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ISSN 2175-8247 / 9ª Edição / Jan - Jun / 2010
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SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO EM REDE DE SUPERMERCADO: UMA ESTRATÉGIA CORPORATIVA E COMPETITIVA1 SAFETY AND OCCUPATIONAL HEALTH IN THE SUPERMARKET: A CORPORATE STRATEGY AND COMPETITIVE
Wanusa Campos Centurión Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Programa de Pós-Graduação em
Administração (PROPAD) [email protected]
Débora Eleonora Pereira da Silva
Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Departamento de Administração [email protected]
Kleverton Melo de Carvalho
Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Departamento de Administração [email protected]
Eduardo Alberto Farias
Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Departamento de Administração [email protected]
Ana Dalbelo Carneiro Leão
Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Departamento de Administração [email protected]
Resumo: O objetivo deste estudo é analisar a eficácia da estratégia de segurança e medicina do trabalho utilizada pela empresa em estudo para manter-se competitiva no mercado e com bom desempenho interno. A partir da análise das ações utilizadas pela empresa no intuito de proporcionar um ambiente de trabalho seguro aos seus colaboradores, com custos equilibrados, bem como melhorar sua qualidade de vida no trabalho embasadas em estudos feitos por autores citados nesse artigo. De caráter descritivo, para este estudo de caso foram utilizados 359 formulários de Investigação de Acidentes e de Comunicação de Acidentes de Trabalho, referentes aos anos de 2006 e 2007 e um questionário aplicado 58 pessoas (gestores, cipeiros, técnicos de segurança e saúde do trabalho e diretores) entre os anos de 2007 e de 2008. A análise dos resultados ratifica que com a implantação de programa de educação visando à prevenção de acidentes e uma reestruturação dos processos e aquisição de materiais e equipamentos relacionados à Segurança e Medicina do Trabalho através da implementação de um adequado sistema integrado de gestão é uma estratégia importantíssima que está ajudando a empresa, em estudo, a alcançar seus objetivos no que se referem a competitividade e melhor performance interna.
1 Trabalho apresentado no XIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP, em
2009.
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Palavras-chave: Segurança, Estratégia, Prevenção Abstract: This study aims to analyse the efficacy of both the safety strategy and labour medicine used by this case-study company, so it can perform well and remain competitive in the market. Despite the fact that the state of art in OH&S – Occupational Health and Safety is still being established, a few companies have indicated that investment in this area not only does reduce the costs around incidents and occupational health, but it also improves the organizational environment. In a broader perspective, it increases the company’s competitiveness. This work aims to validate such premises by analysing the actions taken by the company in order to provide a safe working environment to its collaborators while keeping balanced costs. Besides, it also aims to improve the quality of the general working environment, based on the studies cited in this article. For this case study, which is descriptive, 359 forms about Accident Investigations and Communication in Working Accidents were used, in reference to the years of 2006 and 2007. Also, 58 people (managers, workers of prevention, OH&S technicians and directors) were surveyed by form of a questionnaire in 2007/08. The result analysis ratifies that with the implementation of an educational programme targeting casualty prevention, an acquisition of Safety and Labour Medicine resources – equipment and material – have helped the company to reach its goals concerning to competitiveness and a better internal performance. Key-words: Safety, Strategy, Prevention
1 Introdução
No Brasil, a realidade quanto ao investimento em segurança do trabalho ainda
é bastante preocupante devido ao crescente número de acidentes e doenças
ocupacionais, bem como a gravidade dos mesmos e as poucas ações
realizadas para minimizar essa situação.
Falar sobre segurança do trabalho é paradoxal, uma vez que, apesar da sua
grande contribuição para melhoria do clima e imagem organizacional, redução
dos custos com acidentes e doenças ocupacionais, entre outros benefícios,
esse tema não tem acompanhado a evolução tecnológica aplicada às áreas
operacionais e produtivas e não tem conseguido a desejável integração no
contexto técnico e administrativo da empresa. Trata-se de um setor
marginalizado na maioria das empresas, passando muitas vezes por uma
atividade meramente simbólica, mantida na organização por força da lei. Tudo
isso acontece, principalmente, pela insensibilidade quanto ao sofrimento
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humano, despreparo e falta de percepção de dirigentes empresariais que não
atinam com o real valor das atividades prevencionistas (ZOCCHIO, 2002).
Sobre o setor varejista percebe-se que apesar de ter uma contribuição
significativa no total de acidentes do Brasil, é visível que a ação de vários
empresários quanto ao tema segurança do trabalho é tímida, restringindo-se a
práticas paliativas, sem um aprofundamento que o assunto exige,
principalmente devido à cultura não preventiva, ao pequeno grau de risco e ao
pouco rigor da fiscalização pelos órgãos reguladores em algumas regiões.
Porém, também é perceptível um crescimento, mesmo lento, das práticas de
algumas empresas, principalmente, do ramo industrial em investir em
segurança do trabalho considerando-na um valor imprescindível para alcançar
seus objetivos organizacionais.
De acordo com o cenário heterogêneo acima mencionado, foi analisada a
estratégia de segurança do trabalho de uma organização de auto-serviço, do
ramo supermercadista, localizada na região nordeste, cujo nome não será
mencionado para preservar a sua identidade, visando melhorar a produtividade
e competitividade.
Este estudo tem como objetivo principal analisar a eficácia da estratégia de
segurança do trabalho utilizadas por uma rede de supermercados nordestina
para manter-se competitiva no mercado e com bom desempenho interno.
Serão utilizados como parâmetros alguns indicadores de segurança do trabalho
como o perfil sócio-funcional dos colaboradores acidentados, o número e
causas dos acidentes de trabalho, taxas de inciência de acidentes do trabalho,
o índice de absenteísmo, passivo trabalhista, comparando os resultados do ano
2006 com 2007. Foram utilizados os questionários aplicados aos gerentes de
loja, cipeiros e componentes do setor de segurança e saúde do trabalhador,
diretores de operações e recursos humanos, bem como analisado o formulário
de investigação e comunicação de acidentes aplicados aos colaboradores que
sofreram acidentes do trabalho.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Definição de Segurança, Medicina e Higiene do Trabalho
Para Zocchio (2002, p.37) “a segurança do trabalho é um conjunto de medidas
e ações de caráter técnico, educacional, médico, psicológico e motivacional
aplicadas para previnir acidentes e doenças ocupacionais nas atividades das
empresas ou estabelecimentos”.
Ainda conforme Zocchio (2002), a segurança do trabalho tem um grande valor
técnico, administrativo e econômico para a organização e seus empregados,
familiares e para a sociedade em geral, além de ser uma obrigação legal. Para
ele, quando aplicada adequadamente gera uma série de benefícios, entre eles:
estabilidade operacional devido ao equilíbrio da mão-de-obra; melhor
produtividade devido a motivação dos seus colaboradores por trabalharem em
local seguro; redução dos investimentos em manutenção corretiva e menos
desperdícios de material; maior equilíbrio nos custos operacionais; melhor
ambiente social da empresa; e melhor imagem da empresa na comunidade e
diante das autoridades competentes.
Já Vieira (2005, p.42) afirma que medicina do trabalho “é o ramo da medicina
que se preocupa com a saúde física e mental do trabalhador, tendo em vista
protegê-lo dos riscos de agentes nocivos e acidentes inerentes a ocupação que
exerce e, ipso facto, aumentando o rendimento de seu trabalho”.
Ainda de acordo com Vieira (2005, p.42), higiene do trabalho “é a ciência e arte
devotada ao reconhecimento, avaliação e controle dos riscos profissionais
capazes de ocasionar alterações na saúde do trabalhador ou afetar o seu
conforto e eficiência.”
Tanto a segurança como a medicina e a higiene do trabalho são áreas
complementares e que beneficiam tanto o colaborador proporcionando um
ambiente seguro de trabalho e melhor qualidade de vida, como a organização
através de melhorias na sua performance interna, na imagem perante seus
clientes e redução dos custos relacionados.
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2.2 Estrutura da área de Segurança, Medicina e Higiene do Trabalho
Geralmente o setor responsável pelas atividades prevencionistas relacionado à
segurança e saúde do colaborador é subordinado ao Departamento de
Recursos Humanos. É chamado de Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que segundo a Norma
Regulamentadora - NR 4 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), possui
“a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no
local de trabalho.” (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 2001). Este setor
deve ser formado por profissionais com formação específica na área, devendo
a empresa exigir no ato da contratação a qualificação necessária para a
investidura no cargo. Os profissionais que compõe o SESMT são: Engenheiro
de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho,
Técnico de Enfermagem do Trabalho, Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e o
Técnico de Segurança do Trabalho.
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é um grupo de
empregados em destaque que é formado de acordo com o número de
funcionários da organização e que estas são obrigadas a mantê-lo por
imposição legal. A CIPA é composta por representantes do empregado e dos
empregados, segundo prevê a Norma Regulamentadora (NR5) e tem como
atividade a de “prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo
a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e
a promoção da saúde do trabalhador” (NR 5 apud ZOCCHIO, 2002).
2.3 Acidentes de Trabalho
Segundo Xavier (2002 apud Etchalus et al, 2006) acidente do Trabalho “são
todas as circunstâncias não previstas ao andamento normal da atividade do
trabalho, que poderão resultar danos físicos e/ ou funcionais, ou morte e
perdas materiais e econômicos”.
São três as categorias de classificação dos acidentes de trabalho: Acidentes
Típicos: acidentes decorrentes da atividade profissional desempenhada pelo
trabalhador; Acidentes de Trajeto: acidentes ocorridos no trajeto entre a
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residência e o local de trabalho e nos horários de refeição; Doenças do
Trabalho: acidentes ocasionados por qualquer tipo de doença peculiar a
determinado ramo de atividade (WALDVOGEL, 2002).
A comunicação do acidente de trabalho deverá ser feita pela empresa à
Previdência Social, através da emissão da Comunicação de Acidente de
Trabalho (CAT), até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de
morte, de imediato à autoridade policial competente. O acidentado ou seus
dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria,
deverão receber cópia fiel da CAT. Na falta de comunicação por parte da
empresa, poderão emitir a CAT, o próprio acidentado, seus dependentes, a
entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade
pública. (BRASIL, 2001).
2.4 Causas dos Acidentes de Trabalho
Segundo Zocchio (2002, p.94) “a causa de acidente de trabalho são os
antecedentes, próximos ou remotos, que fazem o acidente acontecer. [...] as
causas só são caracterizadas no ato da ocorrência; antes, são apenas riscos
ou perigos de acidentes.”
Para Alberton (1996 apud Causo Neto, 2006) ato inseguro são
comportamentos emitidos pelo trabalhador que podem levá-lo a sofrer um
acidente. Alguns exemplos são: ficar junto ou sob cargas suspensas, colocar
parte do corpo em lugar perigoso, usar máquinas sem habilitação ou
autorização, brincadeiras e exibicionismo, entre outros. O ato inseguro é
vivenciado no dia-a-dia da segurança do trabalho. Explicar o porquê desses
atos é entrar no campo complexo da psicologia humana. Os atos inseguros são
praticados por pessoas que desrespeitam regras de segurança, que não as
conhecem devidamente ou que possuem um comportamento contrário ao da
prevenção.
Já as condições inseguras caracterizam-se por situações de risco presentes no
local de trabalho, que podem causar acidentes e doenças profissionais.
Ocorrem por falta de planejamento, prevenção ou omissão de requisitos
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essenciais relacionados a medidas de higiene e segurança, para manutenção
do ambiente físico isento de perigos (ZOCCHIO, 2002; VIEIRA, 2005).
Está cada vez mais evidente que a maioria esmagadora dos acidentes do
trabalho tem, enquanto causa, uma ligação estreita com manifestações de
comportamentos inadequados ou inseguros, ora da parte do trabalhador, ora
do seu facilitador, que o manda ou permite trabalhar em desacordo com os
procedimentos de trabalho. Nesse sentido, o que tem de ser estudado e
corrigido é o que está dando origem ao comportamento (OLIVEIRA, 2003).
Binder (2003 apud Causo Neto, 2006) aborda a ampliação, nas últimas
décadas, da concepção multicausal de acidentes do trabalho, onde considera
que as empresas constituem sistemas abertos cujo interior está sujeito a
ocorrências de perturbações capazes de gerar efeitos indesejáveis, como os
acidentes. Dento desse contexto, encontram-se os fatores psicossociais, os
quais devem ser levados em conta quando da análise dos acidentes e doenças
ocupacionais.
Outro fator bastante comum nos dias de hoje que está causando vários
acidentes de trabalho é o stress. Segundo a OIT (2001 apud Causo Neto,
2006), o stress é convertido em ação quando alguém está exposto a
substâncias tóxicas, temperaturas extremas, elevados níveis de ruído, quando
está exposto a recordações desagradáveis de ordem mental e social.
É importante salientar que dentre as causas já mencionadas, existem outros
fatores inerentes às atividades laborais que influenciam positiva e
negativamente o bem estar do trabalhador, são eles: questões pessoais, carga,
jornada e ritmo de trabalho, supervisão eletrônica, estrutura, clima e cultura
organizacional (CAUSO NETO, 2006).
2.5 Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho - SST
Rodrigues e Guedes (2003, p.6) relatam o sistema de gestão da segurança e
saúde no trabalho como “parte integrante de um sistema de gestão de toda e
qualquer organização, o qual proporciona um conjunto de ferramentas que
potencializam a melhoria da eficiência de gestão dos riscos da SST.”
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Conforme Assmann (2006) os sistemas de gestão alteram a forma tradicional
de ver a segurança do trabalho, baseada principalmente na correção dos riscos
e atendimento dos requisitos legais, com direcionamento corretivo. Como
exemplo desta nova forma de analisar as ações prevencionistas nas
organizações, temos a norma britânica OHSAS 18001.
A OHSAS 18001, é uma norma de segurança e medicina do trabalho, cuja sigla
significa Ocupacional Health and Safety Assessment Series,entrou em vigor em
abril de 1999. “É uma especificação que tem por objetivo prover às
organizações os elementos de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde
no Trabalho eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão.”
(CICCO, 2003, p. 6). Trata-se de uma norma passível de certificação por
órgãos competentes, seguindo os mesmos passos das normas ISO 9001 e ISO
14001.
De acordo com Araújo (2006 apud Pinto e Sá, 2007), toda organização possui
um sistema de gestão, bom ou ruim. Portanto, implementar um sistema de
gestão de SSO traz vários benefícios como, segundo Cicco (2003, p.8), são
eles: Assegurar aos clientes o comprometimento com uma gestão da SST
demonstrável; Manter boas relações com os sindicatos dos trabalhadores;
Fortalecer a imagem da organização e sua participação no mercado; Aprimorar
o controle dos custos de acidentes; Reduzir os acidentes que impliquem em
responsabilidade civil; Facilitar a obtenção de licenças e autorizações;
Estimular o desenvolvimento e compartilhar soluções de prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais. Para os empregados, a implantação deste
sistema acarreta em melhorias em suas atividades e ambiente de trabalho.
A implantação de um adequado sistema de gestão em segurança e medicina
do trabalho mostra a preocupação da empresa com a integridade física de seus
colaboradores e parceiros. O envolvimento e participação tanto da diretoria
como dos funcionários no processo de implantação desse sistema de
qualidade é de crucial importância.
2.6. Cenário de Acidentes no Brasil
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Segundo o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS, 2007) no ano de
2007, foram registrados no INSS cerca de 653,1 mil acidentes do trabalho.
Para os acidentes do trabalho registrados o ano de 2007 comparado com o de
2006 aumentou em 3,7%. Do total de acidentes registrados os acidentes típicos
representaram 80,7% do total de acidentes registrados, os de trajeto 15,3% e
as doenças do trabalho 4%. As pessoas do sexo masculino participaram com
79,3% e as pessoas do sexo feminino 20,7% nos acidentes típicos; e 56,1% e
43,9% nas doenças do trabalho. Nos acidentes típicos, a faixa etária com maior
incidência de acidentes foi a constituída por pessoas de 20 a 29 anos com,
respectivamente, 39,8% e 41,5% do total de acidentes registrados. Nas
doenças de trabalho a faixa de maior incidência foi a de 30 a 39 anos, com
31,9% do total de acidentes registrados. Contudo, ainda segundo o INSS
(2007), este número não corresponde à totalidade dos acidentes ocorridos no
Brasil, uma vez que existe uma alta incidência de sub-registros, estimada em
60% , além de um expressivo contingente da População Economicamente
Ativa (PEA) não estar incluído nestas estatísticas, por não contribuir para a
Previdência Social, cerca de 30%.
Na distribuição por setor de atividade econômica, o setor agrícola participou
com 5,1% do total de acidentes registrados, o setor de indústrias com 49,3% e
o setor de serviços com 45,6%. Nos acidentes típicos, os subsetores com
maior participação nos acidentes foram produtos alimentares e bebidas, com
12% e saúde e serviços sociais, com 8,5% do total. Nas doenças de trabalho,
foram os subsetores intermediários financeiros, com participação de 12,2% e o
comércio varejista, com 8,9%. Os maiores registros de acidentes de trabalho
no comércio e serviços encontram-se nos setores de: Supermercados; Varejo
de materiais de construção; Comércio a varejo e por atacado de peças e
acessórios; Restaurantes; Hipermercados; Lanchonetes e similares; Atacado
de bebidas; Fornecimento de comida preparada; Varejo de combustíveis;
Varejo de farmácia, perfumaria e ortopédicos; Estabelecimentos hoteleiros com
restaurantes (INSS, 2007).
2.7 Indicadores de Segurança do Trabalho
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Segundo Campos (2004, p. 75) indicadores ou itens de controle “são
características numéricas sobre as quais é necessário exercer o controle
(gerenciamento)”. São formas numéricas de gerenciar o resultado.
Indicadores de acidentes do trabalho são utilizados para mensurar a exposição
dos trabalhadores aos níveis de risco inerentes à atividade econômica,
permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos
acidentes e seus impactos nas empresas e na vida dos trabalhadores. Além
disso, fornecem subsídios para o aprofundamento de estudos sobre o tema e
permitem o planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde do
trabalhador. Eles não esgotam as análises que podem ser feitas a partir dos
dados de ocorrências de acidentes, mas são indispensáveis para a
determinação de programas de prevenção de acidentes e a conseqüente
melhoria das condições de trabalho no Brasil. (INSS, 2007, p.01).
Ainda de acordo com o INSS (2007) a taxa de incidência é um indicador da
intensidade com que acontecem os acidentes do trabalho, expressando a
relação entre as condições de trabalho e o quantitativo médio de trabalhadores
expostos àquelas condições. Seu coeficiente é definido como a razão entre o
número de novos acidentes do trabalho registrados a cada ano e a população
exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente.
De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT,2001),
alguns indicadores são de grande interesse para a área de medicina do
trabalho (tais como a taxa de mortalidade e a taxa de letalidade). Outros são
vitais para o estabelecimento de ações de controle por parte do Ministério do
Trabalho e Emprego (como, por exemplo, a taxa de freqüência dos acidentes).
Dentre os indicadores existentes, foram eleitos três índices como básicos para
análise: freqüência, gravidade e custos.
Conforme a ABNT (2001), as taxas de freqüência medem o número de
acidentes que geraram algum tipo de benefício (aposentadoria por invalidez,
auxílio-doença, auxílio-acidente e pensão por morte). Com o intuito de
penalizar as empresas que só declaram os acidentes mais graves (os quais,
obrigatoriamente, envolvem a necessidade de registro oficial), e favorecer
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aquelas com boa declaração de sinistralidades. Evitou-se também considerar
todos os acidentes registrados para não distorcer o índice, uma vez que
empresas com grande número de notificações apresentariam resultados mais
elevados, ainda que não causasse ônus para o sistema previdenciário. Para
calcular a taxa de frequência, segue a fórmula: razão entre número de
acidentes por número de horas homem de exposição ao risco, cujo resultado é
multiplicado por 1 milhão de horas.
Ainda segundo a ABNT (2001) a taxa de gravidade mede a intensidade média
dos acidentes ocorridos, considerando a duração do afastamento do trabalho,
para mensurar a perda laborativa devido à incapacidade. Os dias perdidos
foram computados em função de todos os acidentes ocorridos no período,
incluindo os afastamentos por menos de 15 dias e o tempo de permanência
como beneficiário de auxílio-doença. Para calcular a taxa de gravidade, segue
a fórmula: número total de dias perdidos dividido pelo número de horas homem
trabalhadas, cujo resultado deve ser multiplicado por 1 milhão de horas.
2.8 Estratégias
De acordo com Porter (1986) diz que estratégias são ações ofensivas ou
defensivas visando proporcionar a organização um mix de valores e sustentar a
longo prazo a vantagem competitiva. O que fundamenta o conceito de
estratégias é a obtenção da vantagem competitiva. Se uma empresa deseja
obter uma vantagem competitiva, ela deve fazer uma escolha sobre o tipo de
vantagem competitiva que busca obter e sobre o escopo dentro do qual irá
alcançá-la.
Através da estratégia competitiva busca-se melhorar sua posição diante dos
concorrentes reais ou potenciais, materializando-se através da busca de
vantagens em relação aos concorrentes, atendimento as necessidades dos
clientes e adaptação às mudanças ambientais. Isto não significa que a posição
ideal seja conseguida, pois uma organização tem conhecimento limitado das
suas funções internas e externas. O importante é estipular níveis aceitáveis de
posicionamento estratégico, no qual o aprendizado, a mudança e a adaptação
são elementos básicos (TACHIZAWA; REZENDE,2000).
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As estratégias competitivas funcionam de forma a aumentar a competitividade
da empresa em relação aos seus concorrentes através da busca pela
manutenção e defesa do mercado, o aumento na participação do mercado ou
novos mercados ou até mesmo tudo junto. Elas podem ser: defensiva, ou seja,
ações aplicadas para manter ou defender dos concorrentes; ofensiva, isto é,
reagem com respostas potenciais diante das tendências emergentes do meio
ambiente; analítica, busca manter os domínios estáveis e também conquistar
novos domínios; já à estratégia reativa, busca de forma improvisada e
despreparada uma saída para fugir dos problemas (CHIAVENATO, 2007, p.
128).
3 METODOLOGIA
Essa pesquisa tem caráter descritivo, onde seu propósito descreve a
percepção dos colaboradores acidentados e dos demais públicos envolvidos a
área de segurança do trabalho (gestores, SESMT e CIPA) dentro da empresa e
ao mesmo tempo é um estudo de caso.
Para a coleta dos dados, utilizou-se o método do levantamento. Quanto ao
instrumento de coleta, foram utilizados para análise os resultados dos
indicadores de segurança do trabalho fornecidos pelo SESMT, bem como o
formulário de Investigação de Acidentes, a Comunicação de Acidentes do
Trabalho (CAT) aplicados a 359 empregados acidentados entre os anos de
2006 e 2007 com acidentes típicos e doenças ocupacionais. Além dessas
análises foram entrevistados sobre segurança e saúde do trabalhador 30
gestores das lojas que tiveram acidentes, 06 componentes do SESMT
(engenheiro, técnicos e médicos do trabalho), 20 cipeiros e 02 diretores. O
universo da pesquisa refere-se a 8.000 funcionários distribuídos em várias
cidades nordestinas.
O tratamento dos dados foi tanto qualitativo como quantitativo. Buscou-se
construir comprovações condizentes com a fundamentação teórica, com vistas
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a obter conclusões sobre a eficácia das estratégias de segurança do trabalho
para melhor desempenho interno e manter-se competitiva no mercado.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ENCONTRADOS
Nesse item foi identificada a estratégia de Segurança do trabalho utilizada na
empresa de auto-serviço e analisada a sua eficácia visando manter- se
competitiva no mercado e com bom desempenho interno. Também foram
analisados os principais indicadores de segurança de forma a comprovar se a
empresa está ou não utilizando a estratégia adequada.
O objetivo estratégico da empresa em análise é dobrar o faturamento da rede
em 5 anos a partir do ano 2006 e uma das estratégias utilizadas pela área de
recursos humanos, setor de segurança e medicina do trabalho, para ajudar a
empresa no alcance desse objetivo foi implantar em 2006 o sistema integrado
de gestão em segurança e medicina do trabalho baseado na norma
internacional OSHAS 18001, visando proporcionar redução dos custos e
melhor condição de trabalho para os empregados e com isso atender um dos
parâmetros principais da estratégia competitiva segundo Tachizawa; Rezende
(2000), ou seja adaptar-se às mudanças ambientais, tornando o seu perfil
compatível de fatores-chave de sucesso. Essa estratégia foi aprovada pelo
corpo diretivo da empresa e colocada em prática no prazo planejado.
De acordo com a proposta de Chiavenato (2007) sobre os tipos de estratégias
competitivas essa estratégia da empresa em estudo é uma estratégia
competitiva de caráter analítico, onde ao mesmo tempo a empresa mantém e
defende seu domínio já conquistado e também busca sair na frente dos seus
principais concorrentes antecipando oportunidades com a implantação do
sistema de gestão e administrando melhor seus custos para poder ajudar na
expansão em novos mercados.
As ações adotadas com a implantação do sistema de gestão em segurança e
medicina do trabalho são: no ano 2006 foi realizado um diagnóstico referente a
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área segurança e medicina do trabalho com a implantação de poucas ações
estruturadas como a elaboração da política e objetivos de segurança e
medicina do trabalho para iniciar o processo de implantação do sistema de
gestão integrada em segurança e medicina do trabalho e
elaboração/atualização dos procedimentos da área. A partir de 2007 foi
executado o plano de ação: Adquirindo EPIs e EPC´s de acordo com as áreas
de risco; Realizando treinamento de prevenção de acidentes e sobre o
gerenciamento do sistema para os gestores e demais colaboradores;
Inspecionando às áreas de riscos com elaboração de relatório; Realizando
eventos como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho
(SIPAT); Implantando o programa de ginástica laboral para todos os
empregados das unidades com maior incidência de acidentes; Fazendo
levantamento dos riscos e perigos por cargo por área de trabalho, entre outras
ações menores.
Os indicadores utilizados foram: o perfil sócio-funcional dos colaboradores
acidentados, o número e causas dos acidentes de trabalho, taxas de incidência
de acidentes do trabalho, o índice de absenteísmo, resultado da pesquisa de
clima organizacional, passivo trabalhista, comparando os resultados do ano
2006 com 2007. Além disso, os questionários aplicados no ano 2007 e início de
2008 aos gerentes, cipeiros e diretores foram tabulados com o objetivo de
validar os números apurados pelos indicadores.
4.1 Perfil Sócio-funcional dos Colaboradores Acidentados
Quanto a este item verificou-se que o percentual encontrado no ano 2006 se
repete em 2007. Neste item foram avaliadas as variáveis: sexo, idade, estado
civil, ocupação e tempo de empresa.
Quanto ao sexo, cerca de 36% dos profissionais que sofrem acidentes na
empresa em estudo são do sexo feminino e 64% do sexo masculino. Quanto a
idade, observou-se que 55% dos acidentes ocorrem com mais frequência em
profissionais de idade entre 18 e 29 anos. 30% dos acidentes acontecem com
adultos, entre 25 a 40. No que se refere ao estado civil, 60% dos acidentados
são solteiros. Infere-se que os jovens solteiros arriscam-se mais cometendo
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mais atos inseguros. A respeito da ocupação, verificou-se que 47% dos
colaboradores que sofreram acidentes de trabalho estão lotados no cargo de
repositor de perecíveis (açougue e pescados, frios, salgados e congelados) e
cargos do setor de padaria (masseiro, cilindreiro, forneiro, servente de padaria,
cozinheiro e balconista); 19% são operadores de caixa atuando no setor de
frente de loja; 13% são ajudantes de depósitos e cargos relacionados à área
como: conferente, empilhador. Quanto ao tempo de empresa, observou-se que
47% dos funcionários que sofreram acidentes possuem até 3 anos de empresa.
Com isso, infere-se que esses funcionários ainda não possuem as habilidades
necessárias em sua totalidade para o desempenho ótimo no cargo, isso
quando não ocorrem promoções e transferência para outros cargos durante
esse tempo.
4.2 Número e Causas dos Acidentes de Trabalho
No ano de 2006 aconteceram 161 acidentes típicos com afastamento e em
2007, 146 acidentes nas mesmas lojas estudadas no ano 2006. Verifica-se,
com isso, uma redução de 9,32% nos acidentes típicos com afastamento.
Porém, quanto ao setor de maior incidência repete-se ao ano 2006, ou seja, o
setor de perecíveis, representando 50% dos acidentes. Esses acidentes
referem-se a cortes com a faca e serra de fita, além de quedas devido ao chão
molhado e queimaduras na padaria. Um outro setor bastante representativo é o
depósito e manutenção com 30% devido a quedas em altura, transporte de
peso excessivo, queimaduras, choque elétrico, entre outros. Esses acidentes
aconteceram, principalmente pelo número inadequado de EPIs, falta de
treinamento, instalações e equipamentos de trabalho inadequados e pouco
controle quanto a manutenção de um trabalho seguro. A redução deu-se
devido principalmente a compra dos EPIs e participação dos empregados nos
treinamentos de prevenção de acidentes.
Quanto às doenças ocupacionais, em 2006 houve 31 novos registros de
empregados com doenças ocupacionais. Já no ano 2007 houve 21 registros.
Também houve uma redução, porém bastante significativa de 32,25%. Nesse
caso, o SESMT (médicos do trabalho) destacou que essa redução deu-se, em
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relação ao ano 2006, devido a um rigor maior nos atendimentos ocupacionais,
padronização de todos os procedimentos médicos rotineiros, realização de
exames mais específicos de acordo com o risco e uma anamnese mais
aprofundada, além de agir especificamente nas filiais que possuem maior
incidência de doenças através de programas de ginástica laboral e
treinamentos preventivos. Á área com maior representatividade nos
afastamento por doença é a frente de loja com os operadores de caixa devido
aquisições de doenças do esforço repetitivo, como por exemplo a Lesão por
Esforço Repetitivo (LER)/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (DORT). É relevante observar que os acidentes de trajeto, na
empresa em estudo, são considerados como eventos não controláveis, por
esse motivo não são tratados, uma vez que os acidentes de trajeto acontecem
fora das dependências da empresa e diante disso fica mais difícil um controle.
Geralmente se manifestam por quedas, assaltos com agressão física, entre
outros.
Verificou-se através dos formulários de investigação e CAT que 35% dos
acidentes de trabalhos referem-se as condições inseguras que existem na
empresa, a exemplo: compra de quantidade inadequada de EPI e EPC; a
realização de poucos treinamentos de prevenção de acidentes devido a
dificuldade de liberação dos empregados para participarem; uso de
equipamentos ultrapassados, que apresentam defeitos periódicos e sem
manutenção; instalações inadequadas ocasionando temperaturas excessivas,
infiltrações, piso escorregadio, desnivelado e frequentemente molhado (sem
sinalização); pouco controle e interesse dos gestores quanto a cobrança a sua
equipe sobre as questões de segurança; investimento limitado da diretoria no
sentido de agilizar as reformas para melhorar o ambiente de trabalho e pouca
cobrança da diretoria para uma postura mais efetiva dos seus gestores no
sentido de acompanhar com maior afinco as ações planejadas durante sua
execução.
Quanto aos atos inseguros representam 35% dos acidentes, essa causa é um
reflexo de situações como falta de cuidado e de atenção do próprio empregado
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para realizar a sua tarefa; agressão física por iniciativa do próprio acidentado;
imprudências; entre outros. Porém existem situações onde acontecem os dois,
tanto condições inseguras como atos, a exemplo de acidentes em altura no
depósito, quando, por exemplo, um ajudante de depósito percebe que na loja
não possui escada, ele escala a prateleira com cerca de 4 a 5 metros de altura
sem nenhuma proteção; consertos/ajustes de máquinas em movimento, entre
outros. Situações similares a essa representam 30% dos casos de acidentes.
Esses percentuais mantém-se nos dois anos analisados.
4.3 Taxa de Incidência dos Acidentes de Trabalho e de Gravidade
Para se calcular a taxa de incidência de acidentes de trabalho é seguida a
seguinte fórmula: razão entre o número de novos casos de acidentes de
trabalho refistrados pelo número médio de vínculos multiplicados por 1000,
onde, o número de novos casos referem-se aos novos acidentes por período e
o número médio anual de vínculos refere-se a população exposta ao risco.
Foram considerados em 2006, 192 novos casos de acidentes e doenças
ocupacionais com afastamento, numa média de 7500 empregados, utilizando a
fórmula acima foi obtido , 26 acidentes a cada 1000 funcionários e em 2007,
considerando 167 afastamentos, obteve-se 22 acidentes a cada 1000
funcionários. Uma redução de 15,5% em relação ao ano anterior.
No que se refere a taxa de gravidade, representa a perda de tempo que corre
como consequências dos acidentes de trabalho. Foi obtido em 2006, a cada 1
milhão de horas homem trabalhadas, 346 dias de trabalho foram perdidos com
acidentes e doenças. Em 2007, foram perdidos 259 dias a cada 1 milhão de
horas homem trabalhadas. Houve uma redução de dias perdidos de 25% em
relação ao ano 2006.
4.4 Absenteísmo
No ano 2006, 28% das faltas na empresa foi devido a acidentes e doenças
ocupacionais. Em 2007, houve uma pequena redução para 25%. Isto sugere
que há relação direta entre os investimentos em ações preventivas e corretivas
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e que estão refletindo positivamente, em especial as lojas de maior incidência
de acidentes, nas quais estão sendo implantadas o sistema de gestão.
Verificou-se que 82% dos acidentes que aconteceram no ano 2007 tiveram até
15 dias de afastamento do trabalho, No que se refere aos acidentes com
período de afastamento superior a 15 dias, representam 18% , principalmente
no que se referem as lesões mais graves, devido ao esforço repetitivo - LER,
problemas na região lombar, traumatismos, entre outros. Nesse caso o
funcionário é afastado e é segurado pelo INSS, onde receberá o auxílio-doença
ao acidentado.
É importante ressaltar que o tempo médio perdido de dias de trabalho por
acidente de trabalho (doença ocupacional) na empresa em 2006 é de 29 dias,
totalizando 6238 dias. Em 2007 esse número médio reduz em 48%, tendo um
tempo médio por afastamento de 15 dias, totalizando 4142 dias. Esses valores
ratificam o trabalho da área de segurança e medicina com um controle mais
acirrado. Fazendo uma analogia com uma loja fechada: equivale a uma loja
fechada com 148 funcionários durante 28 dias úteis no ano 2007. Se fosse feita
essa comparação, também, em 2006 seria uma loja fechada com 223
funcionários. Ou seja, um prejuízo enorme!
4.5. Passivo Trabalhista
É importante ressaltar que na empresa estudada, somente em 2007, foram
gastos cerca de dois milhões de reais com custos relacionados a multas da
Delegacia Regional do Trabalho (DRT), horas-extras, contratações,
reclamações trabalhistas feitas pelos funcionários à justiça do Trabalho
referentes a acidentes e doenças ocupacionais. Desses custos cerca de 50%
referem-se a reclamações trabalhistas. Comparando com o ano 2006, houve
uma queda nos custos relacionados a acidentes ocupacionais e insalubridade
de cerca de 10%. Esta ligeira melhora vem ocorrendo notadamente nas lojas
que está sendo implantado o sistema de gestão. É possível que esta tendência
positiva decorra diretamente destes investimentos.
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4.6. Resultado da Aplicação do Questionário sobre Segurança e Medicina
do Trabalho
De acordo com os dados coletados através do questionário aplicado a 58
pessoas que estão envolvidas com a questão segurança e medicina do
trabalho, detectou-se, neste estudo, que todos os respondentes afirmam não
conhecer em sua totalidade sobre o tema segurança e medicina do trabalho,
excetuandos os componentes do SESMT. Eles afirmam que esse resultado
acontece devido a pouca divulgação que a própria instituição faz e realização
de treinamentos não atingindo a todos os empregados. Os treinamento estão
sendo intensificados nas lojas onde o sistema está sendo implantado.
Quando questionados se consideram que a empresa atua e resolve problemas
relacionados à segurança e saúde do trabalhador, observou-se que 80%
discordam do questionamento. Por outro lado, 20% dos respondentes
afirmaram que concordam devido, principalmente, as poucas multas recebidas.
Quanto à aplicação das normas de segurança no ambiente de trabalho,
detectou-se que 80% dos respondentes discordam da efetividade dessa
aplicação, pois a maioria respondeu que além de não conhecerem a maioria
das normas de segurança, não percebem melhorias significativas nos
ambientes de trabalho.
Quando os pesquisados foram questionados se a empresa possui normas de
segurança e medicina do trabalho. Todos os respondentes afirmaram que a
empresa possui algumas normas, mas pouco aplicadas, devido à falta de
priorização da própria administração.
No que tange a participação das gerências na divulgação dos programas de
segurança e medicina do trabalho 90% responderam que não há essa
participação e só acontece de forma pontual ou quando acontece algum
acidente ou situação mais grave ou crítica.
No que se refere às condições de trabalho (instalações físicas, equipamentos,
recursos, etc.) que a empresa proporciona, percebeu-se que 80% dos
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funcionários consideram bastante precárias principalmente nas lojas de bairro
mais pobres.
Na questão aberta sobre como o funcionário pode ajudar a empresa a
proporcionar um ambiente mais seguro, foram identificadas as seguintes
respostas: 82% afirmaram que podem ajudar desde que a empresa faça a sua
parte, através de orientação aos colegas, sendo mais disciplinado quanto ao
uso de EPI, participando dos treinamentos oferecidos e ajudando na
manutenção do EPI recebido.
Quando foram questionados sobre a atuação da CIPA da sua unidade de
trabalho, 78% afirmaram que a atuação não é boa, e que a maioria dos
empregados só quer participar da CIPA para adquirirem estabilidade e quando
manifestam interesse em fazer inspeções de segurança não são liberados
pelas gerências diante do argumento de que o quadro de funcionários é enxuto
e deve ser dada prioridade para a venda.
Quanto à atuação dos componentes do SESMT, foi evidenciado que 57%
afirmaram que são profissionais determinados e persistentes, porém não têm o
apoio total da diretoria para implantar os programas de segurança e medicina
do trabalho. 40% dos respondentes afirmaram que sua atuação ainda é muito
tímida, precisa visitar com maior freqüência as lojas.
Os diretores entrevistados reconhecem o resultado da pesquisa, assumem as
falhas de gestão detectadas, porém afirmaram que em 2008 esse retrato de
segurança e medicina do trabalho tende a mudar de forma positiva, onde seria
incluído na pauta de todas as reuniões quinzenais com o corpo diretivo o tema
sistema de gestão integrada em segurança e medicina do trabalho
(dificuldades e acompanhamento das ações) e em seguida seria divulgado o
status do tema a toda a empresa.
É importante ressaltar que cerca de 50% dos entrevistados não fazem parte
das lojas cujo sistema de gestão de gestão em segurança e medicina do
trabalho está sendo implantado, talvez, justifique o resultado das opiniões
acima sobre o tema, bem como tal resultado ratifica que a empresa precisa
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melhorar a divulgação dos números positivos alcançados com o sistema
implantado, investir mais em capacitação e melhorias nas instalações.
5 CONCLUSÃO
Investir em SST é uma estratégia, no mínimo, perspicaz, pois existem muitos
fatores relacionados a segurança e medicina do trabalho que não são tão
explícitos a exemplo da elevação do moral dos colaboradores; redução dos
custos com horas-extras, multas e passivos trabalhistas; elevação da imagem
da empresa perante os consumidores e comunidade em geral, entre outros.
Porém, para a infelicidade de alguns dirigentes esse investimento acontece
tardiamente, pois visualizam a segurança do trabalho como um mal necessário
e acaba negligenciando a sua importância para a empresa e com isso
desequilibrando-se na administração dos seus custos e na gestão de pessoas.
Felizmente a empresa em estudo, apesar de estar iniciando a implantação de
um sistema de gestão em segurança e medicina do trabalho, ter vários
problemas com passivos trabalhistas, condições de trabalho precárias na
maioria das lojas, maquinário ultrapassado e deteriorado, elevação das horas-
extras, das faltas e desligamentos, entre outros, tomou a iniciativa de incluir
dentro das suas estratégias principais a questão de segurança e saúde do
trabalhador com o objetivo de conseguir expandir ainda mais os seus negócios
com uma administração de custos equilibrada, bem como proporcionando
melhores condições de trabalho e um ambiente seguro dentro da legislação
pertinente. Na verdade tal empresa está fazendo nada mais que sua obrigação,
mas percebeu a tempo que se as pessoas estiverem satisfeitas e sentirem-se
respeitadas no ambiente de trabalho facilitará o processo de mudança e
ajudará a alcançar seus objetivos, como também os de seus empregados, pois
com o crescimento da organização surgirão várias oportunidades para o
desenvolvimento de todos.
Implantar de forma adequada um sistema de gestão em segurança e medicina
do trabalho envolve custos a princípios altos, mas se acontecer de forma
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planejada com a elaboração de um plano de ação, estes custos serão diluídos
ao longo do tempo e os ganhos certamente acontecerão.
Sobre a eficácia de implantar um sistema de gestão em segurança e medicina
do trabalho na empresa em estudo, percebeu-se, em apenas um ano de
trabalho, que nas lojas piloto, ou seja, as de maior incidência de acidentes,
houve uma redução média de cerca de 19% nos indicadores analisados,
revelando que a empresa está no caminho certo, no controle dos seus custos
com acidentes. Ressaltamos que os órgãos reguladores estão apoiando a
empresa neste trabalho, pois ajudaram na elaboração do planejamento,
flexibilizando quanto ao cumprimento de prazos.
Sendo assim, diante das informações analisadas, levantou-se uma tendência
positiva, especialmente nas lojas onde o sistema de gestão está sendo
implantando. É uma estratégia que pode, em um primeiro olhar, ser
considerada positiva para o alcance dos objetivos organizacionais, uma vez
que os resultados gerais deste estudo sugere que os investimentos em
segurança do trabalho reflitam em um maior equilíbrio na administração de
custos e do seu pessoal. Em última análise, estes investimentos parecem
ajudar a empresa na consecução de sua estratégia. Neste sentido, a presente
pesquisa contribui ao sinalizar que os gestores estão corretos em crer que há
clara interveniência do aprimoramento dos indicadores analisados nos
resultados da organização.
Cabe ressaltar que para uma análise mais detalhada e consistente de
comprovação da eficácia e tendências é necessário avaliar, pelo menos, 4
anos de resultados com o sistema de gestão implantado, onde também seriam
identificados quais os indicadores teriam maior impacto nos investimentos.
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