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8/9/2019 959 - Betty Jane Sanders - Acordo sentimental.doc http://slidepdf.com/reader/full/959-betty-jane-sanders-acordo-sentimentaldoc 1/85 ACORDO SENTIMENTAL Betty Jane Sanders Julia 959 Copyright © 1997 by Betty Monthei Originalmente publicado em 1997 pela Mills & Boon Ltd., Londres, nglaterra !"tulo original# Marriage is just the eginning !radu$%o# ogueira Biller '(!O)* O+* CL!)*L L!(*. )ua -aes Leme, /0 123 andar C'-# 20/04212 5%o -aulo Brasil Copyright para a l"ngua portuguesa# 1997 '(!O)* O+* CL!)*L L!(*. 6otocomposi$%o# 'ditora oa Cultural Ltda. mpress%o e acabamento# 8r:ica C"rculo !N"s n#s $asare%#s e% n#%e da &eli$idade da 'e(uena Cassie)* 6oi isso ;ue 8rant -ar<er e 5haron O=)iley decidiram. 5eria um casamento apenas de coneni>ncia. Mas ent%o houe a;uele bei?o@ ;ue trans:ormou o solitrio iAo em um marido in;uieto, cu?o cora$%o pulsaa :orte pela esposa ;ue dormia no ;uarto ao lado. Compartilhar o ca: da manh% com a :am"lia@ era marailhoso. Mas 5haron dese?aa um pouco mais da;uele casamento# ;ueria 8rant -orm, como conenc>4 lo a amar de nooD 'le, ;ue ? so:rera tantas desilusEesD PROJETO REVISORAS Estelivrofazpartedeum projetosem finslucrativos. Suadistribuiçãoélivreesuacomercializaçãoestritamenteproibida. Cultura: um bem universal. Digitalização: PalasAtenéia 1

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ACORDO SENTIMENTALBetty Jane Sanders

Julia 959

Copyright © 1997 by Betty MontheiOriginalmente publicado em 1997 pela Mills & Boon Ltd., Londres, nglaterra!"tulo original# Marriage is just the eginning!radu$%o# ogueira Biller'(!O)* O+* CL!)*L L!(*.)ua -aes Leme, /0 123 andar C'-# 20/04212 5%o -aulo BrasilCopyright para a l"ngua portuguesa# 1997'(!O)* O+* CL!)*L L!(*.

6otocomposi$%o# 'ditora oa Cultural Ltda.mpress%o e acabamento# 8r:ica C"rculo

!N"s n#s $asare%#s e% n#%e da &eli$idade da'e(uena Cassie)*

6oi isso ;ue 8rant -ar<er e 5haron O=)ileydecidiram. 5eria um casamento apenas de

coneni>ncia. Mas ent%o houe a;uele bei?o@;ue trans:ormou o solitrio iAo em um maridoin;uieto, cu?o cora$%o pulsaa :orte pela esposa

;ue dormia no ;uarto ao lado. Compartilhar o ca:da manh% com a :am"lia@ era marailhoso. Mas

5haron dese?aa um pouco mais da;uelecasamento# ;ueria 8rant -orm, como conenc>4

lo a amar de nooD 'le, ;ue ? so:rera tantasdesilusEesD

PROJETO REVISORAS

Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos.

Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida.

Cultura: um bem universal.

Digitalização: Palas Atenéia

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secador de cabelos, est bemD Tá ' Cassie bei?ou4a com a:ei$%o.*pertando a menina de encontro ao peito, num gesto de ternura, 5haron

come$ou a enGug4la. m pensamento ;ue h meses repetia4se em sua menteeio assalt4la de noo.

 !oda crian$a precisa de uma m%e. ' in?usto deiGar Cassie crescer assim.

5e ao menos eu pudesse@ Com um lee meneio de cabe$a, a:astou a;uela idia. *:inal, de nada

adiantaa :aFer cogita$Ees sobre isso.Leando a menina para o ;uarto, 5haron a?udou4a a estir um pi?ama de

:lanela amarelo e um roup%o branco por cima. Onde est%o seus chinelosD perguntou. *;ui, embaiGo da cama. ' como :oram parar lD *ntes ;ue a menina respondesse

acrescentou# *posto ;ue Brittany@ 'stamos brincando de esconder. ' ela leou meus chinelos@

-ois muito bem 5haron apartou. !rate de peg4los.tany :ora oprimeiro ser io ;ue lhe despertara interesse e a:ei$%o, na;uela :ase di:"cil.'sse era um claro sinal de recupera$%o, recebido com al"io por todos. Masainda assim Cassie continuaa longe de ser a garotinha alegre e tra;uinas ;uesempre :ora.

Meu an?inho@ disse 5haron, num tom suae, inundada por umsentimento de ternura.

-arada N porta do ;uarto, recebendo no rosto as Altimas luFes do dia ;ueentraam pelos idros da ?anela, 5haron por um instante sentiu4se protegidapelo calor da;uela antiga e bela casa.

*proGimando4se da cama, cobriu melhor a menina e bei?ou4a com cuidadopara n%o acord4la. (epois saiu silenciosamente e desceu.*gora, teria tempo su:iciente para ler um pouco no so: da sala, sob a luF

do alto aba?ur, ouindo o ento soprar :orte l :ora e esperando a chegada de8rant.

* nee, ;ue come$ara a cair suaemente ao anoitecer, agora ganhaa:or$a com os entos ;ue sopraam das montanhas.

 Mau tempo para dirigir, 8rant pensou, guiando a picape de cabine dupla,;ue usaa em suas :re;entes iagens.

Morar no *lasca@

Muitos consideraam uma loucura o :ato de 8rant -ar<er ter optado poroltar a sua terra natal. Mas era ali ;ue ele se sentia bem, mesmo em meio aoinerno escuro e assustador, prPprio da;uela regi%o gelada.

ada a :aFer, sen%o aceitar essa esta$%o, tal como disse, em oFalta, diminuindo a elocidade do e"culo.

Q muito tinha aprendido a compreender o inerno, com seus dias curtos,noites longas, aeroportos interditados, Hos cancelados, pistas perigosas,desliFamentos e aalanches. ', no entanto, a;uela paisagem inPspita possu"auma beleFa inegel e absoluta. ma beleFa ma?estosa ;ue daa aos homens;ue ali iiam uma dimens%o de ida ;ue os habitantes de outros lugares

 ?amais compreenderiam.(e +aldeF a *nchorage era uma longa iagem, mesmo com bom tempo.Com a nee caindo, :ortemente impelida pelos entos, apenas a habilidade e a

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prtica do motorista podiam torn4la mais segura.Com uma eGpress%o saudosa, 8rant recordou os muitos inernos ;ue

passara praticando esportes radicais com os amigos cora?osos e alegres, nostempos da adolesc>ncia. a;uele tempo ?amais tiera dinheiro para comprarum bom par de es;uis ou um trenP decente, pois era muito pobre. Mas,estranhamente, esse :ator n%o o impedira de ser :eliF.

*gora, possu"a e"culos e m;uinas modernas, capaFes de encer;ual;uer obstculo e de transpor longas distRncias em pouco tempo. uncamais tornara a es;uiar ou a andar de trenP. 5eus elhos es;uis, bem como otrenP, ?aFiam abandonados a um canto da garagem. 5eriam apenas para ?untar poeira e lembr4lo das horas de laFer ;ue ?amais oltara a des:rutar.

'ram ;uase onFe horas ;uando 8rant chegou a *nchorage.* cidade parecia adormecida, com suas ruas aFias ;ue sugeriam a mais

pro:unda solid%o. *s luFes coloridas dos anAncios de neon re:letiam4se na neemuito ala como a paleta de um caprichoso pintor,

O grande armaFm geral, o maior da cidade e ;ue endia de tudo, estaa

Ns escuras. o ptio do estacionamento haia apenas um elho sedan, ;uasetodo coberto de nee.

* luF na aranda da casa de 5haron brilhou na escurid%o, como um sinalde boas indas. *proGimando4se, 8rant notou ;ue a sala estaa tambmiluminada@ m claro sinal de ;ue 5haron o aguardaa, embora ele houessedito ;ue n%o era preciso.

-odia ter economiFado as palaras pensou, em oF alta, com bomhumor.

'stacionou a picape em :rente N casa e desligou o motor. *botoando ocasaco de l%, saiu do e"culo a;uecido e caminhou rapidamente em dire$%o N

aranda, erguendo a gola para proteger4se do ento.* porta se abriu, antes ;ue ele tocasse a campainha. 'ntre, 8rant. 'st muito :rio a" :ora. * oF ;uente de 5haron era como

uma ilha de con:orto emmeio N tempestade. +oc> eio rpido. 'la o a?udaa a tirar o casaco. ' como estaa a

estradaD )uim. Mas com pouco moimento. -udera Com esse tempo@ Qo?e est ainda pior do ;ue ontem.

-ude perceber, mesmo sem sair de casa. 5haron :eF uma pausa. Juer um chocolate ;uenteD 5P se :or acompanhado por uma :atia de bolo.'la sorriu, satis:eita. 8rant e a pe;uena Cassie, alm dos cabelos negros e

olhos aFuis, tinham uma outra caracter"stica em comum# adoraam os bolos;ue 5haron preparaa.

5entados N mesa da coFinha, tomando chocolate e saboreando o bolo delaran?a ;ue ela haia :eito no :inal da tarde, 5haron e 8rant ouiam atempestade de nee l :ora. O ti;ue ta;ue do antigo relPgio de paredemarcaa a passagem do tempo, em sua eterna pulsa$%o.

6echando os olhos por um instante, 8rant podia reconstituir o lar de suain:Rncia, os aromas, os sons, os olhos cor de mel de 5haron, suaes ebrilhantes. Olhos ;ue, ao abrir os seus, 8rant percebeu contra"dos,

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preocupados. *lgum problemaD ele perguntou. %o. *penas, acho ;ue oc> est eGagerando no trabalho. mpress%o sua. 'le tentaa desconersar. Mas 5haron insistiu# Juantas eFes oc> tirou :olga, nos Altimos temposD ' respondeu,

antes ;ue ele o :iFesse# 5omente duas, em tr>s meses. *cha ;ue isso

certoD %o ;uero aborrec>4lo com esse tipo de@8rant estendeu a m%o, colocando dois dedos suaemente sobre os lbios

de 5haron, como se ;uisesse deter o :luGo das palaras. 5ei ;ue oc> se preocupa, mãezinha proocou4a, num tom gentil.

Logo teremos uma ;ueda na demanda de trabalho e ent%o poderei tirar unsdias de :rias.

Juero sP er. -ode acreditar.O relPgio da parede marcaa ;uase meia4noite. 8rant a:astou a cadeira e

ergueu4se.

*cho ;ue ? est na hora de ir. +ou apanhar Cassie no ;uarto.5haron :itou4o de maneira signi:icatia, mas nada disse. Mais uma eF,

8rant es;uiaa4se da;uele assunto di:"cil. 'sse era o estilo dele, 5haronpensou. Mas n%o estaa disposta a desistir.

Como se lhe adiinhasse os pensamentos, ele sorriu e abra$ou comcarinho.

5ei ;ue oc> sP ;uer o meu bem. Mas, no momento, estou muitocansado para conersar. -rometo ;ue num outro dia :alaremos sobre isso,certoD

5em esperar pelo protesto, ;ue na certa iria, ele :oi parS o ;uarto buscar

a :ilha. 5haron o seguiu, em sil>ncio.Brittany balan$ou a cauda assim ;ue ouiu os passos dt 8rant e 5haron seaproGimando. Cassie continuaa a dormir pro:undamente, a m%o apoiada nopesco$o da cachorrinha 8rant curou4se para bei?4la e ent%o a garotinhadespertou#

-apaiD Ol, esquilinho disse, com ternura. 'leando os bracinhos, ela o

enoleu num abra$o. 6echando os olhos, 8rant permitiu4se N;uele momentode pura emo$%o. 5eu cora$%o so:rido e solitrio pulsou mais :orte, como umpssaro ;ue en:im se libertasse das amarras do so:rimento@ *o menos por

alguns instantes. *li estaa Cassie, sua :ilhinha, sua raF%o de ier@ 5P mesmoela conseguia :aFer com ;ue o mundo tiesse um sentido, apesar de tantasdi:iculdades.

'u e Brittany tomamos banho ?untas Cassie contou, a:astando dorosto de 8rant uma mecha de cabelos negros. (epois sequei ela…

5e;uei4a 5haron a corrigiu, sorrindo.* garotinha assentiu com ar srio e continuou# 'nt%o, papai@ Sequei-a ela com o secador de cabelos da 5haron.Os dois adultos riram, e Cassie concluiu# (epois, contei uma histPria para ela dormir.

' deu certoD 8rant perguntou. %o sei. (ormi antes Cassie respondeu, com a incoer>nciaencantadora das crian$as.

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Ttimo, :ilhinha. *gora amos para casa. I bem tarde, e 5haronprecisa descansar.

'u amo 5haron ela disse, dengosa. 'la tambm ama oc>, ;uerida. !enho certeFa disso. ' erdade 5haron secundou, acariciando o rostinho sonolento da

menina.

*mbos desceram as escadas. 8rant leaa a :ilha nos bra$os, protegidapor uma grossa manta de l%.

'spere um momento. disse 5haron, a:astando4se rapidamente emdire$%o N coFinha. +oltou logo depois, traFendo o bolo embrulhado. Colocou4onuma sacola e deu4o a 8rant#

sto para o ca: da manh%. Obrigado ele agradeceu. 6ico lhe deendo mais essa.

Jue nada. 'la sorriu. +oc> tem nos mimado demais@ 6aF parte da nossa amiFade. 5haron adiantou4se para abrir a porta.

Ligue amanh%, simD8rant :itou4a por um longo momento, como se tiesse algo a diFer@ Mas

apenas sorriu, apertando a :ilha de encontro ao peito. 'm seguida despediu4se#

Boa noite, 5haron. Boa noite.'le caminhou rpido para a picape, protegendo a crian$a do ento.5haron :icou ali no portal, em p, eGposta ao tempo inclemente, at ;ue o

e"culo partisse ganhando a estrada. 5P depois entrou e :echou a porta.* distRncia entre sua casa e a de 8rant era pe;uena. -roaelmente

Cassie chegaria acordada, 5haron pensou.* resid>ncia dos -ar<er :icaa no alto de uma colina. 6ora constru"da por8rant, em sua Altima e :rustrada tentatia de :aFer Catherine :eliF. *gora,apenas ele e a :ilha iiam na;uele espa$o enorme. Catherine ? n%o eGistiamais.

Com um lee meneio de cabe$a, 5haron a:astou a;uelas tristesdiaga$Ees. *pagou as luFes e subiu para o ;uarto. O dia :ora cansatio e elaprecisaa dormir.

8rant dirigia deagar, na escurid%o da noite. * neasca haia amainado.Mas oltaria em bree, taleF com intensidade redobrada.

*gora, ele ? podia aistar a casa onde moraa. Constru"ra4a na encostada colina, de onde se des:rutaa uma ista marailhosa. * casa era um primorar;uitetHnico, ;ue despertaa elogios de ;uem ;uer ;ue a isse. ela, 8rantutiliFara toda sua eGperi>ncia e bom gosto, sem poupar es:or$os. 6iFera issopensando em agradar a esposa, em sua di:"cil adapta$%o N ida no *lasca. Mas:ora tudo em %o. Catherine ?amais conseguira sentir4se :eliF, ali.

*gora ele estaa sP. %o haia nem mesmo uma bab -ara a?ud4lo nacria$%o de Cassie, por ;uem era totalmente responsel.

(urante o dia a menina :re;entaa o pr4primrio numa institui$%oparticular, cu?o ob?etio era dar Ns crian$as a oportunidade de conierem com

outras de sua prPpria idade, num clima lAdico onde a :antasia era respeitada e,as artes, desenolidas. aturalmente, a educa$%o :ormal tambm constaa docurr"culo. Mas era apenas mais uma atiidade em meio a tantas outras,

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conduFidas com carinho e compet>ncia pelas pro:essoras. Juanto a isso, 8rantestaa tran;ilo. Qaia acertado em cheio na escolha da escola de Cassie.

Mas haia outro problema, ;ue ele teria de resoler o mais rpidoposs"el# encontrar uma bab.

os Altimos meses contratara rias candidatas, ;ue pareciam maisinteressadas em pendurar4se ao tele:one durante horas, ou em ir para a cama

com ele, do ;ue em cuidar de Cassie. ', por :im, 8rant desistira.Claro ;ue podia sempre contar com 5haron, ele pensou, com uma ponta

de culpa. Mas at ;uando poderia abusar da;uela preciosa amiFadeD-erguntou4se, como inha :aFendo haia rias semanas.

Os :arPis da picape iluminaram a porta tripla da garagem. 8rant acionou odispositio para abrir uma delas e entrou, :echando4a logo em seguida.

Leando a :ilha nos bra$os, subiu as escadas e entrou na ampla salasilenciosa e aFia. * decora$%o era de bom gosto. *lis, a prPpria constru$%oera, em si, uma erdadeira obra de arte. Cada detalhe :ora cuidadosamenteeGecutado por bons pro:issionais, os melhores da e;uipe de 8rant. Mas a

despeito de tudo isso, :altaa algo essencial N;uela casa# a alma e o calor deum erdadeiro lar.

nadido por uma onda de tristeFa, ele leou a :ilha at o ;uarto,decorado graciosamente em branco e rosa.

ma porta intermediria o ligaa N su"te ;ue 8rant ocupaa. (eiGando4aaberta, ele atirou4se na cama, preparando4se para mais uma longa noite desono conturbado, como sempre@

!r>s dias depois 8rant ligou para 5haron, sentindo4se constrangido.-recisaa ia?ar para a Cali:Prnia, onde teria de permanecer por uma semana,tratando de negPcios.

'u posso :icar com Cassie 5haron se dispHs, de imediata. Obrigado ele agradeceu, com um suspiro. 5ei ;ue estou abusandomuito de oc>, mas@

Ora, n%o diga bobagens 5haron o interrompeu. +oc> sabe ;ue cuidarei de Cassie com o maior praFer. O problema ;ue

ela ai se ressentir muito de sua aus>ncia. ' oc> n%oD ele proocou4a, com uma ponta de humor. em um pouco4 ela respondeu, no mesmo tom. *ssim, na;uela noite,

8rant deu a not"cia N :ilha, ;ue reagiumuito mal. 5eus lbios tremiam de tristeFa e apreens%o, en;uanto as

lgrimas corriam4lhe pelo rostinho a:lito. 'i, esquilinho… 8rant consolou4a, num tom terno. +oc> ai passaruma semana inteira com 5haron e Brittany. ' prometo traFer4lhe um presentebem bonito, ;uando oltar.

ma centelha de luF brotou nos olhos da pe;uena Cassie@ Jue tornou achorar copiosamente, ;uando ele a leou para a casa de 5haron, no diaseguinte.

Culpa. 'ra esse o sentimento ;ue se estendia sobre 8rant, como umanuem de chumbo, en;uanto ele partia. Mais uma eF estaa usando aamiFade de 5haron. Mais uma eF abandonaa Cassie, para :echar um noo

negPcio@Mas o trabalho era a Anica :onte de ;ue dispunha para manter o alto n"elde ida ;ue constru"ra a duras penas. Juando crescesse, Cassie n%o teria de

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passar por nenhuma di:iculdade :inanceira, podendo des:rutar do melhor ;ue asociedade tinha para o:erecer. Mas tudo isso eGigia sacri:"cios. ' 8rant pagaao pre$o ;ue Ns eFes parecia enorme, como agora, ao se despedir da :ilha.

' era ?ustamente sobre Cassie ;ue 8rant :alaa, na;uela noite, ? naCali:Prnia, sentado N mesa de um luGuoso restaurante. O idoso casal ;ue oacompanhaa parecia beber suas palaras. *:inal, eram os aPs maternos de

Cassie e a amaam pro:undamente. Mais do ;ue isso, interessaam4se por suasaAde e bem4estar.

8rant, ;ue tinha indo a negPcios, aproeitaa a ocasi%o para reer Qughe (orothy, pais da :alecida Catherine. 6aFia isso mais por uma ;uest%o deconsidera$%o do ;ue eGatamente por simpatia. unca :ora muito ligado aambos. ' a rec"proca parecia erdadeira@ -ois o tratamento ;ue Qugh e(orothy lhe dispensaam era distante, polido e um tanto :rio.

*pesar de tudo isso 8rant sabia ;ue tanto ele ;uanto Qugh e (orothytinham algo em comum# o amor por Cassie. ' era em nome desse "nculo ;ueele pretendia manter uma rela$%o cordial com ambos.

(epois de oui4lo longamente, Qugh comentou# 6ico :eliF por saber ;ue Cassie est bem de saAde e ;ue oc> continua

trabalhando muito@ Mas creio ;ue suas atiidades pro:issionais este?ampre?udicando a menina, em seu e;uil"brio emocional acrescentou, oltando4se para a esposa como se pedisse sua aproa$%o.

' erdade (orothy secundou. *mbos achamos ;ue oc> tem :eitoo melhor ;ue pode por Cassie, dentro das circunstRncias. ' desiou os olhospara o sal%o repleto, ;ue parecia ibrar deido ao intenso moimento dos:re;entadores.

6ico :eliF ;ue pensem assim. 8rant seriu4se de mais inho,

en;uanto Qugh e a esposa, ;ue nem se;uer haiam tocado nos copos,trocaam um olhar signi:icatio.*mbos pareciam tensos, ele notou, aborrecido. O ;ue estaria

acontecendoD !eriam algo desagradel a lhe diFerDo :inal do ?antar, 8rant ? n%o tinha dAidas de ;ue Qugh e (orothy

;ueriam abordar um assunto, mas relutaam. Mas ;ue tipo de assunto poderiacausar tanto constrangimentoD 'le se perguntaa, en;uanto o gar$om tiraa amesa e seria um ca: :umegante.

* resposta eio ;uando o gar$om se a:astou. ' Qugh, lan$ando N esposaum olhar decidido, anunciou#

Meu caro, 8rant@ 5imD Ps@ Juero diFer, (orothy e eu estiemos conersando muito sobre

Cassie. Qugh suspirou e ent%o concluiu, de um sP :Hlego. ' achamos ;ueseria muito bom se ela iesse morar conosco.

8rant leantou as sobrancelhas, demonstrando sua surpresa. *goraentendo a tens%o ;ue inha permeando todo o ?antar, concluiu, empensamento. *;uele sentimento incHmodo e opressio signi:icaa@ sto 

Controlando a crescente reolta ;ue crescia4lhe no peito, ele respondeu,num tom estranhamente calmo#

*precio muito a preocupa$%o de oc>s, mas acho melhor ;ue Cassiecontinue morando comigo. 5e ;uiserem, poder%o >4la durante as :rias, pelotempo ;ue dese?arem@

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' at l, ;uantas babs passar%o por sua casaD Qugh retrucou, numtom r"spido.

' ;uantas iagens de negPcio ter de :aFerD indagou (orothy.*ntes ;ue 8rant pudesse responder, Qugh a:irmou# 6ilho, nPs sabemos ;ue oc> ama Cassie. Mas Pbio ;ue n%o est

conseguindo cuidar dela de modo ade;uado. -or isso@

'stamos dispostos a tom4la sob nossa guarda (orothy completou. 5er melhor para ela e, portanto, para todos nPs. aturalmente, oc>poder isit4la ;uando ;uiser@

O cho;ue :eF com ;ue 8rant empalidecesse. Mal podia acreditar no ;ueacabaa de ouir O homem N sua :rente, a ;uem um dia considerara como opai ;ue n%o tiera@ Jueria tirar4lhe CassieD Mas isso era absurdo 8rantconcluiu, perpleGo e a um sP tempo :urioso.

Mas, pensando bem, ele n%o deeria estar t%o surpreso. Ocomportamento de Qugh e (orothy, por ocasi%o da morte de Catherine, :oramuito estranho e at agressio. Mas na poca 8rant se recusara a deiGar4se

magoar por eles. *:inal, tinham acabado de perder a Anica :ilha e estaamso:rendo terrielmente.

5P ;ue agora a conersa era outra@ ', a situa$%o, muito di:erente. ' ent%o, :ilhoD Qugh indagou. O ;ue me diFD8rant n%o tee pressa de responder. 'rguendo4se, tirou algumas notas da

carteira e depositou4as sob um pires. *;uela ;uantia certamente seriria parapagar a conta e ainda deiGar uma boa gor?eta ao gar$om.

5P ent%o 8rant olhou de (orothy para Qugh, antes de sentenciar# 'scutem bem o ;ue ou diFer, por;ue n%o pretendo repetir@ +ai near

no er%o, antes ;ue algum tire Cassie de mim. 'ntenderamD Boa noite. ',

acreditem# n%o :oi um praFer re>4los. ' saiu a passos largos.

CAPITUL II 

CA+,T-LO II

*;uele era o Altimo dia Atil da semana. 5haron, da plata:orma ;ue aisolaa do pAblico, obseraa o intenso moimento na ag>ncia bancria. Os:uncionrios dos caiGas trabalhaam com a mGima rapideF poss"el.

Mais uma semana se :indaa. 6ora bastante produtia. 5haron estaasatis:eita e alegre com a perspectia de um :im de semana de descanso. Mashaia tambm um outro motio para sua boa disposi$%o# a not"cia de ;ue8rant chegaria um dia antes do combinado. 5haron mal podia esperar parare>4lo.

O tele:one soou, interrompendo4lhe os pensamentos, ou melhor#

materialiFando4os. -ois era 8rant ;uem :alaa, do outro lado da linha# Ol, 5haron. (esculpe incomod4la no :inal do eGpediente@ +oc> n%o me incomoda nunca, 8rant ela apartou, num tom amel.

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'm seguida perguntou. I est no *lascaD 5im. *lis, acabo de chegar N empresa. Ttimo. 'nt%o, logo mais estaremos reunidos. *" ;ue est@ 'le hesitou, antes de prosseguir. !erei de

comparecer a uma reuni%o com o pessoal da diretoria. ', assim, n%o podereibuscar Cassie na escola, como combinamos. +oc>@ ria no meu lugarD

6arei isso de boa ontade ela respondeu, contrariada. Mas Cassie:icar decepcionada. +oc> n%o imagina a eGpectatia com ;ue ela o estaguardando.

'u sei 8rant a:irmou, pesaroso. Mas nada posso :aFer. !rata4se deuma reuni%o realmente importante e inadiel.

'st bem. *panharei Cassie e o aguardaremos em casa, en;uanto :a$oo ?antar.

%o se preocupe em coFinhar ho?e, 5haron. Learei uma piFFa.'scondendo o desRnimo ;ue a inadia, ela comentou, irHnica# -iFFaD Mas ;ue idia original, 8rant.

%o mesmoD 'le n%o percebeu o grace?o, pois estaa preocupadodemais com a reuni%o. Bem, tenho de desligar, agora. *t mais tarde.

*t@Juando 5haron chegou N escola para apanhar Cassie, n%o a encontrou no

sagu%o. 'ra ali ;ue as crian$as aguardaam os pais, na sa"da da aula.5haron ? estaa pensando em ir at a secretaria in:ormar4se sobre o

paradeiro da menina, ;uando iu Iean 5imon, a dona do estabelecimento,caminhando em sua dire$%o.

Cassie est na sala azul Iean 5imon in:ormou. 5into muito, masn%o tiemos outra op$%o@

Oh, (eus 5haron eGclamou, aborrecida. ' a terceira eF, nestasemana. !entei :alar com 8rant -ar<er ao tele:one, mas sua secretria tinha

ordens eGpressas para n%o incomod4lo. 'le estaa em reuni%o com osmembros da diretoria da empresa.

'u sei. 8rant me ligou no :inal da tarde.*mbas caminharam em dire$%o N sala azul! pelo piso de mrmore

imaculadamente limpo e brilhante. Juase chego a pre:erir o estado anterior de Cassie, ;uando agia como

um :antasminha silencioso Iean 5imon continuou. +oc> sabe se ela est

passando por algum noo problemaD *lm da aus>ncia paternaD 5haron retrucou, em pensamento. Masapenas disse#

%o ;ue eu saiba. O ;ue :oi ;ue aconteceu, desta eFD Cassie brigou com Iohnny Uhita<er. Mas o garoto tem duas eFes o tamanho dela. O ;ue proa o elho ditado ;ue diF ;ue tamanho não " do#umento

Iean 5imon comentou, com um suspiro. Cassie parece bastante mal, mas omenino :icou bem pior, ? ;ue ela o acertou com um ban;uinho.

5anto (eus.

Os pais de Iohnny :icaram chocados. O :ato de Cassie ser menina, e t%ope;uena, deiGou4os mais espantados ainda.'Gpli;uei4lhes ;ue ela est passando por um processo di:"cil, e eles :oram

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bastante compreensios. Menos mal 5haron comentou, pesarosa. Jue incidente

desagradel@ Concordo plenamente. Bem, a;ui estamos. Iean 5imon abriu a porta

da sala azul! tambm conhecida como espa$o para pensar! onde as crian$as:icaam isoladas, ;uando cometiam alguma atitude agressia. * sala era

inteirinha aFul, com grandes ?anelas enidra$adas ;ue daam para um ptiointerno. o ch%o, sobre um tapete cor de camur$a, haia rios tipos de ?ogospedagPgicos, ;ue conidaam N atiidade mental. ma mAsica suae erelaGante inha dos auto :alantes ocultos no :orro.

*pesar de todo a;uele cuidado, a sala azul n%o deiGaa de ser umisolamento para alunos problemticos, 5haron pensou,com tristeFa.

Cassie estaa sentada sobre o tapete, moendo lentamente as pe$as deum ?ogo de armar. 5eus ombros :rgeis estaam curados e a cabe$a baiGa.!oda sua atitude parecia de recolhimento, como um animalFinho :erido ouencurralado.

Cassie Iean 5imon chamou4a.* menina ergueu o rosto, eGibindo um ;uadro desalentador. 5eu olho

es;uerdo estaa rodeado por um c"rculo aFul4escuro, com nuancesaermelhadas. *s plpebras, entumescidas, n%o conseguiam se abrir.

Iohnny me Gingou ela disse, de:endendo4se. 5haron tee de :aFerum intenso es:or$o para n%o correr

em dire$%o a Cassie e tom4la nos bra$os. 5abia ;ue n%o poderia :aFerisso, para n%o passar uma idia errada da situa$%o N menina. Mas era di:"cilcontrolar4se. Mesmo assim, ela conseguiu e sua oF soou neutra ao indagar#

+oc> n%o poderia simplesmente ignorar as prooca$Ees de IohnnyD

Cassie n%o respondeu. 5eu olho s%o procuraa algum atrs de 5haron eIean. ' como n%o o encontra4se, ela perguntou# Onde est meu paiD 'le n%o pode ir 5haron in:ormou4a, com o cora$%o oprimido de dor.

'nt%o tentou con:ort4la# Mas ele ai nos encontrar em casa, logo mais, Nnoite. ' lear uma piFFa deliciosa.

* menina oltou a brincar distraidamente com os ob?etos N sua :rente,como se nada mais lhe importasse agora.

5haron meneou a cabe$a lamentando o comportamento de 8rant, ;ueparecia pHr os compromissos pro:issionais acima dos a:etios. ' este era um

erro grae. (e ;ual;uer :orma, n%o tenho o direito de ?ulgar 8rant -ar<er, elapensou.

*gora ? n%o conseguiria controlar a ontade de con:ortar Cassie@ 'tomou4a nos bra$os, bei?ando4lhe os cabelos :inos e negros.

+amos sair da;ui, esquilinho.Juase tr>s horas depois, 8rant chegaa N casa de 5haron. *brindo a

porta, chamou em oF alta# Q algum em casaDCassie disparou numa corrida maluca em dire$%o N porta, seguida de

Brittany ;ue latia alegremente.5haron, ;ue estaa na coFinha, :or$ou4se a laar as m%os lentamente eenGug4las numa toalha, embora sua ontade :osse correr para encontrar

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8rant. do mesmo ?eito ;ue Cassie :aFia.-orm, era preciso dar a 8rant o tempo necessrio para reencontrar a

:ilha@ ' para absorer o cho;ue ;ue certamente so:reria, ao er o estado deCassie.

-ouco depois os dois entraam na coFinha, a menina ibrando deentusiasmo, tendo nos bra$os um cachorrinho de pelAcia, branco e marrom,

;ue mais parecia uma rplica per:eita de Brittany. 'ra o presente ;ue acabarade ganhar do pai.

8rant traFia uma grande piFFa numa embalagem trmica. 'ntregou4a a5haron, ;ue agradeceu com um gesto de cabe$a e depositou4a sobre o :og%o.

-or ;ue n%o ai l para cima, :ilhaD 8rant sugeriu, num tomcarinhoso. Logo irei encontr4la.

'nt%o eu, Brittany e nosso noo amiguinho amos esperar oc>. 5im, ;uerida, :a$a isso. 'st bom. Cassie a:astou4se correndo pelo corredor. * sPs, 8rant e

5haron se olharam por um longo momento.

Cada um compreendia per:eitamente o ;ue se passaa na mente do outro,mesmo sem nada diFer. 8rant :oi o primeiro a :alar#

+oc> est :uriosa comigo, n%o mesmoD 5haron n%o respondeu. O ;ue deo :aFerD ele prosseguiu. (eitar4me no ch%o para ;ue

oc> passe por cimaD sto pouco@ ' n%o resoleria nada ela retrucou,num tom seco.8rant a olhaa com um misto de constrangimento e desamparo. 5haron

n%o ;ueria ceder ao impulso de con:ort4lo, mas estaa realmente come$andoa condoer4se de 8rant.

O rosto plido, eGausto e tenso@ Os olhos aFuis elados por uma nuemde angAstia@ !udo isso era demais para 5haron, ;ue ainda tentaa manter4seirredut"el.

Mas o :ato era ;ue ele parecia t%o desamparado ;uanto a pe;uena Cassie,precisando desesperadamente de a:eto e compreens%o.

 +oc> tem um cora$%o de manteiga, 5haron O=)iley, ela sentenciou, empensamento. Mas lembre4se de ;ue o melhor ;ue oc> pode :aFer por 8rant-ar<er, neste momento, mostrar4lhe o erro ;ue ele est cometendo. ' paratanto preciso :irmeFa. 

*rmando4se de coragem, 5haron tentou parecer o mais %irme poss"el.

5ente4se, 8rant. !emos de conersar seriamente, mas podemos :aFerisso de um modo con:ortel. +oc> parece cansada e aborrecida ele comentou, deiGando4se cair

sobre uma cadeira. !enho meus motios ela retrucou, num tom seero. 'sta :ase est sendo di:"cil tambm para oc>, n%o D %o se trata de mim ela ;uase gritou. K de Cassie ;ue estamos

:alando, alis como sempre@ 'u n%o podia ir busc4la na escola, ho?e 8rant apartou. 5inceramente, 5haron, estaa impossibilitado de :aF>4lo. 5haron cruFou

os bra$os# (iga4me uma coisa, 8rant# e se eu n%o pudesse ir em seu lugarD O ;ueoc> :ariaD

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'le nada respondeu. *penas encolheu4se, como se mergulhassepro:undamente em seu mundo solitrio e triste.

5haron :oi at o balc%o da pia e, pegando uma garra:a trmica, colocou4ano centro da mesa. 'm seguida, pegou duas G"caras e seriu4as de ch:umegante. 'stendeu uma a 8rant e ent%o sentou4se.

5abe o ;ue Iean 5imon, a proprietria da escola, me disse ho?eD

5haron tomou um gole de ch, antes de concluir# Jue ;uase chega a pre:erir o estado anterior de Cassie. Mas isso um absurdo 8rant eGclamou, indignado. a Altima reuni%o de pais e mestres, todos os pro:essores, inclusie a

prPpria Ien 5imon, disseram ;ue ela haia progredido bastante nos Altimostempos. 5P por;ue se desentendeu com um coleguinha de classe n%o signi:ica;ue@

O ;ue aconteceu entre Cassie e Iohnny n%o :oi um simplesdesentendimento, 8rant 5haron o interrompeu. 'les trocaram socos e, no:inal, Cassie o agrediu com um ban;uinho. 6oi o terceiro incidente desse tipo

em uma semana.8rant :icou pensatio por um longo momento, a G"cara de ch erguida N

altura dos lbios. -or :im soreu um gole e indagou, num tom angustiado# O ;u>, eGatamente, oc> ;uer ;ue eu :a$aD Jue resere um pouco mais do seu tempo para se dedicar a Cassie

ela resumiu, sem hesitar. ' como poderei :aFer isso, se tenho muitos compromissos pro:issionaisD %o tenho resposta para essa pergunta. !rata4se de um problema ;ue

sP oc> pode resoler. 'u amo minha :ilha e nada :aria para pre?udic4la.

Claro, sP ;ue isso n%o resole a ;uest%o. 5haron :eF uma pausa. %o ;uero me intrometer em sua ida mais do ;ue ? :a$o. +oc> ;uem deesaber o ;ue melhor para Cassie. ' para isso n%o precisa dos conselhos deuma pessoa estranha.

+oc> n%o e nunca ser uma estranha em minha ida e na de Cassie ele a:irmou, :itando4a com carinho. +oc> nossa amiga mais ;uerida. -orisso precisamos dos seus conselhos, de sua a?uda preciosa. -or :aor@ 8rantinclinou4se na dire$%o de 5haron sinta4se no direito de diFer o ;ue ;uiser.

'la assentiu com um gesto de cabe$a, antes de con:essar# *ndo preocupada, 8rant@ Muito preocupada com os Altimos

acontecimentos. +oc> n%o est sendo um tanto dramtica em seu ?ulgamento sobreCassieD 8rant ponderou.

5haron suspirou e soreu mais um gole de ch# 6alando de um modo simbPlico@ 5abe o ;ue o problema de Cassie

pareceD ' :itou4o dentro dos olhos. *;uela goteira ;ue :ingimos ignorar,por termos outras coisas mais importantes para resoler. 5abemos ;ue estaumentando por;ue ? n%o basta uma pe;uena asilha para conter os pingos@' ent%o trocamos por um balde e seguimos em :rente, sem atacar o problemacomo deer"amos.

'ntendi a compara$%o. 8rant respirou :undo. ' prometo4lhe ;ueou cuidar do assunto. (entro de pouco tempo conseguirei dar a Cassie aaten$%o ;ue ela est precisando.

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-osso diFer mais uma coisaD Claro. %o demore muito. +ou :aFer o poss"el. 6a$a o imposs&'el. 'st bem. 'le terminou o ch e leantou4se. *gora subirei para

er Cassie. (epois, descerei para es;uentar a piFFa. 'u mesma cuidarei disso. +ou a;uec>4la no :orno. (entro de ;uinFe

minutos, estar pronta para ser serida. Certo. (escerei com Cassie da;ui a pouco. ' 8rant a:astou4se pelo

corredor.-ouco depois, en;uanto arrumaa a mesa, 5haron ouiu o som do riso de

Cassie, mesclado ao da oF de 8rant e aos latidos de Brittany. * casa pareciaencher4se de alegria, apesar de todos os problemas.

Juando 8rant chegou em casa, na;uela noite, ? passaa das onFe horas.Cassie dormia pro:undamente em seus bra$os. ' ele colocou4a no so: da sala,

cobrindo4a com uma manta. 'm seguida resoleu acender a lareira.* casa tinha um per:eito sistema de a;uecimento eltrico, mas a lareira

era uma op$%o ;ue sempre o acalmaa, conidando4o N re:leG%o e Ncontempla$%o.

8rant n%o leou muito tempo para atear :ogo Ns achas, pois tinha muitaprtica nisso. 'm seguida sentou4se sobre o tapete, a coluna ereta, as pernascruFadas N maneira dos iogues.

O moimento das chamas brotando entre os troncos de madeiraembalaam os pensamentos, clareando a mente@

O passado de 8rant parecia brotar da;uelas luFes@ ' de sAbito ele iu4se

menino, ao lado dos dois irm%os, diidindo a pouca comida ;ue a pens%o deiAa da m%e podia possibilitar.O pai era pescador e, en;uanto iera, n%o deiGara ;ue nada :altasse em

casa. Mas o mar, ;ue daa a ida, tambm roubaa@ ' um dia o arrebatarapara suas guas aFuis, silenciosas e pro:undas.

8rant agora era um homem bem4sucedido e senhor de seu destino, masainda podia recordar a in:Rncia so:rida, cheia de pria$Ees. -ouca comida,roupas elhas doadas pela caridade de pessoas mais a:ortunadas@ Os doispares de meia, as tr>s camisas e o Anico par de sapatos ;ue tinha de durarmuito tempo, n%o importando ;ue seu p crescesse, tal como todo seu corpo

adolescente. n:Rncia e adolesc>ncia pobres@ Juanto marcam a ida de uma pessoa,ele pensaa, en;uanto se erguia para serir4se de uma dose de conha;ue.

* caminho do bar, parou para contemplar a :ilha adormecida no so:.Juais seriam as marcas ;ue Cassie learia, de sua in:RnciaD 'la nunca

so:rer pria$Ees materiais, era erdade@ Mas haia outros tipos de car>ncia,;ue marcaam igualmente as pessoas. Car>ncia a:etia, por eGemplo@ 'ssaera taleF a mais grae.

8rant olhou ao redor. ', de repente, sentiu4se terrielmente sP na;uelacasa luGuosa.

*s pessoas costumaam diFer ;ue ele era um encedor.'ra, de :ato@ Mas sentia4se um encedor triste.* esposa morrera e a :ilha estaa assumindo um comportamento

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agressio, por :alta da presen$a do pai ;ue diFia am4la, mas n%o podia dar4lhe aten$%o.

 !ristes erdades@ 8rant pensou, sentindo4se :rente a :rente com suaconsci>ncia.

5ua carreira pro:issional estaa num ponto alto e ao mesmo tempoulnerel. Jual;uer acilo poderia signi:icar um retrocesso catastrP:ico.

8rant gastara o melhor de sua energia para :aFer um nome comoconstrutor@ ' conseguira. 6ormara uma e;uipe de pro:issionais altamente;uali:icados, capaFes de realiFar pro?etos audaciosos em pou;u"ssimo tempo.

Como conciliar trabalho e paternidade sem descuidar de nenhum dosdoisD 'ra essa a pergunta ;ue martelaa a mente dele, na madrugada longa eglida de um inerno rigoroso.

8rant seriu4se de conha;ue e oltou a sentar4se diante da lareira. 'nt%o,come$ou a pensar em 5haron@

'le sorria com ternura ao lembrar a primeira eF em ;ue 'rnest e 5heylaO=)iley, pais de 5haron, a haiam deiGado em sua casa, para irem pescar.

5heyla tinha um costume ;ue a princ"pio causara certa estranheFa entreos moradores da cidade# acompanhaa o marido N pesca e, ? em alto mar,limpaa os peiGes capturados para end>4los ;uando aportassem na praia.Com o passar do tempo, todos :oram se a:ei$oando aos O=)iley, uma :am"lia degente simples, honesta, ;ue iera de Vu<on para estabelecer4se em*nchorage.

* :am"lia de 8raiit :ora a primeira a :aFer amiFade com os O=)iley. ' todos,sem eGce$%o, encantaram4se com a pe;uena 5haron, ;ue apesar da poucaidade n%o reclamaa do abandono ao ;ual os pais a submetiam. -areciacompreender a importRncia do mundo adulto e es:or$aa4se para parecer :irme

e cora?osa. Jue pessoa marailhosa 8rant pensou, em oF alta. !%o di:erentede Catherine.

*gora, era a imagem de sua :alecida esposa ;ue parecia brotar daschamas@ Como :ora bela a;uela mulher ;ue incendiara4lhe o cora$%o, napoca em ;ue ele era um ?oem e ambicioso construtor ciil em in"cio decarreira.

Catherine :ora :eliF por algum tempo, at o nascimento de Cassie@ 'mesmo depois. Mas tudo mudara, ;uando tiera de deiGar a Cali:Prnia, seu soldourado e as praias aFuis, as rodas sociais e a companhia constante de Qugh e

(orothy.Catherine odiara *nchorage desde a primeira eF em ;ue pusera os psna cidade.

Certo dia ele a surpreendera rasgando lentamente o mapa do *lasca, osolhos perdidos na distRncia e as lgrimas correndo por seu rosto nobre eorgulhoso.

Mas como algum podia odiar um lugar sem conhec>4lo deidamenteD8rant pensaa, na poca, subestimando sem ;uerer a in:elicidade deCatherine.

*ssim, resolera construir a mais bela casa ;ue ? pro?etara, para ;ue

Catherine pudesse tocar com as m%os e com os olhos a beleFa ;ue era incapaFde er na;uele selagem territPrio americano.5im@ 8rant pensaa na;uele tempo. Catherine acabaria descobrindo ;ue

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o *lasca era bel"ssimo apesar de t%o di:erente da Cali:Prnia.Mas ele :alhara em seu ob?etio. !odos os es:or$os para :aFer Catherine

:eliF pareciam se dissoler na amargura da;ueles olhos ;ue iam perdendo obrilho. 6echada em si mesma, Catherine :ora aos poucos assumindo umapostura es;uia, um comportamento estranho. 'ra como se n%o pertencesseao mundo ;ue a cercaa@ ', de :ato, ?amais pertencera.

8rant come$aa a desistir de conencer a esposa de ;ue o *lasca era umbom lugar para se ier. * dissolu$%o do casamento parecia ineitel. ' sPn%o se concretiFara deido ao ata;ue :ulminante ;ue abatera Catherine,arrebatando4a do mundo e da ida. ' com t%o pouca idade

*;uela eGperi>ncia haia abalado seriamente as conic$Ees de 8rant,deiGando4lhe um saldo de pro:unda amargura.

'm meio ao terr"el so:rimento, ele tomara uma srie de decisEes, ;uepretendia seguir N risca.

ma delas, taleF a mais radical, era a de ;ue ?amais se casaria de noo.5ua ida poderia muito bem girar entre o amor ;ue deotaa a :ilha, os raros

amigos, um ou outro caso seGual :ortuito e o trabalho@ Bendito trabalho ;ueconsumia todas as suas :or$as e com elas as mgoas, dores e incerteFas.

Mas agora a ida traFia um srio problema, colocando em che;ue as basesde sustenta$%o do mundo ;ue 8rant constru"ra a duras penas# a dedica$%o aCassie ersus a dedica$%o ao trabalho. Como resoler a ;uest%oD

8rant cogitou longamente sobre o assunto. ' por :im o sono eio cobrarseu tributo, ?untamente com o cansa$o de um dia atribulado e uma noitetensa.

Leantando4se, ele terminou o drin;ue e leou Cassie para o ;uartocont"guo ao seu. -ouco depois, deitaa4se na solitria cama de casal, para

mais uma noite de sono in;uieto.a manh% seguinte, 8rant acordou decidido a tentar, mais uma eF, asolu$%o intermediria# uma bab. Claro ;ue isso n%o resoleria o problema.Mas a?udaria bastante.

*lcan$ando o tele:one no criado4mudo, ele ligou para um ?ornal de boacircula$%o na cidade e colocou um anAncio. 5P ent%o leantou4se para come$aro dia.

8rant n%o :oi trabalhar de manh%, no dia marcado para receber ascandidatas ao emprego. Logo apPs o ca:, :oi at a sala ;ue usaa comoescritPrio particular, no andar trreo da casa, e :icou N espera das

pretendentes. Cassie estaa na sala de ?ogos, situada no :inal do corredor,entretida com seus brin;uedos.* primeira mulher ;ue se apresentou era ?oem e muito bela. Mas n%o

tinha eGperi>ncia nenhuma no assunto. 'le a ouiu com aten$%o e simpatia,prometeu dar4lhe um retorno e anotou seu tele:one na agenda.

* segunda era uma simptica mulher de meia4idade, ;ue estaa emprocesso de separa$%o com o marido. -arecia bastante competente e tinhaeGperi>ncia no assunto. O problema era ;ue n%o sabia ;uando seriahomologado o diPrcio. ' n%o ;ueria assumir um emprego, antes disso.

%o :oi :cil deiG4la partir, mas 8rant o :eF, depois de anotar seu

tele:one.Outras candidatas apareceram, mas nenhuma ade;uada ao cargo.-or olta de meio4dia, 8rant sentia4se eGausto e ao mesmo tempo

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:rustrado. %o conseguira ningum para o cargo. * Anica pessoa ;ue lheparecera competente n%o poderia assumir o emprego no momento, deido aseus problemas pessoais.

-assando a m%o pelos cabelos negros, num gesto de cansa$o, 8rantrecostou4se na cadeira.

Conseguiu papaiD Cassie surgiu N porta e o :itaa com curiosidade.

%o, :ilha. +oc> :alou ;ue as mo$as iam pedir para me conhecer@ 5e aparecessem boas candidatas, eu as apresentaria a oc>, claro. ' da" eu ia diFer se tinha gostado delas, n%o D sso mesmo. 5abe de ;uem eu mais gostoD Cassie tinha uma eGpress%o sria.

(a 5haron. -or ;ue ela n%o pode :icar comigo, en;uanto oc> trabalhaD -or ;ue ela precisa trabalhar no banco, oc> sabe. K mesmo. * menina :icou em sil>ncio por alguns instantes. 5abe

de uma coisa, papaiD

5im, meu an?oD 'u ;ueria ;ue mam%e n%o tiesse morrido. 'u tambm, ;uerida. *proGimando4se, 8rant estreitou4a num longo

abra$o. 'mbalando4a, tentaa consolar ambos da;uela perda irreparel.-ara piorar ainda mais a situa$%o, 8rant recebeu uma carta dos aPs

maternos de Cassie no dia seguinte.Qugh e (orothy insistiam em criar a neta. ' cogitaam at na

possibilidade de assumir -a custPdia legal da menina. O motio era a pretensa:alta de aten$%o e cuidados ;ue Cassie so:ria, iendo com um pai iAo ;uetrabalhaa em eGcesso, ia?aa o tempo todo e, por mais ;ue a amasse, n%o

tinha tempo para cri4la deidamente.5em ter com ;uem conersar a respeito da;ueles problemasabsolutamente pessoais, 8rant resoleu procurar 5haron. 'ra a Anica pessoacom ;uem poderia desaba:ar.

'les est%o tentando se compensar pela morte da :ilha ele se ;ueiGou,com amargura. -arece at ;ue sou o culpado pela morte de Catherine acrescentou, com um suspiro.

5haron assentiu em sil>ncio. ' ent%o indagou# (iga4me, 8rant, oc> tomou alguma proid>ncia com rela$%o a CassieD*mbos estaam na casa de 5haron. * pe;uena Cassie dormia no andar de

cima. !r>s meses 8rant sentenciou, apPs um longo momento de sil>ncio. 'sse o tempo ;ue necessito para colocar meus negPcios em ordem.(epois disso passarei o setor eGecutio para meu assistente principal, LionelBranch. 6icando apenas com o departamento de pro?etos e contratos, tereimuito tempo para me dedicar a Cassie.

6ico :eliF por isso, 8rant, mas@*h, ;ue bom ;ue oc> me compreendeele apartou, aliiado. (u compreendo. Mas oc> n%o pode esperar ;ue uma menina de seis

anos entenda isso. K como se oc> lhe pedisse para agentar uma dor

insuportel, inde:inidamente. *s crian$as t>m uma concep$%o de tempo muitodi:erente da nossa.8rant a ouia em sil>ncio, mas seus olhos aFuis demonstraam a angAstia

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;ue o dominaa. 5entia4se amea$ado no ponto mais importante e :rgil de suaida# o amor por Cassie. ' isso era desesperador.

O ;ue me deiGa louco de raia a pretens%o de Qugh e (orothy. Com;ue direito acham ;ue podem dar a Cassie uma ida melhor do a ;ue eu, seuprPprio pai, lhe douD Juem eles pensam ;ue s%o, a:inalD )epresentantes de(eus na !erraD

5%o aPs e sP ;uerem o bem de Cassie, ;ue sua Anica neta 5harona:irmou. -or :aor, tente compreender a posi$%o deles.

%o acredito ;ue estou ouindo isto de oc> 8rant eGclamou,chocado.

' o ;ue oc> esperaa de mimD Jue :icasse a meu lado incondicionalmente ele respondeu, o:endido. +amos esclarecer uma coisa, 8rant. 'm primeiro lugar nPs estamos

conersando, ou se?a# :alando sobre um assunto di:"cil, para er se chegamosa uma conclus%o ;ue se?a boa para todos. Meu papel, como sua amiga, n%o diFer am"m a todas as suas opiniEes, mas sim eGpressar o ;ue penso, ;uer

se?a de seu agrado ou n%o. Mas isso n%o signi:ica ;ue oc> tenha de tomar o lado de Qugh e

(orothy. 'stou apenas tentando mostrar4lhe ;ue, no lugar deles, tanto oc>

;uanto eu taleF ag"ssemos da mesma :orma. 'la :eF uma pausa. 8ostaria ;ue oc>s tr>s se entendessem. ' triste ;uando eGiste desaen$asdesse tipo numa :am"lia.

Qugh e (orothy n%o s%o minha :am"lia. Mas s%o a :am"lia de Cassie, ;uer oc> ;ueira ou n%o. -elo pouco ;ue

os conhe$o n%o os acho ingatios ou mal4intencionados. 5%o apenas um casal

de elhos solitrios, ;ue perderam a Anica :ilha prematuramente e est%opreocupados com a neta. +oc>@ * cPlera trans:ormaa o belo rosto de 8rantnuma mscara amea$adora. !enho ontade de@ (e me baterD ela completou. +oc> poderia ter :eitoisso na in:Rncia e adolesc>ncia, mas nunca o :eF. *gora um pouco tarde,

n%o achaDQaia tanta gra$a e bondade nos olhos de 5haron, ;ue 8rant, mesmo em

meio a tanto desespero, cedeu. m esbo$o de riso estampou4se em seuslbios cerrados. ' ele respirou :undo, tentando read;uirir o controle.

'stou desesperado, 5haron con:essou, com um suspiro. %o sei o;ue :aFer. K simples. 5implesD ele ;uase gritou. 'm primeiro lugar, oc> dee parar de pensar neste assunto. O ;u>D 8rant reagiu, espantado. Mas se estou ?ustamente lhe

diFendo ;ue@ !enha calma, homem. 'la sorria, procurando con:ort4lo. este

estado de neros, oc> n%o conseguir encontrar nenhuma solu$%o para oproblema. -ortanto para casa, tome um banho@ ' depois olte a pensar

com calma.'le a olhou com uma eGpress%o contrariada, mas por :im a;uiesceu.*bra$ando4a com carinho, disse lentamente#

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'stou assustado e n%o sei trabalhar muito bem com esse tipo desentimento.

+ descansar e tente n%o contagiar Cassie com suas in;uieta$Ees. 'la ? tem muitos problemas e n%o precisa de mais@

+oc> est certa@ Como sempre. 8rant :itou4a no :undo dos olhos,com uma misto de pro:undo bem4;uerer e gratid%o.

CA+,T-LO III

*s atiidades pro:issionais de 8rant -ar<er continuaam intensas,leando4o de um lado a outro. *ssim, seu tempo dispon"el para Cassie ia setornando cada eF mais escasso. !ee de :aFer uma iagem de negPcios aBoston e, uma eF mais, ienciou cenas dolorosas com Cassie.

* menina entraa em pRnico sempre ;ue pressentia a aus>ncia do pai. 'por mais ;ue ele tentasse minimiFar a situa$%o com muita conersa e carinho,Cassie mantinha4se inconsolel. Bastaa >4lo :aFer as malas, para ;uecome$asse a chorar e a implorar4lhe ;ue :icasse.

5haron, como sempre, estaa presente para tornar a situa$%o maissuportel.

Lembre4se sempre de uma coisa, ;uerida# ningum no mundo a amatanto ;uanto seu eu. 8rant despedia4se da :ilha no aeroporto.

Juando oc> oltaD Cassie indagou, por entre as lgrimas. (entro de dois dias, esquilinho. *gora d>4me um bei?o e dese?e4me

uma boa iagem. 'rguendo a :ilha nos bra$os, ele bei?ou4a calorosamente ecolocou4a no ch%o. +oltando4se para 5haron, indagou# +oc> tem meunAmero de contato em Boston, n%o D

'st na agenda. + tran;ilo, 8rant. 'u e Cassie :icaremos bem.'le bei?ou4a em ambas as :aces, murmurou um agradecimento e partiu.5haron conduFiu Cassie N aranda enidra$ada, no terceiro andar do

aeroporto, de onde podia se er os aiEes partirem. -apai est na;uele l. Cassie interrompeu o choro e apontou para

um ?umbo, ;ue come$aa a taGiar na pista.' 5haron suspirou, aliiada.O tru;ue :uncionou por alguns instantes, mas logo Cassie oltou a chorar.!omando4a no colo, 5haron saiu do aeroporto, a mente :erilhando de

pensamentos. * Anica solu$%o para o caso de 8rant era o casamento@ 'mboraele se recusasse a reconhecer isso. Mas at ;uando poderia se :urtar NrealidadeD 'la se perguntaa, in;uieta.

Bonito, iAo, bem situado na ida@ 8rant acabaria encontrando umamulher ;ue o conencesse a despos4la. 'ra uma ;uest%o de tempo@

Ou de press%o ela concluiu, baiGinho, apertando Cassie contra opeito.

Continuando na;uela linha de pensamento, era l"cito supor ;ue a noam%e de Cassie poderia muito bem n%o gostar da amiFade de 8rant com ela. '

ent%o como seria ier longe de Cassie, sem poder toc4la, rir com ela oudeslumbrar4se com suas descobertas sobre o mundoD

5haron consideraa4se uma mulher :orte, mas tambm conhecia seus

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limites. *mara 8rant e :ora trocada por outra mulher. *ceitara o :ato comresigna$%o e tornara4se amiga do homem ;ue um dia sonhara ter comoesposo. Mas ser a:astada de Cassie@ sso n%o 'la decidiu, em pensamento.sso seria cruel demais.

!omada por essas cogita$Ees sombrias, 5haron remeGeu na bolsa Nprocura das chaes de seu carro. -ouco depois, tomaa a dire$%o do centro da

cidade. !inha de deiGar Cassie na escola e ir para o trabalho. O pior era ;ue amenina n%o estaa em condi$Ees de en:rentar um dia de relacionamentointenso com outras crian$as. ', pensando bem, a prPpria 5haron tambm n%ose sentia com a menor energia para ir trabalhar.

Como haia prometido N :ilha, 8rant oltou dois dias depois. Qaiaresolido negPcios pendentes e aproeitara para consultar um adogado,considerado um dos melhores de Boston.

O elho e sbio ?urista :ora muito categPrico ao a:irmar ;ue a chance deQugh e (orothy ganharem a custPdia de Cassie era bastante grande.

' o processo, depois de iniciado, ser como uma bola de nee descendo

por uma encosta ele acrescentara. O ;ue ;uer diFer com isso, doutorD 8rant reagira, espantado. Juero aconselh4lo a preparar4se para uma erdadeira batalha, sr.

-ar<er. -elo ;ue entendi, os aPs maternos da menina n%o hesitar%o emrecorrer a tudo ;ue puderem, para ganhar a causa.

Mas a ;u>, eGatamente, podem recorrerD 8rant argumentara,irritado. 5ou um homem "ntegro, doutor. %o tenho nada a esconder da leiou de ;ual;uer pessoa.

%o pense ;ue isso lhe dar garantias contra seus oponentes, sr.-ar<er. 5ua ida particular ser inteiramente deassada e traFida a pAblico,

nem sempre de uma maneira ?usta.', para :inaliFar, o adogado in:ormara4o de ;ue as custas de um processoda;uele tipo eram impreis"eis, capaFes de abalar a estrutura econHmica de;ual;uer pessoa, por mais sPlida ;ue :osse.

' ;uais s%o minhas alternatias, nesse casoD ele perguntara,isielmente impressionado.

'ntrar em acordo com os aPs de sua :ilha. %o eGiste possibilidade alguma de acordo 8rant retrucara, com

eem>ncia. 'nt%o sugiro ;ue opte por uma segunda alternatia.

JualD Casamento.8rant deiGara o escritPrio do elho adogado bem mais preocupado do

;ue antes. ' tinha raF%o em sentir4se assim.(ois dias depois de chegar a *nchorage, ele recebeu uma carta do

adogado de Qugh e (orothy. Como estaa ocupado, resolendo uma srie deassuntos com o pessoal da diretoria, pre:eriu guard4la no bolso.

5P :oi abri4la em casa, N noite, depois de colocar Cassie para dormir. ' o:eF como ;uem tocasse num ob?eto perigoso e repulsio.

ma mistura de raia e medo emba$ou4lhe a is%o, logo apPs a leitura das

primeiras linhas. * mais "n:ima possibilidade de perder Cassie ? era su:icientepara deiG4lo :ora de si. 5er atacado e tra"do por pessoas a ;uem ele tantoconsiderara, no passado, era incrielmente doloroso.

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* carta estaa escrita num tom :rio e direto, como uma lRmina. 'm meio aprotestos de considera$%o meramente :ormais, in:ormaa4o sobre o in"cio doprocesso pela custPdia de Cassie.

O tele:one soou no criado4mudo. 8rant atendeu imediatamente,perguntando4se ;uem estaria ligando N;uela hora tardia. 'ram ;uase onFe danoite.

8rantD K oc>Dmediatamente, ele reconheceu a oF Qugh, do outro lado da linha.

6aFendo um enorme es:or$o para se controlar, indagou no tom mais neutro;ue conseguiu#

O ;ue oc> ;uer, QughD Jue deiGe Cassie conosco, at resolermos nossas pend>ncias. +oc> maluco 8rant reagiu, indignado, perdendo de eF a

paci>ncia. 'st moendo um processo para me tirar a guarda de Cassie eainda por cima ;uer ;ue eu a entregue em suas m%osD *pPs uma pausa,imprimiu um tom mais ameno N oF para diFer# Ou$a, Qugh, sua :ilha

Catherine morreu. ' tomar Cassie de mim n%o ai traF>4la de olta, entendeD n:eliFmente ? n%o podemos :aFer nada por Catherine, agora. Mas

ainda h tempo@ Com Cassie. O ;ue oc> est insinuandoD Jue oc> n%o pHde :aFer minha :ilha :eliF. ' duido de ;ue o conseguir

com Cassie.8rant :echou os olhos por um momento, tentando absorer o golpe.

!omando :Hlego, a:irmou# Qugh, melhor interrompermos essa conersa, antes de diFermos

coisas das ;uais nos arrependeremos depois. 'n;uanto oc> e (orothy

insistirem nesse processo absurdo, nossas rela$Ees estar%o cortadas. ada decartas, isitas ou tele:onemas@ 'ntendeuD ' desligou.5entia o c"rculo se apertar ao seu redor@ ' ia4se ;uase sem sa"da. (eiGar

sua empresa ruir seria o menor dos males, diante da possibilidade de perderCassie. Mas ainda ;ue abrisse m%o do trabalho pelo ;ual lutara a ida inteira@sso nada resoleria. *o contrrio# ;ual ?uiF daria ganho de causa a um iAo:alido, ;ue alegasse ser capaF de cuidar de uma menina de seis anosD

*margos pensamentos cruFaam a mente de 8rant, proocando4lhe umasensa$%o de derrota. Mas ele os combateu um a um, respirandopro:undamente, procurando achar um caminho ;ue o leasse N luF da raF%o.

I era bem tarde ;uando por :im esticou4se na cama, pronto para dormir.(epois de muito meditar, haia encontrado a solu$%o para o caso@ * Anica ;uelhe restaa. ' n%o era nada agradel.

+ou me casar 8rant in:ormou a 5haron, em sua oF grae epausada.

O ;u>D 'la empalideceu.'staam na coFinha da casa de 5haron, sentados N mesa, tomando inho

;uente. Cassie brincaa com Brittany no hall. Casar4se@ 5haron balbuciou, engolindo em seco. ' posso saber

com ;uemD

%o 8rant respondeu e apressou4se a eGplicar# Juero diFer, euainda n%o sei.5haron suspirou, baiGando os olhos para o copo de inho.

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(eo con:essar ;ue esperaa ;ue isto acontecesse algum dia. Masassim, de repente@

!rata4se de um casamento de coneni>ncia, claro 8rant esclareceu,interrompendo4a. Com salrio, grati:ica$Ees e tudo mais.

5haron meneaa a cabe$a num gesto de nega$%o e incredulidade. +oc> n%o pode comprar o a:eto das pessoas por Cassie, entendeD

Mas posso encontrar uma mulher a:etuosa, ;ue tenha bom cora$%o@+oc> n%o achaD

%o sei. +oc> me pegou de surpresa. * primeira ista, essa idia meparece um grande absurdo.

Juero deiGar uma coisa bem clara 8rant a:irmou, apPs sorer umgole de inho. 5e n%o :osse por Cassie, eu ?amais me casaria outra eF. 'esse@ Absurdo! como oc> mesma diF, menor do ;ue a insanidade de Qughe (orothy, ;ue ;uerem tir4la de mim.

m absurdo n%o ?usti:ica o outro 5haron argumentou, comsinceridade. (esculpe, mas realmente n%o concordo com sua is%o. 'm

minha opini%o, oc> est apenas adiando os problemas. %o sob o ponto de ista legal 8rant sentenciou. ' do ;ue

estamos tratando a;ui, sen%o da lei, representada por a;uela estatueta cega,com balan$a e uma espada na m%o@D

(iscordo totalmente. %o estamos :alando da lei, mas sim de Cassie 5haron retrucou, num tom seero. +oc> pode encer Qugh e (orothy nostribunais, com a solu$%o ;ue acaba de encontrar. Mas ser ;ue isso :ar Cassie:eliFD

%o sei, 5haron ele respondeu, apPs um longo momento de re:leG%o. Iuro ;ue n%o sei, mas tenho de tentar. * solu$%o ;ue encontrei est longe

de ser per:eita, assim como o mundo onde iemos est longe de ser ?usto.Mas o ;ue posso :aFerD'ssas palaras ecoaam na mente de 5haron, muito depois de 8rant e

Cassie terem partido.* noite ? ia alta, e ela continuaa acordada, andando de um lado a outro

da sala, como se a medisse com seus passos ansiosos.5im@ ingum, mais do ;ue ela, sabia o ;uanto o mundo podia ser

in?usto e cruel.(e sua in:Rncia di:"cil, ela traFia bem poucas lembran$as :eliFes. *:ora os

pais, sP haia uma pessoa no mundo ;ue ela amaa incondicionalmente# 8rant

-ar<er, o herPi de sua ida e de seus sonhos mais romRnticos@ Mas elerecusara4se a aceitar seu amor. ' pre:erira casar4se com outra mulher. 5haronso:rer terrielmente e chegara a pensar ;ue ?amais se recuperaria do golpe. .Mas algum tempo depois conhecera Charley, um homem bom e ?usto, ;ue acatiara com sua bondade e paci>ncia. Meses mais tarde, ele a learia ao altarda igre?a4matriF de *nchorage. 5haron ?urara a si mesma ;ue, embora ?amaisconseguisse am4lo como a 8rant -ar<er, :aria tudo o ;ue estiesse a seualcance para torn4lo :eliF.

O casamento transcorrera bem, no in"cio. 5haron e Charley trataam4secom carinho, respeito e uma pro:unda amiFade. * uni%o parecia ter dado certo.

Mas tudo se des:iFera, ;uando 5haron descobrira ser estril.* bondade e o carinho de Charley n%o resistiram N dura realidade de umcasamento sem :ilhos@ ' ele a deiGara, leando consigo as esperan$as de

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:elicidade ;ue ainda restaam em seu cora$%o.* ida era boaD 'la se perguntou, a:astando as lembran$as do passado.

Bem@ 'ra 'ida! sem nenhum ad?etio ;ue pudesse torn4la melhor, maissuae e@ Iusta Como poderia discordar de 8rantD -ensou, em seguida. 'concluiu ;ue n%o tinha esse direito.

O ento rugia l :ora, em meio N densa escurid%o do inerno rigoroso. O

sono, grande restaurador das energias, parecia um pssaro oando nasalturas@ m pssaro ;ue n%o pousaria ali, na;uela casa, na;uela sala onde5haron tanto so:ria.

(e sAbito ela parou no meio da sala e, abrindoW4os bra$os, perguntou emoF bem alta#

-or ;ue n%o euD(e :ato, ali estaa o centro da ;uest%o# se 8rant ;ueria se casar apenas

para lirar4se de um processo in?usto, por ;ue n%o com ela, ;ue amaa Cassiecomo a :ilha ;ue ?amais tiera@ ' ?amais poderia terD

 %o se?a rid"cula, 5haron O=)iley, repreendeu4se, mentalmente. Mas a

idia parecia cada eF mais lPgica e plaus"el.(eiGando as elas da imagina$%o en:unarem com o ento da ontade,

5haron imaginaa como seria a ida ao lado da;uele homem. 'mbora 8rantsempre houesse deiGado muito claro ;ue n%o a dese?aa@ Bem, ela seria :eliFapenas em poder compartilhar do mesmo mundo ;ue ele e a adorel Cassie.

Brittany eio correndo da coFinha e come$ou a morder4lhe os chinelos,conidando4a a brincar.

* realidade oltou a cair sobre 5haron, como um duro golpe. +oc> deia consultar um psi;uiatra, 5haron O=)iley@, disse para si, com

ironia. -ois est literalmente delirando. 

Longe de imaginar os complicados problemas humanos, a cachorrinhaBrittany insistia em brincar. 5haron abaiGou4se e acariciou4a# I chega de brincadeiras por ho?e, amiguinha disse, nm tom

carinhoso. 'm seguida :oi para o ;uarto. -recisaa ao menos tentar dormir.'ram ;uase deF horas ;uando ela despertou na manh% seguinte.(epois da entania :orte da noite, o sol :inalmente aparecia no cu onde

rios tons de aFul se espalhaam, compondo um ;uadro per:eito com a nee;ue cobria a paisagem. *nchorage mais parecia um cart%o4postal, na;uelamanh%.

(epois de tomar uma ducha e :aFer uma re:ei$%o rpida, 5haron ligou

para 8rant. 'stou pensando em ir at a" ela anunciou. *lgum problemaD enhum ele respondeu, alegre com a perspectia da isita de

5haron. Mas traga Brittany. 5en%o, Cassie n%o a deiGar conersar comigo. Combinado.+inte minutos depois, ela estacionaa em :rente N casa de 8rant. Cassie

eio correndo ao seu encontro, com os bracinhos abertos e prontos para umcaloroso abra$o. 'staa muito graciosa em seu con?unto de l% cor4de4rosa ebotas de camur$a.

+oc> est parecendo uma pintura, de t%o bonita disse 5haron,

tomando4a no colo. ' oc> tambm est linda a menina a:irmou, acariciando4lhe o rosto. 5abe ;ue eu te amo, 5hronD

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'la sorriu, comoida# 'u tambm amo oc>, meu an?o. Onde est BrittanyD*ntes ;ue 5haron respondesse, a pe;uena sprin) spaniel saltou pela

 ?anela do carro, latindo ruidosamente. Oba Cassie eGclamou. -osso brincar com ela, a;ui :oraD

5im. Mas :i;ue atenta se ier algum carro, est bemD %o tem perigo. Juase nunca passa ningum por a;ui. -apai :alou ;ue

Ptimo, por;ue assim n%o temos problemas de barulho. -roblemas 5haron corrigiu4a num tom carinhoso. -roblemas a garotinha murmurou num tom srio. ' sentindo4se mais

con:iante, repetiu# %o temos problemas de barulho. ' papai diF ;ue isso muito bom.

' oc>, o ;ue achaD %o acho nada.5haron tornou a sorrir. 8ostaa da iacidade de Cassie, ;ue nunca se

embara$aa com pergunta alguma. *cariciando os cabelos da menina, elaabriu a porta e entrou. * oF de 8rant soou, inda da coFinha#

'stou a;ui, 5haron@ Bom dia. (ormiu bemD ela perguntou. Mais ou menos. *ndo meio sem sono. Ca:D Leite melhor. !em :locos de milhoD Com chocolate. Cassie adora.8rant oltou4se e sorriu. ma descarga eltrica percorreu a espinha de

5haron. 'le estaa t%o belo de pi?ama, os cabelos des:eitos pelo sono in;uietoa barba aFulando seu rosto iril, os dentes t%o alos e os lbios@

Jue oc> temD* oF de 8rant sacudiu4a de seu deaneio. 5ei l. %o preguei os olhos a noite toda e sentou4se. *cho ;ue poder"amos :aFer uma dupla de pH;uer e arar as

madrugadas ?ogando. -elo menos oc> aprenderia a distinguir as se;>nciasumas das outras.

CalAnia@ n:Rmia@ 5empre ?oguei melhor do ;ue oc>. -H;uer, n%o. %o mesmo, 8ata Braa.5haron sorriu. *;uele apelido de in:Rncia nunca mais haia sido dito desde

muitos e muitos anos.

Cacheta, buraco, ronda, bridge@ escolha as armas, -4de4chumbo.6oi a eF de 8rant gargalhar. O apelido era deido a inabilidade ;ue eledemonstraa ao aprender dan$ar.

+oc> se lembra ainda@ ;ue incr"el ele disse sacudindo a cabe$aen;uanto a :itaa nos olhos.

'les :icaram em sil>ncio se olhando e era ;uase poss"el er o ;uepassaa em suas mentes. * in:Rncia pobre mas diertida, as correriasmalu#as! as aenturas inconse;entes@

O ar era mais :ino e as noites mais pro:undas ela disse ent%o. Os cheiros mais atios e os sons eGcitantes ele completou.

O primeiro bei?o@ * primeira mgoa@ O primeiro adeus ela terminou.

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a coFinha da casa, o sil>ncio era cortado apenas pelos gritos alegres deCassie e os latidos de Brittany ;ue chegaam at ali, aba:ados e distantes.

6omos :eliFes, 5haronDQaia tal graidade na;uela simples pergunta ;ue 5haron acilou, Juem

no mundo poderia saber o ;ue se passara no "ntimo da;uele homem N sua:renteD gnorando a ontade de diFer a erdade, ela respondeu o ;ue ele

;ueria ouir# 5im. Creio ;ue sim. 'nt%o tome seu leite, 8ata Braa, sen%o ai es:riar escorregou 8rant

pela tangente.'la seriu4se pensatia, a magia do momento eaporando4se como a gua

aoX:ogo. 5im, ela :ora :eliF. *o menos at descobrir ;ue n%o era correspondidaem seu amor por 8rant, mas isto n%o podia ser dito ali. +erdades parciais paran%o chocar os amigos, disse irHnica a si mesma.

*gora diga4me uma coisa, 5haron. O ;ue oc> eio :aFer a;uiD -erguntar a oc> po;ue n%o me pede em casamento. -ronto. 'staa

dito. 5haron mal podia acreditar ;ue conseguira. * rea$%o de 8rant :oi t%o:orte ;ue ele abriu literalmente a boca.

' por ;ue uma mulher como oc> iria se casar comigoD +oc> estloucaD

%o n%o estou. 5e algum tem ;ue ser a m%e adotia de Cassie e essamulher n%o uma escolha emocional sua, ent%o melhor ;ue se?a eu.

Mas oc> tem ;ue pensar em sua ida, 5haron. 'u estou pensando em minha ida, acredite. +oc> ?oem e bela, tem um Ptimo emprego, tem um senso de

lealdade e humor marailhosos@ e ai casar sem amor apenas para me a?udar

e a CassieD 5e oc> pode :aFer isso por ;ue eu n%oD K di:erente. 'u sou o pai da Cassie. ' desde a morte de Catherine ;uem est mais prPGima do papel de

m%e ;ue euD Meu (eus ele gritou ' eu n%o sei dissoD %o est parecendo ;ue sabe disse de mau humor. Jual o

problema, 8rant -ar<er. 5er ;ue tem medo de conier comigoD 'i, ei, ei@ e?a l onde oc> est indo ele adertiu. 'stou bem sentada na cadeira de sua coFinha e diFendo para oc>, seu

cabe$a dura, ;ue ;uero ser m%e de Cassie. ' seu emprego, ai ?og4lo para o alto depois de tantos anos dededica$%o e trabalhoD

5haron calou4se. %o estaa em seus planos tornar4se uma dona4de4casae sim m%e de Cassie.

'u n%o ou deiGar de trabalhar. -osso per:eitamente lear Cassie para aescola e ir busc4la no :inal do per"odo como :aFem milhares de m%es emtodos os 'stados nidos da *mrica do orte. ncluso colHnias.

O *lasca n%o colHnia norte4americana e sim um 'stado e oc> sabemuito bem disso ele protestou.

Como sei ;ue :oi comprado da )Assia por uma bagatela e muitapress%o pol"tica. 5e n%o :osse pelos armamentos atHmicos dos bolcheistas, o!io 5am teria leado na m%o grande como :eF com os meGicanos roubando a

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Cali:Prnia. Meu (eus@ ele sacudiu as m%os no ar , e pretende ser a m%e de

Cassie com esse discurso comunistaD +oc> est :ora de moda ;ueridinho. %o eGiste mais ni%o 5oitica. *

)Assia tambm n%o eGiste mais como oc> bem sabe e esse papo decomunista coisa de pPs4guerra.

'u n%o acredito@ 'stou sendo amea$ado de perder a guarda de minha:ilha e oc> :alando de pol"tica.

+oc> ;ue come$ou, -4de4chumbo. +oc> ;ue chamou o *lasca de colHnia, 8ata Braa.Os dois se olharam sentindo4se rid"culos. 'staam corados pela discuss%o,

os olhos brilhando, a respira$%o rpida reelando a adrenalina in?etada pelocorpo na corrente sang"nea.

(esculpe ela murmurou. -elo ;u>D -or ter chamado o *lasca de colHnia. 5P :iF isto por saber o ;uanto

oc> ama nosso 'stado. 'ra prooca$%o. '@ e :oi mesmo uma rapinagem a estPria com os meGicanos@ 6alar em MGico me lembra tacos disse tolamente sobre um prato

tradicional da;uele pa"s. 6alar em )Assia me lembra goulash@ ' od<a@ ela colocou ' ureye disse 8rant. ' Barischini<o ela citou outro. Caiar negro@ * mAsica, a literatura@ ' ent%o. +ai ou n%o se casar comigoD

+ para os diabos, 5haron O=)iley. %o antes de oc>, 8rant -ar<er.* noite era suae e estrelada. O :rio terr"el, agora ;ue a nee deiGara de

cair. Olhando o ale das amplas ?anelas de idro, 8rant sorria da conersa ;uetiera com 5haron pela manh%. Cassie dormia seu sono de an?o lire da;uelesproblemas ;ue os homens inentaram para :ingir ;ue a ida tem algum sentidoalm de ier.

Considerando tudo, a o:erta de 5haron :ora eGtremamente generosaconcluiu 8rant. -or mais ;ue :iFesse, ?amais poderia retribuir tamanho :aor a5haron.

5eria lido passar a ida inteira sentindo4se em d"ida com 5haronO=)ileyD 5eria ?ustoD8rant meneou a cabe$a e tornou a sorrir. *cho ;ue estou louco disse, baiGinho. Mas ou me casar com

5haron O=)iley.

CA+,T-LO I.

(irigindo seu carro, a caminho da casa de 8rant, 5haron lutaa contra aansiedade ;ue amea$aa domin4la.

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'le haia ligado bem cedo, pedindo4lhe ;ue :osse at l, para conersar.5eria uma m not"ciaD 'la se perguntaa, respirando compassadamente,

numa tentatia de se acalmar.ma idia estaa bastante clara em sua mente# :osse ;ual :osse a decis%o

de 8rant sobre o casamento@ * amiFade entre ambos permaneceria.5entindo4se um pouco melhor, 5haron estacionou em :rente N casa de

8rant e tocou a campainha.Cassie eio atender, brindando4a com um lindo sorriso e um abra$o

apertado, antes de abaiGar4se para acariciar a cachorrinha Brittany, com osolhos aFuis brilhando de alegria.

8rant@ 5haron anunciou cheguei. 'stou a;ui na sala, 5haron. 'ntre@5eguida por Cassie e Brittany, ela transpHs o hall e chegou N sala.

*proGimou4se para bei?ar 8rant no rosto, como sempre :aFia. Mas notou ;ueele se retra"a e ;ue desiaa os olhos, isielmente constrangido. masensa$%o de pRnico, a inadiu. Mas 5haron consegui controlar4se e, sentando4

se numa poltrona, esperou ;ue 8rant introduFisse o assunto. 6ilhinha@ ele disse, num tom carinhoso, acariciando o rosto de

Cassie por ;ue n%o ai brincar com Brittany l :ora, ou na sala de ?ogosD -re:iro brincar a;ui. Mas tenho de conersar com 5haron, ;uerida. -ode conersar, oras@ Ps n%o amos atrapalhar, n%o , BrittanyD '

inclinou4se para a cachorrinha, ;ue respondeu com um latido de pura alegria. !rata4se de um assunto de adultos, ;uerida 8rant insistiu,

pacientemente. Mas eu ;ueria :icar com 5haron um pou;uinho@

(epois, :ilha. 'st bom Cassie cedeu, a contragosto. ' saiu em seguida, ?unto comBrittany.

O sil>ncio caiu entre 5haron e 8rant. O momento era grae e ambossabiam disso. 8rant mantinha4se srio, como se escolhesse bem as palaraspara o ;ue tinha a diFer. 5haron tentaa n%o demonstrar a ansiedade ;ue aatormentaa.

Continuo achando ;ue oc> est cometendo uma grande bobagem@ ele come$ou.

'la ;uis protestar, mas calou4se diante do gesto incisio de 8rant.

-or :aor, 5haron, deiGe4me terminar. 'le inclinou4se em sua dire$%o. +oc> est desistindo de sua liberdade e independ>ncia@ ' tudo isso para;u>D -ara se dedicar a uma crian$a ;ue, apesar de oc> amar, n%o sua :ilha.' para a?udar um amigo ;ue sP lhe dee :aores. 'rguendo4se, concluiu# *cho ;ue sou ego"sta su:iciente para aceitar sua o:erta. 5P espero ;ue n%o nosarrependamos da decis%o ;ue estamos tomando agora.

6itando4a no :undo dos olhos, acrescentou# 'spero ;ue o mundoretribua sua bondade, pois n%o me ?ulgo capaF de tanto.

5haron ergueu4se tambm. Qaia chegado seu momento de :alar# 'stou consciente da importRncia de nossa decis%o. 6a$o isto por amor a

Cassie e tambm por oc>, ;ue tem sido meu melhor amigo h tanto tempo. *pPs uma pausa, :inaliFou# ', para ser :ranca, :a$o isso tambm por mim mesma. 'u n%o seria :eliF

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se agisse de outra :orma. Continuo n%o entendendo o por;u> de sua atitude, mas deo diFer ;ue

acato e respeito. *gora melhor passarmos Ns solu$Ees prticas. 5im. 'la o :itou com ar de eGpectatia. saremos ;uartos di:erentes, pois creio ;ue nosso tipo de acordo n%o

inclui certas intimidades.

5haron corou iolentamente. 5eu orgulho de mulher ?oem e dese?elestaa sendo :erido pela sinceridade de 8rant, ;ue naturalmente nem se daaconta disso.

  (eiGe de ser tola, ela se recomendou, em pensamento, antes deresponder eGatamente o ;ue deeria#

!em raF%o. I ;ue se trata de um simples casamento de coneni>ncia,deemos preserar nossa priacidade.

'Gato. ' 8rant abordou um segundo ponto. Ps nos casaremos omais bree poss"el e apenas no ciil. +oc> concorda com issoD

Claro. 'u n%o pretendia mesmo me estir de noia pela segunda eF.

5eria rid"culo, na atual circunstRncia.8rant assentiu com um gesto de cabe$a. (e sAbito, indagou# %o ;uer reconsiderar sua decis%oD %o ela respondeu, com :irmeFa. 'nt%o melhor chamarmos Cassie. 'la precisa saber. 5haron leantou4

se :oi at a sala de ?ogos, onde a meninabrincaa com Brittany e o cachorrinho de pelAcia ;ue 8rant lhe trouGera

de Boston. 5eu pai e eu temos uma coisa para lhe contar disse, acariciando os

cabelos negros de Cassie. +amos at a salaD

+amos Cassie respondeu, entusiasmada por poder participar da#on'ersa de adultos ;ue, at o momento, lhe tinha sido proibida.8rant tomou a :ilha no colo e, com eGtrema clareFa e paci>ncia, eGplicou a

situa$%o. * cachorrinha Brittany, sentada a seus ps, parecia ansiosa para ;ueCassie oltasse a brincar o mais rpido poss"el.

'ntendeu direitinho o ;ue papai lhe disseD 8rant indagou, no :inal danarratia.

Cassie respondeu com um gesto de cabe$a, antes de diFer# 5haron em morar a;ui e ai ser minha m%e.O sil>ncio ;ue se :eF depois da;uelas palaras t%o simples e singelas

amea$aa tornar4se descon:ortel. 5haron resoleu interir# +oc> n%o est contente com a not"cia ;ue seu pai lhe deuD 'u eBrittany amos morar a;ui com oc>s.

Cassie a :itaa com uma eGpress%o di:erente, ;ue 5haron ?amais ira. 'racomo se tiesse ido para uma regi%o dentro de si mesma, inacess"el a;ual;uer outra pessoa.

5ei ela disse, por :im. ' perguntou em seguida# -osso ir brincarD Claro, :ilha 8rant a;uiesceu, com um sorriso.* menina a:astou4se, ?unto com Brittany.* sPs, 8rant e 5haron olharam4se com perpleGidade.

-ensei ;ue Cassie :osse eGplodir de alegria disse 8rant. *:inal, ela louca por oc>. !aleF este?amos errados. 5haron controlaa4se para n%o chorar de

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tristeFa ' melhor repensar nossa decis%o. %o 8rant discordou, pensatio. Cassie est apenas reagindo a

uma mudan$a radical em sua ida. 5e comportou4se assim diante daperspectia de eu me casar com oc>, imagine o ;ue :aria diante de umamulher estranhaD

%o sei@ 5haron murmurou, con:usa. 5inceramente, n%o sei o

;ue pensar sobre essa postura de Cassie. 5e oc> ;uiser oltar atrs, eu compreenderei. Mas n%o desistirei de

me casar, ? ;ue esta a Anica solu$%o para garantir minha itPria na batalha ?udicial ;ue deo en:rentar em bree.

5haron suspirou. ' deiGou :luir seu desapontamento# %o ;uero desistir, 8rant. Mas con:esso ;ue estou muito triste. 'u

 ?uraa ;ue Cassie :icaria muito :eliF com a not"cia. ' em nome da :elicidade dela ;ue estamos :aFendo isso 8rant

sentenciou, num tom :irme, embora sua oF soasse insegura. +erdadeiramente in:eliF :icar%o duas outras pessoas@

+oc> est :alando de Qugh e (orothy, n%oD 'Gato. Os dois ter%o de desistir da tola pretens%o de tirar4me a custPdia

de minha prPpria :ilha.5haron assentiu com um gesto de cabe$a. 'm seus olhos cor de mel

pairaa uma eGpress%o amarga. ' 8rant tentou consol4la# -or :aor, n%o :i;ue assim 5haron. *cabamos de tomar uma decis%o

importante, ;ue sP poder bene:iciar Cassie. 'u sei. 'nt%o anime4se, amos. ' mostre4me um da;ueles sorrisos ;ue t%o

bem sabem con:ortar@.

mposs"el ela respondeu, com in:inita tristeFa. (iga4me, 8rant,oc> acha ;ue Cassie ai se acostumar com a idia do nosso casamentoD * 

!enho certeFa. *posto ;ue essa rea$%o estranha passageira. umtom eemente, acrescentou# Ps conseguiremos :aFer Cassie :eliF. *creditenisso, 5haron.

+ou tentar ela respondeu, mordendo o lbio in:erior, numa clarademonstra$%o de nerosismo.

*ssim ;ue 5haron partiu, cerca de meia hora mais tarde,8rant resoleutele:onar para a Cali:Prnia. !inha uma not"cia importante a dar a Qugh e(orothy. ' n%o ;ueria esperar mais um minuto se;uer para :aF>4lo#

*lH@ QughD *;ui ;uem :ala 8rant. 'stou ligando para diFer ;ue oc>pode retirar o processo pela guarda de Cassie. 'u sabia ;ue oc> eria a luF da raF%o, :ilho Qugh eGclamou,

aliiado. *:inal, nPs todos sP ;ueremos o bem dela +oc> n%o entendeu, Qugh 8rant esclareceu. O processo n%o tem

mais raF%o de ser por;ue ou me casar.*lguns segundos se passaram, antes ;ue Qugh repetisse# CasarD 'Gato. Mas eu pensaa ;ue@ nterrompendo4se, indagou. Com ;uemD

5haron O=)iley. +oc> e (orothy a conhecem. 5im, claro@ Qugh :eF uma longa pausa. 'nt%o disse, num tom tenso# %o :a$a isso, 8rant. %o cometa essa tolice com oc> mesmo e com nossa

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Cassie.8rant n%o respondeu, e ele prosseguiu# *:inal, ainda muito cedo@ +oc> acaba de :icar iAo, :ilho. -recisa de

mais tempo, antes de tomar uma decis%o t%o importante. O tempo necessrio para oc> e (orothy ganharem o processoD

8rant retrucou, com amarga ironia.

Ps n%o ;ueremos obrig4lo a se casar. -or (eus, homem -are e penseno ;ue est :aFendo. 5haron uma boa pessoa, mas@ +oc> ;uer mesmodespos4laD

-or :aor, n%o desie do ponto central da conersa. O :ato ;ue oc> e(orothy perderam@ ' sabe por ;u>D *ntes ;ue Qugh argumentasse, elemesmo completou# -or;ue a pretens%o de oc>s era in?usta e desumana@-ois desconsideraa algo muito importante# o meu amor por Cassie. -assemuito bem, Qugh. ' desligou.

Os dias ;ue se seguiram :oram bastante atribulados para 5haron, ;uetrabalhou dobrado. (e dia, no banco. ', N noite, em casa, empacotando seus

pertences.O dirio de *nchorage publicou uma not"cia triste, sobre a casa de um

pescador ;ue se incendiara, deiGando4o ao relento, ?untamente com a :am"lia.5haron a leu por acaso e ent%o tee uma idia. Ligou para o ?ornal,

conseguiu entrar em contato com o pescador e doou4lhe todos os seus mPeise eletrodomsticos. * :am"lia compareceu em peso para agradec>4la. Muitomodestamente, 5haron eGplicou4lhes ;ue :icaa :eliF em saber ;ue seusmPeis e demais ob?etos seriam bem utiliFados. 8anhaa, assim, uma amiFadeleal e duradoura. 'sse era seu grande retorno, ela diFia N;uela :am"lia simples,;ue tanto a :aFia lembrar4se de sua prPpria gente, de seus pais :alecidos h ?

algum tempo.* casa de 8rant era toda mobiliada num estilo sPbrio e elegante. 5haronsabia ;ue l n%o haeria lugar para os seus pertences. -or isso resolerades:aFer4se deles e :eliFmente pudera a?udar uma :am"lia em di:iculdades.

)eserara para si apenas um tapete :ranc>s da )enascen$a, pelo ;ualtinha grande predile$%oS um con?unto de porcelana holandesa e uma arca demadeira, onde guardaa pe;uenas recorda$Ees de in:Rncia. Claro ;ue seusliros, discos e roupas tambm iriam com ela para a noa resid>ncia, assimcomo ;uatro ;uadros de pintores canadenses e norte4americanos, ;uecomprara ao longo dos anos.

(ecis%o tomada, pertences empacotados, mPeis ? doados@ ' 5haronn%o podia eitar uma sensa$%o de medo. 5eu mundo, t%o cuidadosamenteconstru"do, parecia des:aFer4se como um castelo de cartas.

uma ;uinta4:eira N noite 8rant eio a?ud4la a transportar sua reduFidamudan$a para a noa casa, onde ocuparia o ;uarto de hPspedes, ;ue seriapermanentemente seu dali por diante.

5entindo4se desorientada no noo ambiente, 5haron apegou4se aosob?etos pessoais. 'stendeu o tapete :ranc>s aos ps da cama, a:astou apenteadeira para um canto e colocou a arca em seu lugar, para ;ue :icassebem is"el. !rocou tambm as roupas de cama pelas ;ue haia traFido. *ssim,

n%o se sentiria t%o desproida, t%o sem re:er>ncias de seu prPprio mundo.*conchegada entre seus len$Pis, coberta com sua manta de pura l%,5haron custou muito a dormir, na;uela noite.

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Mas acordou bem cedo, na manh% seguinte@ -orm n%o a tempo de er8rant, ;ue ? haia sa"do para o trabalho, deiGando um bilhete sobre a mesa.

'm poucas linhas, ele a in:ormaa ;ue sP oltaria N noite. ' ;ue contaacom ela para lear e buscar Cassie no colgio.

O dia transcorreu normal, eGceto pela rela$%o di:"cil entre 5haron e Cassie,;ue se mantinha arredia e descon:iada. *gora sua alegria e carinho eram

dirigidos apenas N cachorrinha Brit4tany. -ropositadamente, eGclu"a 5haron dasbrincadeiras, mostrando seu desagrado.

8rant chegou tarde na;uela noite e encontrou o ?antar pronto, no :orno.5haron, ;ue ? haia se recolhido para o ;uarto, mas estaa acordada,

podia oui4lo moimentando4se pela casa. 'staa ansiosa e dormiu mal.O desapontamento de 5haron cresceu ainda mais na manh% seguinte

;uando, ao acordar, ouiu o som do carro de 8rant se a:astando pela ruasilenciosa.

em no dia do casamento ele pode tomar ca: com a :am"liaD protestou, em oF alta. *:inal, ho?e sbado.

O bilhete sobre a mesa diFia apenas#+e,o-a no Cartrio s dez horas. /om dia. 0rant.5haron preparou o ca: da manh% e acordou Cassie. (epois de um rpido

des?e?um, :oi estir4se para o casamento.!omou uma ducha e, abrindo o armrio, procurou algo ade;uado para

estir. m con?unto de cal$a e casaco de l% aFul4marinho, botas, um casacobege combinando, uma lee ma;uiagem no rosto@ ' ela estaa pronta.

Mirou4se no espelho e, apesar de er4se t%o bonita, sentiu ontade dechorar.

 5e?a :orte, 5haron O=)iley, ordenou4se, em pensamento. ' :oi estir

Cassie. -ouco depois, ambas seguiam em dire$%o ao centro de *nchorage.*pesar do :rio intenso, o dia estaa belo. O branco imaculado da nee e oaFul do cu emprestaam um to;ue de beleFa N paisagem. ' 5haron aospoucos :oi se sentindo melhor.

a;uela manh% haeria uma apresenta$%o de teatro, na escola ondeCassie estudaa. -ortanto, ela n%o estaria presente ao casamento. (e certa:orma, isso era um al"io, 5haron pensaa. *:inal, Cassie continuaa reagindonegatiamente ao :ato.

(epois de deiGar a menina na escola, 5haron dirigiu4se ao cartPrio.Chegou ;uinFe minutos antes da hora marcada.

8rant n%o estaa l e sP chegou no Altimo instante, ;uando o escri%o ?anunciaa os nomes de ambos. 'staa muito elegante num terno cinFa4claro ecasaco preto. Bei?ando 5haron em ambas as :aces desculpou4se#

-erdoe4me pelo atraso. !ie de resoler alguns negPcios pendentes, lno escritPrio e acabei perdendo a hora. ' com oc>D !udo bemD

5im. 'la sorriu, aliiada. Cheguei a pensar ;ue teria de me casarsoFinha@ Jue oc> mandaria uma procura$%o.

8rant riu, diertido. !omando4a pelo bra$o, conduFiu4a N sala onde o ?uiFde paF ? os aguardaa.

* cerimHnia transcorreu de modo simples e rpido. *s testemunhas :oram

arran?adas ali mesmo, entre os :uncionrios do cartPrio. a hora da troca dasalian$as, 5haron sentiu ;ue seus ?oelhos :ra;ue?aam e tee de se apoiar em8rant. Mas logo read;uiriu o controle e o e;uil"brio. *ssim, a celebra$%o de seu

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casamento com o homem ;ue tanto amaa chegou ao :inal.O elho ?uiF eleou os olhos por trs das grossas lentes do Pculos e disse

a 8rant# -ode bei?ar a noia, sr. -ar<er.5haron corou iolentamente. 6echando os olhos para ocultar seu

embara$o, ela oltou4se para 8rant e ergueu4se nas pontas dos ps,

o:erecendo os lbios leemente entreabertos.8rant curou4se e bei?ou4a@ 'nt%o, o inesperado aconteceu.* macieF dos lbios de 5haron, o per:ume lee ;ue dela eGalaa e,

principalmente, as ibra$Ees transmitidas por a;uele to;ue suae atingiram osneros de 8rant com a :or$a de uma descarga eltrica.

!r>mulo deido N;uela sAbita onda de emo$%o, ele enla$ou a cintura damulher ;ue era agora sua esposa. ' sem mesmo pensar no ;ue :aFia, atraiu4apara si, apro:undando o bei?o ;ue deiGara de ser uma simples :ormalidade paratrans:ormar4se em algo io e ibrante.

(esde a morte da esposa, h poucos meses, 8rant n%o tiera rela$Ees

com nenhuma outra mulher. Mas ser ;ue isso ?usti:icaa a;uela emo$%o :orade controle, ou a ontade imperiosa de amar 5haron ali mesmo, diante dastestemunhas e at do elho ?uiFD * pergunta, sem resposta, atraessaa amente 8rant, deiGando4o totalmente con:uso. unca, em toda a sua ida,imaginara ;ue 5haron pudesse lhe proocar tamanho arrebatamento.

5haron a princ"pio aceitou o bei?o como se recebesse uma ddia. Ohomem ;ue o ?uiF acabar de nomear seu marido era, na erdade, um amigo. Oelho e ;uerido 8rant -ar<er, ;ue ?amais a ira como uma mulher dese?el,mas sim como uma irm% em ;uem se podia con:iar. Bem, haia rias :ormasde amar. ' se 8rant gostaa dela dessa maneira, por ;ue n%o aceitarD *lis,

n%o poderia mesmo :or$4lo a am4la de outro modo.'ra nisso ;ue 5haron pensaa, no momento em ;ue entreabria os lbiospara receber o bei?o :raternal de 8rant. Mas num :lash, ;ue chegou a toldar4lhe a is%o, ela percebeu ;ue algo haia mudado. *s m%os ;uentes e :ortes emtorno de sua cintura, a respira$%o o:egante e os lbios eGigentes de 8rant,eGplorando os seus@ !udo isso proaa ;ue o bei?o meramente amistosotrans:ormara4se num contato di:erente, ousado@ *bsolutamente sensual.

's;uecendo4se por um instante de ;ue seu casamento com 8rant -ar<erera apenas um arran?o de coneni>ncia, 5haron deiGou4se lear pelasemo$Ees. uma :ra$%o de segundo, as :antasias mais loucas, ;ue acalentara

desde menina, pareceram renascer. ' ela entregou4se de corpo e alma N;uelebei?o, dese?ando continuar assim por toda a eternidade. Os prPGimos@* oF do ?uiF soou aos ouidos de 8rant como se iesse do espa$o sideral.

' ele leou algum tempo para perceber o ;ue estaa acontecendo. 'spantadoconsigo mesmo e com a prPpria situa$%o, ele a:astou4se ;uase bruscamente.

' melhor irmos embora disse baiGinho a 5haron. O ;u>D ela indagou, como se despertasse de um sonho dourado. -recisamos dar lugar a outro casal. +amos, 5haron. 'la o seguiu, ainda

num estado de letargia. 5omente ;uando

saiu do cartPrio, sentindo o ento :rio e o sol suae em pleno rosto, ;ue5haron conseguiu conectar4se noamente com a realidade. -iscando os olhoscor de mel, ela imprimiu um tom casual N oF, para diFer#

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Bem, parece ;ue tudo deu certo. -oder"amos almo$ar ?untos, paracomemorar@ O ;ue achaD

ma eGpress%o de culpa e atordoamento estampou4se no rosto msculode 8rant, ao responder#

5into muito, 5haron, mas ? tenho um compromisso com ;uatrorepresentantes de uma grande :brica de automPeis. 'stou tentando ganhar a

concorr>ncia para construir duas :iliais, uma a;ui em *nchorage e outra em+aldeF. ' tudo depender do ;ue :or resolido no almo$o de ho?e. +oc>compreende, n%oD

5haron baiGou os olhos, eitando os de 8rant. %o ;ueria ;ue elepercebesse o sentimento de decep$%o ;ue a inadia na;uele momento.

'st bem ela disse, por :im. +oc>@ 6icou aborrecidaD ele indagou preocupado. (e ?eito nenhum ela mentiu. %o ;uero atrapalhar seus negPcios.

*:inal, nPs nos casamos para solucionar um problema e n%o para criar outros,n%o mesmoD

*liiado, 8rant relaGou e at chegou a sorrir. *li estaa a 5haron ;ue elet%o bem conhecia# uma pessoa amiga, solidria e de absoluta con:ian$a.

Bem, nPs nos eremos em casa ele despediu4se, com um aceno. 'a:astou4se em dire$%o ao carro.

5oFinha no estacionamento parcialmente coberto pela nee ;ue come$aaa derreter e ? corria num :ilete escuro pela sar?eta, 5haron entendeu o ;uedeeria esperar da;uele casamento. ' su:ocou, bem no :undo do cora$%o, aesperan$a ;ue brotara com a;uele bei?o.

O carro de 8rant perdeu4se na distRncia. Com os olhos rasos Y delgrimas, ela disse para si#

-or ;ue est so:rendo tantoD !rata4se apenas do elho 8rant@ 5eumelhor amigo. 'ntendeu bemD ami)o…*ndando a passos largos na dire$%o de seu elho carro, ela tateou a bolsa

N procura das chaes. -ouco depois, seguia para casa. %o :oi uma boa idia ir para c, concluiu, ao estacionar em :rente N

imponente constru$%o ;ue era o lar dos -ar<er@ ', agora, tambm o seu. 'udeeria ter :icado na cidade e almo$ado em algum restaurante calmo eacolhedor. 

* casa, imensa e bela, :ria e inPspita, parecia uma :oto de reista, comsua esttica per:eita e um tanto ousada.

%o haia nada de errado com a;uele lugar, 5haron concluiu. *penas,:altaa ida ali@ +ida e alegria para :aFerem ibrar a;uelas paredes, paraimpregnar o piso car"ssimo de madeira de lei, os mPeis desenhados um a umpelo bom gosto impecel de 8rant.

5haron suspirou. -oderia escolher entre duas atitudes, na;uele momento# ?ogar4se na cama de seu noo ;uarto e entregar4se a uma crise de auto4piedade@ Ou trocar de roupa e come$ar a ordenar a;uela casa para torn4lamais ibrante e agradel. Mais de acordo com seu modo de ier.

5haron possu"a energia su:iciente para optar pela alternatia correta. 'ssaenergia inha da bondade de seu cora$%o, da sincera preocupa$%o ;ue sentia

com rela$%o ao bem estar de 8rant e Cassie.!omando :Hlego, ela :oi para o ;uarto ;uase correndo, ansiosa para lirar4se da;uelas roupas elegantes e a um sP tempo incHmodas.

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-ouco depois ? estaa na sala, :aFendo os arran?os ;ue ?ulgaaapropriados para dar mais ida N;uele ambiente :rio. 'm seguida :oi N coFinha,eri:icar a despensa. Jueria saber o ;ue tinha em m%os para organiFar ocardpio da prPGima semana.

*notou os itens ;ue :altaam e, estindo um casaco sobre o elho ?eans esuter, 5haron entrou em seu carro e oltou N cidade. -recisaa :aFer algumas

compras. *" estaa uma tare:a ;ue sempre a agradaa.Cerca de uma hora mais tarde, com o porta4malas repleto de caiGas de

papel%o contendo as compras, ela dirigiu4se N escola de Cassie, ;ue deeriasair em inte minutos.

'sperando a menina em :rente ao colgio, encostada ao carro, 5haron porum momento sentiu4se como uma da;uelas m%es ;ue aguardaam a sa"da dos:ilhos. 'ra agradel deiGar4se diagar assim, goFar a;uela sensa$%o doce eemocionante.

Mas a realidade oltaa a se impor sobre a :antasia@ (essa eF atras deCassie, ;ue atraessaa a rua em dire$%o a 5haron com o rostinho contra"do

numa eGpress%o de desagrado.Com um suspiro de resigna$%o, 5haron abriu a porta do carro e,

acomodando Cassie no banco de trs, sentou4se ao olante e partiu. 5abia ;uetinha diante de si a mais rdua miss%o :aFer a;uela crian$a problemtica :eliF.

CA+,T-LO .

— Cassie, oc> est Fangada por eu ter me casado com seu paiD5haron estaa parada N porta da sala de ?ogos, obserando a menina comaten$%o. (esde ;ue haia chegado da escola, Cassie mostraa uma indi:eren$aassustadora por tudo em torno. Mesmo o bolo de chocolate ;ue 5haron haiapreparado n%o lhe despertara a menor rea$%o.

%o ela respondeu, apPs um longo momento.* cachorrinha Brittany saltaa ao redor de Cassie, conidando4a Ns

brincadeiras de sempre. Mas at mesmo ela n%o conseguia despertar ointeresse da crian$a.

'nt%o, o ;ue h de errado, meu an?oD 5haron insistiu. +oc> parece

triste@ *borrecida@Cassie ignorou a pergunta.' 5haron calou4se. Conhecia de sobra a estrutura emocional da menina,

;ue parecia ter herdado do pai a teimosia e a obstina$%o. ada demoeriaCassie de seu mutismo, a n%o ser ela mesma. 6or$4la de nada adiantaria, aocontrrio# sP :aria piorar a situa$%o.

Com um suspiro triste, 5haron :oi para a coFinha preparar o ?antar eguardar as compras na despensa.

Bela situa$%o, a minha@ disse, baiGinho, en;uanto a?eitaa ospacotes nas prateleiras. 'ra esposa :ict"cia de um homem ;ue n%o a ;ueria

como mulher@ ' m%e de uma menina ;ue n%o a ;ueria como tal.(o outro lado da cidade, em seu elegante escritPrio decorado em aFul,

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8rant terminaa uma reuni%o eGtraordinria com os homens de sua con:ian$a,para in:orm4los sobre o resultado da conersa com os representantes da:brica de automPeis. 'staa cansado e aborrecido.

* press%o ;ue eles haiam :eito, na hora de tratar do pre$o do pro?eto, otinha irritado pro:undamente. 8rant acabara tomando uma posi$%o radical. 'acertara em cheio, pois, ao ;ue tudo indicaa, o pessoal da :brica sP ;ueria

testar sua :irmeFa e compet>ncia. ' :icaram impressionados com ele. *ssim, onegPcio estaa praticamente :echado.

Jue boa not"cia, che:e eGclamou Lionel Branch, o bra$o, direito de8rant na empresa.

*inda cedo para comemorar, mas creio ;ue eles aproar%o nossopro?eto.

' nosso pre$o Lionel Branch a:irmou, entusiasmado. *lm de umpro:issional e:iciente, era tambm um homem "ntegro e solidrio, a ;uem8rant admiraa muito.

*gora, precisamos saber o praFo ;ue pretendem nos dar, para concluir

o trabalho disse Ualter Mulligan, ;ue era assessor direto de Lionel Branch. Ps ;ue daremos o praFo, homem )oger !racy, tesoureiro da

empresa, retrucou.5atis:eito, 8rant obseraa o entusiasmo do grupo. 'ra muito bom saber

;ue podia contar com homens competentes e honestos. *lis, essa era areceita para uma empresa dar certo.

'm meio N;uela discuss%o acalorada, 8rant distraiu4se, ;uase semperceber. ' em eF de concentrar4se nos problemas pro:issionais, acabouoltando4se para os assuntos pessoais@

O casamento tinha sido realmente um acerto. *ssim, ele haia se lirado

da amea$a de Qugh e (orothy, bem como do perigo de perder a guarda da:ilha.*gora, com esse problema ? resolido, ele teria tempo de consolidar a

empresa, :irmando sua posi$%o no ramo das constru$Ees, eleando4a a umn"el bastante alto.

(epois, poderia des:rutar os bons momentos da ida ao lado da :ilha e de5haron. 'nt%o, daria ao trabalho apenas uma parte de sua energia, e n%o ototal, como inha :aFendo desde a :unda$%o da empresa.

* reuni%o chegaa ao :im e, apPs os apertos de m%os, sorrisos edespedidas, 8rant :inalmente pHde encerrar suas atiidades pro:issionais

na;uele sbado.(escendo N garagem do edi:"cio onde :uncionaa sua empresa, 8rantmanobrou o carro com um sentimento de pressa ineGplicel, uma espcie deurg>ncia em chegar logo@ *" estaa uma sensa$%o desconhecida, mesclada auma lee eGcita$%o ;ue era a um sP4tempo in;uietante e agradel.

-or um momento ele interrompeu a manobra e contemplou a alian$a noanular es;uerdo. 5orriu ao lembrar4se de como 5haron haia enrubescido aoser bei?ada@ Mas assumiu uma eGpress%o intrigada ao recordar4se de como eleprPprio :ora tomado por uma intensa emo$%o.

O :ato era ;ue a sensa$%o da;uele bei?o ainda permanecia iida n%o

apenas na memPria, mas tambm nos sentidos@ Mas 8rant a:astou a imagemperturbadora, acelerando o carro e diFendo a si mesmo# trata4se apenas de5haron, minha ;uerida e :iel amiga.

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*o aproGimar4se de casa, surpreendeu4se com as rias luFes acesas.8eralmente, acendia apenas as luminrias da aranda, ao sair para o trabalho,de manh%.

Mas agora a casa inteira estaa iluminada, como um imenso naio ;ue sepreparasse para :aFer4se ao mar numa noite escura.

a garagem, o carro de 5haron ocupaa o lugar ;ue ele normalmente

usaa para guardar o seu@ 'sse pe;ueno incHmodo parecia um aiso,in:ormando4o de ;ue estaa realmente casado. ' ;ue dali por diante partilhariaa ida, a casa e a :ilha com 5haron O=)iley.

5urpreendentemente, essa constata$%o n%o o irritou. *o contrrio#causou4lhe uma sensa$%o de incr"el bem4estar. 'ra como se estiesse pisandonum terreno noo, porm sPlido, seguro e@ *gradel. ncrielmenteagradel.

*ssim ;ue abriu a porta, ouiu o som de uma mAsica instrumental muitobonita.

(a coFinha, inha o aroma tentador de um ?antar ;ue parecia estar sendo

preparado com capricho.Qaia em todo o ambiente uma espcie de aura luminosa e ;uente@ ma

energia impalpel ;ue, a:inal, era apenas a alegria de ier ;ue sP 5haronsabia espalhar em torno de si, 8rant constatou, marailhado.

ada mudara na casa, a n%o ser a disposi$%o dos mPeis na sala. Mashaia um to;ue :eminino no arran?o das :lores sobre a mesa de centro, nascortinas presas ao meio por um a$o de  cetim@ 'n:im, pe;uenos detalhes ;uetinham trans:ormado o ambiente elegante e :rio numa espcie de ninho alegree aconchegante.

8rant :echou a porta e dirigiu4se N coFinha.

* casa est simplesmente marailhosa@ ele come$ou a diFer. Mas ais%o de 5haron, sentada num banco alto ao lado do :og%o, os ombros ca"dos,o rosto triste e pensatio, o :eF interromper4se. 5urpreso e preocupado,indagou# Mas o ;ue aconteceuD

'rguendo os olhos Amidos, ela sorriu com tristeFa e disse N meia4oF# Ol, 8rant. %o se preocupe comigo. Mas o ;ue houeD ele insistiu, sentindo um :orte impulso de tom4la

nos bra$os, numa tentatia de consol4la. 'stou apenas um pouco deprimida pela rea$%o de Cassie ao nosso

casamento 5haron respondeu, com um suspiro. 'la continua

incomunicel. sso ai mudar. %o :i;ue assim.*gora ele sentia uma incr"el ontade de acariciar o rosto belo e triste

da;uela mulher@ Mas a timideF :alou mais :orte. ' 8rant interrompeu o gesto;ue mal haia esbo$ado.

-ondo4se em p, 5haron tomou :Hlego e a:astou do rosto uma mecha decabelos encaracolados.

+oc> tem raF%o. (e nada adianta :icar so:rendo. O melhor ;ue podemos:aFer dar tempo a Cassie, para ;ue se acostume com a idia. *pesar dasensateF de suas palaras, 5haron continuaa com uma eGpress%o angustiada.

*pPs uma pausa, ela anunciou# Bem, acho ;ue ou serir o ?antar. (>4me apenas um minuto para tomar um banho. Claro ela assentiu, :or$ando um sorriso.

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Onde est CassieD L em cima, no ;uarto. Certo. 'u descerei com ela, em poucos instantes.5haron a;uiesceu com um gesto de cabe$a# 'n;uanto isso, ou arrumando a mesa.8rant a:astou4se pelo corredor e, chegando N sala, subiu as escadas ;ue

conduFiam ao andar superior da casa. !ranspondo os degraus lentamente,sentia a alegria da chagada dissipando4se a cada passo. * realidade cobraaseu duro tributo. 'ssa era a lei da ida, ele pensaa, :iloso:icamente.

-ouco depois, Cassie, 8rant e 5haron sentaam4se para ?antar. * mesatinha sido posta com esmero para a;uela primeira re:ei$%o em :am"lia.

5haron seriu a Cassie um peda$o de torta de legumes, en;uanto 8rantencarregaa4se de partir um peiGe assado. 5eparando uma posta pe;uena,colocou4a no prato da :ilha, depois de retirar todas as espinhas.

Os tr>s come$aram a comer, olhando4se eF por outra com um misto decuriosidade e eGpectatia.

Cassie desmanchaa a posta de peiGe com o gar:o, raramente leando umpe;uenino peda$o N boca. Juanto N torta, nem se;uer tocou4a. -or :im,empurrou o prato para a :rente e, oltando4se para o pai, disse#

'u ? acabei. -osso ir brincar, agoraD8rant consultou 5haron com os olhos e ela :eF um sinal a:irmatio. 'st bem, :ilha ele a;uiesceu.Muito compenetrada, Cassie desceu da cadeira. Chamando Brittany com

sua oFinha aguda, :oi com ela para a sala de ?ogos. * sPs, 5haron e 8rant:itaram4se desolados.

*chei ;ue n%o seria bom :or$ar Cassie nas atuais circunstRncias ele

a:irmou. ' eu concordei plenamente disse 5haron. 5P espero ;ue ela n%o:i;ue muito tempo nessa gree de :ome.

'le assentiu com um gesto de cabe$a e oltou a comer. Mas parecia terperdido o apetite.

O sil>ncio entre ambos ia se tornando denso e pesado. 5haron sentiaagora os e:eitos do dia, com seus mAltiplos acontecimentos. ma sria dor decabe$a amea$aa estragar4lhe o ;ue lhe restaa da noite.

+ou :alar com Cassie 8rant anunciou, cerca de ;uinFe minutosdepois, leantando4se da mesa. Obrigado pelo ?antar. 'staa delicioso. '

retirou4se.-acientemente, 5haron come$ou a tirar a mesa. 8uardou a re:ei$%o ;uaseintocada no :orno e, depois de laar e secar a lou$a, :oi at a sala de ?ogosdese?ar boa noite a 8rant e Cassie.

* porta estaa aberta. ' 5haron detee4se diante da cena bonita eharmHnica ;ue se desenrolaa diante de seus olhos.

8rant estaa deitado no tapete, a cabe$a encostada numa elhaalmo:ada. !inha um ar sonolento, mas brincaa com a :ilha, como se eletambm :osse uma crian$a.

enhum dos dois percebeu a presen$a de 5haron# ' tampouco ela se

mani:estou, pois n%o ;ueria interromper a;uele momento especial. -apai@ disse Cassie, de sAbito muito sria. 5imD

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'u tenho ;ue chamar 5haron de mamãe1  %o, :ilha. -ode cham4la simplesmente de 5haron, como sempre

8rant respondeu, num tom terno. *inda bem@ -or;ue 5haron não " minha m%e Cassie a:irmou, num

tom de reolta. Minha m%e morreu. 5im, ;uerida. 5P ;ue agora 5haron se casou com o papai. ' est a;ui

conosco, para :ormarmos uma noa :am"lia. Mas 5haron nunca ai ser minha m%e Cassie replicou, eleando a

oF. ' repetiu# Minha m%e morreu ' correu para :ora da sala, passandopor 5haron sem se deter.

6oi ent%o ;ue 8rant, sentando4se no tapete, iu 5haron parada N porta,muito plida e triste.

m imenso desRnimo o abateu, como um duro golpe. ' ele se sentiu oAltimo dos homens@ Qaia :alhado em sua determina$%o de :aFer a esposa:eliF e ela agora estaa morta. !inha tentado lirar4se da amea$a de perder a:ilha, casando4se com 5haron. !ambm acreditara ;ue, com isso, conseguiria

suprir as necessidades a:etias da menina@ Mas acabaa de descobrir ;ueCassie desaproaa seu procedimento, renegando 5haron com :Aria edetermina$%o. *gora tinha em m%os uma :ilha reoltada e uma mulher in:eliF,encostada N porta de sala de ?ogos como se o mundo houesse ru"do diante deseus olhos.

'u sinto muito ele disse, penaliFado. Iamais poderia imaginar@ ' ;uem poderiaD ela apartou, com amargura. -ensei ;ue Cassie

me amasse. Mas agora@ nterrompeu4se e :eF um gesto ago, ;uedemonstraa sua total impot>ncia.

'rguendo4se, 8rant puGou4a pela m%o.

+enha. ' a :eF sentar4se num pe;ueno so: ?unto N parede. 6itando4a com carinho, a:irmou# %o :alha sua, 5haron. !ente pensar deste modo. 'u bem ;ue gostaria. Mas sP consigo chegar a uma triste conclus%o. JualD * de ;ue taleF eu n%o tenha mesmo ?eito para ser m%e. %o :ale assim ele a repreendeu, suaemente. +oc> a Anica

mulher depois de Catherine a ;uem eu con:iaria minha :ilha. Mas@ ada de mas, 5haron O=)iley ele a interrompeu, tocando4lhe os

lbios com a ponta dos dedos. %o sei o ;ue est haendo com Cassie, mas

se?a l o ;ue :or, n%o diF respeito N pessoa marailhosa ;ue oc> . ada do;ue oc> :eF ou possa ir a :aFer poderia o:ender minha :ilha. 'ntenda isso, deuma eF por todas.

5haron engoliu em seco, en;uanto seus olhos inundaam4se de lgrimas.*traindo4a para si, 8rant abra$ou4a com :or$a, como ;ue para proteg>4la

das dAidas, do medo e da dor de ser re?eitada.-or um momento ela sentiu4se como ;uando era menina, con:iando ;ue

8rant saberia resoler todos os problemas do mundo e ;ue n%o deiGaria nadade mal lhe acontecer@

Mas essa sensa$%o doce e enganosa :oi se dissipando aos poucos, com a

presen$a da raF%o.(e nada adiantaria continuar assim, :ragiliFada e tr>mula, ela pensou. Omelhor ;ue tinha a :aFer era reagir. ' :oi o ;ue 5haron :eF.

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)ecusando4se a permanecer na;uele ninho de con:orto e prote$%o,desencilhou4se delicadamente dos bra$os de 8rant.

Obrigada disse, num tom mais :irme. 5eu apoio me a?udoubastante nesse momento di:"cil. Mas n%o posso me dar ao luGo de :icar assimcomo um bichinho assustado. -reciso :alar com Cassie e, ;uanto mais cedo:iFer isso, melhor.

+oc> tem raF%o 8rant concordou. Como sempre, alis. Obrigada, mais uma eF. ' 5haron saiu.

Com um suspiro, 8rant dese?ou, do :undo do cora$%o, ;ue ela tiessesorte. Jue conseguisse arar a barreira ;ue Cassie haia erguido de repente,a:astando4a de seu a:eto.

8rant dese?aa tambm ;ue a;uele casamento, realiFado em nome da:elicidade da :ilha, n%o se trans:ormasse num pesadelo. *s eFes ier muitodi:"cil ele disse, baiGinho, en;uanto recolhia os brin;uedos ;ue a :ilha haiadeiGado espalhados pela sala.

a coFinha, 5haron preparou um copo de chocolate com leite, do ?eito ;ue

Cassie gostaa. Colocou4o numa bande?a, ao lado de uma :atia de bolo,coberta com um guardanapo de linho. (ecidida, subiu a escada e bateu N portado ;uarto da menina. Mas n%o obtee resposta. nsistiu algumas eFes e por:im entrou.

Cassie estaa deitada de lado, na cama, :ingindo dormir. 'ra eidente ;uen%o ;ueria :alar com ningum, mas 5haron pre:eriu insistir. Colocando abande?a sobre a cHmoda, sentou4se na cama e come$ou a acariciar os cabelosda menina, num moimento lento e suae.

'u sei o ;ue oc> est se passando com oc>, meu an?o. 5ente medo etristeFa por;ue n%o compreende o ;ue acontece N sua olta. Mas n%o preciso

:icar assim, Cassie. *:inal, eu sou a 5haron, lembra4seD +oc> sempre diFia ;ueeu era sua melhor amiga@ ' ;ue me amaa tanto@* menina apertaa os olhos, como se ;uisesse apagar a consci>ncia, ou

eGpulsar a;uela oF ;ue a :aFia pensar e so:rer. 5eu pai e eu nos casamos para tentar :aFer oc> mais :eliF 5haron

continuou. ' a nossa amiFade, Cassie, contou muito nessa decis%o. Masparece ;ue oc> n%o gostou, ;ue est Fangada e triste. %o conersa comigo,:inge ;ue n%o me >@ -or ;u>D 'la :eF uma pausa. Ou$a, Cassie@ 5eupai e eu amamos tanto oc>, ;ue nunca :ar"amos nada para entristec>4la. +oc>pensa ;ue eu ;uero tomar o lugar de sua m%e, mas est enganada, meu amor.

'u sou a mesma 5haron de sempre e sP espero ;ue oc> n%o deiGe de gostarde mim, por;ue nada :iF para mago4la.ma lgrima enceu a barreira dos c"lios apertados e correu pelo rostinho

da menina. 5haron continuou a acarici4la, o cora$%o oprimido por >4la so:rer.ma segunda lgrima se seguiu N primeira, e mais outra@ ' mais outras, ;ueagora corriam liremente. Cassie solu$aa.

'u n%o ;uero es;uecer mam%e balbuciou, por :im. Mas ningum espera ;ue oc> :a$a isso, ;uerida. Catherine sempre

ser lembrada nesta casa, com muito amor e carinho. *:inal, :oi ela ;ue trouGeoc> ao mundo. 5em Catherine n%o ter"amos oc>, compreendeD

* menina continuou a chorar por mais algum tempo. 'nt%o perguntou,baiGinho# +oc> est Fangada comigoD

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%o 5haron a:irmou, sem relutar. Iuro ;ue n%o.5P :i;uei triste por;ue pensei ;ue oc> n%o gostaa mais de mim. ' eu te

amo com todo o cora$%o@ 'nt%o, por ;ue papai disse ;ue oc> ia ser minha m%eD a menina

retrucou, erguendo o rosto para :it4la. Minha m%e Catherine. ' oc> 5haron. %o pode@

 'nt%o era isso ;ue tanto a a:ligia, 5haron concluiu, com um misto deal"io e emo$%o. * con:us%o ;ue as palaras de 8rant haiam causado namente in:antil de Cassie era surpreendente, mas bastante compreens"el.

!enho certeFa de ;ue seu pai n%o se casou comigo para ;ue eutomasse o lugar de sua m%e. !aleF o modo como ele eGplicou tenha :eito oc>pensar assim. Mas ningum, Cassie@ ingum ?amais poder substituirCatherine dentro do seu cora$%o. (e repente, 5haron tee uma idia. +amos :aFer o seguinte# todas as noites, antes de dormir, oc> ai reFar umaora$%o bem bonita para Catherine. ' depois se lembrar de um momentogostoso ;ue passou com ela. *ssim, sua m%eFinha estar sempre presente e

oc> n%o a es;uecer.-ela primeira eF nos Altimos dias, Cassie sorriu. Mesmo entre lgrimas,

a;uele riso a;ueceu o cora$%o de 5haron. -ois ali estaa o a:eto sincero ;ue otempo desenolera entre ela e Cassie.

'st bem a menina disse, por :im, isielmente entusiasmada com aidia. 'u ou :aFer isto.

um impulso, 5haron abra$ou4a. (epois puGou4a para o colo,aconchegando4a de encontro ao peito. m longo momento se passou. ' Cassiecome$ou a respirar de um modo mais lento@ *t ;ue adormeceu.

(elicadamente, 5haron colocou4a de olta na cama. Cobriu4a e, depois de

um Altimo bei?o, pegou a bande?a intocada e saiu. 'staa eGausta, mas :eliF.%o perdera, a:inal, o amor de Cassie.5haron acordou muito cedo, no dia seguinte. *s estrelas brilhantes no cu

indicaam ;ue o domingo seria claro e aFul, banhado pelo :rgil sol do inerno.*pPs uma ducha, 5haron estiu um agasalho e saiu para correr um pouco

pelas ruas ainda desertas de *nchorage.Juarenta minutos depois ela estaa de olta, o sangue circulando rpido

pelo corpo, os olhos brilhantes, as :aces coradas deido ao ento :rio.*manhecia em *nchorage. O sol iluminaa a paisagem magn":ica ;ue se

descortinaa da encosta da colina onde 8rant constru"ra sua casa.

6oi uma surpresa, para 5haron, encontr4lo na coFinha Ns oltas com opreparo do des?e?um. Bom dia, 8rant ela o cumprimentou, com um sorriso. -ensei ;ue

oc> dormisse at mais tarde aos domingos.+estindo ?eans e uma camisa de :lanela aFul, 8rant parecia muito ?oem.

5eu rosto, ;uase sempre incado por uma eGpress%o seera, ganhara um arsuae, relaGado. Os olhos aFuis assemelhaam4se a lagos serenos e brilhantes.

Bom dia, 5haron. *cordei bem cedo e achei um desperd"cio :icar nacama, nesse dia t%o lindo. (ormiu bemD

Como uma pedra.

5ente4se. +ou serir o ca:. Obrigada ela obedeceu, eGperimentando uma agradel sensa$%o deintimidade. *gora :aFia parte do mundo de 8rant -ar<er, a ;uem sempre

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amara. ' apesar de ele >4la apenas como uma boa amiga@5haron meneou a cabe$a, a:astando de:initiamente esse pensamento.

%o ;ueria :icar triste. %o na;uela bela manh%.O ca: estaa muito bom, :orte e pouco doce, mas 5haron n%o

acrescentou a$Acar. 5eus sentidos, agu$ados pela corrida matinal, pareciamibrar com mais :or$a. 'la inteira sentia4se reigorada@ ', o ;ue era di:"cil de

admitir@ 6rancamente impressionada com 8rant. Mais do ;ue o costume.Os moimentos de 8rant eram lentos e calmos, assim como suas

eGpressEes :aciais, ;ue pareciam traFer ainda um resto de sono guardado nosc"lios longos e negros.

ma onda do mais puro dese?o percorreu o corpo de 5haron, com :orteintensidade. 5eus olhos n%o conseguiam a:astar4se Z do corpo de 8rant.

 O ;ue est acontecendo com oc>, 5haron O=)ileyD -erguntou4se, a:litadiante da;uelas emo$Ees t%o poderosas. 'ste homem apenas seu amigo epai de Cassie. %o se es;ue$a disso@ 

'rguendo os olhos, ela deparou com os de 8rant. ' estremeceu ao

constatar ;ue ele a :itaa do mesmo modo, com uma espcie de :omeindis:ar$el.

2ese,o3 'la constatou, com a respira$%o suspensa. 'ra esse o nomeda;uela emo$%o.

'nt%o o tele:one soou, na eGtens%o ;ue pendia da parede, perto do balc%oda pia.

em no domingo posso ter um pouco de paF 8rant ;ueiGou4se,aborrecido, en;uanto atendia.

*liiada pela interrup$%o da;uele momento tenso, 5haron leantou4se,decidida a contribuir no preparo do des?e?um. -odia :aFer umas pan;uecas@

Ou ;ual;uer outra atiidade ;ue ocupasse sua mente perturbada.* oF de 8rant ao tele:one era gentil, embora pro:issional. -elo ;ue5haron haia conseguido perceber, Lionel Branch tinha lido um artigo sobre umpro?eto de incentios para o setor de constru$Ees. ' ;ueria saber se 8rantestaa a par do assunto.

I oui :alar a respeito disso 8rant comentaa. Mas pre:iroesperar propostas mais concretas, para discutir o assunto. -or en;uanto, tudon%o passa de boatos@

5haron, ;ue ? haia colocado os ingredientes das pan;uecas noli;idi:icador, n%o se decidia a lig4lo. O ru"do do motor certamente

incomodaria 8rant, impedindo4o de ouir o ;ue Lionel diFia.*ssim, ela pre:eriu esperar.Mas a conersa entre 8rant e Lionel se estendia. ' 5haron resoleu ;ue

n%o esperaria mais. *brindo o armrio, pegou uma eGtens%o eltrica econectou4a ao li;idi:icador. 'm seguida ligou a outra ponta numa tomada daparede, ao lado do armrio onde se guardaa lou$a, talheres e outrosutens"lios domsticos.

*brindo um espa$o na prateleira de baiGo do armrio, 5haron colocou4o oli;idi:icador ali dentro. Ligou4o e :echou a porta.

O estratagema surtiu e:eito, pois a mistura de oos, leite e :arinha de

trigo come$ou a moimentar4se moida pela :or$a centr":uga do aparelho,:ormando uma massa uni:orme.(o tele:one, 8rant acompanhaa os moimentos de 5haron e se diertia

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com a cena. 'staa totalmente desperto agora, a mente ligada na dinRmica domundo dos negPcios.

Mas uma aura ;uente e insinuante parecia emanar do corpo de sua ami)ae esposa! atingindo4o na raiF da sensualidade.

Como 5haron conseguia parecer t%o :resca e graciosa, na;uele agasalhoesportio t%o largoD 'le se perguntaa atento, goFando a simples sensa$%o de

estar ali, na coFinha de casa, em companhia de 5haron O=)iley, num domingo;ue prometia ser aFul e docemente ensolarado.

-recisamos de in:orma$Ees mais apuradas sobre isso, Lionel. 'lecontinuaa conersando, diidido entre a;uelas emo$Ees totalmente noas eos assuntos relatios ao trabalho do ;ual tanto gostaa. 5im, oc> sabecomo obt>4las. -ode :alar em meu nome com (aryl e Iames (ull, ;ue est%odirigindo o pro?eto@ 'st bem. !enha um bom dia. ' desligou.

Cassie surgiu N porta da coFinha, com os cabelos despenteados e umlargo sorriso nos lbios.

Ol, esquilinho… +oc> acordou cedo. 8rant tomou a :ilha nos bra$os,

bei?ando4a muitas eFes. 'stou com :ome, papai@ Claro, Cassie 5haron intereio, com um sorriso, en;uanto tiraa o

li;idi:icador de dentro do armrio. +oc> n%o comeu nada ontem N noite.O sorriso da menina se estendeu at 5haron e perdurou por algum

tempo@ -ara depois desanecer4se numa eGpress%o descon:iada. *inda n%o estamos totalmente bem, 5haron concluiu, com uma ponta de

tristeFa. Mas chegaremos l, em nome do amor. 5eria um otimismoeGagerado esperar ;ue a conersa da noite anterior houesse resolidototalmente o problema.

CA+,T-LO .I

* manh% de domingo correu raFoaelmente em, em suas primeiras horas.Mas logo 8rant :echou4se em seu escritPrio para cuidar de assuntos relatios Nempresa.

5haron a princ"pio sentiu4se decepcionada. (epois, resoleu tomar umadecis%o. *:inal, o dia estaa bonito. 5eria um erdadeiro desperd"cio :icardentro de casa@ ' o mesmo alia para 8rant.

'ra assim ;ue 5haron pensaa, en;uanto caminhaa pelo corredor emdire$%o ao escritPrio. -arando diante da porta, bateu leemente, por duaseFes, e entrou.

(esculpe incomod4lo@ magine. 8rant sorriu, interrompendo por um instante a leitura de

um documento. O ;ue dese?a, 5haronD +im conid4lo para passearmos de trenP motoriFado na encosta da

colina. O dia est marailhoso e merece ser bem des:rutado. 5into muito 5haron, mas estou ocupado. Conide Cassie para ir comoc>. ' 8rant oltou a concentrar4se nos papis ;ue tinha diante de si,

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sobre o tampo da mesa de cere?eira. *;uilo era demais, 5haron pensou, irritada. 8rant taleF n%o percebesse,

mas o :ato era ;ue ele n%o estaa :aFendo absolutamente nada para mudar arotina de trabalho, nem mesmo no domingo, nem mesmo com uma noaesposa dentro de casa, ela concluiu, com tristeFa.

Claro ;ue eu e Cassie poderemos ir soFinhas. Mas n%o seria a mesma

coisa, e oc> sabe disso a:irmou, num tom seero. 5ua :ilha precisa dasua presen$a.

(esculpe, mas realmente n%o posso ele replicou, dessa eF semse;uer erguer o olhos.

Ora, n%o se?a t%o durão 5haron insistiu. +amos l, 8rant, o diaest magn":ico.

'le suspirou e :itou4a com ar complacente, antes de diFer# 5uponho ;ue nos casamos para ;ue eu pudesse trabalhar en;uanto

oc> cuidaa de Cassie. ' isso ;ue amos :aFer, certoD(esanimada, ela oltou sobre os prPprios passos. (uidaa muito de ;ue

Cassie aceitasse o conite mas, mesmo assim, estaa disposta a tentar.Cassie estaa no ;uarto, brincando com seus ?ogos de armar. um tom

casual, 5haron anunciou# +ou pegar o trenP na garagem e descer a encosta da colina. Brittany

ir, tambm. 5e ;uiser nos acompanhar, tro;ue de roupa e nos encontre l emalguns minutos.

O pouco tempo ;ue 5haron passou preparando a m;uina, abastecendo,limpando as elas, reisando as molas e os desliFadores@ -areceu4lhe umatortura.

Cassie iriaD 'la se perguntaa a todo momento. -or :im acionou a porta

da garagem para sair, ? acomodada no assento do trenP, tendo ao lado acachorrinha Brittany muito alegre e disposta. ' iu, com alegria e al"io, Cassieacabando de chegar, obserando4a com uma eGpress%o de dAida.

Jual;uer moimento brusco a :aria :ugir como um pssaro assustado,5haron pensou, lutando para dominar a ansiedade. ' ent%o conidou4a a subirno e"culo, com um gesto propositadamente casual.

*inda relutante, a menina se aproGimou. Brittany decidiu o momento comlatidos alegres, :rancamente conidatios@ ' Cassie sorriu. (a" por diante, :oicomo se nada de errado houesse acontecido antes. * amiFade e o a:eto maisuma eF mostraam ;ue eram mais :ortes do ;ue o medo e os mal4

entendidos. 5atis:eita, 5haron acionou a m;uina e partiu.* encosta era um declie suae, ;ue conduFia a um belo ale, ;ue maisparecia um cart%o4postal.

Ladeada por rores, agora des:olhadas deido ao inerno rigoroso, apista era bastante regular.

5haron n%o usou o potente motor do trenPma descida. Bastaa o peso doe"culo, para ;ue ele se deslocasse suaemente, com estabilidade e e;uil"brio.

O som do ento e dos desliFadores em contato com a nee macia :aFiamcontraponto com os gritos de alegria de Cassie e os latidos de Brittany.

 Jue adorel sensa$%o de liberdade, 5haron pensou, marailhada. Q

muito tempo ;ue n%o se daa ao luGo de praticar os esportes de inerno ;uetanto haiam encantado sua ?uentude. ' priar Cassie da;uela eGperi>nciaseria um descaso indesculpel.

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*gora o trenP chegaa N regi%o plana em pleno ale. 5haron ent%oacionou o motor e o e"culo ganhou elocidade, contornando as margens do riocongelado.

-recisamos ir patinar no gelo ;ual;uer dia desses disse 5haron. 'u n%o sei patinar Cassie respondeu.5haron ent%o lembrou4se de ;ue Catherine, m%e de Cassie, ?amais

praticara os esportes de inerno. *:inal, nascera na Cali:Prnia e certamenteaprendera Hlei, t>nis e outros esportes de er%o.

!aleF 8rant houesse cometido um erro ao :or$ar sua ?oem esposa aadaptar4se num mundo para o ;ual n%o :ora preparada@ 5haron pensou,tomada por uma sAbita piedade com rela$%o a Catherine.

 (eslocada de seu meio ambiente, :or$ada a ier numa sociedadedesconhecida, sob um clima r"gido e inPspito, a bela :lor cali:orniana murchoue morreu, concluiu, penaliFada.

*gora podia entender per:eitamente o ponto de ista Qugh e (orothy. O;ue teriam sentido, ao er a :ilha partir para o *lasca apenas por amor ao

marido, num sacri:"cio digno de uma hero"na de romanceD5haron continuaa a diagar, chegando a conclusEes surpreendentes.O :ato de 8rant ter se recusado a participar da;uele passeio ;ue, a:inal,

n%o lhe roubaria tanto tempo de trabalho assim@ 'ra bastante signi:icatio. '5haron podia imaginar as :re;entes decep$Ees de Catherine, sua :rustra$%ocom rela$%o ao marido sempre ausente, sempre mergulhado no mundo dosnegPcios.

-or mais ;ue :osse :iel a 8rant, por mais ;ue o amasse, 5haron estaaabalada. * in:leGibilidade da;uele homem chegaa Ns raias do ego"smo.

Mas, por outro lado, n%o se sentia no direito de ?ulg4lo. *os inte e seis

anos, ? ad;uirira uma boa eGperi>ncia de ida. ' uma das li$Ees ;ueaprendera era a de ;ue n%o se deia ?ulgar os seres humanos, sem conhecerpro:undamente as raFEes de seus atos. Caso contrrio, o ?ulgamento seriaprecipitado e at in?usto.

%o. (ecididamente, 5haron n%o ;ueria agir assim com 8rant. Mastampouco pretendia manter4se passia ou indi:erente.

Qaia muitas coisas erradas na;uele lar, onde haia ingressado com amelhor das inten$Ees. ' se estiesse a seu alcance corrigir a;uelas distor$Ees,ela o :aria@ !%o certo ;uanto se chamaa 5haron O=)iley.

 -ar<er, ela acrescentou mentalmente, lembrando4se de ;ue haia

assumido o sobrenome de 8rant.O riso de Cassie interrompeu4lhe as diaga$Ees, traFendo4a de olta Nrealidade ;ue, dessa eF, ? n%o parecia t%o cruel. *o contrrio# era alegre eagradel.

(esde o in"cio do passeio, Cassie haia oltado a ser a crian$amarailhosa e terna de 5haron aprendera a amar. * intimidade ;ue o tempocriara entre ambas estaa ali, presente nos risos e trocas de olhares, nasbrincadeiras imaginatias, na cumplicidade em :rente Ns emo$Ees.

Mas ao :inal de duas horas de passeio, Cassie parecia cansada e irritadi$a.-ouco depois, tornaa a :echar4se em seu prPprio mundo, recusando4se a

;ual;uer contato com o eGterior.5haron decidiu ;ue era hora de oltar para casa. * energia ;ue as haiamantido ligadas at h pouco ia se eGaurindo, como se drenada por uma :or$a

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insidiosa.*o guardar o trenP na garagem, 5haron tinha a n"tida sensa$%o de ;ue

haia iido uma espcie de trgua com Cassie, uma ilha de amiFade e paF notriste mar dos desentendimentos.

)esignada, buscando consolo na compreens%o. 5haron :oi para o ;uartotrocar de roupa. !inha de preparar o almo$o da :am"lia, mesmo anteendo ;ue

o clima com .8rant e Cassie poderia ser di:"cil. !inha se enolido numproblema srio, entrando para a :am"lia -ar<er. Mas n%o pretendia retroceder.

5haron haia acertado em cheio em sua preis%o. (urante o almo$o,8rant mostrou4se indi:erente N presen$a dela e de Cassie. 5eus olhos aFuis,:iGos na paisagem ;ue se descortinaa atras da ?anela enidra$ada da copa,tinham uma eGpress%o determinada. ' 5haron n%o precisou re:letir muito paracompreender ;ue 8rant continuaa concentrado na atiidade a ;ue mais sededicaa na ida# os negPcios.

-or ;uantas eFes a menina ira o pai assim, alheio, intocel em seumundo4onde o trabalho era a maior prioridadeD 5haron se perguntou. ' ;uais

as conse;>ncias ;ue esse :ato proocaa na :rgil estrutura emocional deCassieD

O som do tele:one interrompeu4lhe as considera$Ees. 'u atendo ela se dispHs, leantando4se. K Qugh anunciou em

seguida.Mal4humorado, 8rant :oi at o aparelho. *lHD -ode :alar, Qugh.O ;ue o aH de Cassie estaa diFendo ao tele:one@ 'ra um mistrio. Mas

as :ei$Ees de 8rant tornaam4se cada eF mais tensas, 5haron obserou,preocupada.

as atuais circunstRncias, n%o creio ;ue isso se?a uma boa idia elea:irmou, :ranFindo a testa. Mas n%o ou impedi4lo, se insistir no assunto.* conersa prosseguiu tensa, por mais alguns minutos. ' ent%o 8rant

indagou# (ese?a :alar com CassieD !udo bem. Conersaremos numa outra

ocasi%o. +oltando4se para a :ilha, disse# Juerida, o oH ;uer conersarcom oc>.

5em demonstrar nenhum entusiasmo, a menina desceu da cadeira epegou o aparelho ;ue 8rant lhe estendia.

Oi, oH@ QeinD O ;ue eu estou :aFendoD *lmo$ando, oras@ *h, e

tambm :ui andar de trenP com 5haron e Brittany@ +oc> n%o conheceBrittanyD ' uma cachorrinha linda. O ;u>D +oc> em para cD ' com oPD *h,eu ;uero, sim. 'st bem@ !chau. ' desligou.

O ;ue :oi ;ue ele disseD 8rant perguntou, preocupado. Jue ele e a oP ir%o me isitar assim ;ue oc> deiGar Cassie

respondeu, oltando a sentar4se N mesa.8rant :echou os olhos por um instante, com uma eGpress%o indignada.

Leou alguns segundos para controlar a raia e ent%o perguntou# ' ;uanto a oc>, esquilinho1 Juer ;ue eles enhamD Juero. 'les n%o conhecem a Brittany. ' oP, ;ue gosta de pintar,

ainda n%o iu os noos liros de colorir ;ue oc> deu no aniersrio. Cassie:itou4o com ansiedade, antes de indagar# +oc> ai deiGar eles iremD Claro ;ue sim. 5P precisamos a?eitar as coisas por a;ui, antes disso.

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5haron mantinha4se calada. -odia imaginar os problemas ;ue seacercaam do horiFonte da;uela :am"lia da ;ual agora :aFia parte@

m pro:undo suspiro brotou4lhe do peito. ' por um momento 5haron;uestionou sua atual posi$%o@ (era um passo certo, casando4se com 8rant-ar<erD 5ua presen$a na;uela casa realmente o a?udaria a solucionar osproblemasD Ou criaria outrosD 'ra di:"cil responder.

 ' inAtil cogitar, ela sentenciou, em pensamento. O passo ? :ora dado.Lamentar4se, ou deiGar4se :ragiliFar, seria uma tolice, pois n%o a learia anada.

O clima tenso desaneceu4se durante a tarde. 8rant :inalmente parou depensar em negPcios e deu4se ao luGo de ser um pouco menino@ 'nolendo4senuma engra$ada brincadeira com Cassie e Brittany. *mbos, pai e :ilha,sentados em pontos opostos da sala de ?ogos, :aFiam rolar uma bola deborracha pelo ch%o, tentando enganar Brittany, ;ue se es:or$aa paraintercept4la.

Os risos e a alegria en:im soaram na;uela casa eGcessiamente sPbria,

dando4lhe uma noa dimens%o e impregnando4a de algo precioso# o calorhumano.

5haron sentiu4se tentada a entrar na brincadeira. Mas, temendo umarea$%o negatia de Cassie, mantee4se N distRncia. nter:eriu apenas paratraFer um pe;ueno lanche para ambos e uma dose eGtra de ra$%o paraBrittany.

* tarde ca"a, ;uando 5haron come$ou a pensar no cardpio do ?antar. 'resoleu permitir4se uma pe;uena :olga@

5abendo ;ue 8rant era :% da culinria chinesa, e ;ue *nchorage tinhaPtimos restaurantes do g>nero, ela encomendou um ?antar com pratos

ariados, coloridos e muito saborosos.*ssim, ;uando a noite chegou, os tr>s se reuniram na copa em torno damesa posta com esmero. ', pela primeira eF, desde ;ue :ormaam uma:am"lia, ?antaram num clima alegre.? Muito apetite, conersas animadas, risose trocas de gentileFas. *ssim transcorreu a re:ei$%o, para total satis:a$%o de5haronS ;ue ? nem se lembraa das dAidas ;ue a haiam assaltad durante oalmo$o. .

5eus olhos encontraram os de 8rant, eniando mensagem ;uedispensaam as palaras. *gora, parecia ;ue tudo correria bem. *sdi:iculdades e o clima tensos tinham :icado para trs.

(epois da rica sobremesa, composta de ma$%s carameladas, a :am"lia :oipara a sala ouir mAsica.Cassie aninhou4se no colo do pai, suprindo4se do calor e aten$%o ;ue n%o

tiera durante a semana inteira.5haron continuaa mantendo4se reserada, inter:erindo o m"nimo

poss"el. *:inal, n%o ;ueria priar Cassie da;ueles momentos, t%o preciosos eraros, de intimidade com o pai.

-or olta das noe horas, ela resoleu se recolher. !inha acordado muitocedo na;uele dia, ;ue :ora pleno de atiidades. *gora, o cansa$o inha cobrarseu tributo.

+ou me deitar, pessoal. 'stou eGausta e amanh% dia de trabalho. Boanoite, 8rant. Boa noite, 5haron.

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nclinando4se, ela bei?ou Cassie com ternura e sorriu# Boa noite. *dorei passear de trenP com oc> e Brittany. 'u tambm gostei muito. ' Cassie abra$ou4a com muita :or$a, sob o

olhar comoido do pai.Juando 5haron saiu da sala leaa no peito a impress%o de ;ue, por mais

di:"cil ;ue tudo parecesse em alguns momentos, o amor enceria todos os

obstculos.Minutos depois, ela atiraa4se na cama, com a sensa$%o de ;ue tinha

iido um dia bastante produtio@ 'm todos os sentidos. 6eliF e eGausta,adormeceu imediatamente.

*cordou no meio da madrugada, com a impress%o de ter ouido um grito.5entando4se na cama, apurou os ouidos e esperou@ Mas o sil>ncio da noite:ria parecia absoluto.

I estaa oltando a se deitar, ;uando o grito se repetiu. ' 5haron ? n%otee dAidas de onde ele inha# do ;uarto de Cassie.

'rguendo4se de um salto, ela correu para l. * porta do ;uarto estaa

aberta e 8rant, de pi?ama tentaa acordar Cassie.Contornando a cama, 5haron colocou4se do outro lado, a:agando o

rostinho suado da menina ;ue, apesar dos olhos abertos, ainda continuaaimersa nas imagens do pesadelo.

Cassie, ;uerida@ 5haron repetia, sem cessar. O sonho mau ?passou. 5eu pai e eu estamos a;ui.

-or :im a menina reagiu, agarrando4se ao pesco$o do pai com osbracinhos tr>mulos. 'm seguida mergulhou num choro conulso.

5haron sentiu o cora$%o oprimido de dor. 'ra terr"el er a;uela crian$aso:rer da;uele ?eito.

%o chore, meu an?o@ ela tentou consolar Cassie. I passou@ (eiGe4a desaba:ar 8rant disse, baiGinho. !em raF%o 5haron assentiu, num murmArio, en;uanto sa"a para

proidenciar um copo de gua.+oltou logo depois e deu4o a 8rant, para ;ue o o:erecesse a Cassie, ;ue

aos poucos ia se acalmando. Beba, meu bem 8rant recomendou, leando4lhe o copo aos lbios.'la obedeceu, sorendo o l";uido em pe;ueninos goles. 8rant depositou o

copo no criado4mudo e ent%o indagou# O ;ue houe, esquunho1 O ;ue :oi ;ue oc> sonhouD

Mal haia :ormulado a pergunta, arrependeu4se amargamente. -ois Cassieentrou numa noa crise de choro. ' sua oF soou carregada de angAstia aodiFer#

'u n%o ;uero ;ue ela@ 'u n%o ;uero@ ' n%o completaa a :rase. +oc> n%o ;uer o ;u>, :ilhaD Jue ela :i;ue Cassie respondeu, solu$ando. 5haron tem de ir

embora.*s palaras ca"ram sobre 5haron como um golpe :atal, atingindo4a em

seus mais pro:undos sentimentos.*;uilo ? era demais. 5e sua presen$a na;uela casa era capaF de proocar

tais rea$Ees na pe;uena Cassie, ent%o seria melhor partir. ' 5haron pretendia:aFer isso t%o logo o dia amanhecesse.'ntregue a seu so:rimento, 5haron n%o percebeu ;uando Cassie

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desprendeu4se do pai e, com os punhos :echados e o rosto contra"do, oltou4seem sua dire$%o.

Cassie, n%o 8rant gritou, mas ? era tarde para det>4la. Oh, (eus 5haron eGclamou, perpleGa. 'la ai me agredirMas tanto 5haron ;uanto 8rant estaam enganados. -ara espanto de

ambos, a menina agarrou4se ao pesco$o de 5haron e, com o rostinho colado

ao seu peito, gritou# + embora, 5haron. 'u n%o ;uero ;ue oc> morra como mam%e.-or um instante, nem 5haron e nem 8rant conseguiram reagir. 'staam

atHnitos com a;uelas palaras. ' tentaam raciocinar com rapideF paracompreender o ;ue se passaa com a pe;uena Cassie.

8rant :oi o primeiro a se recuperar. Com os olhos aFuis arregalados numaeGpress%o de espanto, disse#

Mas, :ilha@ 5haron n%o ai morrer. (e onde oc> tirou essa idia,;ueridaD

Mam%e tambm parecia ;ue nunca ia morrer. Mas morreu de repente,

sP por;ue eu gostaa dela@ 6oi por isso ;ue morreu. ' Cassie recome$ou agritar. + embora, 5haron@ +oc> n%o precisa morrer como mam%e.

'scute, esqu4inho… 5haron a:astou4a com um gesto delicado, mas:irme. ' tomando4lhe o rosto entre as m%os, a:irmou# 'u n%o ou morrer,est entendendoD %o ou

8rant tocou4lhe o ombro, e ela oltou4se em sua dire$%o. 'mbora nadadissesse, ele pedia4lhe com os olhos#

Por %a'or! não insista. 5ão %ale mais nada. 2ei6e-a desaba%ar.5haron obedeceu, atraindo a menina ao peito e deiGando4a chorar

longamente@ *t ;ue as lgrimas diminu"ram e o cansa$o cerrou seus olhinhos

inchados e ermelhos.ntuitiamente, 5haron compreendeu o ;ue tinha a :aFer@ ' deitou4se nape;uena cama, ainda mantendo Cassie nos bra$os. %o teria coragem deabandon4la, na;uele momento. Jueria :icar perto, muito perto de seu ;ueridoesqu4inho…

*:astando4se na ponta dos ps, 8rant apagou a luF do teto, deiGandoaceso apenas o aba?ur do criado4mudo. (epois saiu, em sil>ncio.

-or ;uanto tempo haia :icado ali, com Cassie dormindo em seusbra$os@D em a prPpria 5haron saberia diFer.

Mas ao sentir um :ormigamento por todo o corpo, deido N posi$%o

:or$ada em ;ue se encontraa, ela compreendeu ;ue ? era hora de se recolhere tentar dormir um pouco. O dia seguinte seria bastante atribulado. ' 5haronn%o podia se dar ao luGo de en:rent4lo sem energia su:iciente.

Leantou4se com cuidado, depois de certi:icar4se ;ue Cassie dormiapro:undamente. Cobriu4a e saiu em seguida, tomando todo o cuidado para n%o:aFer barulho.

(esceu ao andar de baiGo, para tomar um copo de gua. ',de passagempelo corredor, notou ;ue a luF do escritPrio de 8rant estaa acesa.

)esoleu desliga4la e, para sua surpresa, encontrou4o sentado N grandeescrianinha, o corpo curado sobre a mesa, a cabe$a apoiada nas m%os

cruFadas sobre o tampo.-arecia t%o triste e desamparado, ;ue 5haron comoeu4se. 'i, 8rant@ disse, aproGimando4se. -or ;ue n%o ai se deitarD I

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tarde e oc> precisa descansar um pouco.'stremecendo, ele recuou a cadeira, com uma eGpress%o con:usa nos

olhos aFuis. 5haron@ disse, como se despertasse de um sonho conturbado.

Onde est CassieD 'm sua cama, claro@ ' dormindo como um an?o.

Como pude ser t%o cego, durante tanto tempo ele disse, baiGinho. Minha :ilha precisando de a?uda, mergulhada num mundo de terror e dAidas@' eu ignorando tudo

ingum poderia saber, 8rant ela argumentou, num tom suae. Cassie desenoleu essa neurose num campo isolado, onde nenhum de nPstinha acesso. *penas a circunstRncia de nosso casamento de:lagrou oprocesso. ' chego a pensar ;ue tiemos sorte por essa crise ter acontecidoagora, a tempo de corrigirmos o problema.

'u ? deia ter percebido tudo, ;uando Cassie re?eitou oc>, recusando4se a aceit4la como uma segunda m%e@ 'ra natural ;ue ela ligasse o amor N

sensa$%o de perda@ ' N morte. 5im, 8rant, essa era uma das possibilidades. Cassie amaa a m%e. Mas

isso n%o impediu ;ue Catherine morresse de repente, causando4lhe umasensa$%o de impot>ncia com rela$%o ao amor@ ' um pro:undo aFio. 'ranatural ;ue ela agora imaginasse ;ue poderia ocorrer o mesmo comigo etaleF at mesmo com oc>. Mas, como eu ? disse, essa era apenas umaentre milhEes de hipPteses ;ue poderiam ser :ormuladas a respeito docomportamento de Cassie.

magine o ;uanto ela dee ter so:rido, sempre ;ue eu ia ia?ar@-obreFinha

um impulso, 5haron aproGimou4se. 8rant continuaa sentado, com umaeGpress%o desolada no rosto de tra$os per:eitos.!udo o ;ue ela dese?aa na;uele momento era con:ort4lo, pedir4lhe ;ue

n%o se condenasse, ;ue sa"sse da;uela angAstia. ' :oi o ;ue :eF. *bra$ando4o,puGou a cabe$a de 8rant de encontro ao peito. 'm p, a seu lado, diFia4lhepalaras doces, carregadas de esperan$a e ternura.

*inda tempo, 8rant@ Ps dois estamos a;ui, para a?udar Cassie aencer esse so:rimento, ;ue tanto a impede de ser :eliF. osso amor e nossapresen$a encer%o o medo ;ue ela tem de perder seus entes ;ueridos

!al como 5haron dese?aa, suas palaras tieram o dom de acalmar

8rant.5im@ 'le pensou, inadido por uma onda de al"io. *inda era um homemde sorte. O problema da :ilha, detectado a tempo, poderia ser resolido. Com5haron a seu lado, ele enceria a;uela dura batalha contra as lembran$as:unestas da morte de Catherine, ;ue tanto o marcara@ ' tanto traumatiFara ape;uena Cassie.

%o sei o ;ue eu :aria sem oc>, 5haron. Ora, n%o :ale assim ela o censurou, lison?eada. +oc> tem sido a melhor pessoa do mundo, para mim e Cassie. Ps te

amamos tanto

Qaia tanta intimidade na;uela simples con:iss%o, ;ue 5haron sentiu4segrati:icada, compensada por todos os es:or$os ;ue haia desprendido at omomento.

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' pensar ;ue duidara tanto de sua decis%o, haia menos de inte e;uatro horas

Obrigada por diFer isso, 8rant agradeceu, num tom carinhoso. 5P estou :alando a erdade ele a:irmou, com um suspiro. Bem,

melhor irmos dormir, agora. *inda restam algumas horas, antes do dia clarear.*mbos sa"ram do escritPrio e caminharam em dire$%o N escada. 5ubiram

em sil>ncio e despediram4se no corredor, com um bei?o lee e cheio dereconhecimento.

* ida na;uela casa parecia mostrar sua erdadeira perspectia, 5haronpensaa, a caminho do ;uarto. O tra?eto certamente teria passagens di:"ceis eat dolorosas. Mas 5haron acreditaa, sinceramente, ;ue a chance de encerera grande@ Muito grande.

I estaa abrindo a porta do ;uarto, ;uando se deu conta de ;ue haiaes;uecido de pegar seu copo de gua na coFinha.

%o :aFia mal@ a;uele momento, ela sentia4se saciada de uma sedeimpalpel# a sede de ier com esperan$a, :@ ' amor . .

CA+,T-LO .II

O despertador tocou Ns seis e meia da manh% no criado4mudo de 5haron.5altando da cama. ela decidiu come$ar o dia com uma boa ducha. 6icou porum bom tempo sob o ?ato :orte, deiGando ;ue a gua ;uente e :arta leassepara longe o cansa$o da noite anterior, atribulada e di:"cil.

-ouco depois, enolta num roup%o cor de creme, os cabelos Amidosenrolados numa toalha, ela preparaa o des?e?um com rapideF e e:ici>ncia.Juando 8rant entrou na coFinha, a mesa ? estaa posta. o ar pairaa

um aroma tentador de ca: recm4coado. Bom dia, 5haron. Conseguiu dormir um poucoD Bom dia ela respondeu, sem se oltar, pois estaa terminando de

:aFer uma pan;ueca. Leantei4me contra a ontade, mas o banho mecolocou em :orma. ' oc>, descansouD

+ou sentir os e:eitos da noite mal dormida logo depois do almo$o. Massempre durmo por meia hora no dia do escritPrio, ;uando isso acontece.

Minha secretria ? est acostumada e sempre inenta uma reuni%oimaginria, para ?usti:icar minha aus>ncia. 'le seriu4se de ca: e sentou4seN mesa.

5haron terminou de :ritar a Altima pan;ueca e colocou4a ?unto com asoutras numa traessa.

-ronto disse, leando a traessa para a mesa.*o inclinar4se, seu roup%o entreabriu4se, reelando aos olhos de 8rant

parte dos seios muito alos e pe;uenos.Qaia, na;uela cena, uma sensualidade pura,natural e eGtremamente

eGcitante, ;ue atingiu 8rant com a :or$a de um raio.O momento :oi interrompido pela chegada de Cassie, ;ue traFia uma

escoa de cabelos e uma :ita colorida nas m%os. Oi, papai. 'la bei?ou 8rant em ambas as :aces. 'm seguida oltou4se

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para 5haron. 5er ;ue oc> pode pentear meu cabelo e prender essa :itaD'u n%o consigo :aFer soFinha@ ' papai n%o muito bom nisso.

Claro, meu bem. Mas primeiro d>4me um bei?o de bom dia. * meninaobedeceu, e 5haron sorriu#

*h, assim est melhor. 5entando4se, puGou Cassie para ?unto de si ecome$ou a pentear4lhe os cabelos, negros como os do pai.

* menina parecia muito calma e e;uilibrada na;uela manh%. * noite depesadelos haia se dissipado. o rostinho de tra$os per:eitos e delicados, n%ohaia nenhum sinal do so:rimento pelo ;ual passara.

-ronto disse 5haron. + olhar4se no espelho para er se :icoubom. (epois, olte para tomar seu ca: da manh%.

Cassie saiu, leando a escoa. 'nt%o 8rant erbaliFou o espanto ;ue lhe iapor dentro#

-arece ;ue nada aconteceu, n%o mesmoD 5im. Mas n%o deemos deiGar ;ue as apar>ncias nos enganem. Cassie

tem problemas srios, ;ue podem se mani:estar a ;ual;uer momento.

O ;ue oc> acha ;ue deemos :aFerD -rocurar o auG"lio de umpro:issionalD

5haron :itou4o com ar compreensio. 'ra Pbio ;ue para 8rant, como pai,era di:"cil mencionar o trauma da menina. ' mais ainda aceitar ;ue elaprecisaa da a?uda de um psicPlogo.

%o deemos agir de modo precipitado ela opinou, com delicadeFa. I sabemos agora, com muita clareFa, ;ual a raiF do problemacomportamental de Cassie. ' isso ? bastante signi:icatio.

Mas n%o podemos :icar acomodados. -recisamos tomar alguma atitude. Concordo plenamente. Qo?e mesmo conersarei com a orientadora

pedagPgica da escola de Cassie. Juero estabelecer um mtodo de trabalhocom ela. *lgo ;ue :uncione como um esclarecimento progressio a Cassie, ;uea a?ude a compreender o problema pelo ;ual passou e encer o medo de ;ueocorra noamente.

' como seria esse mtodoD 8rant indagou, curioso. *inda n%o sei. Mas acho ;ue o eGemplo prtico sempre :unciona

melhor. Como assimD 'le reagiu, con:uso. Cassie tem medo de perder as pessoas ;ue ama, n%o D 'Gato.

-ois ent%o minha presen$a constante nesta casa, dia apPs dia, aiacabar lhe dando uma noa con:ian$a. %o entendi. Ora, ao sentir ;ue n%o ou desaparecer de repente de sua ida, como

aconteceu com Catherine@ *os poucos ela ir relaGando e ad;uirindo um nooparRmetro a:etio no ;ual poder con:iar plenamente.

'ntendo@ 8rant assentiu, pensatio. ' concordo. Mas se :ornecessrio um acompanhamento pro:issional, mais especialiFado, n%o deemoshesitar disse, com um suspiro. (e ;ual;uer :orma, con:io no seudiscernimento.

-ode deiGar ela o tran;iliFou, com um sorriso. 6icarei atenta. Obrigado. Ora, pare de me agradecer.

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O ;ue mais posso :aFer, 5haron, sen%o ser4lhe eternamente gratoD8rant partiu para a cidade, leando Cassie. 'sse era um :ato raro e a

menina estaaZ radiante. 6alaa o tempo todo, chamando a aten$%o do paipara tudo o ;ue ocorria ao redor.

6altam ;uarenta minutos para oc> entrar na escola disse 8rant,consultandoZo relPgio. Juer ir at o escritPrio comigoD

Juero ela eGclamou, com um sorriso de :elicidade. a;uela manh%os empregados da empresa -ar<er Constructions Ltda. tieram a oportunidadede obserar uma cena surpreendente# o patr%o chegando tarde ao trabalho, dem%os dadas com a :ilha.

Cristine@ ele pediu N secretria , lee Cassie para dar uma oltapela empresa. )etorne em inte minutos, por :aor. ' :oi para a sala dereuniEes.

* menina estaa impressionada com a atiidade :ebril do escritPrio. Mastodos encontraam um ?eito de interromper suas tare:as para cumpriment4la,com sorrisos ameis, palaras carinhosas e alegres. * presen$a da pe;uena

Cassie era como uma lu:ada de ento :resco na;uele ambiente de intensotrabalho e circunspe$%o.

'm p, na cabeceira da grande mesa de reuniEes, 8rant eGaminaaalguns papis. Os membros da diretoria entreolhaam4se, discretamenteespantados com o inesperado comportamento do che:e, ;ue parecia maisdescontra"do, menos seero e at@ mais :eliF.

Lionel, por :aor, acompanhe4me at o sagu%o ele pediu de sAbito.(irigindo4se aos outros, recomendou# Juanto a oc>s, continuem a reuni%oe preparem o resumo para ;uando eu oltar.

Juando ambos sa"ram da sala, Lionel Branch n%o se contee#

O ;ue est haendo, 8rantD Mudan$as de hbitos, apenas. +oc> dirigir as reuniEes matinais, apartir de ho?e. 'starei sempre presente, mas apenas como obserador.

[ uma mudan$a bastante signi:icatia Lionel comentou, espantado. %o sei como os outros reagir%o.

'les %o se acostumar. Mesmo por;ue, n%o pretendo :aFer isso demaneira brusca. +ou eGplicar4lhes sobre essas mudan$as da;ui a pouco, no:inal da reuni%o.

*ssim, ? me sinto mais seguro Lionel Branch con:essou. +oc>sabe@ %o nada :cil assumir um papel ;ue oc> sempre desempenhou com

uma e:ici>ncia a toda proa. Obrigado 8rant agradeceu, com modstia. Mas oc> n%o :armenos do ;ue eu, tenho certeFa disso.

*gora sou eu ;uem dee agradecer@ sto n%o :oi um elogio, Lionel. 'stou apenas :aFendo ?usti$a N sua

e:ici>ncia. (e ;ual;uer :orma, comece a assumir o comando. Con:io em oc>.Lionel ia diFer algo, mas interrompeu4se ao er Cristine aproGimando4se

com, a pe;uena Cassie, ;ue parecia muito alegre e sorridente. Lionel abaiGou4se para :alar com ela@ ' ent%o entendeu rapidamente o ;ue se passaa. Oche:e haia decidido dedicar mais tempo N :ilha. -or isso estaa delegando

:un$Ees no trabalho.' como a con:irmar seus pensamentos, 8rant despediu4se dele e dasecretria, aisando ;ue oltaria em meia hora. ' partiu com Cassie, eGibindo

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nos lbios um sorriso ;ue n%o se ia h muito tempo. +oc> iu isso, LionelD a secretria comentou, perpleGa. K

inacreditel -repare4se, Cristine, pois haer%o muitas mudan$as por a;ui. I n%o era sem tempo. ':ici>ncia sem humanidade nunca :oi o meu

:orte ela desaba:ou.

Lionel sorriu, surpreso# unca imaginei ;ue oc> pensasse assim. -or ;u>D 'la sorriu de olta. Bem, para mim oc> sempre :oi uma per:eita eGecutia, do tipo ;ue

n%o pensaa muito nas ;uestEes humanas, mas apenas nas pro:issionais. Como uma espcie de robHD ela indagou, :ranFindo a testa em sinal

de desagrado. Bem@ Lionel respondeu, com sinceridade digamos ;ue nunca

encontrei, em oc>, algo mais alm da mera gentileFa pro:issional. -ois saiba ;ue a rec"proca inteiramente erdadeira. 5empre i oc>

como um eGecutio competente, porm :rio e orgulhoso. (o tipo ;ue sPpensaa em ser o :uturo presidente da empresa.

Lionel riu, diertido. -uGa 'stamos trocando um bocado de elogios nesta manh%. 'stamos sendo sinceros ela o corrigiu. ' isso algo muito raro de

acontecer ho?e em dia.*mbos se :itaram, como se estiessem se endo pela primeira eF. -recisamos conersar uma hora dessas :ora do ambiente de trabalho

disse Lionel. (e repente, estou curioso para saber mais sobre oc>@ Oh, n%o tenho nada de especial. Mas certamente sou algo mais do ;ue

um mero computador de saias.Lionel tornou a rir. Bem, ;ue oc> tem senso de humor, eu ? sei. -osso diFer o mesmo a seu respeito, Lionel.' continuaram a se olhar por mais um longo momento. (epois, cada um

dirigiu4se a seu posto de trabalho, leando uma impress%o noa e agradel@Jue taleF pudesse se trans:ormar em algo mais.

a pr4escola, 8rant n%o se contentou em deiGar a :ilha sob os cuidadosdas pedagogas e pro:essoras, ;ue ele sabia serem muito competentes. 6eF;uest%o de entrar e obserar o moimento das crian$as, cumprimentar e

aisar a diretora da isita de 5haron na;uela tarde# 'la ir para conersar sobre Cassie in:ormou4a. ' acho ;ue oassunto poder tomar4lhe algum tempo. -ortanto, se puder agend4la@

'stamos .sempre N disposi$%o para ;ual;uer assunto ;ue diga respeitoaos nossos alunos Iean 5imon a:irmou. m tanto preocupada, indagou# -or ;ue 5haron n%o eio traFer Cassie ho?eD *conteceu algum problemaD

%o 8rant respondeu, com um meio sorriso. Bem@ ' erdade ;ueela se casou no sbado, passeou de trenP no domingo e segurou uma crise deCassie nessa madrugada. Mas, a:ora esses pequenos detalhes! continua sendoa mesma 5haron de sempre. !enha um bom dia. ' a:astou4se, deiGando

Iean 5imon de bo;uiaberta.(e olta N empresa, 8rant entrou na sala onde os membros da diretoriacontinuaam reunidos apenas para anunciar ;ue, dali por diante, Lionel

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assumiria seu lugar na dire$%o das reuniEes. 'm seguida saiu e, em eF de irpara sua sala de trabalho, resoleu perambular pela empresa. *cabou sedemorando na tesouraria. 'ra um contabilista hbil e resoleu checar :aturas,:olhas de pagamento, cadastros de :irmas@ deiGando os empregadosirre;uietos.

Com um sorriso ;ue insistia em insinuar4se em seus lbios, 8rant iolou

todas as regras, sem entretanto atrapalhar o andamento do trabalho.o departamento pessoal, pegou rias pastas > leou4as para sua sala,

apenas para eGaminar a documenta$%o de rios :ornecedores ;ue prestaamseri$o N empresa.

'staa entretido nesse trabalho ;uando Lionel bateu N porta e entrou. 'stou interrompendo algo importanteD perguntou. Juer ;ue eu

olte mais tardeD (e ?eito nenhum. 8rant :echou a pasta ;ue tinha diante de si.

'stou apenas relembrando os elhos tempos, ;uando come$amos com aempresa. !"nhamos de :aFer tudo soFinhos, lembra4seD

' d para es;uecerD Lionel retrucou, com um sorriso. 6aF"amos oseri$o de contadores, tesoureiros@

Cuidamos do departamento pessoal@ 8rant sorriu de olta. 'ent%o mudou de assunto# Como :oi a reuni%oD

*:ora a como$%o causada por sua aus>ncia e as especula$Ees em torno,tudo correu bem. O resumo dos assuntos ;ue tratamos est com Cristine.

Ttimo. +ou l>4lo ainda ho?e.Lionel assentiu com um gesto de cabe$a. -arecia relutante e um tanto

inseguro. O ;ue h com oc>D 8rant indagou, preocupado.

'stou com ontade :aFer4lhe uma pergunta, mas n%o sei se tenho odireito@ 6a$a 8rant o interrompeu, apontando4lhe uma cadeira diante da

mesa de trabalho.Lionel sentou4se e ainda hesitou por alguns momentos, antes de indagar

de um sP :Hlego# +oc> est pensando em@ (n6u)ar o quadro1 * eGpress%o signi:icaa demitir :uncionrios, o ;ue era sempre

desagradel, embora necessrio em certas ocasiEes. 8rant meneou a cabe$a,num calmo sinal de nega$%o#

(e ?eito nenhum@ *inda bem Lionel apartou, aliiado. Muito ao contrrio 8rant prosseguiu. -recisamos contratar duas

pessoas para o setor administratio. -ara ;uais :un$EesD * de assessores diretos seus. Mas ? tenho minha secretria@ %o preciso de ningum, no momento. Mas precisar num :uturo bem prPGimo 8rant sentenciou, misterioso. 'scute, che:e, eu n%o sei ;ue idias oc> tem em mente, mas@ 'le

:eF uma pausa, como se escolhesse bem as palaras para o ;ue tinha a diFer.

Bem, creio ;ue :aFer modi:ica$Ees estruturais neste momento, ;uando aempresa est praticamente dobrando o capital, um risco :ora de propPsito.8rant concordou com um gesto de cabe$a, antes de indagar#

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(iga4me, Lionel# ;uanto tempo oc> acha ;ue lear at conseguirmosnos estabiliFar nesse n"el mais alto, ;ue estamos atingindo nesta :aseD

%o sei ao certo. !r>s@ !aleF cinco meses. 'u n%o tenho esse tempo 8rant a:irmou num tom srio. +oc>

solteiro, honesto e competente. 5e lear a bom termo a estabiliFa$%o daempresa, o cargo de ice4presidente ser seu.

Lionel :itou4o com uma eGpress%o de espanto. *;uela proposta era ?ustamente o sonho ;ue ele acalentara por muito tempo@ m sonho ;ueestaa se realiFando muito antes do ;ue esperaa.

5ente4se assustadoD 8rant perguntou, com um meio4sorriso. -erpleGo Lionel resumiu, com um suspiro. 'sta a palara eGata

para de:inir meu estado neste momento. *pPs uma pausa, acrescentou# *grade$o sua con:ian$a, 8rant, mas primeiro ;uero saber por ;u>,eGatamente, oc> est tomando esta atitude.

Oh, n%o se trata de nada t%o misterioso ;uanto pode parecer. Minha:ilha precisa de mim@ (o meu tempo e dedica$%o. ' n%o para da;ui a tr>s ou

cinco meses, Lionel. -ara a)ora. O ;ue oc> precisa de uma esposa e n%o de um ice4presidente o

outro argumentou. ' o ;ue iria o:erecer a ela, alm de um alto n"el de ida, se n%o tenho

tempo se;uer para CassieDLionel considerou a;uelas palaras com graidade e por :im respondeu. 'ntendo@ 6ico :eliF por sua compreens%o, mas n%o isso ;ue ;uero de oc>, no

momento@ 'ntendi noamente. Lionel sorriu. ' 8rant completou#

Juero ;ue aceite o cargo. ' os encargos@ Lionel grace?ou.8rant ergueu4se, olhando com simpatia para o homem ;ue, alm de

muito competente, era um colaborador :iel. ' ent%o, o ;ue me diFD *ceito, 8rant. Mas antes deemos conersar sobre@ Obrigado 8rant o interrompeu. 5abia ;ue podia contar com oc>.

' caminhou em dire$%o N porta. 'i, espere um pouco. 'u ;uero discutir alguns pontos :undamentais

com oc>.

8rant oltou4se, com um largo sorriso. gnorando as palaras de Lionel,indagou# 5abe o ;ue :iF, no sbado de manh%, antes de almo$ar com os

representantes da;uela :brica de automPeis com ;uem temos tratadoD %o Lionel respondeu, atHnito. Casei4me com 5haron O=)iley. 5ei ;ue ela tem muita simpatia por oc>. ' eu por ela Lionel a:irmou, ainda aturdido. 'nt%o, por ;ue n%o lhe manda um bu;u> de rosas, parabeniFando4a

pelo casamentoD *posto ;ue ela ai apreciar esse gesto. ' saiu. (epassagem pela sala de Cristine, pegou a sinopse da reuni%o e pediu4lhe ;ue

deolesse as pastas ;ue tinha retirado do departamento pessoal. 5ob o olharcon:uso da secretria, ele se a:astou. 5em esperar pelo eleador, desceu asescadas de dois em dois degraus.

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5haron saiu do trabalho um pouco mais cedo, na;uele dia, e dirigiu4se Nescola onde Cassie estudaa, para conersar com Iean 5imon.

'u ? esperaa por oc> disse a pedagoga e tambm proprietria doestabelecimento. 8rant me aisou, ho?e cedo, ;ue oc> dese?aa conersarcomigo.

Ttimo. 5haron sentou4se na cadeira ;ue Iean 5imon lhe apontaa e

recusou o conite para um ca:. 'staa ansiosa para iniciar o assunto. Mas o:eF com muita calma e clareFa, ;ue chegaram a surpreend>4la.

Iean 5imon a ouiu com eGtrema aten$%o. o :inal, opinou# O problema muito delicado. ' nPs, a;ui da escola, naturalmente

;ueremos a?udar a resol>4lo. 'u ? imaginaa ;ue oc> diria isso 5haron comentou, agradecida. * ;uest%o @ Como prestar essa a?uda Iean 5imon disse, pensatia.

%o podemos dar um tratamento di:erenciado a Cassie. 5eriacontraproducente, pois as outras crian$as se ressentiriam e com certeFa seoltariam contra ela.

' o ;ue oc>s poderiam :aFer, ent%oD !emos Lisa Campbell na nossa e;uipe de pro:essores, ;ue :ormada

em psi;uiatria in:antil. +oc> gostaria de conersar com elaD5haron retesou4se na cadeira. *li estaa a palara temida@ -ensar em

Cassie como um caso psi;uitrico era doloroso demais, embora raFoaelmenteerdadeiro.

 ' eu n%o tenho o direito de ser preconceituosa, ;uando a :elicidade deCassie est em ?ogo, repreendeu4se, mentalmente. ' aceitou a proposta deIean 5imon#

-ois bem. 'u ou :alar com Lisa Campbell.

Certo. Ieans 5imon ergueu4se. *guarde um momento, por :aor. ' saiu.+oltou logo depois,4acompanhada por uma garota bonita, esguia, de

cabelos longos e ruios. -arecia ainda muito ?oem para o cargo ;ue ocupaana;uela escola.

'u sou Lisa ela se apresentou, num tom amel. Muito praFer. 5ou 5haron. Juis acrescentar a m%e de Cassie@ Mas n%o

conseguiu. O praFer todo meu.* conersa :luiu de maneira agradel entre ambas. 5haron :icou surpresa

ao constatar ;ue Lisa tinha uma capacidade :ora do comum.

6icou tambm encantada ;uando Lisa lhe :alou sobre um pro?eto dedicadoa crian$as problemticas, ;ue ela pretendia implantar em bree na escola. Opro?eto consistiria de uma srie de atiidades lAdicas, ;ue as crian$asdesempenhariam num horrio eGtracurricular. *ssim, teriam uma assist>nciapsicolPgica e:etia, ;ue as a?udaria a resoler seus problemas emocionais.

' por ;ue ainda n%o o implantouD 5haron ;uis saber. * maioria dos pais dos alunos :oi contrria N idia. 8rant tambmD 5haron indagou, intrigada. 'le n%o compareceu N reuni%o em ;ue tratamos desse assunto Iean

5imon esclareceu.

Oh@ Claro 5haron suspirou. *lis, ele t%o ocupado@5haron :oi obrigada a concordar. ' retomou o assunto#

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8ostaria de saber por ;ue motio os pais n%o concordaram com aimplanta$%o de um pro?eto ;ue, a:inal, sP :aria bene:iciar as crian$asproblemticas.

Lisa sorriu, com ar compreensio. ' eGplicou# ' incr"el o medo ;ue as pessoas t>m, ;uando se :ala em psicoterapia

para crian$as. Os pais relutam em submeter os :ilhos a um tratamento desses,

certamente achando ;ue isso lhes deiGar uma espcie de marca, ;ue osacompanhar por toda a ida.

n:eliFmente, erdade Iean 5imon concordou, pesarosa. 5omando4se a isso o sentimento de culpa dos pais, ;ue ?ulgam ser os

causadores dos traumas ;ue os :ilhos so:reram@ *" est o motio de suapostura negatia, diante de um pro?eto desse tipo.

'u me senti eGatamente assim, ainda h pouco, ;uando Iean me :aloude seu trabalho 5haron con:essou. %o :cil aceitarmos ;ue o ser ;uetanto amamos se?a@ (ese;uilibrado mentalmente. 5obretudo ;uando este ser uma crian$a, tudo se torna ainda mais di:"cil.

'ssas duas palaras s%o um tanto :ortes para de:inir Cassie. !aleF eu este?a usando essa denomina$%o cruel para@ 'GorciFar o medo Lisa completou. * gente costuma :aFer isso, n%o

mesmoD 'Gageramos na graidade dos problemas taleF para chegarmos aaceit4los em sua erdadeira ess>ncia.

!em raF%o 5haron reconheceu, com uma simpatia ainda maior pora;uela garota ;ue, alm de competente, parecia ter algo essencial ao trabalhocom crian$as# bom cora$%o.

(iga4me@ Lisa indagou +oc> n%o m%e de Cassie, certoD5haron re:letiu por alguns instantes. ' sP ent%o a:irmou# +oc> est

enganada@ ' ao mesmo tempo n%o est. Lisa riu# 'ssa eu n%o entendi.um tom calmo, ;ue chegou a surpreend>4la, 5haron eGplicou# 'u n%o gerei Cassie. Mas o amor ;ue sinto por ela me autoriFa a

a:irmar ;ue sim@ Jue sou sua m%e. Compreende, agoraD 5im Lisa respondeu, comoida. ' a admiro muito por isso.Iean 5imon tornou a interir, dessa eF para esclarecer alguns pontos# Lisa Campbell trabalha conosco h pouco tempo. Certamente n%o

conhece a :undo o problema de Cassie.'m poucas palaras, 5haron colocou Lisa a par do assunto. 'la ouiu tudo

com seriedade e por :im disse# -elo ;ue entendi, oc> assumiu Cassie como sua :ilha@ 'Gato. Mas oc> a > com :re;>nciaD Juero diFer, desempenha realmente o

papel de m%eD 5im. ' 5haron reelou# Casei4me com 8rant -ar<er,, pai de

Cassie. no Altimo sbado.* surpresa de Lisa :oi enorme. Iean 5imon, porm, parecia estar a par da

noidade. Mas ambas abra$aram 5haron, dese?ando4lhe :elicidades. *ssim a situa$%o muda de :igura. Lisa retomou o assunto.

' ent%o, como :icamosD 5haron indagou. Ou melhor# o ;uepodemos :aFer, desde ?, para a?udar CassieD 'm primeiro lugar, gostaria ;ue oc> conersasse com seu marido. 5e

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ele aceitar a idia, oc>s ser%o o primeiro casal a matricular a :ilha no pro?eto.'u, Iean e as outras pro:essoras resolemos cham4lo de Curso de *tiidades'speciais.

+oc> :alou ;ue usaria atiidades lAdicas para tratar as crian$as 5haron comentou, interessada. ' ;uais, especi:icamente, seriam essasatiidadesD

Basicamente, dan$a, mAsica e teatro. 5%o essas as %erramentas ;ueutiliFamos na terapia.

5haron reagiu, surpresa. (ito assim parece t%o lee, t%o@ MgicoD Lisa sorria. -ois erdade. * ci>ncia, ;ue t%o in:leG"el,

cura4se uma eF mais diante da :or$a da *rte. -ara oc> ter uma idia, nPsdramatiFamos histPrias ;ue t>m liga$%o com os problemas das crian$as. (a" tentamos resoler os impasses criados nas histPrias, utiliFando a prPpriacriatiidade das crian$as. Ou se?a# elas mesmas encontram a solu$%o para osproblemas criados no palco. -roblemas ;ue parecem menos assustadores,

deido N linguagem lAdica do teatro, dan$a e mAsica. O trabalho muitobonito e, o ;ue ainda melhor@ 7un#iona.

'stou encantada com a idia 5haron a:irmou com sinceroentusiasmo.

Claro ;ue ocorrer%o momentos di:"ceis, durante o trabalho Lisasentenciou. -or isso temos de manter um estreito contato com oc> e seumarido.

'u entendo. ' creio ;ue 8rant apoiar a idia@ 5e tier tempo,acrescentou, mentalmente, com uma ponta de amargura.

'nt%o, est bem. Juando oc> me dar uma respostaD

*manh%, sem :alta. Ttimo. I ;ue est tudo acertado, ou buscar Cassie disse Iean 5imon,

leantando4se.O sinal de sa"da haia acabado de tocar e as crian$as aguardaam, no

ptio, a chegada dos pais.5haron arrumaa a mesa, dando os Altimos to;ues para compor o isual

do ?antar ;ue haia preparado com esmero. o ar, a :ragrRncia delicada de noFmoscada e cominho misturaam4se N mAsica ;ue inha do aparelho de som dasala. o belo casti$al de prata larada haia duas elas aromticas ;ue

aguardaam, no centro da mesa, o momento de serem acesas.Cassie estaa linda num estido de eludo ermelho escuro. ma :ita domesmo tecido prendia4lhe os cabelos :inos e negros.

* rela$%o entre ambas era como antes, harmHnica e amorosa. Qoueapenas um momento em ;ue 5haron notou, preocupada, ;ue Cassie oltaa aassumir a;uele ar distante, como se alheia ao mundo em torno. Mas logo amenina oltou a sorrir e brincar, tagarelando sobre o belo ?antar ;ue teriamna;uela noite.

(epois de arrumar a mesa, 5haron :oi para o ;uarto tomar um banho etrocar de roupa. Jueria estir algo di:erente, ;ue combinasse com seu estado

de esp"rito animado e alegre.*cabou optando por um estido erde4musgo, longo, de l%, ;ue ca"a4lhecom per:ei$%o. O modelo tinha cintura alta e a saia god>. as golas e mangas,

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delicadas aplica$Ees em degrade erde. 5haron mirou4se no espelho e gostoudo ;ue iu.

ma ma;uiagem muito lee, real$ando4lhe os olhos cor de mel e um leebrilho nos lbios era tudo de ;ue precisaa agora. Os cabelos, longos eanelados, ca"am4lhe soltos, emoldurando o rosto de tra$os per:eitos.

5orrindo para a imagem re:letida no espelho, 5haron decidiu ;ue estaa

pronta para o ?antar. ' saiu do ;uarto. Cheguei * oF de 8rant soou no andar de baiGo, :aFendo 5haron

estremecer de emo$%o en;uanto descia a escada. ossa, :ilha, como oc>est linda Cad> 5haronD

*ntes ;ue a menina respondesse, ela mesma o :eF# *;ui, 8rant.Com a :ilha no colo, a graata a:rouGada e os cabelos leemente

despenteados, 8rant parecia mais atraente ;ue nunca. 'ra nisso ;ue 5haronpensaa, com o cora$%o aos saltos, en;uanto sorria para ele e anunciaa#

+oc> chegou bem na hora.

O ;ue est haendo por a;uiD ele indagouZencantado. 5er ;ueme es;ueci de ;ue temos de ir a alguma :esta ou algo assimD

ada disso, seu bobo 5haron respondeu, diertida. Mas ent%o por ;ue oc>s est%o estidas como duas princesasD *penas para dar4lhe as boas4indas ao lar. ' ser ;ue mere$o tanto homenagemD Claro ;ue merece, papai Cassie a:irmou, radiante. *inda segurando a

:ilha no colo, 8rant aproGimou4se de 5haron e bei?ou4a em ambas as :aces. 'stou me sentindo um lorde. !udo isso mesmo para mimD -ara nPs ela o corrigiu, docemente. O ?antar ser serido em inte

minutos. !empo su:iciente para eu tomar um banho@ ' estir uma roupa bem bonita Cassie completou. sso mesmo,

:ilha. 6icaremos aguardando oc> disse 5haron, tomando Cassie nos

bra$os.8rant subiu e retornou pouco depois, usando cal$a ca;ui e camisa aFul4

clara de mangas compridas. 5obre ela, um colete cor de creme, com losangosem marrom. 'staa barbeado, sorridente, com os cabelos negros ainda Amidosdo banho.

O ;ue estamos comemorandoD perguntou, ao receber o martini seco;ue 5haron lhe estendia. * luF no :inal do tAnel@ ela respondeu, misteriosa. -arece ;ue um noo horiFonte est se abrindo para todos nPs, 8rant. 'nt%o, conte4me ;ual . 6arei isso no momento correto. ' at l, o ;ue deo :aFerD 'le :ingia4se Fangado. Morrer de

curiosidadeD K uma op$%o ela retrucou, bem4humorada. Mas seria melhor :icar

tran;ilo e esperar pelo ;ue tenho a diFer.

Com um sorriso, acrescentou# (epois :alam ;ue as mulheres ;ues%o curiosas@

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CA+,T-LO .III

O ?antar estaa Ptimo e todos comeram com apetite. Cassie mostraa4sealegre e despreocupada. 8rant daa4lhe toda a aten$%o.(epois da sobremesa, uma deliciosa torta de chocolate, os tr>s :oram

para a sala de estar ouir mAsica.Cassie ;ueria mostrar ao pai os desenhos e pinturas ;ue haia :eito

a;uele dia na escola. 8rant constatou, surpreso, ;ue a :ilha tinha erdadeirotalento para as artes plsticas.

(esenhar sempre :oi o meu :orte, ;uerida. Mas esse dom para apintura@ *cho ;ue oc> o herdou de sua m%e.

* men$%o do nome de Catherine, 5haron sentiu4se preocupada. ' olhouatentamente para a menina, tentando perceber4lhe a rea$%o.

Mas Cassie recebeu o comentrio com naturalidade. *penas sorriu econtinuou a mostrar seus desenhos.

'ste a;ui oc>, papai@ ' a;uela 5haron, brincando com Brittany.5egundo o desenho, 8rant era muito alto, tinha um rosto seero e

preocupado. I 5haron parecia uma crian$a, com os cabelos loiros presosnuma maria-#hiquinha. ', Brittany, mais lembraa um brin;uedo de pelAcia.

O clima :amiliar, lee e despreocupado, durou at o momento em ;ueCassie come$ou a cochilar. 'la resistia braamente ao sono, ;uerendoprolongar a;uela noite especial. Mas por :im acabou cedendo.

8rant leantou4se do so: com a :ilha nos bra$os. 5haron caminhou na

:rente, para abrir a porta do ;uarto e arrumar a cama.-ouco depois ambos retornaam N sala, num clima de total harmonia. ' agoraD 8rant indagou, sentando4se numa poltrona. +ai me contar as noidades ou n%oD Claro ;ue ou. 'la tambm sentou4se. Como oc> ? sabe, :ui

conersar com Iean 5imon, ho?e N tarde. ' acabei conhecendo uma ?oempro:essora especialiFada em psi;uiatria in:antil.

Os olhos de 8rant brilharam de interesse, mas pareciam ocultar umaponta de receio e descon:ian$a. 5haron continuou#

'la se chama Lisa Campbell e tem um pro?eto para didtico, oltado a

crian$as problemticas, ;ue so:reram algum tipo de trauma. 'u n%o sabia ;ue haia esse recurso na escola de Cassie ele comentou, surpreso. Lisa Campbell chegou h pouco tempo. unca :ui in:ormado sobre isso. Iean 5imon a apresentou na Altima reuni%o de pais e mestres. * ;ual :altei por motios de trabalho ele con:essou, com um suspiro. 'u sei # 5haron assentiu. 'ntusiasmada, acrescentou# Mas deiGe4me contar4lhe a noidade. (iga.

Lisa ainda n%o tee oportunidade de colocar seu pro?eto em prticadeido a um certo problema@ (o ;ue se trataD 8rant apartou, dirigindo4se at o bar. 5eriu4se de

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conha;ue e o:ereceu um licor de am>ndoas a 5haron.Os copos tilintaram, e ela retomou o assunto# Os pais reagem muito mal N idia de seus :ilhos receberem tratamento

psi;uitrico. * perspectia os assusta. (iF Lisa ;ue, inconscientemente, eles sesentem culpados pelos traumas dos :ilhos. ' assim tentam encobrir o :ato,minimiFando o problema.

' natural 8rant con:essou. 'u mesmo estou chocado. Mas a" ;ue em o melhor. 5haron sorria, animada. O mtodo de Lisa baseado em rias :ormas de arte, no

desenolimento da crian$a atras do teatro, mAsica e dan$a. sso est me parecendo um da;ueles programas suplementares ;ue

;ual;uer boa escola pode o:erecer aos alunos 8rant comentou, com ar dedAida.

*contece ;ue, ;uando algum trauma detectado durante essasatiidades, ele passa a ser tratado como tema de montagem de umarepresenta$%o c>nica.

'm resumo, o trauma se trans:orma numa pe$a de teatroD sso. 5P ;ue, ;uando chega o momento do impasse, as crian$as

propEem a solu$%o para o problema. Lisa apenas superisiona as discussEes eeGperi>ncias. (epois, ;uando as prPprias crian$as chegam a uma conclus%o,ou se?a# concordam em ;ue a resolu$%o encontrada a melhor para oproblema, o tema teatraliFado, com mAsica e dan$a.

-arece :antstico 8rant opinou, pensatio. +oc> sabe se essemtodo ? :oi testadoD

%o a;ui em *nchorage. (a" a rea$%o negatia dos pais, entendeD8rant ergueu4se, com o copo de conha;ue nas m%os. *ndando de um lado

a outro da sala, com uma eGpress%o ;ue mesclaa um pro:undo interesse auma srie de dAidas, ele re:letia sobre o ;ue acabaa de ouir. O ;ue oc> acha, 5haronD perguntou, por :im. * idia absolutamente simples e genial. aturalmente, seu sucesso

depende da :orma com ;ue :or aplicada. Mas se Lisa estier N :rente dotrabalho, n%o tenho dAidas de ;ue :uncionar. 'm resumo, 8rant, acho ;uedeemos tentar@

O sil>ncio caiu entre ambos. ma pe$a de Bach soaa no aparelho desom, espalhando4se no ambiente.

'st bem 8rant concordou. Mas ;uero acompanhar cada passo do

pro?eto.m sorriso de satis:a$%o e esperan$a estampou4se no rosto de 5haron. 'u sabia ;ue oc> concordaria ela a:irmou, docemente. -or ;u>D ele perguntou, surpreso. -or;ue oc> um homem sens"el, inteligente e, sobretudo, muito

lAcido.8rant sorriu. -uGa, n%o sabia ;ue oc> me tinha em t%o alto conceito@ 'la

aproGimou4se, eleando o clice de licor. 6a$amos um noo brinde@ * noa perspectia de ida ;ue se inicia

neste momento.6itando 5haron no :undo dos olhos, ele compreendeu, emocionado# 'nt%o o ?antar, as elas, essas roupas bonitas@ 'ra por isso.

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5im. Juero ;ue esta casa se?a mais do ;ue um s"mbolo social deseguran$a e continuidade :amiliar. Juero ;ue se?a um lugar de gente :eliF.

+oc> @ ncr"el, 5haron. * oF de 8rant soaa leemente rouca.*mbos estaam a poucos cent"metros de distRncia, os corpos ;uase se

tocando, uma intensa emo$%o percorrendo4os com a :or$a de uma correnteeltrica.

' o nosso brindeD 5haron insistiu, baiGinho. Brindemos N :elicidade@ Jue um dia ela enha morar de:initiamente

nesta casa. Ps merecemos, 8rant@ -or amarmos Cassie e por acreditarmos nas

boas energias do unierso.8rant bateu leemente o copo contra o de 5haron e soreu um gole. 'la

:aFia o mesmo, com os olhos :iGos nos seus.8rant sentia o corpo se a;uecer agradaelmente, para logo em seguida

estremecer, num arrepio ;ue percorria4lhe toda a coluna ertebral.5haron estaa t%o linda e dese?el@ 'le pensou, com um suspiro. ' tee

de :aFer um enorme es:or$o para conter o impulso de tom4la nos bra$os paraum longo bei?o.

Bem@ 'le terminou o drin;ue e depositou o copo sobre o console dalareira. Creio ;ue melhor me recolher agora. *manh% terei um diabastante atribulado.

(ecepcionada, 5haron o iu caminhar em dire$%o Ns escadas. -or uminstante, haia tido a n"tida impress%o de ;ue 8rant ;ueria bei?4la.

Boa noite ele despediu4se, ? subindo os degraus. Boa noite, 8rant ela respondeu, imprimindo N oF uma calma ;ue

estaa longe de sentir. O dia :oi marailhoso.

8ra$as a oc> ele retrucou, no alto da escada. Obrigado@ Comosempre.5haron :icou soFinha na ampla sala, ;ue de repente parecia4lhe um tanto

:ria, deido N aus>ncia de 8rant. m pro:undo suspirou brotou4lhe dagarganta. 'staa tr>mula, como se tiesse passado por um grande perigo@ Ouestado prestes a cometer uma a$%o inconse;ente.

5haron compreendia muito bem o por;u> de sentir4se assim, :rgil comouma adolescente diante do menino mais ;uerido da classe.

5omos amigos ela murmurou. *penas amigos@ ' disso ;ue n%oposso me es;uecer.

Mas a emo$%o ;ue a dominaa contradiFia a;uelas palaras carregadas desensateF. 'staria errada ao supor ;ue, por um momento, 8rant tambm sesentira atra"do por elaD Ou sua imagina$%o estaria lhe pregando pe$as, :aFendocom ;ue seu dese?o parecesse realidadeD

Qora de dormir ela se ordenou. 'stou pensando bobagens@ ':oi para o ;uarto.

a manh% seguinte, ;uando 5haron chegou N coFinha, a mesa ? estaaposta.

8rant assoiaa uma melodia popular en;uanto preparaa algumastorradas com ;uei?o.

Bom dia, #ara esposa ele a saudou, num tom bem4humorado. !ee bons sonhosD 5e tie, n%o me lembro. -ois dormi como uma pedra. m tanto

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surpresa, ela indagou# 'i, oc> n%o deeria estar na empresa, trabalhandoD 2e'eria1 ele repetiu, com ar brincalh%o. Bem, ? ;ue sou o dono,

tenho l minhas antagens@5haron o :itou, curiosa. 'ra a segunda eF ;ue ia 8rant despreocupado

com o horrio. ' isso era no m"nimo surpreendente. *diinhando4lhe oespanto, ele tran;iliFou4a#

%o se preocupe. 'u sei o ;ue estou :aFendo. )etirando do :ornouma :orma com torradas cobertas de ;uei?o derretido, colocou4a no centro damesa. Cassie ainda n%o acordouD

(ee estar se estindo. Juer ;ue eu cham4laD %o necessrio. 'u mesmo :arei isso. 'le ? ia se a:astando, mas

oltou4se para diFer# *h, antes ;ue eu me es;ue$a@ %o precisa seincomodar com o ?antar, ho?e.

Ora, 8rant, para mim n%o incHmodo algum. +oc> sabe ;ue sou muitoprtica na coFinha.

%o se trata disso. ' 8rant eGplicou# 'stou pensando em conidar

oc> e Cassie para ?antar na cidade ho?e N noite.Mais uma eF, 5haron surpreendeu4se# -or ;u>, 8rantD Ora, por ;u>D 5er ;ue um homem precisa de um motio especial para

lear a esposa e a :ilha para ?antarem :oraD*s palaras de 8rant encheram o cora$%o de 5haron de uma sAbita

alegria. (e:initiamente, as coisas estaam mudando na;uela :am"lia@ ' paramelhor 'la constatou, emocionada. *lm do mais@ ele\prosseguia desde ;ue nos casamos ainda n%o tiemos a oportunidade de passearmos ?untos.

5haron sorriu# +oc> n%o imagina o ;uanto :ico :eliF com o conite. Ora@ 8rant sorriu de olta, lison?eado. Oi, 5haron@ Oi, papai@ Cassie entraa na coFinha, ? estida para ir

N escola, com os cabelos despenteados, a escoa e a :ita na m%o.8rant leantou4a do ch%o e bei?ou4a a:etuosamente. Como est o esquilinho do papaiD 'stou bem. 5P ;ue meus cabelos@ +enha c 5haron intereio. +ou pente4los para oc>. O ritual das

manh%s come$aa a se repetir docemente, dando

aos tr>s uma :orte sensa$%o de seguran$a e continuidade.'scoando os cabelos da crian$a, 5haron lembrou4se de um :ato ocorridona in:Rncia e comentou#

5abe ;ue um dia seu pai resoleu cortar meus cabelos, CassieD ' oc> deiGouD a menina indagou, surpresa. 5im. (epois tie de usar um bon por algum tempo. sso, sem contar a

bronca ;ue leei de meu pai. 6oi um horror sentenciou, com uma caretacHmica.

*ssim transcorreu o ca: da manh%, num clima de carinho e harmonia. *certa altura 5haron consultou o relPgio de pulso e sobressaltou4se#

ossa 5e n%o me apressar, acabarei chegando atrasada ao banco.' ent%o tee uma terceira surpresa@ -ode deiGar ;ue eu mesmo learei Cassie N escola disse 8rant com

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naturalidade.* menina n%o cabia em si de contentamento. 5haron sorriu para 8rant,

mostrando4lhe com um olhar a admira$%o ;ue ele lhe despertaa com a;uelegesto.

-ouco depois a :am"lia inteira sa"a em dire$%o N cidade. 8rant e Cassietomaram o rumo N escola. 5haron, em seu carro, seguia para o banco onde

trabalhaa. 5entia4se lee e :eliF.* semana transcorreu rpida. 8rant haia assumido, de eF, o

compromisso de lear Cassie N escola, todas as manh%s. (epois ia para aempresa e oltaa para casa sempre antes do ?antar.

nteressaa4se pelas noidades ;ue a :ilha contaa e seguia de perto seusprogressos na escola.

O :im de semana se aproGimaa. ' 5haron preparaa uma surpresa para8rant e Cassie.

ma colega de banco possu"a uma graciosa cabana nas montanhas. ' ?o:erecera4lhe as chaes por diersas eFes.

5haron sempre agradecia a gentileFa, mas ?amais aceitara o conite, por:alta de tempo e disponibilidade. a ;uarta4:eira, porm, ela chamou a colegapara tomar um ca: e :eF4lhe o pedido.

a ;uinta, ao oltar para casa, traFia na bolsa um chaeiro em :orma deurso panda, com as chaes da cabana. 5eria agradel e diertido passar osbado e o domingo l com sua noa :am"lia.

6or isso sentiu4se t%o decepcionada ;uando 8rant, depois do ?antar,tomou Cassie no colo e disse, cautelosamente#

6ilhinha, terei de ia?ar amanh% cedo para +aldeF, ;ue :ica bem pertinhoda;ui. -rometo ;ue n%o demorarei para oltar.

*;uelas palaras abalaram o clima :estio do ?antar como uma :ortelu:ada de ento :rio.Leantando4se, 8rant caminhou para a sala com a :ilha nos bra$os.

5haron os acompanhaa em sil>ncio. -odia sentir o nerosismo de Cassie nocolo do pai, o pRnico inadindo seu :rgil e sens"el cora$%o@ *t eGplodirnuma crise de choro. 'u n%o ;uero ;ue oc> ela protestaa, agarrando4se a 8rant.

6ilha@ 'le sentou4se no so: e, tomando4lhe o rostinho entre asm%os, eGplicou# 'u preciso trabalhar. 5e eu pudesse eitar essa iagem, euo :aria. -ode acreditar nisso, esquilinho.

* menina solu$aa. o mundo ruim onde agora se encontraa, a raF%on%o tinha eF. 'ra imposs"el aceitar a aus>ncia do pai@ *us>ncia ;ue, paraela, era ainda um sinHnimo de morte@ Como ocorrera com a m%e.

8rant meneou a cabe$a, com uma eGpress%o desconsolada. 5eus olhosbuscaram os de 5haron, num claro pedido de a?uda.

'la leantou4se do so: e colocando um elho disco de at 8in) Cole noaparelho de som, conidou4o a dan$ar.

* surpresa deiGou4o sem a$%o, por alguns momentos. Mas logo 8rantcedeu ao conite, embora ainda n%o parecesse muito certo do ;ue :aFia.(esembara$ando4se delicadamente de Cassie, aproGimou4se de 5haron e

enla$ou4a pela cintura.Os dois desliFaram, suaemente pelo piso de madeira, embalados pela oFdoce e ;uente do mais romRntico dos cantores americanos.

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Cassie agora chegaa ao mGimo de sua crise. ' era di:"cil, para 8rant e5haron, manter a eGpress%o tran;ila en;uanto dan$aam.

*os poucos os solu$os de Cassie :oram diminuindo. 5haron pressionouleemente a m%o de 8rant, num gesto de solidariedade e esperan$a.

O ;ue oc> pretende :aFerD ele perguntou, baiGinho. Juero apenas mostrar a Cassie ;ue n%o est acontecendo nada de

ruim@ Jue o :ato de oc> ia?ar pode ser isto com naturalidade. ' oc> acha ;ue estamos conseguindo lhe passar essa impress%oD 'stamos tentando@Juando o choro de Cassie trans:ormou4se num ago murmArio, 5haron

come$ou a conersar com 8rant, num tom mais alto e muito natural# * ;ue horas oc> ai sair, amanh%D Cedinho, por olta das cinco. Juero estar em +aldeF at Ns oito e meia. ' o ;ue oc> ai :aFer lD )eunir4me com alguns construtores da regi%o. Jue bom. ' onde oc> almo$a, ;uando ai para lD

o restaurante Lara, especialiFado em comida russa. Jue del"cia. +oc> bem ;ue poderia nos conidar para acompanh4lo a

+aldeF, um dia desses. K uma Ptima idia. +oc> acha ;ue Cassie iria gostar de conhecer +aldeFD !enho certeFa. 5abe ;ue l no restaurante Lara h um playground

coberto com muitos brin;uedos e uma in:inidade de plantas e :loresD K mesmoD 5im. *h, realmente +aldeF uma cidade muito bonita. *ssim, 5haron e

8rant iam transmitindo a Cassie uma is%o

humana e real sobre um :ato ;ue, para ela, signi:icaa apenas horror eansiedade.Juando por :im pararam de dan$ar e :oram sentar4se no so:, Cassie

perguntou ao pai# Juando oc> olta de +aldeFD 5bado N tarde. Como eu disse esquilinho! " uma iagem rpida.Os olhos da menina estreitaram4se, como se ela :osse oltar a chorar. Mas

n%o :oi isso ;ue aconteceu, ao contrrio# um sorriso t"mido brotou na;uelerostinho lindo e :oi como se todo o ambiente ao redor se iluminasse.

+oc> promete ;ue olta mesmo no sbadoD

5im, ;uerida.Cassie assentiu com uma eGpress%o sria. 'm seguida, boce?ou. ' 8rantergueu4a no colo.

*cho ;ue est na hora de dormir, esquilinho.Os tr>s subiram as escadas. 5haron despediu4se no corredor. 6aFia

;uest%o de deiGar pai e :ilha N sPs na;uele momento importante.I estaa deitada, ;uando ouiu uma batida lee na porta. -reocupada,

ela se leantou e atendeu. O ;ue houe, 8rantD'le a :itaa com intensidade e leou alguns instantes para responder#

ada de especial@ Jueria me despedir de oc>, ? ;ue n%o noseremos amanh%. 'ntre ela conidou, dando4lhe passagem.

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Os dois sentaram4se na cama des:eita e ent%o 5haron contou sobre osplanos ;ue :iFera para o :im de semana, a chae ;ue ? estaa em sua bolsa, a:rustra$%o ao saber de sua iagem a +aldeF.

!eremos ;ue deiGar o passeio Ns montanhas para uma outraoportunidade :inaliFou, com um suspiro de resigna$%o.

!aleF n%o 8rant argumentou. 5e eu conseguir chegar antes do

escurecer, poderemos passar a noite na cabana. 6ico :eliF em ouir isto, 8rant. Mas oc> chegar muito cansado. *lm

do mais, se near, a estrada at as montanhas poder estar ruim. ' n%o seriaprudente transitar por ela, no :inal da tarde.

6icamos assim, ent%o# se o tempo permanecer :irme, iremos. 5e n%o,inentaremos outro passeio.

5haron sorriu, :eliF, n%o pela perspectia do passeio, mas peladisponibilidade de 8rant. Como ele haia mudado nos Altimos dias

(iga4me@ ela indagou, emocionada. O ;ue houe com oc>D Como assimD

+oc> mudou. !em leado Cassie todos os dias N escola, chega semprena hora do ?antar, n%o est mais trabalhando em casa@ ' ainda insiste emreserar o :im de semana para nPs.

Juer saber ;ual meu segredo para mudar t%o radicalmente e em t%opouco tempoD

Claro ;ue ;uero. 'stou delegando poderes, 5haron. (iidindo com os outros :uncionrios o ;ue antes :aFia soFinho ela

compreendeu. Mas oc> disse ;ue isso learia algum tempo@ Cerca de tr>smeses, se me lembro bem.

'Gato. (a" oc> me deu um puG%o de orelhas, alertando4me para o :atode ;ue minha :ilha precisa de mim agora. ' resoli seguir seu conselho. 'le:eF uma pausa. 'm seguida contou sobre as modi:ica$Ees estruturais ;ue ?estaa :aFendo na empresa.

aturalmente, oc> est contando com Lionel Branch ela concluiu. *:inal, ele seu homem de con:ian$a.

'Gato. *lis, propus a Lionel a ice4presid>ncia da empresa. ' eleaceitou. *gora, somos praticamente sPcios.

magino o ;uanto oc> dee ter so:rido, para tomar uma atitudedessas. *:inal, oc> sempre :oi um l"der nato. Mas ?amais compartilhaa suas

responsabilidades com ningum. +"cios de um solitrio@ ele sentenciou, :iloso:icamente. ' agoraou lhe contar um outro segredo.

JualD 5abe ;ue essa decis%o me abriu noos horiFontesD Como assimD *lm de ter mais tempo para dedicar a minha :ilha, sinto ;ue estou

conseguindo pensar melhor sobre os negPcios da empresa ele con:idenciou. ' ainda tenho certeFa de ;ue estou :aFendo ?usti$a N capacidade de Lionel.'le um :uncionrio de alor, alm de um bom amigo. ' merecia essa

promo$%o. Concordo. Lionel uma pessoa admirel. 5abe, eu contei a ele ;ue nos casamos. ' at sugeri ;ue lhe mandasse

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um bu;u> de :lores@ 5ugest%o, ;ue naturalmente, o pobre Lionel n%o leou a srio ela

apartou, diertida. -osso imaginar o espanto dele ao er o che:e, sempret%o seero, diFendo4lhe para eniar :lores a sua esposa. 8rant riu.

K erdade. O coitado parecia realmente perpleGo, alis como todos osmeus assessores. 5er ;ue eu era t%o di:erente, antesD

+oc> era mais in:leG"el do ;ue uma esttua de pedra, 8rant -ar<er ela respondeu, num tom bem4humorado. ' estou :eliF por >4lo t%omudado. *pPs uma pausa, acrescentou# -arece ;ue tudo corre bem. *rea$%o de Cassie ao saber de sua iagem :oi terr"el, mas n%o durou muito.*cho ;ue estamos no caminho certo, 8rant.

' tudo gra$as a oc>@ * nPs ela o corrigiu. ' aos bons an?os e outras :or$as positias ;ue

est%o nos a?udando. ' erdade. 'le :itou4a com um misto de ternura e admira$%o. +oc>

:oi magn":ica na;uela hora di:"cil. * idia de conidar4me a dan$ar :oi

simplesmente genial. (e onde a tirouD %o sei. *cho ;ue de minha ontade de ;ue Cassie se?a :eliF ela

respondeu, :itando4o no :undo dos olhos.* magia dominaa o momento. ' ambos continuaram se olhando, como se

de repente compreendessem ;ue ? n%o precisaam :alar para se entender.O bei?o :oi uma conse;>ncia natural da emo$%o ;ue os dominaa. Longo,

ardente, pleno dos mais ricos signi:icados. ' durante a;ueles instantes, omundo deiGou de eGistir@

*cho ;ue deo ir, agora 8rant sussurrou, ;uando os lbios por :im sea:astaram. Boa noite, 5haron. Cuide bem da nossa #asa e de nossa Cassie.

' bei?ou4a uma eF mais, antes de sair.5haron custou a dormir na;uela noite. m tanto surpresa, ela descobriu;ue preocupa$Ees e angAstias n%o eram os Anicos sentimentos ;ue poderiamroubar o sono. * :elicidade :aFia o mesmo e:eito@ ' era bem mais gostoso.

CA+,T-LO I/

8rant n%o conseguiu oltar de +aldeF, no sbado N noite. !ele:onou no:inal da tarde, dando a not"cia. 6eF ;uest%o de :alar com Cassie, prometendochegar ainda na;uela noite. Mas recomendou N :ilha ;ue n%o o esperasse.

5haron :icou preocupada, atenta N rea$%o da menina. Mas, para seual"io, Cassie continuou alegre, brincando com Brittany, como se nadahouesse acontecido.

8rant chegou a *nchorage perto da meia4noite. +inha cansado, massatis:eito. * iagem de negPcios haia corrido muito bem. ', o ;ue era aindamelhor, ele poderia dormir em casa na;uela noite.

m sorriso estampou4se em seus lbios, ante esse pensamento. * cadadia ;ue passaa, 8rant consideraa mais e mais e a casa na encosta da colina

como um lar m lugar ;uente, acolhedor, onde era t%o bom chegar.O sorriso tornou4se ainda mais radiante, ;uando a imagem de 5haron e

Cassie estampou4se em sua mente. Iuntas, ambas pareciam :ormar um ;uadro

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de luF e calor, dando4lhe uma con:ian$a e uma seguran$a emocional ;ue ?amais conhecera antes.

'stou entrando na maturidade, com deF anos de atraso pensou, emoF alta, rindo de si mesmo, tomado por uma onda de pura alegria.

-ouco depois, estacionaa o carro na garagem, sentindo ;ue acabaa dechegar em seu castelo@ 5eu ninho.

* casa estaa em sil>ncio@ 'le constatou ao entrar. Mas trataa4se de umsil>ncio cheio de signi:icados, t%o di:erente da;uele ;ue ali se instalara depoisda morte de Catherine.

-assando pelo hall! 8rant caminhou at a sala e seriu4se de umagenerosa dose de brand*. 'm seguida dirigiu4se ao escritPrio, para guardar apasta com os documentos da empresa.

(epois subiu para seu ;uarto, tomou uma ducha :orte e :oi dormir.O domingo amanheceu nublado, mas isso n%o impediu ;ue 8rant, 5haron

e Cassie sa"ssem para brincar na nee.Construir bonecos de nee :ora uma das brincadeiras pre:eridas na

in:Rncia e adolesc>ncia de 5haron e 8rant. *gora, era a eF de Cassie aprendera;uela atiidade agradel e diertida.

Os tr>s estaam no ;uintal dos :undos da casa, ;uando ouiram um carroaproGimando4se. 'ra Lionel Branch, ;ue tinha indo buscar os documentosrelatios aos contratos ;ue 8rant :echara em +aldeF.

'ntrando na brincadeira, ele mostrou ;ue era um hbil escultor debonecos de nee. ' deu sua preciosa colabora$%o no ;ue 5haron e 8rantestaam construindo, com a a?uda da pe;uena Cassie.

-or :im o boneco :icou pronto. -arecia olhar para o ale com seu olhos den>spera, nariF de cenoura e boca de ameiGas maduras, aberta num sorriso.

Conersando de negPcios com seu principal assessor, 8rant eF por outraparaa para arrumar o cachecol do boneco, ou os botEes do casaco, :eitos denoFes.

5haron obseraa a cena com admira$%o e simpatia. 8rant :inalmente achou o e;uil"brio per:eito entre a ida pro:issional e a

pessoal, ela pensaa. O trabalho importante, sim. Mas nunca deemoses;uecer ;ue o ob?etio principal do todos os es:or$os a nossa :elicidade,bem como a dos entes ;ueridos. 

8rant conidou Lionel para o almo$o, preparado com o capricho desempre por 5haron.

(urante a re:ei$%o, ;ue despertou sinceros elogios, 8rant e Lioneloltaram a :alar de negPcios. Mas o :iFeram de um modo delicado e agradel,sem eGcluir 5haron e Cassie.

*pPs o almo$o ambos :oram para o escritPrio, en;uanto 5haron arrumaaa coFinha, e Cassie pintaa na sala de ?ogos. * seu lado a cachorrinha Brittanydormitaa.

-or olta de duas e meia da tarde, Lionel eio despedir4se de 5haron ;ue,na sala, entregaa4se N leitura de um liro de poemas de seu autor pre:erido#Uilliam Bla<e.

'spero n%o ter atrapalhado o :im de semana de oc>s ele disse, com

sua gentileFa costumeira. %o :oi incHmodo, Lionel, e sim um praFer ela respondeu,amaelmente. Juero aproeitar para dar4lhe os parabns pelo noo cargo

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na empresa. Obrigado ele agradeceu, modesto. ' con:essou# 'stou um pouco

inseguro com tanta responsabilidade. Mas acho ;ue acabarei dando conta dotrabalho.

%o tenho a menor dAida disso, Lionel. ' 8rant pensa da mesma:orma.

'u sei. ' con:esso ;ue :ico assustado com tamanha con:ian$a. +oc> merece. 'la sorriu, encora?ando4o. ' leantou4se para

acompanh4lo at a porta.O tele:one soou, logo ;ue Lionel saiu. 5haron oltou pelo hall rapidamente

mas, ;uando chegou N sala, 8rant acabaa de atender a chamada. maeGpress%o seera estampaa4se em seu rosto, at ent%o descontra"do.

'stamos bem, Qugh@ ele diFia. , :aFendo o poss"el dentro dascircunstRncias.

'ra o aH de Cassie, 5haron constatou, indo para a coFinha. I :aFiaalgum tempo ;ue se preocupaa com ele e (orothy. 5abia ;ue elhice e a

solid%o eram :ardos di:"ceis de carregar. 5e pudesse tentar uma aproGima$%oentre eles e 8rant@ !udo :icaria muito melhor, ela pensou. Mas como :aFerissoD

5haron n%o tinha a m"nima idia. Mas decidiu :icar atenta, N espera deuma boa oportunidade.

(ecidiu :aFer um ch de eras e :rutas, muito saboroso, ;ue iria a calharna;uela tarde :ria. Colocou um pouco de gua para :erer e, pouco depois, och ? estaa pronto, numa ?arra de cerRmica.

Qugh e (orothy ir%o passar alguns dias a;ui em *nchorage 8rantanunciou, surgindo N porta. 'le pediu4me para reserar4lhes uma su"te no

-laFa. Mas achei ;ue seria absurdo :icarem num hotel, ;uando esta casa podeper:eitamente abrig4los. *ssim, conidei4os para serem nossos hPspedes. O;ue acha disso, 5haronD

*cho marailhoso ela respondeu com um largo sorriso. -uGa, atparece ;ue oc> adiinhou meus pensamentos.

Como assimD Ora, eu estaa ?ustamente cogitando sobre como seria bom se oc> e

os pais de Catherine se entendessem bem@ Como tudo :icaria melhor paratodos nPs.

(e minha parte, at ;ue estou disposto a tentar@

(esde ;ue n%o me enham com a;uela conersa idiota sobre a guarda deCassie. 6i;ue tran;ilo, 8rant. 'sse problema ? passou. !em raF%o. 'le hesitou, antes de acrescentar# Mas :alando sobre

receber (orothy e Qugh@ 5imD Q um inconeniente. JualD +oc> est ocupando o Anico ;uarto de hPspedes ;ue temos a;ui. 5er

;ue se importaria de mudar para o meu, durante a estada delesD

5haron estaa t%o satis:eita com a possibilidade de uma con:raterniFa$%ocom os pais de Catherine, ;ue nem pensou para responder# -or mim, tudo bem. O problema oc>.

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'uD ele indagou, surpreso. 5im. %o " nada :cil, para ;uem ie soFinho, compartilhar o ;uarto

com outra pessoa.8rant sorriu, comoido, apoiando4se no batente da porta. +oc> incr"el@ 'm eF de pensar na prPpria comodidade, preocupa4se

com a minha.

5P ent%o 5haron deu4se conta da proposta ;ue tinha acabado de aceitar.* perspectia de dormir no mesmo espa$o ;ue 8rant come$ou a tomar :ormaem sua mente@ ' ela corou como uma adolescente.

 Como oc> tola, 5haron O=)iley -ar<er@ )epreendeu4se, mentalmente. ' romRntica, completou, com um suspiro. -ois o sentimento ;ue nutria por8rant crescia4lhe no peito a cada dia, :aFendo4a construir noos castelos decartas@

*:astando a;ueles pensamentos incHmodos, 5haron colocou a ?arra de chsobre a mesa.

Juando eles chegamD perguntou, en;uanto pegaa as G"caras no

armrio. Juarta4:eira 8rant respondeu, acomodando4se N mesa. !emos de :aFer alguns arran?os, para ;ue :i;uem bem con:orteis. a

erdade, passar%o a maior parte do tempo soFinhos, ? ;ue oc> estar nobanco, eu na empresa e Cassie na escola@

!entaremos compens4los com nossa presen$a N noite ela apartou, serindo as G"caras. ' por ;uanto tempo :icar%o

conoscoD *proGimadamente uma semana, segundo o ;ue Qugh me :alou. -elo

;ue percebi, os dois ;uerem er como estamos nos saindo com Cassie.

' tambm deem estar morrendo de saudade dela. Com certeFa. Como ? lhe disse, de minha parte estou disposto a :icarem paF com eles. Mas ;uero ais4la de uma coisa, 5haron@

5imD 5e Qugh e (orothy n%o aproarem o ;ue irem a;ui em casa, n%o

hesitar%o em reabrir o processo pela guarda de Cassie. +oc> achaD ela indagou, arregalando os olhos cor de mel. !enho certeFa disso. 'nt%o, n%o e?o por ;ue deamos nos preocupar ela sentenciou,

sorrindo. *:inal, iemos num clima de total harmonia. ' temos :eito de

tudo para manter Cassie :eliF.'le soreu um gole de ch e :itou4a com imensa ternura. +oc> marailhosa, 5haron. Mas n%o pecar por eGcesso de

otimismo. 'm outras palaras, o ;ue nPs pensamos sobre a educa$%o deCassie n%o , necessariamente, o ;ue Qugh e (orothy pensam. 'ntende o ;ue;uero diFerD

Mas eGiste algo chamado bom senso, 8rant@ ' amor -or mais ;uese?amos di:erentes de Qugh e (orothy, todos concordamos num ponto#;ueremos o bem de Cassie.

sso erdade 8rant concordou, pensatio.

' sabemos ;ue ela ?amais ser :eliF, longe do seu erdadeiro lar 5haron sentenciou.(ois dias depois, ;uando 5haron embalaa seus pertences para le4los

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ao ;uarto de 8rant, Cassie surgiu N porta e perguntou# O ;ue est :aFendoD (esocupando este ;uarto. 5eus aPs chegar%o amanh% e :icar%o a;ui.

*cho ;ue seu pai ? lhe contou sobre isso, n%o DCassie respondeu com um gesto a:irmatio de cabe$a, os olhos :iGos no

ch%o.

*companhou 5haron em todas as 'ia)ens ;ue ela :eF de seu ;uarto at ode 8rant, sem pronunciar se;uer uma palara.

-or :im, ;uando 5haron depositou a Altima caiGa de liros no canto do;uarto, Cassie indagou#

-or ;ue oc> n%o dorme com o papai, como mam%e :aFiaD 'raineitel ;ue tal pergunta ocorresse a Cassie, 5haron pensou, preocupada.

' como responderDContar a erdade N crian$a seria bombarde4la com :atos e in:orma$Ees

;ue sP seririam para con:undi4la.-or outro lado, a idia de mentir, inentando uma desculpa ;ual;uer,

causaa em 5haron um sentimento de repulsa. 5eu pai gosta de muito espa$o para dormir. ' eu tenho o sono muito

lee disse, recordando4se dos tempos de in:Rncia. *lm do mais elerouba todos os traesseiros e os amassa, como Brittany :aF com seus panos.

Cassie riu, mas ainda n%o estaa satis:eita. +oc> ai ter um beb> de papaiD %o, ;uerida 5haron respondeu, no tom mais natural ;ue conseguiu.

Ps n%o estamos pensando nisso@ Mas, se dormir com ele, ai ter um beb> disse, muito sria. ' como oc> sabe dissoD 5haron reagiu, surpresa.

-or;ue um dia mam%e e papai brigaram. (a" mam%e :alou para ele ;uen%o ;ueria outro beb> e ;ue por isso ia para o meu ;uarto. (a;uela noite emdiante, ela sP ;uis dormir comigo.

5haron abaiGou4se diante da menina, acariciando4lhe os cabelos. Cassie, preste aten$%o@ 'ssas coisas ;ue oc> est me :alando

chamam4se segredos. +oc> n%o dee repeti4las para outras pessoas. -or ;u>D -or ;ue s%o assuntos "ntimos de sua :am"lia. *ssuntos o ;u>D "ntimos 5haron repetiu. Ou se?a# segredos. *lis, todas as :am"lias

t>m seus segredos@ ' eles n%o deem ser espalhados por a". 'ntendeu,;ueridaD 5im. Mas como ou saber o ;ue segredo nosso e o ;ue n%o D5haron come$ou a rir. %o esperaa a;uele ;uestionamento. ' simples, Cassie. Juando eu n%o ;uiser ;ue oc> comente algum

assunto com outras pessoas, eu a aisarei. *h, assim mais :cil. * menina sorriu.' 5haron, tomada por uma onda de ternura, abra$ou4a calorosamente.Qugh e (orothy :oram os primeiros a descer do ai%o, na;uele :rio

anoitecer. -areciam muito elhos e abatidos, embora a alegria de abra$ar a

neta os deiGasse sorridentes e emocionados. ' bonito er o amor :amiliar estendendo a ponte entre gera$Ees t%odistintas 5haron comentou, baiGinho, com 8rant.

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Qugh era alto, magro, com os cabelos inteiramente brancos. (orothy erabaiGa, de tra$os delicados. -arecia uma boneca bastante enelhecida.

Qugh estendeu a m%o a 8rant, numa clara tentatia de reconcilia$%o, apPstantos desentendimentos. 8rant aceitou o cumprimento, com sinceracordialidade, embora ainda guardasse uma certa resera com rela$%o ao eG4sogro.

(orothy saudou 5haron de maneira polida e um tanto distante. Mas5haron, naturalmente, n%o se o:endeu por isso. -odia compreender muito bemo ;ue a;uela mulher sentia ao >4la ocupando o lugar ;ue um dia pertencera asua :ilha.

' oc>, como ai, 8rantD (orothy indagou, com a oF ligeiramentetr>mula.

Bem, obrigado. 6iFeram boa iagemD m tanto cansatia Qugh respondeu. ' ent%o cumprimentou 5haron.

Ol. Como est oc>D *nsiosa para ;ue nosso con"io nos prPGimos dias se?a alegre e

harmHnico ela con:essou, com uma sinceridade ;ue chegou a causarsurpresa em todos.

'u tambm disse (orothy, :itando4a no :undo dos olhos, agora comuma eGpress%o mais amel.

5haron n%o pHde eitar um sentimento de compaiG%o por a;uela mulheraristocrtica e in:eliF. * perda da :ilha Anica tiera sobre ela e o marido ume:eito deastador. 'ra como se em poucos meses houessem enelhecido deFanos.

5a"ram do aeroporto, com Cassie tagarelando o tempo, sentada entre osaPs, no banco de trs. 'staa radiante por re>4los.

I em casa, :oi ela ;uem conseguiu, em sua doce inoc>ncia, aproGimara;ueles ;uatro adultos preocupados e tensos. Com suas palaras alegres, seuriso contagiante, Cassie era como uma onda de calor encendo o gelo daincompreens%o.

O ?antar preparado por 5haron estaa pronto, :altando apenas ser leadoao :orno para chegar ao ponto ideal. * mesa ? estaa posta para cincopessoas, com o capricho costumeiro.

Cassie leou os aPs at o ;uarto de hPspedes, muito :eliF com seu papelde cicerone.

8rant :oi at a coFinha, para a?udar 5haron.

Juer ;ue eu tire o peiGe do :ornoD %o, obrigada ela recusou o o:erecimento, cal$ando as luas anti4trmicas. Mas se oc> puder abrir o inho@

Claro ele se dispHs.Curando4se, ela abriu o :orno. O aroma tentador de um peiGe assado,

temperado com eras aromticas, espalhou4se pelo ambiente@ Iunto com ogrito aba:ado de 5haron.

O ;ue :oiD 8rant indagou, assustado, abandonando o inho e osacarrolhas sobre a mesa.

'ncostei o bra$o na grade do :orno ela respondeu, com o rosto

contra"do de dor.'nrolando um pano de pratos na m%o, 8rant acercou4se por trs de5haron e pegou a bande?a.

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Obrigada ela agradeceu, oltando4se para :it4lo.-or um momento ambos :icaram assim, parados, apenas seolhando. ma onda de emo$%o crescia4lhes no peito com uma :or$a

irresist"el.Qugh entrou na coFinha e detee4se bruscamente ao deparar com a;uela

cena. 5eus olhos claros e eGperientes :iGaram4se em 8rant e 5haron, :aFendo4

o compreender o ;ue ali se passaa. %o haia dAidas de ;ue ambos seamaam, ele constatou, em sil>ncio.

+im er se precisam de a?uda@ disse, por :im. Obrigada, Qugh, mas n%o preciso se incomodar. 'st tudo sobre

controle 5haron respondeu, a:astando4se de 8rant e do :orno.Qugh retirou4se, deiGando4os a sPs.8rant colocou a :orma sobre a mesa e a?udou 5haron a descal$ar as luas. (eiGe4me er o ;ue aconteceu pediu, preocupado. %o :oi nada@ma marca ermelha aparecia nitidamente perto do cotoelo direito de

5haron. + cuidar disso ele recomendou. Mas ainda :alta a;uecer o arroF. 'u sei. -ode deiGar ;ue cuidarei de tudo. Obrigada. ' ela se a:astou, oltando4se apenas para diFer# %o se

es;ue$a tambm de abrir o inho@-ouco depois, todos saboreaam o ?antar, com muito apetite e praFer.

(orothy e Qugh pareceram es;uecer4se um pouco da dor e desmancharam4seem elogios sinceros sobre o sabor dos pratos. 5haron agradeceu, lison?eada.8rant mantinha4se calado e pensatio. Mas respondia de maneira gentil a

eentuais perguntas de Qugh e (orothy. ' mostraa4se muito carinhoso com5haron e Cassie como sempre. Juanto a Cassie@ Bem, era a estrelinha da:esta. ' estaa adorando o :inal do ?antar, todos mostraam4se um tantocansados. ' concordaram prontamente com 5haron, ;uando ela sugeriu#

Jue tal se nos recolh>ssemos cedo ho?eDCassie era a Anica ;ue continuaa em plena atiidade, :eliF por ser o

centro das aten$Ees dos adultos. ' 5haron tee de ser :irme para conenc>4laa deitar4se.

-or ho?e basta, esquilinho ela diFia, en;uanto subia a escada dem%os dadas com Cassie. 5eus aPs est%o cansados. Mas amanh% a :esta

continua@Contrariada, mas obediente, a menina preparou4se para dormir e deitou4se. -arecia um an?o com os cabelos negros ao redor do rostinho corado, ondeainda pairaa um sorriso.

5haron apagou a luF do teto e acendeu o aba?ur do criado4mudo. 'mseguida a?oelhou4se ao lado da cama e, acariciando Cassie, disse baiGinho#

!enha lindos sonhos, minha ;uerida. ' bei?ou4a, com in:inita ternura. 'u amo oc>, 5haron Cassie murmurou, de olhos :echados. 'u tambm te amo, esquilinho.*?eitando os len$Pis em torno da menina, 5haron preparaa4se para

deiGar o ;uarto, ;uando notou (orothy parada N porta, obserando4a comaten$%o.* princ"pio. 5haron sentiu4se aborrecida. %o gostaa de ser espionada,

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sobretudo num momento t%o especial. Mas controlou4se. 'st tudo bem, (orothyD perguntou, num tom amel. 5im. 5P ;ueria dar uma Altima olhada em minha neta! antes de dormir.5haron sorriu, compreendendo per:eitamente a preocupa$%o da;uela

elha e so:rida mulher. -or ;ue n%o lhe d um bei?o de boa4noiteD sugeriu, apontando

Cassie, ;ue dormia serenamente.(orothy sorriu de olta, timidamente. %o ;uero acord4la disse, baiGando o tom de oF. Ora, o amor a?uda a ter bons sonhos 5haron retrucou, encora?ando4a

.- ante p, (orothy aproGimou4se da cama. nclinando4se, isielmenteemocionada, bei?ou a testa da neta.

(eus te aben$oe murmurou, acariciando4lhe os cabelos. 'm seguida,:itou 5haron com um misto de gratid%o e simpatia. Boa noite@ Obrigada. ' saiu.

5haron resoleu oltar ao andar trreo para apagar as luFes. * sala,

mergulhada na penumbra, era a proa de ;ue 8rant ? haia cuidado dessedetalhe.

5haron ainda demorou4se um pouco ali, depois :oi at a coFinha tomar umcopo de gua. 5P ent%o subiu ao segundo paimento. * porta do ;uarto de8rant estaa entreaberta e, as m%os de 5haron, leemente tr>mulas ;uando aempurraram. (eitado na larga cama de casal, o len$ol dobrado pouco acima dacintura, reelando a parte superior do pi?ama aFul, 8rant lia uma reista deeconomia. ' sorriu ao >4la entrar.

CansadaD m pouco.

* tens%o era :orte entre ambos, na;uela primeira noite em ;uecompartilhariam o mesmo leito. I tinham :eito isso ;uando crian$as, nasocasiEes em ;ue acampaam no ;uintal da casa dos pais de 8rant, durante asbrees noites de er%o. 'm barracas improisadas, sobre tatames, dormiamcomo irm%os, numa poca em ;ue a sensualidade ainda n%o :aFia parte deseus cora$Ees, corpos e mentes.

5im@ (e :ato. 5haron e 8rant sentiam4se nerosos. ' tentaam diminuir aimportRncia do momento, :or?ando uma descontra$%o ;ue estaam longe depossuir.

5haron :oi at o guarda4roupas e retirou de uma gaeta seu tra?e de

dormir. 'm seguida, dirigiu4se ao toalete para se trocar. )etornou poucodepois, usando um roup%o discreto sobre a camisola longa, de :lanela aFul4clara.

*comodou4se no leito, ao lado de 8rant, como se isso :osse a coisa maisnatural do mundo. Mas a elocidade acelerada de sua pulsa$%o desmentiaa;uela calma ;ue, a:inal, era apenas aparente.

* luF incomodaD ele perguntou, sol"cito. %o. a erdade, sempre durmo com um aba?ur aceso ela eGplicou,

sentindo a boca e garganta secas. *;ui, n%o preciso :aFer isso. * luF ;ue em da rua, :iltrada atras

dos itrais, sempre deiGa uma luminosidade agradel.5haron assentiu com um gesto de cabe$a. ' o sil>ncio caiu entre ambos.8rant tentou concentrar4se noamente na leitura, mas n%o conseguiu. 'staa

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tenso demais, emocionado demais com a proGimidade de 5haron. ' essasensa$%o tomaa4lhe todo o corpo, toda a mente.

'st sendo di:"cil para oc> receber Qugh e (orothy, n%oD 5haronindagou, apPs um longo momento, com ar pensatio.

6a$o isso por Cassie. 'la precisa sentir4se dentro de uma :am"lianormal. Mas con:esso ;ue tambm gostaria de me entender raFoaelmente

bem com eles, apesar de todas as nossas desaen$as. 6ico :eliF por oc> pensar assim, 8rant. Juem me ensinou ;ue sempre deemos .cultiar uma boa rela$%o com

as pessoas :oi algum chamado 5haron O=)iley -ar<er ele a:irmou, sorrindo. I ouiu :alar delaD

%o@ em conhe$o 5haron respondeu, diertida. O humor a?udaa adiminuir a tens%o do momento. Mudando de assunto, 8rant indagou#

Como ai o pro?eto de Lisa Campbell na escolaD Melhor do ;ue nunca. 'la conseguiu a ades%o de mais ;uatro :am"lias,

cu?os :ilhos t>m problemas comportamentais. ' logo poder iniciar as

atiidades. *ise4me ;uando chegar o momento. Juero estar presente no primeiro

dia de trabalho. -ara dar apoio N Lisa, ou para eri:icar a alidade do pro?etoD *mbos ele con:essou. Mas saiba ;ue ningum, mais do ;ue eu,

espera ;ue Lisa tenha sucesso. *:inal, a idia eGtremamente atraente. Concordo. ' con:io em Lisa 5haron sentenciou. Bem, dese?o4lhe

uma boa noite, 8rant. O mesmo para oc>, 5haron.Cerca de meia hora depois, ele desligaa o aba?ur e se acomodaa para

dormir.Mas ambos continuaram despertos, at alta madrugada. O primeiropssaro cantaa ;uando, encidos pela eGaust%o, :inalmente conseguiramadormecer.

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CA+,T-LO /

5haron acordou antes de 8rant, na manh% seguinte. Leantando4se com

cuidado para n%o despert4lo, :oi at o banheiro para tomar uma ducha.'staa ?ustamente sob o :orte ?ato de gua, ;uando a porta se abriu, e8rant entrou.

-or um instante, nenhum dos dois esbo$ou ;ual;uer rea$%o. (epois 8rantconseguiu se recuperar da surpresa e, isielmente constrangido, desculpou4se#

-erdoe4me. -assando a m%o pelos cabelos negros, num gesto denerosismo, acrescentou# 'u@ 's;ueci4me completamente de ;uedormimos ?untos. *chei ;ue estaa soFinho, como sempre ocorre, todas asmanh%s.

!udo bem ela balbuciou, com as :aces a:ogueadas. 8rant saiu,:echando a porta. O e:eito ;ue a nudeF de 5haron haia lhe causado eradeastador. ' pensar ;ue ainda teria de dormir com ela por aproGimadamenteuma semana

*o >4la sair do banheiro, enolta num roup%o atoalhado, ele tornou a se ?usti:icar#

Olhe, eu realmente n%o tie a inten$%o de@ 'st bem, 8rant ela o interrompeu, um tanto r"spida. %o

preciso se desculpar mais. *contece ;ue@

*contece ;ue oc> ? me iu nua, outras eFes. JuandoD ele indagou, espantado. Juando ramos crian$as. Ora@ m riso neroso brotou dos lbios de. 8rant. a;uele tempo

a situa$%o era bem di:erente. +oc>, uma pirralha magricela, com pernas :inascomo as de um passarinho, cheia de sardas@

' ser ;ue mudei muitoD ela apartou, com uma ousadia ;ue chegaaa surpreend>4la.

5e mudouD Ora, ;ue pergunta mais :ora de propPsito +oc> agora uma mulher, 5haron@

-ois saiba ;ue continuo sendo a mesma pessoa. 'm ess>ncia, sim. Mas@ ele hesitou, antes de prosseguir# *pesar

de saber ;ue somos apenas bons amigos e ;ue nosso casamento um simplesarran?o de coneni>ncia, eu@ 5ou um homem, compreendeD

5haron :itou4o, com um estranho brilho nos olhos. Juer diFer ent%o ;ue oc> me considera atraente, bonita taleFD Ora, oc> sabe muito bem ;ue tudo isso e muito mais@ 'la suspirou,

com eGagerado ar dramtico e depois sorriu. ' eu ;ue pensaa ser dis:orme como um saco de batatas (e onde oc> tirou essa idia malucaD (e oc>, claro.

Como assim, 5haronDum tom mais srio, ela respondeu# unca, em toda nossa longa coni>ncia, oc> reparou em mim. unca

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dignou4se a diFer ;ue eu estaa bonita, elegante@ 'ssas coisas ;ue a gentegosta de ouir, sobretudo ;uando se adolescente.

-ois saiba ;ue sempre a achei muito bonita. Mas acontece ;ue eu a iaapenas como uma amiga@ ma espcie de irm%.

' por isso nunca se deu ao trabalho de me :aFer um elogioD elaargumentou, com uma eGpress%o de mgoa. %o sabia ao certo como tiera

coragem de abrir seu cora$%o para 8rant. Mas agora n%o iria retroceder. +oc> sempre me tratou como se eu :osse uma pessoa asseGuada. -or ;u>D

'le :itou4a, con:uso e atordoado. O duro ;uestionamento de 5haron ohaia pego despreenido.

Ora, eu n%o sei respondeu, por :im. *cho ;ue agia assim por;ue;ueria preserar nossa amiFade@

Ou taleF por;ue tiesse medo do ;ue sentiria se deiGasse :luir asemo$Ees.

Ora, n%o diga tolices ele a repreendeu, eGasperado. 'nt%o, :itando4ano :undo dos olhos, indagou# O ;ue oc> ;uer de mim, a:inalD

Jue pare de me tratar como se eu :osse outra pessoa. * oF de 5haron crescia impulsionada pela lembran$a dos muitos anos

em ;ue 8rant a tratara com displic>ncia, ;uase com descaso. %o sou suairm%, 8rant -ar<er. ' muito menos um ser asseGuado.

-or ;ue se importa com minha maneira de trat4laD *:inal, oc> nuncame dispensou nada alm da amiFade, embora eu Ns eFes lhe pedisse muitomais@

'spere a". 5haron :ranFiu a testa, com ar intrigado. 5er ;ue oui direitoD Ouiu sim, e com todas as letras ele eGclamou, eleando a oF.

+oc> est ;uerendo diFer ;ue se sentia atra"do por mim@ ' ;ue n%o eracorrespondidoD 'Gato. 'ste :oi o maior disparate ;ue ? oui nos Altimos tempos. -or ;u>D -or;ue acontecia ?ustamente o contrrio. 'u era apaiGonada por oc>,

seu grande tolo. 5P ;ue oc> nunca se deu conta disso. -assei anos so:rendocom seu descaso, depois com sua aus>ncia, ;uando :oi estudar :ora, depoispor saber ;ue haia se casado com Catherine@

' agora, 5haronD ele a interrompeu.

'la engoliu em seco. ' n%o conseguiu responder. ' agora@ ele repetiu , oc> n%o me ama maisD 5haron respondeucom outra pergunta#

+oc> acha ;ue o amor um sentimento ;ue pode acabarD 5e :or erdadeiro, n%o. 'nt%o, a" tem sua resposta.8rant :itou4a com perpleGidade. Mas haia uma ponta de dAida em seus

olhos aFuis. -or :im, indagou# 5e oc> ainda gosta de mim@ 'nt%o como ;ue consegueD Consegue@ O ;u>D

6icar t%o indi:erente a minha presen$aD 5haron olhou4o com in:initatristeFa, antes de diFer# -or costume, eu acho. (urante muitos anos tie de eGercitar minha

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:raca ontade para sobreier ao seu descaso. *cho ;ue aprendi. *brindo aporta do armrio, 5haron escolheu algumas roupas e saiu.

'i, aonde oc> aiD +estir4me no ;uarto de Cassie. Ou chegarei atrasada para o trabalho.

Com licen$a. ' saiu.8rant sentia4se aturdido. unca, em toda a sua ida, imaginara ;ue

5haron pudesse am4lo. ' agora, a;uela reela$%o* dedica$%o ;ue 5haron lhe dispensara durante tantos anos, parecera4lhe

t%o natural@ Como um pe;ueno tirano, ele aceitara o amor incansel da;uelamenina :rgil e encantadora, ;ue depois tornara4se uma adolescente t"mida emuito bonita.

6icara atra"do por ela em rias ocasiEes, mas nunca leara essesentimento muito a srio. *:inal, 5haron O=)iley era sua melhor amiga@ Juaseuma irm%. ' irm%os n%o namoraam, nem constru"am sonhos romRnticos deum ida :utura.

(epois, o destino encarregara4se de a:ast4los. 'le :ora estudar em outra

cidade, conseguira seu primeiro emprego na Cali:Prnia e come$ara a namorarCatherine.

+iera para *nchorage num atal e :icara sabendo ;ue 5haron se casara.*pesar de ainda record4la como uma doce paiG%o da adolesc>ncia, n%o :icaramuito abalado. *:inal, ele tambm se casaria em bree, com a bela eso:isticada Catherine, t%o di:erente de 5haron.

(epois, ;uando mudara4se para *nchorage com Catherine e Cassie,soubera ;ue 5haron e o marido tinham se separado. 6ora isit4la e a acharabastante triste, mas pre:erira n%o :aFer perguntas. 5haron ? estaa tendotrabalho demais com as :o:o;ueiras da cidade. (epois de uma bree conersa

sobre amenidades, ele despedira4se, dese?ando4lhe sorte.5omente depois de alguns meses, 8rant come$ara a er 5haron com maisregularidade. 'ra bom contar de noo com a;uela amiga dedicada, semprepaciente, sempre disposta a oui4lo desaba:ar sobre os problemas ;ue oatormentaam.

' ent%o ocorrera a tragdia, a morte sAbita de Catherine. 5haron, comosempre, estiera presente para apoi4lo no ;ue ;uer ;ue :osse.

O carinho ;ue ela dedicaa N pe;uena Cassie o comoerapro:undamente@ *ssim como sua disposi$%o de despos4lo, a?udando4o aeitar o processo ;ue poderia tirar4lhe a guarda da :ilha.

-ara ele, o casamento :ora uma a$%o estratgica. Mas, e 5haronD perguntou4se, atHnito. O ;ue ter sentido duranteesse tempoD

ma batida na porta interrompeu4lhe os pensamentos. 'ra 5haron, ?estida para trabalhar.

O ca: est pronto ela anunciou. -arecia mais calma e maiscon:iante. (esculpe o desaba:o, 8rant. *cho ;ue eu precisaa lhe diFer tudoa;uilo algum dia.

-or ;ue n%o me contou antesD ele perguntou, :itando4a comintensidade.

%o sei@ 'la sorria, melancPlica. *cho ;ue eGistem os momentoscorretos para se :alar certas coisas. -or :aor, n%o demore a descer. 'stamosesperando.

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*lguma eF eu ? lhe disse ;ue oc> uma pessoa marailhosa,5haronD

Muitas, 8rant. ' ser ;ue ? lhe disse, tambm ;ue oc> muito lindaD 'la sorriu,

dessa eF com alegria e um certo embara$o. Obrigada pelo elogio, sr. 8rant -ar<er.

-or nada, sra. 5haron O=)iley@ -ar<er. *gora amos parar com essa conersa boba. !emos hPspedes em casa,

sabiaD ' 5haron a:astou4se pelo corredor, sentindo ;ue um noo "nculohaia se estabelecido entre ela e 8rant. *gora, ? n%o guardaa segredos comrela$%o N;uele homem. ' isso a deiGaa com a alma lee@ Lire@ 5olta.

* semana transcorreu, em meio a rios acontecimentos. O con"io com(orothy e Qugh acabou sendo mais :cil do ;ue o esperado.

* pe;uena Cassie, :eliF com a presen$a das ;uatro pessoas ;ue eram,a:inal, toda sua :am"lia, parecia iluminar a casa com suas brincadeiras. *cachorrinha Brittany continuaa sendo sua companheira inseparel. Mas

agora tinha de diidi4la com dois aPs apaiGonados, uma m%e amorosa e umpai dedicado. * casa parecia se a;uecer com tanto amor.

5haron e 8rant, enolidos no trabalho e no con"io :amiliar, mal tinhamtempo de conersar.

Claro ;ue poderiam :aFer isso N noite, ;uando se recolhiam. Mas era ?ustamente esse o momento mais di:"cil. *ssim, pre:eriam ler ou :icar emsil>ncio N espera do sono ;ue sempre custaa a chegar.

o sbado N noite, apPs ?antar, Qugh e (orothy anunciaram ;ue partiriamna manh% seguinte.

-ara surpresa de 5haron e 8rant, a pe;uena Cassie reagiu de modo

tran;ilo N not"cia. *penas, ;uis :icar mais tempo com os aPs e acaboupassando de seu horrio de dormir.Juando 5haron a leou para a cama, ela adormeceu ;uase ;ue

imediatamente.4'staa eGausta e :eliF.5haron cobriu4a e oltou ao andar trreo, onde Qugh, (orothy e 8rant a

aguardaam.Juando ela chegou N sala, 8rant o:ereceu4lhe um drin;ue. Ps a estamos esperando para :aFer um brinde disse Qugh,

erguendo seu copo. (orothy e 8rant o imitaram. ] :elicidade de Cassie.

Os copos se tocaram suaemente, e todos soreram um gole de brand*. (orothy e eu conersamos muito nos Altimos dias disse Qugh,emocionado. unca duidamos das inten$Ees de oc>s, nem do amor ;uesentem por Cassie. Mas con:esso ;ue pensamos encontrar, a;ui, umatentatia desastrosa de montar um lar :eliF.

'ntretanto, logo descobrimos ;ue estamos errados (orothyintereio. -ois a;ui eGiste um erdadeiro lar, pleno de harmonia e amor. +oltando4se para 8rant, acrescentou#

*ssim, ;ueremos nos desculpar pelo ?ulgamento in?usto e precipitado;ue tiemos a seu respeito.

Certamente nos deiGamos lear pelo dese?o de ter Cassie conosco@ Qugh ponderou. %o sei disse (orothy. O :ato ;ue erramos.

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+oc> aceita nossas desculpas, 8rantD Qugh indagou. -or :aor, diga;ue sim, 5haron pediu, em pensamento. Mas antes ;ue 8rant pudesseresponder, (orothy comentou#

Logo na primeira noite ;ue passei a;ui, i o modo com ;ue 5haroncolocou Cassie para dormir. * menina disse ;ue a amaa e as crian$as n%o sedeiGam enganar com :acilidade. 6oi uma cena ;ue mudou completamente meu

modo de er os :atos. *gora tenho certeFa de ;ue 5haron a m%e ;ue Cassienecessita para ser :eliF.

Obrigada, (orothy ela agradeceu, comoida. ' agora tambm;uero :aFer uma con:idencia.

5imD (orothy e Qugh indagaram, ;uase ao mesmo tempo. Cheguei a duidar do bom senso de oc>s, mas nunca do amor ;ue

sentiam pela menina. Obrigado. 6oi a eF de Qugh agradecer, com a oF tr>mula de

emo$%o. 'nt%o oltou4se para 8rant# ' ent%o, :ilhoD +ai nos desculparD 5im 8rant respondeu num tom solene. Ps todos cometemos

erros Ns eFes. Olhando de um para o outro, acrescentou# *s portasdesta casa estar%o sempre abertas a oc>s. ' ;uanto a Cassie, podem isit4la;uando ;uiserem e tambm le4la para passar :rias na Cali:Prnia, desde ;ueela concorde.

+oc> muito generoso (orothy murmurou, com os olhos rasos delgrimas.

I Qugh apenas estendeu a m%o para 8rant, num gesto ;ue diFia muitomais do ;ue as palaras.

5haron sorriu, satis:eita. 5eu dese?o de er a :am"lia reunida haia seconcretiFado.

O tempo passaa de maneira tran;ila e agradel. * ida ganhara umnoo sentido no lar dos -ar<er.I a empresa -ar<er entraa numa :ase noa sob a competente dire$%o

Branch, agora ocupando o:icialmente o posto da ice4presid>ncia.Mas o motio da :esta ;ue haia traFido o escal%o superior da empresa N

casa de 8rant e 5haron era outro# na;uela noite ambos abriam as portas parareceber os conidados a :im de comemorar o noiado de Lionel Cristine.

+oc> me passou uma rasteira, tomando minha secretria particular diFia 8rant, abra$ando Lionel.

Mas em compensa$%o ou dei6á-lo ser o padrinho do nosso casamento

Lionel retrucaa, com um misto de diertimento e emo$%o. aturalmente,5haron ser a madrinha. I contou isso a elaD ' o ;ue oc> acha ;ue Cristine est :aFendo@D+oltando4se, 8rant iu as duas mulheres conersando animadamente ao

lado da lareira. O clima era :estio. Os conidados espalhaam4se pela sala,muito N ontade, serindo4se das bebidas e delicados canaps primorosamentearran?ados sobre uma grande mesa.

6ico :eliF e honrado com o conite 8rant a:irmou. Mas, se mepermite uma curiosidade, Lione:@

5imD Juando come$ou o romanceD o dia em ;ue oc> leou Cassie N empresa e resoleu :aFer a;uela

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srie de mudan$as. *cabei conersando com Cristine e descobri ;ue t"nhamosmuitas a:inidades. (epois, o desempenho de minhas noas :un$Ees obrigaram4me a um contato mais direto com Cristine. ' ent%o aconteceu@

5empre achei ;ue oc>s dois tinham algo em comum. K mesmoD Lionel surpreendeu4se. 'Gato. ' Ns eFes me perguntaa se oc> n%o enGergaa Cristine por

miopia ou :alta de esp"rito mesmo 8rant comentou, num tom bem4humorado.

Lionel riu# Con:esso ;ue ela me amedrontaa com tanta e:ici>ncia e praticidade.

5empre demonstrando uma auto4su:ici>ncia espantosa@ Mas h certas coisas ;ue eGigem duas pessoas, para acontecer 8rant

apartou. ingum t%o auto4su:iciente assim. O mais interessante ;ue Cristine tinha uma imagem de mim bastante

semelhante. O ser humano mesmo uma caiGinha de surpresas. 5em dAida 8rant concordou. ' na;uele momento seus olhos

encontraram os de 5haron, ;ue continuaa conersando com Cristine. !ambmela se reelara uma caiGinha de surpresas, deiGando4o perpleGo ao declararseu amor. ' agoraD O ;ue a ida reseraria para ambosD

'i, pessoal eGclamou um dos assessores de Lionel, eleando a oF. *cho ;ue chegou a hora de brindarmos ao noiado.

+amos l outro concordou. 5aAde e :elicidade para os noios +iaJuando os conidados se retiraram, ? era bastante tarde. 5haron :oi er

como estaa Cassie, ;ue ? dormia haia horas. 'm seguida, oltou N sala para

um Altimo drin;ue com 8rant. 6oi uma noite e tanto disse, deiGando4se cair no so:. 'stoueGausta.

sso ;uer diFer ;ue n%o conseguiria dan$ar uma mAsica comigoD eleindagou, com um sorriso.

*" ? di:erente. 'la sorriu de olta. +oc> sabe ;ue adoro dan$ar.8rant estendeu a m%o e puGou4a para o centro da sala. * mAsica ;ue

inha do rdio :aFia parte de uma sele$%o de clssicos do blues. * oF delicadae ;uente de Billie Qoliday era como uma car"cia aos sentidos.

'nla$ando 5haron pela cintura, 8rant atraiu para si, num gesto suae e a

um sP tempo sensual. +oc> est linda demais esta noite disse, baiGinho bei?ando4lhe oscabelos loiros e anelados.

' oc>, pelo isto, aprendeu a dan$ar 5haron retrucou, num tombem4humorado.

Como resposta, 8rant apertou4a de encontro ao peito. m longo momentose passou. Os moimentos da dan$a tornaam4se cada eF mais sensuais, Nmedida ;ue a emo$%o de 8rant crescia.

5haron@ ele murmurou, por :im !enho sido um tolo em rela$%o aoc>. !>4la a meu lado mostrou4me o ;uanto a ida pode ser bela e dinRmica.

+oc> minha :elicidade, 5haron.'la a:astou4se um pouco, para olh4lo nos olhos. +oc>@ !em certeFa do ;ue est diFendo, 8rantD

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5im ele a:irmou, emocionado. Juer tornar4se de :ato minhamulher e gerar um :ilho nosso, um irm%oFinho para CassieD

5haron estremeceu e recuou um passo. m golpe iolento n%o a teriaabatido tanto.

O ;ue houeD 8rant perguntou, espantado. 'u@ (isse algumacoisa erradaD

Os olhos de 5haron se estreitaram e as lgrimas correram4lhe lirementepelo rosto en;uanto ela corria em dire$%o N escada, subindo os degraus dedois em dois.

-erpleGo, 8rant :icou alguns segundos sem a$%o. (epois subiu em buscade 5haron. * porta do ;uarto estaa :echada N chae, e ele bateu#

5haron, abra por :aor. -recisamos conersar.Mas a Anica resposta ;ue recebeu :oi o som dos solu$os entrecortados.

5haron choraa copiosamente@ Mas, por ;u>D 'le se perguntaa, a:lito. -elo amor de (eus, abra essa porta, 5haron. O ;ue :oi, papaiD 5haron est doenteD

Cassie haia acordado com o barulho. 'staa parada N porta de seu;uarto, de camisola, descal$a, os cabelos neglos despenteados pelo sono.

%o :oi nada, :ilhinha 8rant tran;iliFou4a. 5haron est triste, sPisso.

+oc> brigou com elaD %o. (e modo algum.* menina :icou pensatia por um longo momento e depois come$ou a

tremer. 6ilha, est um pouco :rio a;ui no corredor disse 8rant. -or ;ue

n%o olta para a cama, ;ueridaD

'u n%o ;uero Cassie respondeu, com uma eGpress%o contra"da norostinho. -or ;u>D 8rant indagou suaemente. +oc> tee um sonho ruimD 'u n%o ;uero ;ue 5haron embora Cassie gritou. 8rant caminhou

at a :ilha e ;uis tom4la nos bra$os. Mas a menina recuou, come$ando achorar, entrando numa crise de neros.

*paorado, 8rant a?oelhou4se a seu lado, tentando acalm4la. Mas Cassieestaa inconsolel. ' t%o tensa, ;ue come$aa a ter di:iculdades para respirar.

(o ;uarto, 5haron compreendeu o ;ue estaa acontecendo. (eiGando delado seu prPprio so:rimento, correu a abrir a porta.

Cassie :oi a primeira a >4la. (esprendendo4se de 8rant, correu para5haron, agarrando4se em suas pernas e a:undando o rostinho molhado em seuestido.

O ;ue :oi, esquilinho1 5haron perguntou, acariciando4lhe os cabelos. -or ;ue est chorandoD

%o ;uero ;ue oc> embora. ' o choro aumentaa deintensidade.

5haron tomou4a no colo e leou4a para o ;uarto, colocando4a de olta nacama. 8rant eio ?untar4se a elas.

-or um longo tempo, ambos :icaram em sil>ncio, acariciando a menina,

at ;ue a crise passasse.* respira$%o de Cassie ia se normaliFando. Juero :alar com o papai ela disse, por :im.

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'st bem, meu an?o. 5haron bei?ou4a ternamente e saiu. (e olta aseu ;uarto, n%o sabia o ;ue pensar. O trabalho ;ue ela, 8rant e Lisa Campbellinham desenolendo com Cassie parecia ruir de um momento para o outro,diante do menor abalo emocional. (esanimada e triste, 5haron sentou4se nacama. *pPs ;uase meia hora, 8rant discretamente entrou.

' ent%oD 5haron indagou, apreensia. Como est CassieD

(ormindo serenamente ele respondeu, com um suspiro. *cho ;ue a crise ? passou. ' ;ual era o motio do pRnico, desta eFD Bem, ela acha ;ue oc> ai embora por;ue est Fangada. Mas de onde ela tirou essa idiaD (o :ato de oc> ter se trancado a;ui no ;uarto@ ' sente4se a

responsel por isso. 8rant :eF uma pausa. 5abe o ;ue ela me disseD +ourepetir suas prPprias palaras# papai, 5haron est Fangada comigo por;ue eun%o ;uis cham4la de mamãe. 

Mas Cassie " minha :ilha 5haron sentenciou. %o importa o ;ue a

gentica possa diFer@ Ps temos uma liga$%o muito :orte. 'u sei disto. ' creio ;ue Cassie tambm. Mas Ns eFes o pRnico olta,

:aFendo4a duidar@ 'la ai superar tudo isso 5haron a:irmou, esperan$osa. !enho certeFa, 8rant. 'u tambm. Com todo o amor ;ue estamos lhe dando, mais a

assist>ncia psicolPgica ;ue tem recebido na escola, Cassie encer seus medose ser, en:im, uma crian$a tran;ila.

O sil>ncio caiu entre ambos. ' 8rant :oi o primeiro a ;uebr4lo. *gora me eGpli;ue o motio da;uela cena na sala, sua sa"da

intempestia@ O choro@ O ;ue :oi ;ue eu disse de erradoD ada. 'la sorria, com in:inita tristeFa. 'nt%o por ;ue@ 'u n%o posso ter :ilhos 5haron o interrompeu. O ;u>D sso mesmo ;ue oc> ouiu. Mas n%o h nada a :aFer@ ada. 'sgotei todas as possibilidades.'le respirou :undo, passando as m%os pelos cabelos. -arecia chocado

demais para reagir.

(esde ;uando sabe distoD indagou, apPs um longo momento. Q muito tempo. Charley me abandonou por esse motio. 'le ;ueria:ilhos, como oc>@ Como todo mundo ;uer. 'la :eF uma pausa, antes deindagar# ' ent%oD 5ente4se decepcionadoD

2e#ep$ão uma palara muito lee para de:inir o ;ue estou sentindo ele respondeu, pronunciando deagar as palaras.

'u sabia ela comentou, com amargura. *gora por :aor n%o digamais nada. + para seu ;uarto e deiGe4me tentar dormir.

+oc> n%o entendeu ele eGplicou num tom suae. %o estou preocupado em ter :ilhos seus, por mais ;ue a idia me

pare$a adorel. Mas sinto por oc>, 5haron, ;ue ? uma m%e t%o per:eitapara minha :ilha. *h, eu lamento tanto@ ' abra$ou4a, acariciando4lhe oscabelos loiros, murmurando palaras doces, con:essando seu amor. -reciso

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de oc>, 5haron@ -reciso tanto 8ostaria de am4la agora, de traduFir emcar"cias tudo o ;ue estou sentindo.

'nt%o, :a$a isso ela pediu, baiGinho. !ambm preciso muito deoc>.

Com imensa ternura, 8rant a despiu agarosamente. (epois lirou4se desuas prPprias roupas, amontoando4as no tapete, misturando4as Ns de 5haron.

O tempo parecia suspenso@ -arecia eterno. ' assim ambos iniciaram osagrado rito do amor, perpetuado atras dos sculos pela :or$a do dese?o.

*os poucos, 5haron ia descobrindo ;ue todos os seus sonhos romRnticos,;ue acalentara desde menina, eram nada diante do mundo noo e real ;ueabria4se a seus olhos e a seu cora$%o, agora@ O praFer crescia, numa lentacombust%o interna, causando4lhe uma sensa$%o de arrebatamento ;ue ?amaiseGperimentara antes.

Os gestos tr>mulos de emo$%o, os gemidos e balbucios, as palarasdoces, ;uase sem sentido, ;ue brotaam entre car"cias ;ue iam se tornandocada eF mais ousadas@ !udo era praFer no encontro dos corpos e almas t%o

distintas, ;ue se completaam com per:ei$%o.Os moimentos intensi:icados pela urg>ncia de dar e receber cada eF

mais conduFiam os amantes a um plano di:erente, onde sP as emo$Eescontaam.

Como a laa de um ulc%o contido por muito tempo, o goFo de 5haron por:im libertou4se, inundando4a de praFer, causando4lhe uma sensa$%oindescrit"el. m grito su:ocado brotou4lhe do peito, na;uele momento em ;ueen:im era tocada pelo deus do amor.

Com um bei?o, 8rant recebeu o grito ;ue con:irmaa a;uele ato diino. 'ent%o deiGou ;ue seu prPprio goFo :lu"sse, ;ue o eleasse N;uele plano mgico

e per:eito, para depois lan$4lo numa ;ueda ertiginosa ;ue parecia n%o ter:im@ Mas ;ue na erdade terminaa numa per:eita sensa$%o de paF.'ra doce, muito doce a sensa$%o ;ue 5haron eGperimentaa, agora, na

lassid%o dos corpos satis:eitos. 5e haia uma raF%o para eGistir, era o ;uesentia na;uele instante. 'sse :oi seu Altimo pensamento antes de sorrir.

5haron preparaa o des?e?um da :am"lia, na manh% seguinte, ;uandoCassie entrou, sorridente. 'rguendo4se na ponta dos ps, ela eGigiu um bei?oantes de diFer#

Bom dia, mam%e.

Bom dia, :ilha 5haron respondeu, com naturalidade. 5P ent%o se deuconta do ;ue acabaa de ocorrer. ' oltando4se, surpresa, iu 8rant parado Nporta da coFinha, eGibindo um doce sorriso nos lbios.

Com uma eGpress%o luminosa nos olhos cor de mel, ela parecia diFer# +oc> iu istoD Cassie me chamou de@ Mam%e 'n;uanto os olhos de 8rant, aFuis como o mar de er%o no *lasca,

pareciam responder# +oc> merece isso e muito mais, meu amor. O som de um carro passando pela rua inadiu o sil>ncio comoido ;ue se

instalara na coFinha.

 a certa ;uem ai na;uele carro nem sabe ;ue nesta casa mora a:elicidade, 5haron pensou, antes de enGugar as m%os no aental e aproGimar4se de 8rant para receber um bei?o de bom dia.

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* ida era como um caminho noo, cheio de belas promessas. O amorhaia encido todas as barreiras@ ' eGistiria outro ?eito de derrub4lasD