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    Nutrição de Reprodutoras Pesadas

    Vitor Hugo Brandalize

    [email protected] 

      Introdução

    Dentro de uma exploração avícola integrada, não temos dúvidas que ataxa de crescimento e a utilização dos nutrientes pelos frangos de corte,associados a um excelente rendimento de carcaça são os fatores que mais

    incidem sobre a rentabilidade de uma operação. As empresasresponsáveis pelo desenvolvimento genético tem a granderesponsabilidade em encontrar um equilíbrio entre as característicasnecessárias para o bom desenvolvimento do frango de corte, associado auma boa produtividade das reprodutoras. Normalmente, durante oprocesso de seleção levamos em consideração:

    •  Desempenho do Frango de Corte (Conversão Alimentar,Eficiência, Peso Vivo, Ganho de Peso Diário, Rendimento deCarcaça)

    •  Desempenho das Reprodutoras (Produção de Ovos,Eclosão)

    •  Caracteristicas de Qualidade nos Frangos e nasReprodutoras (Empenamento, Qualidade da Casca,Qualidade da Carne)

      Viabilidade e Qualidade de Pernas nos Frangos de Corte eReprodutoras (Sistema Cardiovascular, Esqueleto, etc..…) 

     A seleção de lotes de reprodutoras pesadas necessita de umbalanço preciso entre o crescimento ótimo e a manutenção de um bomnível de reprodução. As empresas genéticas, no frango de corte, garantemum ganho mínimo em relação a eficiência alimentar de 2 à 3 pontos

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

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    anualmente. Isto significa que cada frango consome 20 a 30 gramas amenos de alimento para produzir 1 Kg de carne. A taxa de crescimentodiário, a cada ano evolui 45 à 50 gramas para um frango com a mesmaidade e o rendimento de carcaça evolui de 0,3 à 0,4%! Em contrapartida,

    as reprodutoras, produzem 1 ovo a mais pôr ano.

    Para que tenhamos um avanço genético ainda mais rápido, a partir deagora contamos com uma combinação entre os tradicionais programas deseleção e a engenharia molecular. As casas genéticas vêm investindointensamente com o objetivo de conhecer os marcadores genéticos desuas aves e a partir do momento que se tiver o conhecimento profundo dogenoma (código genético) destas aves, a seleção por marcadores passaráa fazer parte do programa de seleção das linhagens.

    Devido a evolução contínua nos rendimentos de carcaça, a relaçãoalométrica entre gordura e proteína corporal vem mudando nos últimosanos, portanto, as carcaças possuem uma menor deposição de gordura.Consequentemente as fêmeas de conformação acumulam menos gorduraabdominal, a qual é muito importante para manter uma boa persistência deprodução. É por isso, que deveremos seguir as curvas de pesorecomendadas pelas linhagens, porque as galinhas modernas não

    perdoam erros. Elas tendem a acumular gordura mais tarde, pois priorizamos nutrientes para a formação do peito.

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    No momento de estabelecermos o programa nutricional de umareprodutora, precisamos levar em consideração o material genético que

    está utilizando, as condições ambientais, de manejo e a idade das aves.Durante as diferentes fases da vida desta reprodutora, ocorrem mudançasfisiológicas importantes, as quais os nutricionistas precisarão levar emconsideração.

      Controle do peso corporal

    Existe uma relação negativa, entre taxa de crescimento e reprodução eisto significa que não podemos permitir que as fêmeas e machosexpressem os potenciais máximos de crescimento, porque a reproduçãodestas aves grandes é antieconômica! Para que seja possível manter o

    peso das aves dentro do padrão recomendado pelas linhagens énecessário que seja realizada uma restrição alimentar, o que gera umgrau de estresse para as aves.

    Na tabela abaixo, comparamos o potencial genético de uma fêmea defrango de corte versus o peso da reprodutora, aos 28 dias de idade.

    Mudanças Fisiológicas Durante a Vida de uma Reprodutora

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    - Potencial Genético vs Peso das Reprodutoras (Peso Vivo aos 28 dias deidade)

     Ano Frangos de Corte(Fêmeas)

    Reprodutora (%) Restrição

    1998 790 430 46%2014 1341 540 60%

     A restrição alimentar, associada a deficiências de manejo (Ambiente,equipamentos, sanidade, etc..), podem fazer com que as aves expressemhábitos como o de “lamber” e comer penas, as quais muitas vezes são

    confundidas com deficiências nutricionais, principalmente com deficiênciade aminoácidos e proteínas.

      Proteína (Aminoácidos)

    O balanceamento correto de aminoácidos é de vital importância naprodução, no desenvolvimento embrionário e na qualidade do pinto

    produzido (Freeman e Vince, 1974 citados por Pearson, 1989). Nesteparticular, preocupações devem ser tomadas quanto a presença adequadadestes nutrientes na dieta, visto que as reservas corporais na ave sãolimitadas (Harms et al., 1971). A redução no consumo de proteína nãomodifica a composição de aminoácidos das diferentes partes que compõeo ovo, mas reduz a sua quantidade. Muitas vezes, observamos o

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    fornecimento de um excesso de aminoácidos e proteína para asreprodutoras, o que pode ser prejudicial para as aves durante as fases derecria devido a formação de carcaças muito grandes e nas fases dereprodução devido ao comprometimento da eclosão! Excesso de ingestão

    de aminoácidos e proteínas nas reprodutoras nas fases de produção podeelevar a deposição de proteína nos tecidos ósseos (Ekmay et al., 2011). Um aumento de deposição de proteína no esqueleto durante a produçãodos ovos pode aumentar a necessidade de energia para a manutenção ediminuir a quantidade de energia que deveria ser direcionada para aprodução de ovos.

    Pesquisas têm demonstrado que elevados níveis de proteína nas dietaspode afetar negativamente a fertilidade e eclosão. Pearson and Herron

    (1982) citaram que reprodutoras consumindo 27 gramas de proteína pordia, produziram um número maior de embriões mortos e deformados euma diminuição na eclosão dos ovos férteis em comparação comreprodutoras consumindo 23,1 gramas de proteína por dia. Coon et all.(2012) observaram que a medida que aumentávamos a ingestão dosaminoácidos Lisina e Isoleucina decrescia a fertilidade. A eclosão foiafetada, porque ocorreu um decréscimo da fertilidade. Não sabemos qualé o exato mecanismo para esta perda da fertilidade!

    - O Impacto da Ingestão de Lisina e Isoleucina na Fertilidade dereprodutoras Pesadas (Coon et all, 2012).

    65

    70

    75

    80

    85

    90

         F    e     r

         t      i     l     i     t     y  

    200 400 600 800 1000 1200

    Lysine (mg)

    65

    70

    75

    80

    85

    90

    95

         F    e     r

         t      i     l     i     t    y  

    200 400 600 800 1000

    Isoleucine (mg)

    http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-9http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-27http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-27http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-27http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-27http://ps.oxfordjournals.org/content/92/4/992.full?sid=63ddafc7-e258-4cfc-b890-bf761e8a48be#ref-9

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    Excesso de alimentação tem sido registrado por induzir problemas

    reprodutivos. O excesso de certos aminoácidos poderá induzir a excessode peso nas aves. Coon et all. (2012), observaram que as aves queingeriram altos níveis de Isoleucina nas dietas tiveram o pH da urina maisalcalina (pH 8,75 versus pH 6,72). Bogdonoff e Shaffner (1954),reportaram que condições alcalinas foram muito mais prejudiciais para afertilidade de que uma leve condição ácida no semen diluido de machosNew Hampshire. Eles registraram que o pH natural oscila entre 6,72 e 6,94e que o nível ótimo seria próximo ao pH 7. A mobilização de tecidos do

    esqueleto durante períodos onde existe deficiência de lisina e isoleucinapode aumentar a produção de ácido úrico e outros ácidos criando umacondição de acidificação mais favorável.É possível especular que estesaminoácidos alterão o microambiente das células de estocagem(armazenamento), através do catabolismo destes aminoácidos e aformação de corpos cetônicos. O possível impacto negativo de elevadosníveis de Lisina e Isoleucina na fertilidade de reprodutoras pesadas criaum novo dilema na indústria avícola, pois alimentaremos as reprodutoras

    para obtermos um ótimo produto ou alimentaremos para uma ótimafertilidade?

    Wiernusz, 2014 (Citações pessoais), apresentou as recomendaçõesnutricionais de aminoácidos e proteínas do Dr. Coon (Universidade do

     Arkansas), para manutenção, massa de ovos e ganho de peso emreprodutoras.

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    - Recomendações nutricionais (Ingestão Diária de Aminoácidos eProteínas) para Reprodutoras (Wiernusz, 2014).

     Aminoácido Manutenção Massa de Ovos +Peso Vivo

    RequerimentosTotais

    mg / Ave / DiaProteína bruta 5852 13502 19354

     Arginina 314 708 1022Histidina 74Isoleucina 159 669 828Leucina 205Lisina 168 721 889Metionina 91 345 436Cisteina 31 437 468

    Fenilalanina 224 475 699Tirosina 66Treonina 243 370 613Triptofano 21 222 243Valina 199 587 786

     Aminoácidos NãoEssenciais

    4057 7690 11747

    Relação Essenciais :Não Essenciais

    31:69 43:57 39:61

      Relação Energia / Proteína

     A influência específica da energia dietética materna sobre odesenvolvimento embrionário e qualidade dos pintos é difícil deestabelecer, tendo em vista a relação que a energia estabelece com todosos nutrientes. “  A energia não é um nutriente e sim a capacidade que tem

    um nutriente de produzir calor quando oxidad o”. Portanto, uma deficiência atribuída a energia pode perfeitamente ser

    devido a um nutriente específico, ou vice-versa.

     A relação energia/proteína, indica o atendimento das exigências emenergia e em proteína dentro de um equilíbrio harmônico que permite o

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    máximo aproveitamento de ambas. O afastamento desta relação prejudicao aproveitamento e a produção, encarecendo os custos.

    Peebles et al. (1999), estudando diferentes fontes de gordura com

    diferentes inclusões nas dietas de matrizes pesadas, observaram que oóleo de milho, proporcionou uma melhor ganho de peso nos frangos decorte aos 21 dias de idade, em relação à gordura de aves e sebo .

    Portanto, além de fornecer uma quantidade adequada de energia émuito importante considerar-se as fontes destas energias. Menge et al.(1965), demonstraram a essencialidade do ácido linoleico sobre osaspectos produtivos e reprodutivos. O efeito do ácido linoleico sobre a

    reprodução de matrizes leghorn (Meng et al., 1965).

     Ác. LinoleicoDietético

    (mg)

    Peso do Ovo(gramas)

    Fertilidade(%)

    MortalidadeEmbrionária

    Precoce

    (%)

    Eclodibilidade(%)

    0 40d  73b  31a  0

    10 43

    c

      80

    b

      23

    b

      020 43c  93a  11c  1d 

    40 44c  91a  10c  10c 

    80 45b  91a  9c  15b 

    250 46a  89a  9c  52a 

     A inclusão de níveis crescentes de ácido linoleico na dieta resultouem um aumento no peso do ovo, fertilidade e eclodibilidade. O consumode 20 mg de ácido linoleico foi o mínimo necessário para elevar afertilidade de 73 a 93% e reduzir em 1/3 a mortalidade embrionáriaprecoce. Exigências de ác. linoleico para a eclodibilidade foram superiores

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    à outros parâmetros. A principal causa da mortalidade embrionária precocedevido a deficiência de ácido linoléico resulta de uma posição anormal doembrião dentro do ovo (Calvert, 1967).

      Microelementos minerais

    Fato notório em nutrição de matrizes é de que nutrientes quecompõem uma menor fração da ração, vitaminas e minerais é queproduzem o maior impacto no desempenho reprodutivo. Estes nutrientesse envolvem em várias etapas do metabolismo, portanto, são de extremaimportância nos processos produtivos das aves. Existem alguns

    questionamentos, os quais vêm intrigando aos pesquisadores, como:

    Frangos de Corte 

    -Conhecemos as necessidades dos microminerais atuais?- Existe uma relação ideal entre os minerais orgânicos / inorgânicos?

    Matrizes de Corte 

     Atualmente, as matrizes pesadas:

    - Possuem uma maior produção de ovos em relação ao passado;

    - Possuem uma maior produção de pintinhos pôr galinha, emcomparação ao passado;

    - Possuem uma redução no volume de ração ingerida em relação aonúmero de pintinhos produzidos;

    - As recomendações destes microelementos, seguem inalteradas, e;

    - As galinhas estão iniciando as produções mais cedo;

    -. Estes itens citados acima, fazem com que façamos os seguintesquestionamentos:

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    - As necessidades destes microelementos minerais seguem osmesmos para estas reprodutoras modernas, em relação as reprodutorasdo passado?

    - As necessidades minerais para a progênie, precisam ser maiselevadas de que para o desempenho produtivo?

    O excesso de qualquer mineral na dieta pode levar a um efeito tóxico,assim como níveis abaixo do recomendado levam a deficiência. É medidacomum entre os nutricionistas colocarem níveis de minerais acima dosrecomendados, podendo então incorrer em um prejuízo na saúde edesempenho dos animais. Kidd, 2014 (Comunicação pessoal), demonstrouna tabela abaixo, que os nutricionistas em dietas práticas, estão utilizando

    recomendações nutricionais destes microelementos minerais diferentesdas recomendações do RNC (1994).

      Necessidades de microelementos minerais (Kidd, 2014)

    Microelemento mineral, ppm NRC (1994) Dietas PráticasCu 8 5 – 10 ↑ I 0,35 0,75 – 1,5Fe 80 20 – 40Mn 60 110 – 180 ↑ Se 0,15 0,30Zn 40 110 – 150 ↑ 

      ↑ (Aumentar em períodos de estresse)!

    Estamos conscientes que em relação utilização dos microelementosminerais nas dietas, neste momento, seguiremos com os seguintesquestionamentos, os quais precisarão ser investigados:

    1) A utilização deverá ser via dieta?2) A utilização deverá ser via a dieta da matriz?3) A utilização deverá ser “In ovo”? 4) Para que parâmetro?5) Em que nível?

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    6) Com que fonte?7) Qual delineamento experimental?8)

      Conclusões

    Os resultados de pesquisa, servem como indicativo da importânciada nutrição da matriz sobre a produtividade e a qualidade dos pintosproduzidos. Inúmeros estudos sobre exigências energéticas e proteicas dematrizes pesadas, esbarram na importância sobre o desenvolvimentoembrionário e eclodibilidade. Carece-se, portanto, estudar o seu efeitosobre o desenvolvimento dos pintos pós-eclosão. Semelhante situação

    encontra-se junto aos minerais e as vitaminas.

      Referências Bibliográficas

    BOGDONOFF P.D. Jr and SHAFFNER. Poultry Sci. 33: 665 – 669, 1954

    CALVERT, C.C. Poultry Sci. 46: 967 – 973, 1967.

    CANTOR, AH. e M.L. SCOTT. Poultry Sci. 53: 1870 – 1880, 1974.

    COON et all. Poultry Sci. 92: 992 – 1006, 2012

    EKMAY et all. Poultry Sci. 90 (Suppl. 1): 87, 2011.

    HARMS, R.H. et al. Poultry Sci. 50: 592 – 595, 1971

    LEESON, S.; SUMMERS, J.D. Broiler Breeder Production. Guelph:University Books, 2000.

    MENGE, H. et al. J. Nutr . 86: 115 – 116, 1965.

    PEARSON, R.A and HERRON K.M. Poultry Sci. 23, 1982

    PEARSON, R.A In: Recent Developments in Poultry Nutrition. Ed. D. J.Cole. Butterworths, London, 1989.

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    PEEBLES, E.D. et al. Poultry Sci. 78: 505 – 511, 1999.

    PEEBLES, E.D. et al. Poultry Sci. 78: 512 – 515, 1999.