruzi. O outro é o homem além de animais domésticos e

silvestres (MALTA et al., 2005).

Em relação a insetos vetores, temos o Barbeiro, popularmente conhecido

como “chupança”, “fincão”, “bicudo”, “chupão” e “procotó”. Essa doença foi

descoberta em 1909, em Lassance (MG), por Carlos Chagas, um cientista brasileiro

que lá se encontrava trabalhando no combate a malária que atingia aquela região

por ocasião de uma ferrovia. Ao se instalar na região, Carlos Chagas tomou

conhecimento da existência do “barbeiro” ou “chupão”, inseto hematófago que

residia nas habitações humanas sugando as pessoas durante o sono (MALTA et al.,

2005).

No dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma criança febril, de dois anos de

idade, de nome Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo

protozoário encontrado nos barbeiros e nas diversas espécies de animais

examinados. A sintomatologia coincidia com aquela observada nos animais de

laboratório experimentalmente infectados. Berenice é considerada o primeiro caso

clínico humano descrito da doença de Chagas (LANA et al., 2003). Berenice e sua

família mudaram-se mais tarde para cidade de Pirapora, também no norte de Minas

Gerais, passando a residir em casa de boa qualidade, não habitada por barbeiros.

Em 1962 ela foi submetida a uma minuciosa avaliação clinica.

Através de xenodiagnóstico, foi possível isolar parasitos de seu sangue.

Nessa ocasião, 53 anos após a descoberta da infecção, a paciente apresentava-se

11

normal no tocante às manifestações clínicas da doença. Em 1978 a paciente

Berenice foi reavaliada colhendo-se outra amostra do parasita, verificando-se

novamente ausência de qualquer alteração clínica atribuível à doença de chagas.

Berenice morreu no dia 11 de setembro de 1982, com 75 anos de idade e 73 anos

de infecção pelo Trypanossoma cruzi. Não foi possível a realização de necropsia,

mas pelas investigações realizadas, sua causa de morte não poderia ser atribuída à

infecção pelo Trypanossoma cruzi (LANA et al., 2005).

3.2 A TRANSMISSÃO DO T. CRUZI

TRANSMISSÃO VETORIAL, que ocorre por meio das fezes dos Tryatomíneos.

Esses, ao picarem os vertebrados, em geral defecam após o repasto, eliminando

formas infectantes de trypomastigotas metasítricos, que penetram pelo orifício da

picada ou por solução de continuidade deixada pelo ato de coçar, ou, mesmo,

através de penetração ativa em mucosas como da boca e dos olhos

(ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA, 2009). Os hábitos dos triatomíneos são

noturnos, descendo dos esconderijos nas frestas das paredes e atingindo suas

vítimas nas regiões descobertas, tais como o rosto e os membros. Como a picada é

indolor graças à substância anestésica contida na saliva, o individuo continua

dormindo, e pode levar, inconscientemente, as fezes ate as mucosas, ou no ato de

coçar, introduzi-las no orifício da picada (FERREIRA et al., 2003).

TRANSMISSÃO TRANSFUSIONAL SANGUINEA: Este constitui o segundo

mecanismo de importância epidemiológica na transmissão de doenças de Chagas.

Esta importância é maior ainda nas grandes cidades, onde é a alta prevalência da

infecção. Este mecanismo de transmissão tem adquirido mais importância à medida

que o ministério da saúde tem realizado, em nível nacional, um combate exaustivo

de vetores domiciliares, e que o controle em bancos de sangue é deficiente (LANA et

al., 2005).

TRANSMISSÃO CONGÊNITA: Ocorre pelas passagens de parasitas de mulheres

infectadas pelo Trypanossoma cruzi, para seus bebês durante a gestação ou parto

(ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA, 2009). É a terceira via mais importante de

transmissão da Doença de Chagas, estimando um risco que varia entre 0,5 e 8% de

12

que gestantes infectadas transmitam o parasito a seus conceptos (FERREIRA et al.,

2009).

TRANSMISSÃO ORAL: A transmissão oral comum entre animais do ciclo silvestres

é esporádica e circunstancial em humanos e ocorre pela ingestão de alimentos

contendo triatomíneos ou suas dejeções (GONTIJO, 2008). As formas de

contaminação podem ocorrer quando insetos triatomíneos depositam suas fezes

infectadas na superfície de alimentos ou quando os insetos são triturados no período

de processamento das frutas. Essa é uma possível hipótese para os muitos casos

de infecções ocorridos principalmente no Norte do País associando a ingestão do

fruto do açaí. Desde então a partir de 2007, microepidemias da doença de Chagas

tem sido associado à veiculação de Trypanossoma cruzi na polpa do açaí (PASSAS,

2012).

TRANSMISSAO POR ACIDENTE LABORATORIAL: Ocorre pelo contato da pele

ferida ou de mucosas com material contaminado (sangue de doentes, excretas de

triatomíneos, animais contaminados) durante manipulação em laboratório

(acidental), em geral sem o uso adequado de equipamentos de proteção

(ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA, 2009).

3.3 FASES DA DOENÇA

Na anatomia patológica da doença, encontramos em três fases, são elas:

FASE AGUDA foi sub diagnosticada no passado e provavelmente continua sendo no

presente. Na realidade ela está se tornando uma raridade nos dias de hoje em

virtude do sucesso do programa de profilaxia, mesmo em áreas antes altamente

endêmicas (ANDRADE et al., 1998). Essa fase inicia-se através de manifestações

locais, quando o Trypanossoma cruzi penetra na conjuntiva (Sinal de Romaña) ou

na pele (chagoma de inoculação) (LANA et al., 2003). Outras manifestações são

representadas por febre, mal estar, falta de apetite, aumento do baço e do fígado e

distúrbios cardíacos (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE, 2009). Ao exame

microscópico, verifica-se inflamação dos três folhetos dos gânglios e nervos

intracardiacos (Sistema Nervoso Autônomo Intracardíacos; SNAIC) e do sistema

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excito-condutor, associado a intenso parasitismo e a lesões degenerativas

(ANDRADE, 1983; CASTRO 1987; MILEI, 1994; ROCHA, 1996; LOPES, 2000).

FASE CRÔNICA ASSINTOMÁTICA OU INDERTEMINADA: Sucede a fase aguda

(seja ela aparente ou inaparente) e caracteriza-se pela ausência de manifestações

clínicas da doença, sorologia ou xenodiagnóstico positivo, ausência de alterações

eletrocardiográficas e radiológicas do tórax (VALENTE et al.,1997). A forma

indeterminada é conhecida desde quando esta doença passou a ser estudada pelo

próprio Carlos Chagas, e a denominou “cardíacos potenciais”. Caracteriza-se

também por não apresentar sintomatologia clínica.

FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA: O paciente volta a apresentar sintomas e sinais

clínicos, agora decorrentes da destruição extensa de neurônios parassimpáticos

intramurais, em nível de órgãos do sistema digestivo, particularmente o esôfago e o

cólon terminal (manifestações digestivas); ou de fenômenos de hipersensibilidade e

alto agressão a nível celular miocárdico e de outros mecanismos (VALENTE et al.,

1997).

Nas manifestações cardíacas na cardiopatia chagásica crônica sintomática, o

fator clínico principal é a insuficiência cardíaca congestiva e isto se deve à

diminuição da massa muscular que se encontra muito destruída com consequente

interrupção de fibras e fascículos; a destruição do SNA simpático e parassimpático e

o próprio exsudato inflamatório em atividade são os responsáveis pelos sintomas

(LANA et al., 2003) no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil (ANVISA, 2008), e a mais

importante forma de limitação ao doente Chagásico, sendo a principal causa de

morte (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

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4. DIAGNÓSTICO POR RAIO-X

Os exames de Raio-X de tórax na fase crônica da doença de Chagas revelam

a cardiomegalia global discreta, moderada ou acentuada, aumento isolado do

ventrículo esquerdo, aumento biventricular, congestão vascular pulmonar, etc.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Este exame imaginológico, é o mais comuns

dentre todos os procedimentos radiológicos, ele estuda desde a porção superior do

tronco entre o pescoço e o abdome. A anatomia radiológica do tórax é dividida em

três seções: a caixa torácica, o sistema respiratório e o mediastino.

Para uma avaliação do exame na área cardíaca é importante o conhecimento

do coração. O coração e a raiz nervosa dos grandes vasos estão envolvidos em um

saco com dupla parede chamado de saco pericárdico. O coração esta localizado

posterior ao corpo do esterno e anterior à quinta e oitava vertebras torácicas.

Posiciona-se obliquamente no espaço mediastinal cerca de dois terços do órgão

encontra-se a esquerda da linha média (JOHNSON et al., 2011).

Os grandes vasos no mediastino são as veias, cava inferior e superior, a aorta

e as artérias pulmonares principais. A veia cava superior é uma grande veia que

devolve sangue da metade superior do corpo para o coração e a veia cava inferior é

uma grande veia que retorna sangue da metade inferior do corpo. (JOHNSON et al.,

2011).

A aorta é a maior artéria do corpo (2 a 5 cm de diâmetro em um adulto

médio). Ela transporta sangue para todas as partes do corpo através de seus vários

ramos. Divide-se em três partes: aorta ascendente (a que sai do coração), o arco

aórtico e aorta descendente, a qual passa através do diafragma para o interior do

abdome, tornando-se aorta abdominal (JOHNSON et al., 2011).

Vale Ressaltar que para um diagnóstico verdadeiro do exame de Raio-X, as

aplicações de técnicas Radiológicas para a realização do exame são de extrema

importância. Para uma boa qualidade da imagem deve-se atentar no

posicionamento, centralização, colimação, técnica adequada (Kv, mA, s, mAs) e com

esses parâmetros inseridos corretamente, consequentemente, terá uma boa

qualidade diagnóstica com a capacidade de distinguir estruturas diferentes em

escalas de cinza, com maiores detalhes e nitidez com a qual consegue-se

diferenciar estruturas normais de patológicas.

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Todas as radiografias de tórax devem ser realizadas com paciente em

posição ortostática se a sua condição permitir, podendo assim ter a possibilidade de

o diafragma mover-se mais pra baixo, uma posição mais ereta faz com que o fígado

e os outros órgãos abdominais desçam, permitindo que o diafragma se mova mais

inferiormente na inspiração plena e que os pulmões sejam areados por completo.

Em geral devem ser feitas em apneia inspiratória, que é quando o paciente enche os

pulmões de ar e prende a respiração. O exame deve ser realizado com duas

incidências em Póstero-Anterior (PA) e PERFIL.

Em PA, as mãos devem estar nos quadris com os Cotovelos projetados para

frente, elevação do queixo com extensão suficiente do pescoço do paciente permitirá

que o queixo e o pescoço não se superponham às regiões mais altas dos pulmões –

os ápices pulmonares (Figura 1).

Figura 1: Exame Radiográfico de tórax em PA.

Fonte: JOHNSON et al., 2011

Em Perfil, é fundamental que o paciente esteja de pé com o peso bem

distribuído em ambos os pés e os braços elevados com altura suficiente para evitar

superposição no campo torácico superior (Figura 2). Quando os braços não estão

elevados o suficiente as partes moles do braço superior ficarão superpostas às

porções dos campos pulmonares. Para checar a rotação, confirmar se as superfícies

posteriores dos ombros e a pelve estão diretamente superpostas e perpendiculares

ao receptor de imagem (RI). Um perfil esquerdo é o mais adequado para melhor

demonstrar a região do coração sem tanta magnificação, pois o coração localiza-se

principalmente na cavidade torácica esquerda. (JOHNSON et al., 2011)

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Figura 2: Exame Radiográfico de tórax em Perfil. A seta indica o limite inferior para o

posicionamento do cassete.

Fonte: JOHNSON et al., 2011

Centralização: Necessária para termos certeza que estamos visualizando

todas as estruturas de uma determinada região, tornando-se uma referência em

qualidade do posicionamento (JOHNSON et al., 2011) (Figura 3).

Figura 3: Centralização necessária para Radiografia de tórax.

Fonte: JESUS, 2014

O Raio Central é localizado entre a sétima vértebra torácica (T7) e oitava

vértebra torácica (T8) como referência a proeminência vertebral (JOHNSON et al.,

2011) (Figura 4).

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Figura 4: Raio Central Correto usando a Proeminência vertebral. Distância em um Homem

médio e de 20 cm e na mulher é de 18cm.

Fonte: JOHNSON et al., 2011

Colimação: Além do óbvio beneficio da redução da dose de radiação ao paciente, a

colimação restrita apenas à parte examinada é a chave que permite processar a

imagem pelo computador com ótima qualidade. Uma colimação rigorosa também

melhora a qualidade da imagem por evitar que a radiação secundaria e dispersa de

áreas ao redor (como o denso abdome baixo) atinjam os receptores de imagens. É

importante também que assegurar-se que a borda de colimação superior esteja alta

o bastante, de forma que os ápices não estejam cortados. (Figura 5) Além disso,

permite que o computador forneça informações precisas sobre o índice número de

exposição (JOHNSON et al., 2011)

Figura 5: Diretrizes para a colimação, PA de tórax (A) e Perfil de Tórax (B).

Fonte: JOHNSON et al., 2011

Parâmetros Técnicos: A Distância Foco-Filme deve ser de 1.80cm para ambas as

incidências em PA e Perfil, com o objetivo de evitar a demonstração ampliada

(distorção) da imagem da área cardíaca, o que caso seja realizada com menor

distância, poderá ser exibido um falso aumento da área cardíaca. A Miliamperagem

A B

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(mA) e o tempo (S) são combinados em miliampere segundos (mAs) como fator

primário que controla a quantidade do feixe de Raio-X; O quilovoltagem (kVp)

controla a qualidade ou a capacidade de penetração do feixe de Raio-X e, desta

forma, a escala de contraste em uma radiografia. Portanto, obter aquela exposição

ideal descrita para cada projeção ou posição requer uma boa compreensão destas

variáveis de exposição que são ajustadas no painel de controle pelo Tecnólogo em

Radiologia.

Nas fases iniciais do comprometimento miocárdico, podem-se observar área

cardíaca normal ou sinais de aumento discreto global e homogêneo de todas as

câmaras cardíacas e a ausência de sinais de congestão pulmonar. Isso

provavelmente se deve ao maior comprometimento hemodinâmico do coração

direito. Nos casos mais avançados constatamos aumento muito acentuado da área

cardíaca, observando-se nessa fase, sinais de congestão venosa sistêmica, como

derrame pleural e/ou pericárdico.

Nessa fase da doença a cardiomegalia pode ser tão expressiva que o aspecto

radiológico pode mimetizar aquele encontrado no derrame pericárdico. Vale ressaltar

que, mesmo nessa fase, a congestão pulmonar é, na maioria das vezes, de pequena

intensidade, ou mesmo ausente. Este aspecto de pulmões limpos pode ajudar no

diagnóstico diferencial com outras cardiopatias, uma vez que nestas a congestão

pulmonar costuma ser proporcional ao grau da cardiomegalia (HINRICHSEN, 2005).

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5. METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido de janeiro a junho de 2014, com abordagem

bibliográfica sobre a doença de Chagas associada à cardiomegalia em várias

regiões da América Latina, principalmente no Brasil.

Foram consultados artigos científicos e livros relacionados à microbiologia,

parasitologia, infectologia e doença de Chagas na Amazônia.

As pesquisas foram realizadas na, Biblioteca Universidade Federal do Pará,

Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz, Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic

Library Online).

Nas pesquisas na internet foram utilizadas as palavras-chaves: “Doença de

Chagas”, “Cardiomegalia Chagásica”, “Doença de Chagas associado ao exame de

Raio-X”, “Artigos Científicos sobre Doença de Chagas”, “Doença de Chagas

relacionada a Cardiomegalia Chagásica”.

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6. RESULTADOS

A prevalência da doença de Chagas no Brasil é atualmente estimada em

1.900.000 casos, a maioria concentrando-se no Sudeste, Nordeste e no Rio Grande

do Sul (TRINDADE, 2009). Entretanto, na Amazônia e, particularmente, no Estado

do Pará, a doença sempre foi pouco documentada. Nesta última década começaram

a surgir no estado, especialmente em regiões próximas à Belém, relatos da doença

na sua forma aguda. (SOUZA, 2013). As pessoas mais afetadas pela doença de

Chagas são as que vivem em condições precárias, o que favorece a presença dos

insetos vetores (DIAS, 2011).

Atualmente a Região Amazônica Brasileira é considerada endêmica para a

doença de Chagas humana. De acordo com a Coordenação Estadual do Programa

de Controle da doença de Chagas/DCDTV/DVS/SESPA são notificados anualmente

cerca de 130 casos novos e autóctones de doença de Chagas aguda no estado do

Pará. Segundo os dados dessa coordenação Estadual, de 2006 a 2012 foram

diagnosticados em 39 municípios de Estado do Pará num total de 926 casos de

doença de chagas aguda. Desse total, 75,8% concentram-se em 12 municípios, de

um total de 144 que o Pará possui (Tabela 1).

Tabela1: Distribuição dos casos de doença de Chagas agudo no estado do Pará no período de 2006 a 2012.

Município do Pará N %

Belém 191 20,6

Abaetetuba 187 20,2

Breves 78 8,4

Barcarena 58 6,3

Ananindeua 36 3,9

Igarapé-Miri 30 3,3

Curralinho 26 2,8

Santarém 21 2,3

Bagre 20 2,2

São Sebastião da Boa Vista 19 2,0

Moju 18 1,9

Afuá 18 1,9

Demais municípios 224 24,2

Total (2006 a 2012) 926 100

Fonte: Coordenação Estadual do Programa de Controle da doença de Chagas/DCDTV/DVS/SESPA

21

Os pacientes que sobrevivem a fase aguda passam à chamada forma

indeterminada, que pode permanecer por muitos anos sem sintomatologia, e em

cerca de 40% dos casos pode evoluir para a forma da fase crônica cardíaca.

(BOTONI, 2007).

Após a Regressão das manifestações clínica da fase aguda, cujo o período

habitual de evolução dura cerca de 3 a 8 semanas, instala-se a fase crônica.

Considera-se doença de chagas crônica quando há ausência do quadro indicativo

de doença febril nos últimos 60 dias, presença de exames sorológicos positivos.

A forma crônica cardíaca da doença representa cardiomiopatia inflamatória e

fibrosante que leva a arritmias, cardiomegalia, insuficiência cardíaca e morte. À

necropsia, observa-se cardiomegalia, sinais de congestão crônica passiva e

fenômenos tromboembólicos. O Peso do coração varia de 380 a 760g. (BERN,

2007). A maioria dos casos se mantém na forma por toda a vida, porém, após um

período entre 10 e 20 anos, alguns portadores da infecção, cerca de 20% a 30%,

desenvolvem uma forma determinada da doença, que pode ser cardíaca, a digestiva

ou mesmo a mista (SOUZA, 2013). O Raio-X de tórax vai diagnosticar a

cardiomegalia em diferentes graus ou derrame pleural (Figura 6).

Figura 6. Representação do Raio-X de tórax em PA a área cardíaca normal (A) e

representação do Raio-X de tórax com diagnóstico de Cardiomegalia (B).

Fonte: JESUS, 2014

A B

H

22

7. DISCUSSÃO

Com o grande número de casos presentes na literatura em dados

epidemiológicos e radiológicos, foi comprovada a presença de alterações cardíacas

desde a fase aguda até na fase crônica sintomática da doença (LANA et al., 2003).

Sendo as alterações cardíacas, e junto com elas a presença da

Cardiomegalia, as mais importantes formas de limitação ao doente chagásico

levando à principal causa de morte no Brasil, segundo o Ministério da Saúde no

Brasil (2005).

Ao iniciar um quadro de cardiomiopatia, o paciente é submetido a exames

ecocardiográficos e radiográficos do tórax de 15 em 15 dias. Após a estabilização

hemodinâmica o acompanhamento deve ser realizado no 3°, 6°, 12°, 18° e 24°

meses de seguimento. E só a partir do 36° mês que o acompanhamento com Raio-X

de tórax passa para um intervalo de ano em ano. O acompanhamento através do

Raio-X de tórax é para verificação das dimensões anatômicas da área cardíaca com

base nos avanços da doença para a cardiomegalia. Esse acompanhado se dá desde

a descoberta da infecção até o seu último dia de vida (SOUSA e MONTEIRO, 2013).

Dentre esses exames, o Raio-X de tórax é o mais utilizado para o

acompanhamento e estudo da área Cardíaca, por proporcionar um diagnóstico

rápido e eficaz, com o intuito de prevenir ou diagnosticar precocemente a

cardiomegalia chagásica.

Sabe-se também que o exame de Raio-X é o mais acessível em relação a

outros métodos diagnostico por imagem, por ser um exame relativamente barato,

tanto para a clínica ou hospital que presta o serviço quanto para o preço da

realização dos exames para o paciente.

Como já descrito anteriormente, o achado no diagnóstico de cardiomegalia

chagásica, embora apresente semelhanças com outras miocardiopatias, mostra

certa peculiaridade, como por exemplo, no aspecto dos pulmões limpos, que nas

cardiomiopatias não relacionadas à doença de Chagas a congestão pulmonar

costuma ser proporcional ao grau de cardiomiopatia (MALTA et al., 2005)

Com esses dados é possível, junto com outros sinais e sintomas específicos

da infecção, adiantar o tratamento sem precisar de imediato a comprovação da

doença, já que muitas vezes os hospitais não disponibilizam recursos financeiros ou

de materiais suficientes para enviar materiais para outros laboratórios e hospitais.

23

Atualmente o Instituto Evandro Chagas (IEC) em Belém – PA é local de

referência na região Norte, onde são feitos os exames parasitológicos e sorológicos

de comprovação da infecção. Há também o Hospital Universitário João de Barros

Barreto, Belém-Pa, que é referência em doenças infecciosas, onde foi implantado o

“Programa de Doença de Chagas” em setembro de 2011; Fundação Pública

Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Viana – Belém PA, referência em Cardiologia,

para pacientes com acometimento grave cardíaco chagásico e o Hospital Regional

Público do Marajó, Breves – PA.

Com base nos dados da Coordenação Estadual do Programa de Controle da

Doença de Chagas, feito pelo Plano Estadual de Saúde do Pará (SOUSA, 2013), a

presença da doença de chagas na região vem crescendo e tornando-a endêmica.

Os dados apresentados na Tabela 1 apresentam os casos notificados

atendidos na rede de assistência à saúde do SUS no Estado do Pará, com grande

número de casos descritos na região metropolitana de Belém (Belém, Ananindeua,

Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará). Entretanto, pode haver subnotificação

da doença em municípios menos favorecidos mais distantes e da capital, gerando

uma situação em que a capital apresenta mais casos confirmados de doença de

Chagas do que cidades do interior que possuem extensos açaizais e moradias

propícias à ocorrência do vetor invertebrado. Porém, existe uma grande dificuldade

no registro de casos de doença de Chagas no interior devido à falta de

conhecimentos sobre a doença e o difícil acesso a exames que poderiam confirmar

o diagnóstico.

É de extrema importância levar a informação desde os causadores etiológicos

da doença de Chagas, até a conscientização que o agente Trypanossoma Cruzi,

ficará presente durante na do infectado, pois na fase aguda não há critérios de cura

clínica, considera-se quando há negatividade no exame sorológico durante cinco

anos e quando o paciente já se encontra na fase crônica, o acompanhamento deve

ser feito indefinidamente, uma vez que não há cura desta forma evoluída, descrito

por Souza, 2013. O que enfatiza a importância do acompanhamento clínico e

radiológico seja efetuado durante o período de vivência. Mas cabe ao médico a

responsabilidade de transmitir (ou não) ao seu paciente a condição de infectado

chagásico e a necessidade de ser submetido a novos exames.

24

8. CONCLUSÃO

Os diversos programas de controle da doença de Chagas em todo o Brasil

têm contribuído na melhoria da condição clinica do paciente. No entanto, a infecção

é um problema de saúde pública.

Ainda, a ineficácia também é atribuída muitas vezes pela falta de continuidade

das ações do programa, geralmente por falta de recursos, além de que muitos

pacientes dificultam o tratamento por acharem que estão curados durante a forma

indeterminada da doença ou ate mesmo por péssimas condições financeiras.

Sabendo que a informação cientifica não gera interesse na população em

geral, existe a necessidade de levar mais informação ao público leigo de forma

didática e informacional, inclusive aos hospitais que oferecem serviços de

tratamento a doença de Chagas.

Deve ser criada uma política publica de educação e incentivo, com

proferimento de Palestras educativas em postos de saúde, centros comunitários e

escolas.

Voltando para o conhecimento sobre o que é a doença, quem são os

possíveis vetores, formas de transmissão, tratamento, fases da infecção e as

complicações que a mesma pode trazer ao paciente. Tendo como público alvo a

população em geral e profissionais da área da saúde.

É de responsabilidade dos técnicos e tecnólogos de radiologia a realização do

exame de Raio-X de tórax de forma adequada, respeitando todos os parâmetros

técnicos como o Kv, Ma, MaS, posicionamento do paciente, centralização e

colimação do tubo de Raio-X. Já que os mesmo influenciam na imagem radiográfica.

Evitando um resultado falso-positivo.

Atualmente não há critérios de cura clínica, mas considera-se cura em

pacientes na fase aguda, quando há negatividade no exame sorológico durante

cinco anos. Em pacientes na fase crônica da doença, o acompanhamento deve ser

por tempo indeterminado, pois nessa fase não há cura.

Cabe ao médico a responsabilidade de transmitir (ou não) ao seu paciente a

condição de infectado chagásico e a necessidade de ser submetido a novos

exames.

25

REFERÊNCIAS

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