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4.7.8 Nag Mahashay . . . . . . . . . . . . . . . . . . 904.7.9 Girish Ghosh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 914.7.10 Purna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 934.7.11 Mahima haran e Pratap Hazra . . . . . . . . . . 944.8 Alguns Homens Importantes . . . . . . . . . . . . . . . 954.9 Kristodas Pal e a Quest~ao da Ren�un ia . . . . . . . . . 964.10 Dis ��pulos Mon�asti os . . . . . . . . . . . . . . . . . . 974.10.1 Latu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 984.10.2 Rakhal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 984.10.3 Gopal Mais Velho . . . . . . . . . . . . . . . . . 994.10.4 Narendra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 994.10.5 Tarak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1064.10.6 Baburam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1074.10.7 Niranjan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1074.10.8 Jogindra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1084.10.9 Sashi e Sarat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1094.10.10Harinath . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1104.10.11Gangadhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1114.10.12Hariprasanna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1114.10.13Kali . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1114.10.14Subodh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1124.10.15Sarada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1124.11 Devotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1124.11.1 Gopal Ma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113ii

4 - Devotos, Dis ��pulos e Aprendizes deRamakrishna

O Evangelho de Sri Ramakrishna

Por M. (Mahendranath Gupta)(Um dis ��pulo direto de Sri Ramakrishna)

Introdu� ~ao Biogr�a� a e Tradu� ~ao para o Ingl^esDe Swami Nikhilananda

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Sum�ario4 Devotos de Ramakrishna 734.1 Movimento Brahmo Samaj . . . . . . . . . . . . . . . . 734.1.1 Arya Samaj . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 764.2 Keshab Chandra Sen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 774.3 Outros Chefes Brahmos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 794.4 O Mestre Bus a Devotos . . . . . . . . . . . . . . . . . 824.5 M�etodo de Ensino do Mestre . . . . . . . . . . . . . . . 844.6 Devotos Chefes de Fam��lia . . . . . . . . . . . . . . . . 854.7 Futuros Monges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 864.7.1 Ram e Manomohan . . . . . . . . . . . . . . . . 864.7.2 Surendra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 874.7.3 Kedar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 884.7.4 Harish . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 884.7.5 Bhavanath . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 894.7.6 Balaram Bose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 894.7.7 Mahendra ou M. . . . . . . . . . . . . . . . . . 90i

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76 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAin u^en ia estava on�ada a prati amente pou os homens e mulheresintele tuais do pa��s e a vasta massa dos indianos � ou de fora. Mo-notonamente to ava apenas uma nota s�o da ri a es ala musi al daReligi~ao Eterna dos indianos.

4.1.1 Arya SamajUm outro movimento que teve importante papel na renova� ~ao religiosada �India, foi o Arya Samaj. O Brahmo Samaj, movimento essen ial-mente de ompromisso om a ultura europ�eia, admitiu ta itamente asuperioridade do o idente, mas o fundador era um ombativo sannya-sin hindu que havia a eitado o desa�o do islamismo e ristianismoe havia de idido ombater todas as in u^en ias estrangeiras na �India.Swami Dayananda (1824-1883) lan� ou esse movimento em Bombaimem 1875 e logo sua in u^en ia fez-se sentir em toda a �India o idental.O Swami foi um grande erudito dos Vedas, que ele expli ava, erammonote��stas. Era ontra o ulto das imagens e restabele eu os ritossa ri� ais v�edi os antigos. De a ordo om ele, os Vedas eram a �ultimaautoridade em mat�eria de religi~ao e ele a eitava ada palavra omosendo literalmente verdadeira. O Arya Samaj tornou-se um baluarte ontra a usurpa� ~ao do islamismo e ristianismo e seu sabor ortodoxoto ou muitas mentes indianas. Liderou tamb�emmuitos movimentos dereforma so ial. O sistema de astas tornou-se um alvo de seu ataque.As mulheres foram liberadas de muitas de suas limita� ~oes so iais. Aedu a� ~ao re ebeu um grande impulso. Ini iou uma ampanha ontrao asamento entre rian� as, defendendo um novo matrim^onio para asvi�uvas. Sua maior in u^en ia foi no Punjab, ampo de batalha das ul-turas hindu e isl^ami a. Uma nova atitude ombativa foi introduzida naadorme ida so iedade indiana. Ao ontr�ario do Brahmo Samaj, a in- u^en ia do Arya Samaj n~ao se limitou aos intele tuais. Era uma for� aque se disseminava entre as massas. Era um movimento dogm�ati o,intolerante om aqueles que dis ordassem de seus pontos de vista eCap��tulo 4

Devotos, Dis ��pulos e Aprendizesde Ramakrishna

4.1 Movimento Brahmo Samaj

Keshab foi o l��der do Brahmo Samaj, um dos dois grandes movimentosque, na �ultima metade do s�e ulo XIX, desempenhou um importantepapel no renas imento da �India. O fundador do movimento Brahmofoi o grande Raja Rammohan Roy (1774-1833). Embora tenha nas idonuma fam��lia brahmin ortodoxa, Rammohan Roy demonstrava umagrande simpatia pelo islamismo e pelo ristianismo. Foi ao Tib�e �apro ura dos mist�erios budistas. Extraiu do ristianismo o sistema�eti o, mas rejeitou a divindade de Cristo, da mesma maneira que havianegado as En arna� ~oes Hindus. O islamismo in uen iou-o bastante naformula� ~ao de suas doutrinas monote��stas, mas ele sempre voltava paraos Vedas a �m de obter inspira� ~ao espiritual. O Brahmo Samaj, quehavia fundado em 1828, era dedi ado ao \ ulto e adora� ~ao do Eterno,Insond�avel, Ser Imut�avel, que �e o Autor e Preservador do Universo".Era aberto a todos sem distin� ~ao de or, asta, na� ~ao ou religi~ao.73

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74 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAO verdadeiro organizador do Samaj foi Devendranath Tagore (1817-1905), pai do poeta Rabindranath. Sua beleza f��si a e espiritual, seuporte aristo r�ati o, agudo intele to e sensibilidade po�eti a tornaram-no o l��der mais not�avel dos intele tuais bengalis. Esses dirigiam-sea ele om o ep��teto respeitoso de Maharshi, o \Grande Vidente". OMaharshi era um grande erudito s^ans rito e, ao ontr�ario de RajaRammohan Roy, tirava inspira� ~ao inteiramente dos Upanishads. Foium inimigo impla �avel do ulto �a imagem e tamb�em, lutou para detera in�ltra� ~ao das id�eias rist~as no Samaj. Deu ao movimento sua f�ee ritual. Sob sua in u^en ia, o Brahmo Samaj professou Um Ser Su-premo Auto-existente, que havia riado o universo do nada, o Deusda Verdade, Sabedoria In�nita, Bondade e Poder, o Eterno e Onipo-tente, o Uno sem Segundo. Os homens devem am�a-Lo e fazer Suavontade, a reditar n'Ele e ador�a-Lo e assim, mere er a salva� ~ao nomundo vindouro.Sem d�uvida alguma, o l��der mais apaz do movimento Brahmo foiKeshab Chandra Sen (1838-1884). Ao ontr�ario de Raja RammohanRoy e Devendranath Tagore, Keshab nas eu numa fam��lia bengali de lasse m�edia e tinha sido edu ado numa es ola inglesa. N~ao onhe ias^ans rito e logo afastou-se da religi~ao hindu popular. J�a em tenraidade havia � ado fas inado por Cristo e a�rmava ter experimentado agra� a espe ial de Jo~ao Batista, Cristo e S~ao Paulo. Quando lutou paraintroduzir Cristo no Brahmo Samaj, a ruptura tornou-se inevit�avel om Devendranath. Em 1868 Keshab rompeu om o hefe mais antigoe fundou o Brahmo Samaj da �India, sendo que Devendranath manteve-se �a frente da organiza� ~ao ini ial, agora hamada Adi Samaj.Keshab possu��a uma natureza omplexa. Quando passava por umagrande rise moral, � ava a maior parte do tempo na solid~ao e sentiaouvir a voz de Deus. Quando um novo ulto devo ional era intro-duzido no Brahmo Samaj, passava horas antando o kirtan om seusmembros. Visitou a Inglaterra em 1870 e impressionou o povo ingl^es om sua voz musi al, seu ingl^es simples e seu fervor espiritual. Foi4.1. MOVIMENTO BRAHMO SAMAJ 75re ebido pela rainha Vi toria.Voltando �a �India, fundou entros do Brahmo Samaj em v�arias par-tes do pa��s. Como professor de religi~oes omparativas de uma uni-versidade europ�eia, ome� ou a des obrir, por o asi~ao de seu primeiro ontato om Sri Ramakrishna, a harmonia das religi~oes. Come� ou aolhar om simpatia os deuses e deusas hindus, expli ando-os de umamaneira liberal. Al�em disso a reditava que havia sido hamado porDeus para dar ao mundo uma lei re entemente revelada por Ele, aNova Revela� ~ao, o Navavidhan.Em 1878 houve uma is~ao no Samaj de Keshab. Alguns membrosin uentes a usaram-no de infringir os prin ��pios do Brahmo Samaj, ao asar sua �lha om um homem ri o, antes dela atingir a idade pr�opriapara tal, aprovada pelo Samaj. Esse grupo desligou-se e estabele eu oSadharan Brahmo Samaj, � ando Keshab omo hefe remanes ente doNavavidhan. Keshab agora ome� ou a ser atra��do ada vez mais parao ideal de Cristo, apesar de, sob a in u^en ia de Sri Ramakrishna, suadevo� ~ao �a M~ae Divina tivesse se aprofundado. Sua os ila� ~ao mentalentre Cristo e a M~ae Divina do hindu��smo n~ao en ontrava uma posi� ~aode equil��brio. Em Bengala e outros lugares da �India, o movimentoBrahmo assumiu a forma de ristianismo unitarista, es arne endo dosrituais hindus e pregando a ruzada ontra o ulto das imagens. Soba in u^en ia da ultura o idental, de larava a suprema ia da raz~ao,advogava os ideais da Revolu� ~ao Fran esa, abolia o sistema de astasentre seus membros, lutava pela eman ipa� ~ao das mulheres, agitadapela aboli� ~ao do asamento pre o e, permitia o asamento das vi�uvase en orajava os v�arios movimentos edu a ionais e de reforma so ial.O efeito imediato do movimento Brahmo em Bengala foi o onfronto om as atividades proselitistas dos mission�arios rist~aos. Tamb�em le-vantou a ultura indiana aos olhos dos seus senhores ingleses, mastratava-se de um fermento religioso intele tual e e l�eti o, nas ido dane essidade do momento. Ao ontr�ario do hindu��smo, n~ao havia sur-gido das profundas experi^en ias interiores de s�abios e profetas. Sua

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80 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAShivanath riti ava veementemente o Mestre pela sua atitude forado omum em rela� ~ao �a esposa. Es reveu: \Ramakrishna estava pra-ti amente separado da esposa que morava em seu vilarejo natal. Umdia em que eu estava omentando om alguns amigos a respeito da vir-tual viuvez de sua esposa, ele me hamou para um anto e murmurouno meu ouvido: `Por que vo ^e se queixa? N~ao �e mais poss��vel; est�atudo morto e desapare ido.' Outro dia omo eu estivesse investindo ontra essa parte do seu ensinamento e tamb�em, dizendo que nossoprograma de trabalho no Brahmo Samaj in lui mulheres, que a nossa�e uma religi~ao so ial e dom�esti a e que desejamos dar edu a� ~ao e li-berdade so ial para as mulheres, o santo � ou muito exaltado, omoera seu jeito quando qualquer oisa ontra sua onvi � ~ao estabele- ida era dis utida - um tra� o que gostamos muito nele - ex lamou:`V�a, seu tolo, e enterre-se no bura o que suas mulheres avar~ao paravo ^e.' Ent~ao olhou para mim e disse: `O que um jardineiro faz omum brotinho? N~ao p~oe uma er a para proteg^e-lo das abras e dogado? E quando a plantinha tiver res ido e se transformado numa�arvore e n~ao mais puder ser pisoteada pelo gado, n~ao retira a er ae deixa-a res er livremente?' Respondi: `Sim, esse �e o ostume dosjardineiros.' Ent~ao observou: `Fa� a o mesmo om sua vida espiritual:torne-se forte, ompletamente adulto e ent~ao poder�a pro ur�a-las.' Aque respondi: `N~ao on ordo om o senhor, dizendo que o trabalhodas mulheres �e omo o do gado, destrutivo; s~ao nossas asso iadas eajudantes nas lutas espirituais e progresso so ial' - um ponto de vista om o qual ele n~ao podia on ordar e demonstrou sua reprova� ~ao,sa udindo a abe� a. Referindo-se �a hora avan� ada, jo osamente o-mentou: `�E hora do senhor ir embora; tome uidado, n~ao se atrase, aso ontr�ario, `sua mulher n~ao permitir�a sua entrada no quarto.' Issoprovo ou uma risada alorosa."Pratap Chandra Mazumdar, bra� o direito de Keshab e pregadorperfeito do Brahmo na Europa e Am�eri a, riti ava amargamente SriRamakrishna pelo uso de uma linguagem in ulta e tamb�em, pela ati-tude em rela� ~ao �a esposa. N~ao podia, por�em, es apar da magia da per-4.2. KESHAB CHANDRA SEN 77dava ^enfase apenas a um aminho, o aminho do Arya Samaj, para arealiza� ~ao da Verdade. Sri Ramakrishna en ontrou Swami Dayanandaquando este �ultimo visitou Bengala.

4.2 Keshab Chandra SenKeshab Chandra Sen e Sri Ramakrishna en ontraram-se pela primeiravez na h�a ara de Jayagopal em Belgharia, umas pou as milhas deDakshineswar, onde o grande l��der Brahmo estava hospedado omalguns dis ��pulos. Em muitos pontos ambos eram p�olos opostos, em-bora uma atra� ~ao irresist��vel interna os havia feito amigos ��ntimos. OMestre havia realizado Deus omo Esp��rito Puro e Cons i^en ia, mastamb�em a reditava nas diversas formas de Deus. Keshab, por sua vez, onsiderava o ulto �a imagem, idolatria e dava expli a� ~oes aleg�ori asdas divindades hindus. Keshab era um orador e es ritor de livrose artigos de revistas; Sri Ramakrishna tinha avers~ao a onfer^en iase om di� uldade sabia es rever o nome. A fama de Keshab haviase espalhado por toda a parte, hegando mesmo �as distantes praiasda Inglaterra; o Mestre ainda levava uma vida re lusa no vilarejo deDakshineswar. Keshab dava ^enfase �as reformas so iais para que fosse onseguida a regenera� ~ao da �India; para Sri Ramakrishna a realiza� ~aode Deus era a �uni a meta da vida.Keshab onsiderava-se um dis ��pulo de Cristo, mas a eitava omreservas, os sa ramentos rist~aos e a Trindade; Sri Ramakrishna eraum simples �lho de Kali, a M~ae Divina, embora ele tamb�em, de umaforma diferente, a eitasse a divindade de Cristo. Keshab era um hefede fam��lia e interessava-se pelo bem-estar de seus �lhos, enquanto queSri Ramakrishna era um Paramahamsa, ompletamente indiferente �avida do mundo.Contudo, uma vez que o rela ionamento havia amadure ido emamizade, Sri Ramakrishna e Keshab nutriam um pelo outro um senti-

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78 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAmento ordial e de respeito. Anos mais tarde, om a not�� ia da mortede Keshab, o Mestre sentiu omo se o orpo estivesse paralisado. Os on eitos de Keshab sobre a harmonia das religi~oes e o ar�ater mater-nal de Deus aprofundaram-se e enrique eram-se om seu ontato omSri Ramakrishna.Sri Ramakrishna, vestido om um `dhoti' de franja vermelha, om ada ponta atirada displi entemente por ima do ombro esquerdo, he-gou �a h�a ara de Jayagopal a ompanhado de Hriday. Ningu�em notoua presen� a do modesto visitante. Por �m, o Mestre disse a Keshab:\Disseram-me que o senhor viu Deus; por isso vim ouvi-lo falar sobreEle". Seguiu-se um di�alogo maravilhoso. O Mestre entoou uma emo- ionante an� ~ao sobre Kali e por �m, entrou em samadhi. QuandoHriday murmurou o sagrado \Om" em seu ouvido, gradualmente vol-tou �a ons i^en ia do mundo, o rosto ainda irradiando um brilho divino.Keshab e seus seguidores estavam extasiados. O ontraste entre SriRamakrishna e os devotos Brahmos era muito interessante. Ali sentou-se aquele homem pequeno, magro e extremamente deli ado. Os olhospossu��am luz interior. Um bom humor brilhava em seus olhos e umsorriso permane ia no anto da bo a. Falava bengali popular omuma leve e deli iosa gagueira e suas palavras faziam as pessoas � a-rem maravilhadas pela riqueza da experi^en ia espiritual, seu onte�udoinesgot�avel de ompara� ~oes e met�aforas, seu poder de observa� ~ao, seuhumor brilhante e sutil, sua universalidade maravilhosa, seu uxo in- essante de sabedoria. �A sua volta estavam os homens so�sti ados deBengala, os melhores produtos da edu a� ~ao o idental, om Keshab, o��dolo da jovem Bengala, omo seu hefe.A sin eridade de Keshab foi su� iente para Sri Ramakrishna. Da��por diante os dois passaram a se ver frequentemente, tanto em Daksi-neswar omo no templo Brahmo Samaj. Sempre que o Mestre en on-trava-se no templo por o asi~ao do servi� o divino, Keshab hamava-o para falar �a ongrega� ~ao. Keshab, por sua vez, visitava o santo,ofere endo-lhe ores e frutas.

4.3. OUTROS CHEFES BRAHMOS 794.3 Outros Chefes BrahmosGradualmente os outros dirigentes Brahmos ome� aram a sentir a in- u^en ia de Sri Ramakrishna. Eram, por�em, admiradores r��ti os doMestre. Desaprovavam parti ularmente sua ren�un ia as �eti a e a on-dena� ~ao de \mulher e ouro". Julgavam-no de a ordo om seus pr�opriosideais de vida omo hefes de fam��lia. Alguns n~ao ompreendiam seusamadhi e des reviam-no omo uma doen� a nervosa. Contudo n~aopodiam resistir �a sua personalidade magn�eti a.Entre os hefes Brahmos que onhe iam intimamente o Mestre, es-tavam Pratap Chandra Mazumdar, Vijaykrishna Goswami, Trailokya-nath Sannyal e Shivanath Shastri.Um dia Shivanath � ou bastante impressionado om a absolutasimpli idade do Mestre e sua avers~ao ao elogio. Estava sentado om SriRamakrishna no quarto desse �ultimo, quando hegaram v�arios homensri os de Cal ut�a. O Mestre deixou o aposento por alguns minutos.Nesse ��nterim Hriday, seu sobrinho, ome� ou a des rever seu samadhiaos visitantes. As �ultimas palavras foram ouvidas pelo Mestre aoentrar no quarto.Disse a Hriday: \Que pessoas de esp��rito mesquinho vo ^e deve ser,para me enalte er dessa maneira, perante esses homens ri os! Vo ^edeve ter visto seu vestu�ario aro e suas orrentes e rel�ogios de ouro eo objetivo deles �e tirar quanto dinheiro puder. O que me importa oque eles pensam a meu respeito? (Virando para os senhores). N~ao,meus amigos, o que ele lhe disse a meu respeito n~ao �e verdade. N~aofoi o amor de Deus que me fez � ar absorvido n'Ele e indiferente aomundo exterior. Positivamente �quei lou o durante um erto tempo.Os sadhus que frequentavam esse templo haviam-me mandado prati- ar muitas oisas. Tentei segui-los e a onsequ^en ia foi que minhasausteridades levaram-me �a insanidade." Essa �e uma ita� ~ao de umdos livros de Shivanath. Ele levou as palavras do Mestre ao p�e daletra, sem atinar sua import^an ia verdadeira.

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84 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA4.5 M�etodo de Ensino do Mestre

Ele, ontudo, permane eu omo sempre, um instrumento dedi adonas m~aos de Deus, o �lho da Divina M~ae, totalmente into ado pelaid�eia de ser um mestre. Costumava dizer que tr^es id�eias - a de queera um guru, um pai e um mestre - espetavam sua pele omo se fosseespinhos. Foi um instrutor extraordin�ario. Atingia os ora� ~oes de seusdis ��pulos mais por sua in u^en ia sutil do que por a� ~oes ou palavras.Jamais pro lamou-se o fundador de uma religi~ao ou organizador deuma seita. Foi, por�em, um d��namo religioso. Foi o ontestador detodas as religi~oes e redos. Era um jardineiro experiente, que preparao solo e remove as ervas daninhas, sabendo que as plantas v~ao res erdevido ao poder inerente das sementes, dando a ada uma, ores efrutos apropriados. Jamais imp^os suas id�eias a ningu�em. Compreendiaas limita� ~oes das pessoas e trabalhava em ima do prin ��pio segundoo qual, o que �e bom para um pode ser mau para o outro. Possu��a opoder in omum de onhe er as mentes dos devotos, mesmo suas almasmais re ^onditas �a primeira vista. A eitava os dis ��pulos tendo pleno onhe imento de suas tend^en ias passadas e possibilidades futuras.A vida de uma pessoa maldosa n~ao o assustava, nem os melindresreligiosos faziam om que algu�em subisse em sua estima. Via em tudoo dedo infal��vel da M~ae Divina. At�e a luz que desvia, era para ele aluz que vinha de Deus.Para aqueles que se tornaram seus dis ��pulos ��ntimos, o Mestre eraum amigo, ompanheiro e par eiro de folguedos. At�e mesmo as durezasdas dis iplinas religiosas � avam leves ante sua presen� a. Os devotos� avam t~ao inebriados de pura alegria na sua ompanhia, que n~aotinham tempo para perguntar se ele era uma En arna� ~ao, uma almaperfeita ou um yogi. Sua simples presen� a era um ensinamento; aspalavras eram sup�er uas. Nos �ultimos anos os dis ��pulos per eberamque enquanto estavam om ele, olhavam-no omo um amarada, masem seguida tremiam em pensar em suas frivolidades na presen� a de4.3. OUTROS CHEFES BRAHMOS 81sonalidade do Mestre. Num artigo a respeito de Sri Ramakrishna, Pra-tap es reveu no Theisti Quarterly Review: \O que h�a de omum entren�os? Eu, um homem �a maneira europ�eia, ivilizado, auto entrado, umtanto �epti o, um pretenso ra ionalizador edu ado, um dis riminador,e ele, um devoto hindu, pobre, iletrado, impolido, meio id�olatra, semamigos? Por que haveria eu de me sentar longas horas para ouvi-lo,eu que ouvi Disraeli e Faw ett, Stanley e Max M�uller e todo um vasto onjunto de eruditos e divinos? . . . N~ao sou eu somente, mas d�uziasde pessoas omo eu, que fazem a mesma oisa. . . . Ele adora Shiva,adora Kali, adora Rama, adora Krishna e �e um on�rmado defensordas doutrinas vedantistas. . . . �E um id�olatra, ontudo, um �el e maiormeditante nas perfei� ~ao do Uno Sem Forma, Absoluto, Divindade In-�nita. . . . Sua religi~ao �e o ^extase, seu ulto signi� a vis~ao interiortrans endental, sua natureza inteira queima dia e noite om um fogopermanente e febre de uma estranha f�e e sentimento . . . Enquanto eleestiver onos o om alegria, sentaremos aos seus p�es a �m de apren-der os pre eitos sublimes de pureza, n~ao mundanismo, espiritualidadee inebria� ~ao no amor de Deus . . . Ele, pela bhakti infantil, pelas suasfortes on ep� ~oes da Maternidade, ajudou-nos a des obrir isto (Deus omo nossa M~ae), de forma fas inante . . . Ao nos asso iarmos om ele,aprendemos a ompreender melhor os atributos divinos disseminadosentre trezentos e trinta milh~oes de divindades da �India mitol�ogi a, osdeuses dos Puranas."Os dirigentes Brahmos re eberam muita inspira� ~ao pelo seu on-tato om Sri Ramakrishna. Isto alargou seus pontos de vista reli-giosos e in amou nos seus ora� ~oes o anelo pela realiza� ~ao de Deus;f^e-los ompreender e apre iar os rituais e os s��mbolos da religi~ao hindu, onven endo-os da manifesta� ~ao de Deus em diversas formas e apro-fundou seus pensamentos sobre a harmonia das religi~oes. O Mestre,tamb�em, estava impressionado om a sin eridade de muitos devotosBrahmos. Falou-lhes sobre suas pr�oprias realiza� ~oes e expli ou-lhes aess^en ia de seus ensinamentos, tais omo a ne essidade de ren�un ia,sin eridade em seguir seu pr�oprio urso de dis iplina, f�e em Deus,

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82 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAexe u� ~ao dos deveres pessoais sem pensar nos resultados e dis ri-mina� ~ao entre o Real e o irreal.O ontato om bengalis edu ados e progressistas abriram os olhosde Sri Ramakrishna para um novo ampo de pensamento. Nas ido e riado num simples vilarejo, sem edu a� ~ao formal e re ebendo ensina-mentos de santos ortodoxos da �India, sobre a vida religiosa, n~ao tinhatido oportunidade de estudar a in u^en ia do modernismo no pensa-mento e na vida dos hindus. N~ao havia podido estimar om pre is~aoo impa to da edu a� ~ao o idental na ultura indiana. Era o Hindu doshindus, sendo a ren�un ia para ele, o �uni o meio para a realiza� ~ao deDeus na vida. Dos Brahmos aprendeu que a nova gera� ~ao da �Indiahavia �rmado um ompromisso entre Deus e o mundo. Os jovens edu- ados sentiam mais a in u^en ia dos �l�osofos o identais do que seuspr�oprios profetas. Sri Ramakrishna, por�em, n~ao desanimou, porquevia nisso, tamb�em, a m~ao de Deus. Embora tivesse exposto aos Brah-mos todas suas id�eias a respeito de Deus e das dis iplinas religiosasausteras, ontudo, fazia-os a eitar de seus ensinamentos, apenas o que onvinha aos seus gostos e temperamentos.

4.4 O Anelo do Mestre para Ter seus Pr�opriosDevotosO ontato om os Brahmos aumentou o desejo de Sri Ramakrishnade en ontrar aspirantes apazes de seguir seus ensinamentos na formamais pura. \N~ao havia limite", de larou ele erta vez, para o aneloque eu sentia naquela �epo a. Durante o dia, de uma erta maneira, onseguia ontrol�a-lo. A onversa das pessoas de mentalidade mun-dana me irritava e esperava om ansiedade, o dia em que meus pr�opriosamados ompanheiros hegariam. Esperava en ontrar onsolo, onver-sando om eles e ontando-lhes minhas pr�oprias realiza� ~oes. Qualquerpequeno in idente fazia-me lembrar deles e pensamentos sobre eles4.4. O MESTRE BUSCA DEVOTOS 83tomavam-me totalmente. J�a estava mesmo planejado o que diria aum ou daria a outro et . Ao terminar o dia, n~ao podia mais ontro-lar meus sentimentos. O pensamento de que mais um dia havia sepassado e eles n~ao haviam hegado, oprimia-me. Quando, durante oservi� o da tarde, os templos soavam om o to ar dos sinos e on has,eu subia ao terra� o do kuthi no jardim, ontor endo-me de ang�ustia no ora� ~ao e gritava om o m�aximo e minha voz: `Venham, meus �lhos!�O, onde est~ao vo ^es? N~ao suporto viver sem vo ^es.' Jamais uma m~aeansiou t~ao intensamente para ver o �lho, nem um amigo pelos seus ompanheiros, nem um amante por sua amada, omo eu por eles. �O,foi indes rit��vel! Um pou o depois desse per��odo de ^ansia, os devotos ome� aram a hegar.Em 1879 alguns artigos espor�adi os sobre Sri Ramakrishna es ritospelos Brahmos, em revista Brahmo, ome� aram a atrair os futurosdis ��pulos entre os intele tuais bengalis da lasse m�edia e ontinua-ram a hegar at�e 1884. Outros, entretanto, vieram, sentindo o po-der sutil de sua atra� ~ao. Era uma multid~ao sempre mut�avel de pes-soas de todas as lasses e redos: Hindus e Brahmos, vaishnavas eshaktas, letrados om diploma universit�ario e os in ultos, velhos e jo-vens, maharajas e mendigos, jornalistas e artistas, pundits e devotos,�l�osofos e pessoas de mentalidade mundana, jnanis e yogis, homensde a� ~ao e homens de f�e, mulheres virtuosas e prostitutas, empregadosem es rit�orio e deso upados, �lantropos e bus adores, dramaturgos eb^ebados, onstrutores e demolidores. Deu-lhes tudo, sem distin� ~ao,tirando do seu ilimitado estoque de realiza� ~ao. Ningu�em sa��a de m~aosvazias. Ensinava-lhes a sabedoria elevada da Vedanta e o amor abra-sador dos Puranas. Das vinte e quatro horas, falava sem des anso oupausa, vinte. Dava a todos sua simpatia e ilumina� ~ao e to ava-os omaquele estranho poder da alma que n~ao podia sen~ao derreter at�e osmais empedernidos. E as pessoas o ompreendiam de a ordo om seupoder de entendimento.

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88 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAGradualmente sua vida inteira modi� ou-se. O Mestre designou-o omo um daqueles omissionados pela M~ae Divina, para ban ar amaior parte de suas despesas. A bolsa de Surendra estava sempreaberta para o onforto do Mestre.4.7.3 KedarKedarnath Chatterji era dotado de temperamento espiritual e haviatentado v�arios aminhos religiosos, alguns n~ao muito re omend�aveis.Ao en ontrar o Mestre em Dakshineswar, ompreendeu o verdadeirosigni� ado da religi~ao. Dizia-se que o Mestre, ansado de dar instru� ~aoaos devotos que vinham a ele em grande n�umero para orienta� ~ao, haviauma vez orado �a Deusa Kali: \M~ae, estou ansado de falar �as pessoas.Por favor, d^e poder a Kedar, Girish, Ram, Vijay e Mahendra paraque eles d^eem a elas a instru� ~ao preliminar, de forma que um pou ode ensinamento meu seja su� iente." Ele estava, ontudo, atento aoapego que Kedar h�a muito tempo sentia pelas oisas do mundo emuitas vezes o havia prevenido ontra isso.4.7.4 HarishHarish, um jovem ri o, renun iou �a sua fam��lia e refugiou-se no Mes-tre, que o amava por sua sin eridade, vontade �rme e natureza alma.Passava o tempo em ora� ~ao e medita� ~ao, fazendo-se surdo aos rogose amea� as de seus parentes. Referindo-se �a sua paz de esp��rito imper-turb�avel, o Mestre dizia: \Homens verdadeiros est~ao mortos para omundo, embora vivos. Olhe para Harish. Ele �e um exemplo." Quandoo Mestre lhe pediu para que fosse um pou o mais deli ado om suaesposa, Harish disse-lhe: \O senhor deve me des ulpar nesse ponto.Esse n~ao �e o lugar para mostrar gentileza. Se eu for simp�ati o omela, h�a a possibilidade de me esque er do ideal e ser enredado pelomundo."

4.6. DEVOTOS CHEFES DE FAM�ILIA 85uma pessoa t~ao grande. Tinham a prova onvin ente de que o Mestrepodia, por um simples desejo, a ender em seus ora� ~oes, o amor deDeus e on eder-lhe Sua vis~ao.Atrav�es de suas brin adeiras e pilh�erias, sua alegria e frivolidade,sempre mantinha diante deles o ideal luminoso da ons i^en ia de Deuse do aminho da ren�un ia. Pres revia subidas ��ngremes ou suavesde a ordo om a apa idade do es alador. N~ao permitia qualquer on ess~ao aos prin ��pios b�asi os da pureza. Um aspirante tinha que onservar o orpo, mente, sentidos e alma sem m�a ula; tinha que terum amor sin ero por Deus e um sempre res ente esp��rito de anelopor Deus. Todo restante seria feito pela M~ae.Havia dois tipos de dis ��pulos: os hefes de fam��lia e os jovens, sendoque alguns deles vieram a ser mais tarde, monges. Havia tamb�em, umgrupo pequeno de devotas.

4.6 Devotos Chefes de Fam��liaPara os hefes de fam��lia, Sri Ramakrishna n~ao pres revia o �arduo a-minho da ren�un ia total. Queria que umprissem suas obriga� ~oes para om suas fam��lias. Sua ren�un ia tinha que ser mental. A vida espiri-tual n~ao podia ser obtida fugindo-se das responsabilidades. Um asaldeveria viver omo irm~aos depois do nas imento de um ou dois �lhos,dedi ando todo o seu tempo a onversas espirituais e ontempla� ~ao.En orajava os hefes de fam��lia, dizendo-lhes que suas vidas eram deuma erta maneira mais f�a il do que a de um monge, pois, era vanta-joso ombater o inimigo de dentro de uma fortaleza do que em ampoaberto. Insistia, entretanto, em sua retirada para a solid~ao de vez emquando, para fortale er a devo� ~ao e f�e em Deus, atrav�es da pre e, japae medita� ~ao. Pres revia-lhe a ompanhia de sadhus. Pedia-lhes parafazerem seus deveres mundanos utilizando uma das m~aos, enquantosegurava Deus om a outra e orassem a Deus, de tal forma que ao

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86 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA�nal, pudessem segur�a-Lo om ambas as m~aos. Desen orajava tantonos hefes de fam��lia omo nos jovens solteiros, qualquer tibieza emsuas lutas espirituais. N~ao lhes pedia que seguissem indis riminada-mente o ideal de n~ao-resist^en ia, o que em termos �nais, transformaum in auto num ovarde.

4.7 Futuros MongesPara os jovens destinados a serem monges, ontudo, sugeria que tri-lhassem o �aspero aminho da ren�un ia tanto externa omo interna.Deviam fazer voto de ontin^en ia absoluta e abster-se todo pensa-mento de gan^an ia e lux�uria. Pela pr�ati a da ontin^en ia, os aspi-rantes desenvolvem um nervo sutil atrav�es do qual ompreendem osmist�erios mais profundos de Deus. Para eles auto ontrole �e �nal, im-perativo e absoluto. Os sannyasins s~ao instrutores de homens e suasvidas deviam estar ompletamente livres de m�a ula. N~ao devem nemmesmo olhar para uma �gura que possa despertar suas paix~oes o ul-tas. O Mestre sele ionou seus futuros monges entre jovens n~ao to adospor \mulher e ouro" e mold�aveis a ponto de se adaptarem ao modeloespiritual. Quando os ensinava o aminho da ren�un ia e dis rimina� ~aon~ao permitia que os hefes de fam��lia � assem por perto.

4.7.1 Ram e ManomohanOs dois primeiros hefes de fam��lia que hegaram a Dakshineswar fo-ram Ram handra Dutta e Manomohan Mitra. Prati ante de medi inae qu��mi a, Ram era �epti o a respeito de Deus e religi~ao e jamais ha-via experimentado paz de esp��rito. Desejava uma prova tang��vel daexist^en ia de Deus. O Mestre disse-lhe: \Deus realmente existe. Vo ^en~ao v^e as estrelas durante o dia, mas isso n~ao signi� a que elas n~aoexistam. H�a manteiga no leite, mas pode algu�em v^e-la simplesmente4.7. FUTUROS MONGES 87olhando para o leite? A �m de obt^e-la, uma pessoa deve bater o leitenum lugar quieto e frio. Vo ^e n~ao pode realizar Deus por um simplesdesejo; deve passar por algumas dis iplinas mentais." Gradualmenteo Mestre despertou a espiritualidade de Ram e este tornou-se um dosseus prin ipais dis ��pulos leigos. Foi Ram quem apresentou Narendra-nath a Sri Ramakrishna. Narendra era parente de Ram.Manomohan no in�� io teve de enfrentar uma onsider�avel oposi� ~aode sua esposa e outros parentes, que se ressentiam de suas visitas aDakshineswar, mas por �m o amor desinteressado do Mestre triunfousobre a afei� ~ao mundana. Foi Manomohan quem trouxe Rakhal parao Mestre.

4.7.2 SurendraSuresh Mitra, um amado dis ��pulo a quem o Mestre dirigia-se omoSurendra, re ebeu uma edu a� ~ao inglesa e exer ia um importante argo numa �rma inglesa. Como muitos outros jovens edu ados doseu tempo, orgulhava-se de seu ate��smo e levava a vida de um bo^emio.Era hegado �a bebida. Tinha uma id�eia exagerada sobre o livre arb��triodo homem. V��tima de uma depress~ao nervosa foi levado a Sri Rama-krishna por Ram handra Dutta. Ao ouvir o Mestre pedindo a umdis ��pulo que prati asse a virtude de entregar-se a Deus, � ou impres-sionado. Embora tivesse tentado dali para frente agir dessa maneira,foi in apaz de largar suas antigas asso ia� ~oes e bebida. Um dia o Mes-tre disse em sua presen� a: \Bem, quando uma pessoa vai a um lugarindesej�avel, por que ela n~ao leva a M~ae Divina onsigo?" E para opr�oprio Surendra, Sri Ramakrishna disse: \Por que vo ^e n~ao bebe vi-nho omo vinho onsagrado? Ofere� a-o �a Kali e depois, tome-o omoprasad, omo vinho onsagrado, mas veja que n~ao �que embriagado;n~ao deve ambalear, nem os pensamentos devem vagar. No prin ��piosentir�a uma agita� ~ao omum, mas logo experimentar�a exalta� ~ao espi-ritual."

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92 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAde extraordin�ario nele. Um dia, por�em, por a aso Girish viu o Mes-tre dan� ando e antando om os devotos. Sentiu o ont�agio e quisjuntar-se a eles, mas ontrolou-se om medo do rid�� ulo. Outro dia SriRamakrishna j�a estava prestes a dar-lhe instru� ~ao espiritual, quandoGirish disse: \N~ao quero ouvir instru� ~oes. Eu mesmo es revi minhasinstru� ~oes. De nada servem. Por favor, ajude-me de uma maneiramais palp�avel, se puder." Isso agradou ao Mestre que pediu a Girishpara ultivar a f�e.�A medida que o tempo passava, Girish ome� ou a aprender que oguru �e aquele que silen iosamente faz desabro har a vida interior dodis ��pulo. Tornou-se um devoto �rme do Mestre. Muitas vezes en hiao Mestre de insultos, bebia em sua presen� a e tomava liberdades que ho avam os outros devotos, mas o Mestre sabia que no fundo do ora� ~ao, Girish era terno, �el e sin ero. N~ao permitiu que Girishabandonasse o teatro e quando um devoto pediu-lhe para lhe falarpara deixar de beber, severamente respondeu-lhe: \Isso n~ao �e da sua onta. Aquele que assumiu a responsabilidade dele, olhar�a por ele.Girish �e um devoto do tipo her�oi o. Digo-lhe, a bebida n~ao o afetar�a."O Mestre sabia que simples palavras n~ao levam um homem a largarh�abitos profundamente enraizados, mas que a in u^en ia silen iosa doamor operava milagres. Por onseguinte, jamais pediu-lhe para largaro �al ool, o que teve omo resultado, o fato de Girish por �m, abandonaresse h�abito. Sri Ramakrishna fortale era a resolu� ~ao de Girish aopermitir que ele sentisse que era absolutamente livre.Um dia Girish sentiu-se deprimido pelo fato de n~ao se sentir apazde se submeter a qualquer rotina de dis iplina espiritual. Em estadoexaltado, o Mestre disse-lhe: \Est�a bem, d^e-me sua pro ura� ~ao. Da-qui para frente assumo suas responsabilidades. Vo ^e n~ao tem que fazernada." Girish deu um suspiro de al��vio. Sentia-se feliz em pensar queSri Ramakrishna havia assumido suas responsabilidades espirituais.O pobre Girish, por�em, n~ao havia ompreendido que ele tamb�em, desua parte, tinha que desistir de sua liberdade e tornar-se uma mario-4.7. FUTUROS MONGES 894.7.5 BhavanathBhavanath Chatterji visitou o Mestre quando ainda era adoles ente.Seus pais e parentes onsideravam Sri Ramakrishna insano e �zeramo poss��vel para impedir que ele se tornasse ��ntimo do Mestre. O ra-paz, por�em, era muito obstinado e muitas vezes passou as noites emDakshineswar. Era fortemente ligado a Narendra e o Mestre in en-tivava essa amizade. A sua simples vis~ao muitas vezes o asionavaemo� ~ao espiritual em Sri Ramakrishna.

4.7.6 Balaram BoseBalaram Bose vinha de uma ri a fam��lia vaishnava. Desde a juventudemostrou um temperamento religioso profundo e dedi ava o tempo �amedita� ~ao, ora� ~ao e estudo das es rituras. Tinha � ado muito im-pressionado om o Mestre desde o seu primeiro en ontro. Perguntou aSri Ramakrishna se Deus realmente existia e se o homem poderia re-aliz�a-Lo. O Mestre disse: \Deus revela-Se ao devoto que O onsidera omo o seu mais ��ntimo e querido. Pelo fato de que vo ^e n~ao tenhare ebido resposta �a sua ora� ~ao uma vez, n~ao deve on luir que Ele n~aoexiste. Ore a Deus, pense n'Ele omo sendo mais importante do queseu pr�oprio eu. Ele �e muito apegado a Seus devotos, aproxima-Se deuma pessoa antes mesmo que ela O pro ure. N~ao h�a ningu�em mais��ntimo e querido do que Deus." Balaram jamais havia ouvido falar deDeus om palavras t~ao heias de for� a; ada uma delas pare ia-lhe ver-dadeira. Sob a in u^en ia do Mestre, passou por ima das onven� ~oesdo ritual vaishnava e tornou-se um dos mais queridos dis ��pulos. OMestre dormia em sua asa, sempre que passava a noite em Cal ut�a.

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90 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA4.7.7 Mahendra ou M.Mahendranath Gupta, mais onhe ido omo \M.", hegou a Dakshi-neswar, em mar� o de 1882. Perten ia ao Brahmo Samaj e era diretordo High S hool de Vidyasagarr em Syambazar, em Cal ut�a. �A pri-meira vista o Mestre re onhe eu nele um dos seus dis ��pulos \mar- ados". Mahendra relatou em seu di�ario, as onversas de Sri Rama-krishna om os devotos. Essas s~ao as primeiras palavras diretamenteregistradas, na hist�oria espiritual do mundo, de um homem re onhe- ido omo perten ente �a lasse de um Buda e Cristo. O presentevolume �e uma tradu� ~ao desse di�ario. Mahendra foi um instrumento,atrav�es de seus ontatos pessoais, na dissemina� ~ao da mensagem doMestre entre muitas almas jovens e aspirantes.

4.7.8 Nag MahashayDurga haran Nag, tamb�em onhe ido omo Nag Mahashay, foi o hefede fam��lia ideal entre os dis ��pulos leigos de Sri Ramakrishna. Foi apersoni� a� ~ao do ideal de vida do Mestre, n~ao to ado pelo munda-nismo. Apesar de ter intenso desejo de se tornar um sannyasin, SriRamakrishna pediu-lhe para viver no mundo om esp��rito de mongee o dis ��pulo de fato levou em frente tal pres ri� ~ao. Nas eu de umafam��lia pobre e mesmo em sua menini e muitas vezes sa ri� ou tudopara diminuir os sofrimentos dos ne essitados. Casou-se om tenraidade e, depois da morte da esposa, asou-se pela segunda vez, obe-de endo ordem de seu pai. Mas um dia disse a ela: \O amor a n��velf��si o n~ao dura. �E realmente aben� oado aquele que pode dar seu amora Deus om todo seu ora� ~ao. Mesmo um pequeno apego ao orpodura muitos nas imentos. Por onseguinte, n~ao �que apegado a essagaiola de ossos e arne. Refugie-se aos p�es da M~ae e s�o pense n'Ela.Assim sua vida aqui e depois, ser�a enobre ida." O Mestre referia-sea ele omo uma \luz ardente". A atava ada palavra de Sri Rama-4.7. FUTUROS MONGES 91krishna omo uma verdade in ontest�avel. Um dia ouviu o Mestre di-zer que era dif�� il para m�edi os, advogados e orretores fazerem muitoprogresso na espiritualidade. Dos m�edi os dizia, \Se a mente agarra-se �as pequenas gotas de rem�edios, omo pode on eber o In�nito?"Isso foi o �m da arreira m�edi a de Durga haran que jogou sua aixade rem�edios no Ganges. Sri Ramakrishna assegurou-lhe que n~ao lhefaltaria omida simples e roupas. Ordenou-lhe que servisse os san-tos. Quando ele lhe perguntou onde en ontraria santos de verdade,o Mestre respondeu-lhe que os pr�oprios sadhus pro urariam sua om-panhia. Nenhum sannyasin poderia ter vivido uma vida t~ao austera omo Durga haran.

4.7.9 Girish GhoshGirish Chandra Ghosh nas eu um rebelde ontra Deus, um �epti o, umbo^emio, um b^ebado. Foi o maior ator dram�ati o bengali de seu tempo,o pai do moderno teatro bengali. Como outros jovens, absorveu todosos v�� ios do O idente. Havia entrado numa vida de dissipa� ~ao e es-tava onven ido de que a religi~ao era apenas uma fraude. Justi� avaa �loso�a materialista omo aquela que permitia a uma pessoa pelomenos, gozar um pou o a vida. Uma s�erie de reveses abalaram-noe ele � ou ansioso para solu ionar o enigma da vida. Havia ouvidofalar que na vida espiritual, a ajuda de um guru era imperativa eque o guru deveria ser olhado omo o Pr�oprio Deus. Girish, ontudo,estava bastante impregnado da natureza humana para ver perfei� ~aonum homem. Seu primeiro en ontro om Sri Ramakrishna n~ao o im-pressionou. Voltou para asa om tivesse visto uma aberra� ~ao num ir o porque o Mestre, em estado semi ons iente, havia perguntadose era noite, apesar de todos os lampi~oes estarem a esos no quarto.Seus aminhos, por�em, ruzaram-se muitas vezes e Girish n~ao p^odeevitar en ontros posteriores. O Mestre assistiu a uma apresenta� ~ao deGirish no Star Theatre. Dessa vez, tamb�em, Girish n~ao a hou nada

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96 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA4.9 Kristodas Pal e a Quest~ao da Ren�un ia

O europeizado Kristodas Pal n~ao apre iava a ^enfase dada por Sri Ra-makrishna �a ren�un ia e dizia: \Senhor, essa tend^en ia �a ren�un ia quasearruinou o pa��s. �E por esta raz~ao que a �India �e hoje em dia uma na� ~aosubjugada. Fazer o bem �as pessoas, trazer edu a� ~ao �a porta do igno-rante e sobretudo, melhorar as ondi� ~oes materiais do pa��s - esse �e onosso dever agora. O grito de religi~ao e ren�un ia iriam, ao ontr�ario,enfraque er-nos. O senhor deveria a onselhar os jovens de Bengala alan� arem-se somente em atos que elevem o esp��rito o pa��s." Sri Ra-makrishna lan� ou um olhar pers rutador e n~ao en ontrou luz divinadentro dele. \O senhor, homem de pou o entendimento!" disse Sri Ra-makrishna asperamente. \Ousa desprezar om esses termos, ren�un iae piedade, que nossas es rituras des revem omo as maiores de todasas virtudes. Depois de ter lido duas p�aginas em ingl^es, pensa que he-gou a onhe er o mundo! Pare e pensar que �e onis iente. Bem, j�a viuesses pequenos aranguejos que nas em no Ganges assim que as hu-vas ome� am? Nesse imenso universo vo ^e �e ainda mais insigni� antedo que uma dessas pequenas riaturas. Como ousa falar de ajudar omundo? O Senhor olhar�a por isso. Vo ^e n~ao possui poder para fazerisso." Depois de uma pausa, o Mestre ontinuou:\Pode expli ar-me omo pode trabalhar pelos outros? Sei o quequer dizer por ajud�a-los. Alimentar um erto n�umero de pessoas,trat�a-las quando estiverem doentes, onstruir estradas ou avar umpo� o - n~ao �e tudo isso? Esses s~ao atos bons, sem d�uvida, mas omos~ao insigni� antes em ompara� ~ao om a vastid~ao do universo! Qual adist^an ia que um homem pode avan� ar nessa linha? Quantas pessoasvo ^e pode salvar da fome? A mal�aria destruiu uma vila inteira; oque vo ^e pode fazer para essar o seu assalto? S�o Deus uida domundo. Que o homem primeiro O realize. Que o homem primeiro onsiga a autoridade de Deus e seja dotado de Sua for� a somente ent~ao,pode ele pensar em fazer bem aos outros. Um homem deve primeiro4.7. FUTUROS MONGES 93nete nas m~aos de Sri Ramakrishna. O Mestre ome� ou a dis iplin�a-lode a ordo om sua nova atitude. Um dia Girish disse a respeito deum assunto banal, \Sim, farei isso", \N~ao, n~ao", o Mestre orrigiu-o: \Vo ^e n~ao deve falar dessa maneira ego��sta. Deve dizer, `Se Deusquiser, farei isso' ". Girish ompreendeu. Da�� por diante esfor� ou-separa abandonar toda id�eia de responsabilidade pessoal e entregar-se�a Vontade Divina. Sua mente ome� ou a morar onstantemente emSri Ramakrishna. Essa medita� ~ao in ons iente ao longo do tempo,puri� ou seu esp��rito turbulento.Os devotos hefes de fam��lia geralmente visitavam Sri Ramakrishnanos domingos �a tarde e nos feriados. Assim uma amaradagem fra-ternal gradualmente formou-se e o Mestre en orajava esse sentimentofraternal. De vez em quando a eitava um onvite para ir �a asa de umdevoto, para o que outros devotos eram tamb�em onvidados. Organi-zavam um kirtan e passavam horas dan� ando e entoando m�usi as devo- ionais. O Mestre entrava em transe ou abria o ora� ~ao em narra� ~oesreligiosas e ontava suas pr�oprias experi^en ias espirituais. Muitas pes-soas que n~ao podiam ir a Dakshineswar parti ipavam desses en ontrose sentiam-se aben� oados. Tal evento �nalizava om uma festa suntu-osa.Era, ontudo, na ompanhia de jovens devotos, almas puras aindan~ao ma uladas pelo mundanismo, que Sri Ramakrishna experimentavaa maior alegria. Entre os jovens que mais tarde abra� aram a vidafamiliar, en ontravam-se Narayan. Paltu, o jovem Naren, Tej handrae Purna. Visitavam, �as vezes, o Mestre om forte oposi� ~ao de suasfam��lias.4.7.10 PurnaPurna era um rapazinho de treze anos que Sri Ramakrishna des revia omo um Isvarakoti, uma alma nas ida om qualidades espirituais es-pe iais. O Mestre dizia que Purna era o �ultimo do grupo de brilhantes

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94 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAdevotos que uma vez vira em transe e que viriam a ele para re eberilumina� ~ao espiritual. Purna disse a Sri Ramakrishna, em seu segundoen ontro, \O senhor �e o Pr�oprio Deus en arnado em arne e sangue."Tais palavras vindas de um simples jovem, mostravam de que estofoele era onstitu��do.4.7.11 Mahima haran e Pratap HazraMahima haran e Pratap eram dois devotos que se sobressa��am por suaspretens~oes e manias. O Mestre, entretanto, mostrou-lhes seu amorinfatig�avel e do� ura, embora ele estivesse iente de suas limita� ~oes.Mahima haran Chakvararty havia en ontrado o Mestre muito antesda hegada dos outros dis ��pulos. Ele havia tido a inten� ~ao de levaruma vida espiritual, mas um forte desejo de onquistar nome e fama onstitu��a sua fraqueza. A�rmava ter sido ini iado por Tota Puri e ostumava dizer que seguia o aminho do onhe imento segundo asinstru� ~oes de seu guru. Possu��a uma grande bibliote a de livros emingl^es e s^ans rito. Embora �ngisse ter lido todos, a maior parte dasp�aginas n~ao haviam sido ortadas. O Mestre onhe ia todas as suaslimita� ~oes, embora apre iasse ouvi-lo itar os Vedas e outras es rituras.Sempre mandou que Mahima meditasse no signi� ado dos textos dases rituras e prati asse dis iplina espiritual.Pratap Hazra, um senhor de meia idade, era natural de um vilarejoperto de Kamarpukur. N~ao era ompletamente indiferente aos senti-mentos religiosos. Num impulso de momento havia abandonado sua asa, m~ae idosa, esposa e �lhos para se refugiar no templo de Dakshi-neswar, aonde tinha a inten� ~ao de levar uma vida espiritual. Adoravadis utir e o Mestre muitas vezes itava-o omo um exemplo de argu-menta� ~ao est�eril. Era extremamente r��ti o em rela� ~ao aos outros evangloriava-se de seu pr�oprio adiantamento espiritual. Era mali iosoe muitas vezes pro urou perturbar as mentes dos jovens dis ��pulos doMestre, riti ando-os por sua vida feliz e alegre e mandando que eles4.8. ALGUNS HOMENS IMPORTANTES 95dedi assem seu tempo �a medita� ~ao. O Mestre de modo provo ante, omparava Hazra a Jatila e Kutila, as duas mulheres que sempre ri-avam aborre imentos a Krishna em seu rela ionamento om as gopise dizia que Hazra vivia em Dakshineswar para \engrossar o aldo",a res entando ompli a� ~oes.

4.8 Alguns Homens ImportantesSri Ramakrishna tamb�em rela ionou-se om muitas pessoas dotadasde erudi� ~ao e riqueza que as faziam ser respeitadas em todos os lu-gares. Pou os anos antes, havia en ontrado Devendranath Tagore,famoso em toda Bengala, por sua riqueza, erudi� ~ao, ar�ater santo eposi� ~ao so ial. O Mestre, ontudo, a hou-o de ep ionante, porqueembora Sri Ramakrishna estivesse esperando en ontrar um santo omren�un ia ompleta do mundo, Devendrananth ombinava sua santi-dade om uma vida de prazer. Sri Ramakrishna onhe eu o grandepoeta Mi hael Madhusudan, que havia aderido ao ristianismo \porbem do seu est^omago". A ele o Mestre n~ao p^ode dar instru� ~ao porquea M~ae Divina \prendeu sua l��ngua". Al�em deles, onhe eu MaharajaJatindra Mohan Tagore, um aristo rata de Bengala; Kristodas Pal,editor, reformador so ial e patriota; Iswar Vidyasagar, not�avel �lan-tropo e edu ador; Pundit Shashadhar, grande expoente da ortodoxiahindu; Aswini Kumar Dutta, mestre, moralista e l��der do na ionalismoindiano e Bankim Chatterji, magistrado, novelista, ensa��sta e um dos riadores da prosa bengali moderna. Sri Ramakrishna n~ao era homemde se deslumbrar pela apar^en ia externa, gl�oria ou eloqu^en ia. Umpundit sem dis rimina� ~ao era olhado por ele omo uma simples palha.Bus ava nos ora� ~oes das pessoas, a luz de Deus e faltando isso, nadatinha a ver om eles.

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100 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAnuma vis~ao omo um s�abio, absorvido na medita� ~ao do Absoluto eque havia on ordado, a pedido de Sri Ramakrishna em tomar um orpo humano para ajud�a-lo em seu trabalho.Narendranath nas eu em Cal ut�a no dia 12 de janeiro de 1863, deuma fam��lia aristo r�ati a kayastha. Sua m~ae vivia mergulhada nos�epi os hindus e seu pai, um grande promotor da Alta Corte de Cal- ut�a, era agn�osti o a respeito de religi~ao, um amigo dos pobres, umzombador das onven� ~oes so iais. Mesmo em sua menini e e juven-tude, Narendra possu��a grande oragem f��si a e presen� a de esp��rito,imagina� ~ao viva, profundo poder de pensamento, intelig^en ia aguda,mem�oria extraordin�aria, amor pela verdade, paix~ao pela pureza, esp��ritode independ^en ia e ora� ~ao terno. M�usi o ex��mio, tamb�em possu��abons onhe imentos em f��si a, astronomia, matem�ati a, �loso�a, hist�o-ria e literatura. Ao res er tornou-se um rapaz muito bonito. Mesmoquando rian� a prati ava medita� ~ao e apresentava um grande poderde on entra� ~ao. Embora livre e apaixonado em palavra e a� ~ao, to-mou o voto de austera astidade religiosa e jamais permitiu que o fogoda pureza fosse extinto pela mais t^enue m�a ula do orpo ou da alma.Como havia lido na universidade os �l�osofos o identais ra ionalis-tas do s�e ulo XX, sua f�e infantil em Deus e na religi~ao � ou abalada.N~ao a reditava na religi~ao por mera f�e; desejava demonstra� ~ao sobrea exist^en ia de Deus, mas logo sua natureza apaixonada, insatisfeita om uma mera abstra� ~ao, ne essitava de um apoio on reto para suashoras de tenta� ~ao. Desejava um poder externo, um guru que, en ar-nando a perfei� ~ao, a almaria a agita� ~ao de sua alma. Atra��do pelapersonalidade magn�eti a de Keshab, juntou-se ao Brahmo Samaj etornou-se antor no oro, mas no Samaj n~ao en ontrou o guru quepodia dizer que havia visto Deus.Em estado de on ito mental e tortura d'alma, Narendra veio paraSri Ramakrishna em Dakshineswar. Tinha ent~ao dezoito anos de idadee estava no se und�ario h�a dois anos. Entrou no aposento de Sri Ra-makrishna a ompanhado de alguns amigos in onsequentes. A pedido4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 97ser destitu��do de todo ego��smo. S�o assim a Bem-aventurada M~ae lhepedir�a para trabalhar pelo mundo." Sri Ramakrishna desa reditavana �lantropia que pretendia ser onsiderada aridade. Prevenia �aspessoas ontra ela. Via na maioria dos atos �lantr�opi os apenas oego��smo, vaidade, desejo de gl�oria, um est�eril passatempo para mataro t�edio da vida ou uma tentativa de aliviar uma ons i^en ia ulpada.Caridade verdadeira, ensinava, �e o resultado do amor a Deus - servi� o�a humanidade, om esp��rito de adora� ~ao.

4.10 Dis ��pulos Mon�asti osOs dis ��pulos que o Mestre treinou para a vida mon�asti a foram osseguintes:� Narendranath Dutta (Swami Vivekananda)� Rakhal Chandra Ghosh (Swami Brahmananda)� Gopal Sur (Swami Advaitananda)� Baburam Ghosh (Swami Premananda)� Taraknath Ghoshal (Swami Shivananda)� Jogindranath Choudhury (Swami Jogananda)� Sashibhushan Chakravarty (Swami Ramakrish-nananda)� Sarat handra Chakravarty (Swami Saradananda)� Latu (Swami Adbhutananda)� Nitya Niranjan Sen (Swami Niranjanananda)� Kaliprasad Chandra (Swami Abhedananda)

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98 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA� Harinath Chattopadhyaya (Swami Turiyananda)� Sarada Prasanna (Swami Trigunatitananda)� Gangadhar Ghatak (Swami Akhandananda)� Subodh Ghosh (Swami Subodhananda)� Hariprasanna Chatterji (Swami Vijnanananda)

4.10.1 LatuO primeiro desses jovens que hegou para o Mestre foi Latu. Nas idode pais des onhe idos em Belur, veio a Cal ut�a �a pro ura de trabalhoe foi empregado por Ram handra Dutta omo ajudante dos servi� osdom�esti os. Tomando onhe imento da santidade de Sri Ramakrishna,visitou o Mestre em Dakshineswar e � ou profundamente to ado porsua ordialidade. Quando estava de sa��da, o Mestre pediu-lhe quea eitasse algum dinheiro para voltar para asa de bar o ou de arru-agem, mas Latu de larou que tinha uns tro ados que fez tilintar emseu bolso. Sri Ramakrishna mais tarde pediu a Ram para permitir aLatu � ar om ele permanentemente. Sob a orienta� ~ao de Sri Rama-krishna, Latu fez grande progresso na medita� ~ao e foi aben� oado om^extases, mas todos os esfor� os do Mestre para lhe dar uma edu a� ~aorudimentar foram em v~ao. Latu era um amante do kirtan e outras an� ~oes devo ionais, mas permane eu iletrado toda sua vida.

4.10.2 RakhalMesmo antes da hegada de Rakhal a Dakshineswar, o Mestre ha-via tido vis~oes dele omo seu �lho espiritual e omo ompanheiro deKrishna em Vrindavan. Rakhal nas eu numa fam��lia ri a. Na inf^an ia4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 99apresentou maravilhosos tra� os espirituais e ostumava brin ar de ado-rar deuses e deusas. Na adoles ^en ia asou-se om uma irm~a de Mano-mohan Mitra, de quem ouviu falar do Mestre, pela primeira vez. Seupai fez obje� ~ao �a sua asso ia� ~ao om Sri Ramakrishna, mas depois� ou mais tranquilo ao saber que muitas pessoas importantes visita-vam Dakshineswar. O rela ionamento entre o Mestre e seu amadodis ��pulo era o de m~ae e �lho. Sri Ramakrishna permitia a Rakhalmuitas liberdades negadas aos outros, mas n~ao hesitava em astigarseu menino por suas a� ~oes erradas. Uma vez Rakhal sentiu um i�umeinfantil porque a hava que outros rapazes estavam re ebendo afei� ~aodo Mestre, mas logo superou esse sentimento e ompreendeu que seuguru era o Guru de todo o universo. O Mestre preo upou-se quandosoube de seu asamento, mas � ou aliviado ao saber que a esposa erauma alma espiritualizada e que n~ao seria entrave ao seu progresso.4.10.3 Gopal Mais VelhoGopal Sur de Sinthi veio para Dakshineswar j�a numa idade avan� adae por isso foi hamado Gopal Mais Velho. Havia perdido a esposae o Mestre onsolou-o na sua tristeza. Logo renun iou ao mundo ededi ou-se integralmente �a medita� ~ao e �a ora� ~ao. Alguns anos maistarde Gopal doou ao Mestre as roupas o res om as quais esse �ultimoini iou muitos dos seus dis ��pulos na vida mon�asti a.4.10.4 NarendraA �m de espalhar sua mensagem pelos quatro antos da terra, SriRamakrishna ne essitava de um forte instrumento. Com o orpo de-li ado e pernas fr�ageis, n~ao tinha ondi� ~ao de fazer viagens a grandesdist^an ias. Esse instrumento foi en ontrado em Narendranath Dutta,seu querido Naren, mais tarde onhe ido mundialmente omo SwamiVivekananda. Mesmo antes de en ontr�a-lo, o Mestre o havia visto

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104 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAse eram reais. Levou v�arios dias at�e que re obrasse seu eu normal.Havia tido o vislumbre das grandes experi^en ias ainda por o orrereme ompreendeu que as palavras da Vedanta eram verdadeiras.No ome� o de 1884 o pai de Narendra morreu subitamente de umataque de ora� ~ao, deixando a fam��lia na mais extrema mis�eria. Ha-via seis ou sete bo as para omer em asa. Credores batiam �a porta.Parentes que antes a eitavam a bondade ilimitada de seu pai, agoratornaram-se inimigos, alguns deles mesmo entraram na justi� a paratirar de Narendra a asa an estral. Agora faminto e des al� o, Na-rendra pro urou um emprego, mas sem su esso. Come� ou a duvidarse em algum lugar desse mundo havia uma tal oisa omo simpatiadesinteressada. Duas mulheres ri as �zeram-lhe propostas inde oro-sas, prometendo-lhe livr�a-lo de sua desgra� a, mas ele as rejeitou omdesprezo.Narendra ome� ou a falar de sua d�uvida sobre a verdadeira exist^en iade Deus. Seus amigos pensaram que ele havia se tornado ateu e im-piedosamente �zeram oment�arios aduzindo motivos es usos para suades ren� a. Mesmo alguns dis ��pulos do Mestre a reditaram em parte eNarendra disse-lhes diretamente que, somente um ovarde a reditariaem Deus por medo do sofrimento ou do inferno. Fi ou, por�em, amar-gurado ao pensar que Sri Ramakrishna tamb�em pudesse a reditar emtais rumores falsos. Seu orgulho revoltou-se. Disse para si mesmo: \Oque importa? Se o bom nome de um homem repousa em fundamentost~ao fra os, n~ao me importo." Mais tarde, por�em, veio a saber omadmira� ~ao, que o Mestre jamais perdera a f�e nele. A um dis ��puloque se queixou da degrada� ~ao de Narendra, Sri Ramakrishna respon-deu: \Cale-se, seu tolo! A M~ae disse-me que jamais poder�a ser assim.N~ao vou mais olhar para vo ^e, se ontinuar a falar dessa maneira."Chegou a hora em que o infort�unio de Narendra atingiu seu l��max.Tinha passado o dia todo sem omida. Como estava voltando para asa ao anoite er, mal podia levantar as pernas ansadas. Sentou-sedefronte a uma asa, exausto, t~ao fra o que nem podia pensar. A4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 101de Sri Ramakrishna antou algumas an� ~oes, despejando nelas todasua alma e o Mestre entrou em samadhi. Alguns minutos mais tarde,Sri Ramakrishna subitamente levantou-se, pegou Narendra pela m~aoe levou-o at�e a varanda om telas, de seu quarto, ao norte. Estavams�os. Dirigindo-se a Narendra de forma terna, omo se fossem amigosh�a muito tempo, o Mestre disse-lhe: \Ah! Vo ^e hegou muito tarde.Por que foi t~ao indeli ado omigo a �m de me fazer esperar todos essesdias? Meus ouvidos est~ao ansados de ouvir palavras f�uteis dos ho-mens do mundo. �O, omo venho ansiando despejar todo meu esp��ritono ora� ~ao de algu�em apaz de re eber minha mensagem!" Assim fa-lava, solu� ando o tempo todo. Ent~ao, de p�e defronte de Narendra, om as m~aos postas, dirigiu-se ao jovem omo Narayana, nas ido naterra a �m de remover a mis�eria da humanidade. Segurando a m~aode Narendra, pediu-lhe para voltar sozinho e brevemente. Narendraestava estarre ido, \O que �e isso que vim ver?" disse para si mesmo.\Ele deve estar ompletamente lou o. Qual a raz~ao disso, eu que sou�lho de Viswanath Dutta. Como ousa falar omigo dessa maneira?"Quando voltaram para o aposento e Narendra ouviu o Mestre fa-lando om os outros, � ou surpreendido em en ontrar em suas pa-lavras, uma l�ogi a interior, uma sin eridade admir�avel e uma prova onvin ente de sua espiritualidade. Em resposta �a pergunta de Na-rendra, \Senhor, j�a viu Deus?" O Mestre disse: \Sim, Vi-O e deforma mais tang��vel do que vejo vo ^e. Falei-Lhe de forma mais ��ntimado que aquela que estou falando om vo ^e." Continuando o Mestredisse: \Mas, meu �lho, quem quer ver Deus? As pessoas horam jar-ros de l�agrimas por dinheiro, esposa e �lhos, mas se horassem porDeus, somente por um dia, ertamente O veria." Narendra estava ex-tasiado. N~ao poderia duvidar dessas palavras. Era a primeira vez queouvia um homem dizer que havia visto Deus. Mas ele n~ao podia on- iliar essas palavras do Mestre, om a ena que o orrera na varandaapenas alguns minutos atr�as. Con luiu que Sri Ramakrishna era ummonoman��a o e voltou para asa ainda mais onfuso.

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102 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNADurante sua segunda visita, que o orreu um m^es mais tarde, subi-tamente, a um toque do Mestre, Narendra sentiu-se tomado e viu asparedes do quarto e tudo em volta rodando e desapare endo. \O queo senhor est�a fazendo omigo?" gritou aterrorizado. \Tenho pai e m~aeem asa." Vi seu pr�oprio ego e todo o mundo quase que tragado pelovazio sem nome. Com uma risada, o Mestre fa ilmente o fez voltar aoseu estado normal.Narendra pensou que estivesse sido hipnotizado, mas n~ao p^ode om-preender omo ummonoman��a o poderia ter lan� ado en antamento namente de uma pessoa forte omo ele. Voltou para asa ainda mais on-fuso do que nun a e resolveu que dali para frente, � aria em guarda ontra aquele estranho homem.Em sua ter eira visita Narendra n~ao se saiu melhor. Dessa vez,ao toque do Mestre, perdeu ompletamente a ons i^en ia. Enquantoainda estava naquele estado, Sri Ramakrishna perguntou-lhe a respeitode seus ante edentes espirituais e origem, sua miss~ao neste mundo e adura� ~ao de sua vida mortal. As respostas on�rmaram o que o Mestresabia e havia deduzido. Entre outras oisas veio a saber que Narendraera um s�abio que havia atingido a perfei� ~ao e que, no dia em que onhe esse sua verdadeira natureza, abandonaria o orpo atrav�es dayoga, por um ato de vontade.Uns pou os en ontros a mais removeram ompletamente da mentede Narendra os �ultimos tra� os de que Sri Ramakrishna pudesse serum monoman��a o ou um hipnotizador h�abil. Sua integridade, pureza,ren�un ia e aus^en ia de ego��smo eram inquestion�aveis, mas Narendran~ao podia a eitar um homem, um mortal imperfeito, omo seu guru.Como membro do Brahmo Samaj, n~ao podia a eitar que um inter-medi�ario humano fosse ne ess�ario entre o homem e Deus. Al�em domais, abertamente ria das vis~oes de Sri Ramakrishna, onsiderando-as alu ina� ~oes. No fundo do ora� ~ao, por�em, nutria um grande amorpelo Mestre.

4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 103Sri Ramakrishna estava grato �a M~ae Divina por lhe ter enviadoalgu�em que duvidava de suas realiza� ~oes. Muitas vezes pedia a Na-rendra para test�a-lo omo os ambistas testam suas moedas. Ele riada r��ti a mordaz de Narendra sobre suas experi^en ias espirituais esamadhi. Quando as palavras sar �asti as de Narendra magoavam-no,a Pr�opria M~ae Divina onsolava-o, dizendo: \Por que vo ^e d�a ouvi-dos a ele? Em pou os dias ele vai a reditar em ada uma das suaspalavras." Mal podia aguentar as aus^en ias de Narendra. Muitas ve-zes horou amargamente para v^e-lo. �As vezes Narendra a hava queo amor do Mestre era onstrangedor e um dia repreendeu-o aspera-mente, advertindo-o de que tal amor o levaria ao n��vel de seu objeto.O Mestre � ou amargurado e orou �a M~ae Divina. Disse a Narendra:\Seu patife, n~ao vou ouvi-lo nun a mais. A M~ae diz que o amo porquevejo Deus em vo ^e e que no dia em que eu n~ao vir Deus em vo ^e, n~aopoderei suportar sua presen� a."O Mestre queria transmitir para Narendra os ensinamentos da �lo-so�a da Vedanta n~ao-dualista. Narendra, por�em, devido �a sua edu a� ~aoBrahmo, a hava uma blasf^emia onsiderar um homem uno om seuCriador.Um dia no templo, rindo, disse a um amigo: \Que bobagem! Essesu o �e Deus! Essa x�� ara �e Deus! Tudo o que vejo �e Deus! E n�os,tamb�em, somos Deus! Nada pode ser mais absurdo." Sri Ramakrishnasaiu do aposento e gentilmente to ou-o. Fas inado, imediatamenteper ebeu que tudo no mundo era realmente Deus.Um novo universo abriu-se em sua volta. Voltando para asa numestado de torpor, a�� tamb�em viu que a omida, o prato, o que omia, aspessoas em sua volta, era tudo Deus. Quando andava pela rua, viu queas arruagens, os avalos, as pessoas, os edif�� ios eram todos Brahman.Mal p^ode exe utar suas obriga� ~oes do dia. Seus pais, preo upados om ele, julgaram-no doente. Quando a intensidade da experi^en iadiminuiu um pou o, viu o mundo omo um sonho. Andando na pra� ap�ubli a, batia om a abe� a ontra as grades de ferro a �m de onstatar

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108 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAv~ao, se vo ^e n~ao O realizar. Quando vai devotar a mente totalmentea Deus?" Niranjan estava surpreso om a grande ansiedade do Mestrepelo seu bem-estar espiritual. Era um jovem dotado de qualidadesespirituais fora do omum. Sentia desd^em pelos prazeres do mundo eera ompletamente puro omo uma rian� a. Tinha, por�em, um tempe-ramento violento. Um dia quando ia a Dakshineswar de bar o, algunspassageiros ome� aram a falar mal do Mestre. Como n~ao ligassempara seu protesto, Niranjan ome� ou a balan� ar o bote, amea� andoafund�a-lo na orrenteza. Isso fez alar os ofensores. Ao ontar aoMestre o in idente, este re riminou sua inabilidade em ontrolar araiva.4.10.8 JogindraJogindranath, ao ontr�ario, era gentil ao extremo. Um dia, sob ir- unst^an ias semelhantes �aquelas que provo aram a ira de Niranjan, ontrolou a raiva e � ou em paz, ao inv�es de amea� ar os ofensores deSri Ramakrishna. O Mestre, tomando onhe imento de sua onduta,re riminou-o profundamente. Assim a falta de um foi onsiderada vir-tude para o outro. O guru estava tentando desenvolver no primeiro,tranquilidade e no segundo, ^animo. O objetivo desse treino era ons-truir atrav�es de um re onhe imento t�ati o das ne essidades de ada aso, o ar�ater do devoto.Jogindranath vinha de uma fam��lia brahmin aristo r�ati a de Dakshi-neswar. Seu pai e parentes ompartilhavam da ren� a popular sobrea santidade de Sri Ramakrishna. Desde a mais tenra idade, o rapazdesenvolveu tend^en ias religiosas, gastando duas ou tr^es horas em me-dita� ~ao e seu en ontro om Sri Ramakrishna aprofundou seu desejode realizar Deus. Tinha um verdadeiro horror ao asamento, mas apedido insistente da m~ae, teve de eder e ent~ao, pensou que seu futuroespiritual havia � ado omprometido. Por onseguinte, manteve-seafastado do Mestre.

4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 105mente ome� ou a divagar. Subitamente o poder divino levantou o v�euque envolvia sua alma. Havia en ontrado a solu� ~ao para o problemada oexist^en ia da justi� a divina e mis�eria, a presen� a do sofrimentoda ria� ~ao de uma Provid^en ia Bem-aventurada. Sentiu o orpo rea-nimado, a alma banhada em paz e dormiu serenamente.Narendra ent~ao ompreendeu que tinha uma miss~ao espiritual a umprir. Resolveu renun iar ao mundo, omo seu av^o havia feito efoi ter om Sri Ramakrishna para re eber sua b^en� ~ao. Mas mesmoantes de falar, o Mestre j�a sabia o que ele tinha em mente e horouamargamente ao pensamento de separa� ~ao. \Sei que vo ^e n~ao podelevar uma vida mundana", disse ele, \mas por minha ausa, viva nomundo enquanto eu viver".Um dia, pou o tempo depois, Narendra pediu a Sri Ramakrishnaque orasse �a M~ae Divina para remover sua pobreza. Sri Ramakrishnamandou que ele pedisse pessoalmente �a Ela, uma vez que Ela erta-mente o atenderia. Narendra entrou no santu�ario de Kali. Assim que� ou de p�e diante da imagem, viu-A omo uma Deusa viva, prontapara lhe on eder sabedoria e libera� ~ao. In apaz de lhe pedir peque-nas oisas mundanas, apenas orou por onhe imento e ren�un ia, amore libera� ~ao. O Mestre ensurou-o por ter deixado de pedir �a M~ae Di-vina que removesse sua pobreza e enviou-o de volta ao templo, masNarendra novamente na presen� a da M~ae esque eu-se do motivo desua ida. Pela ter eira vez foi ao templo, a pedido do Mestre e portr^es vezes regressou, tendo esque ido na presen� a da M~ae, porque ha-via ido. Estava onjeturando a respeito, quando subitamente brilhouem sua mente que tudo era obra de Sri Ramakrishna; agora pediu aopr�oprio Mestre para remover sua pobreza e foi-lhe prometido que suafam��lia n~ao mais teria falta de omida e roupa simples.Essa foi uma experi^en ia ri a e mar ante para Narendra, que lheensinou que Shakti, o Poder Divino, n~ao pode ser ignorado no mundoe que no plano relativo a ne essidade de se adorar um Deus Pessoal�e imperativa. Sri Ramakrishna n~ao se ontinha de alegria por essa

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106 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA onvers~ao. No dia seguinte, quase se sentando no olo de Narendra,disse a um devoto, apontando primeiro para si mesmo e em seguida,para Narendra: \Vejo que sou este e tamb�em esse. De fato n~ao sintoqualquer diferen� a. Uma vara utuando no Ganges pare e dividir a�agua, mas na realidade, a �agua �e uma. Compreende? Bem, tudo �ea M~ae, n~ao �e?" Anos mais tarde, Narendra diria: \Sri Ramakrishnafoi a �uni a pessoa que onhe i que a reditou em mim integralmente,o tempo todo. At�e minha m~ae e meus irm~aos n~ao agiram assim. Foisua ren� a inabal�avel e seu amor por mim que me �zeram � ar ligadoa ele para sempre. S�o ele sabia amar. As pessoas do mundo somented~ao um espet�a ulo de amor om intuitos ego��stas."

4.10.5 TarakOutros que estavam destinados a se tornarem dis ��pulos mon�asti os,vieram para Dakshineswar. Taraknath Ghoshal havia sentido desde amenini e, o nobre desejo de realizar Deus. Keshab e o Brahmo Samajatra��ram-no, mas n~ao satis�zeram seus anseios. Em 1882 en ontroupela primeira vez o Mestre na asa de Ram handra e � ou impres-sionado ao ouvi-lo falar de samadhi, um assunto que sempre haviafas inado sua mente.Naquela tarde realmente viu uma manifesta� ~ao do estado de ons i-^en ia al�em dos sentidos do Mestre. Tarak tornou-se um visitanteass��duo de Dakshineswar e re ebeu a gra� a do Mestre om abund^an ia.O jovem rapaz muitas vezes sentiu fervor ext�ati o durante a medita� ~ao.Tamb�em horava profundamente enquanto meditava em Deus. Sri Ra-makrishna disse-lhe: \Deus d�a Sua gra� a �aqueles que podem horarpor Ele. L�agrimas derramadas por Deus apagam os pe ados das en- arna� ~oes anteriores."

4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 1074.10.6 BaburamBaburam Ghosh veio para Dakshineswar a ompanhado por Rakhal,seu olega de ol�egio. O Mestre, omo a onte ia muitas vezes, exa-minou a �sionomia do rapaz e � ou satisfeito om sua espiritualidadelatente.Com a idade de oito anos, Baburam pensou em levar uma vida deren�un ia, na ompanhia de um monge, numa abana isolada da uri-osidade p�ubli a por um espesso muro de �arvores. A simples vis~ao doPan havati despertou em seu ora� ~ao aquele sonho de menino. Ba-buram era terno de orpo e alma. O Mestre ostumava dizer que eleera puro at�e o fundo de seus ossos. Um dia Hazra, om seu ostu-meiro jeito maldoso, a onselhou Baburam e alguns outros jovens, apedir a Sri Ramakrishna alguns poderes espirituais e n~ao desperdi� arsuas vidas em simples brin adeiras. O Mestre pressentindo a mal�� ia, hamou Baburam �a parte e disse-lhe: \O que vo ^e pode me pedir?Tudo o que possuo j�a n~ao �e seu? Sim, tudo o que adquiri em formade realiza� ~ao �e para o bem de todos vo ^es. Deixe de lado, portanto, aid�eia de pedir, que afasta riando dist^an ia. Ao ontr�ario, realize suaa�nidade omigo e ganhe a have de todos os tesouros."

4.10.7 NiranjanNitya Niranjan Ghosh foi um dis ��pulo do tipo her�oi o. Chegou aoMestre quando tinha dezoito anos. Era um m�edium de um grupo deesp��ritas. Durante sua primeira visita o Mestre disse-lhe: \Meu �-lho, se vo ^e pensar o tempo todo em fantasmas, vo ^e se tornar�a umfantasma e se vo ^e pensar em Deus, se tornar�a Deus. Agora, dasduas atitudes, qual a que vo ^e prefere?" Niranjan ortou todas assuas rela� ~oes om os esp��ritas. Durante sua segunda visita o Mestreabra� ou-o e disse afetuosamente: \Niranjan, meu rapaz, os dias est~aose esvaindo. Quando vo ^e vai realizar Deus? Sua vida ter�a sido em

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112 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNA4.10.14 SubodhSubodh visitou o Mestre em 1885. J�a no primeiro en ontro, Sri Rama-krishna disse-lhe: \Vo ^e ser�a bem su edido. A M~ae diz isso. Aquelesque Elas nos envia, ertamente al an� ar~ao a espiritualidade." No se-gundo en ontro o Mestre es reveu algo na l��ngua de Subodh, to ou seu orpo desde o umbigo at�e a garganta e disse: \Desperta, M~ae! Des-perta!" Pediu ao rapaz para meditar. Imediatamente a espiritualidadelatente de Subodh foi despertada. Sentiu uma orrente per orrendo a oluna espinal at�e o �erebro. A alegria en heu sua alma.4.10.15 SaradaMais um jovem rapaz, de nome Sarada Prasanna, ompleta o pequenogrupo de dis ��pulos do Mestre que mais tarde abra� aram a vida demonge errante. A ex e� ~ao do velho Gopal, todos eram adoles entesou um pou o mais. Vinham de fam��lias bengalis de lasse m�edia e amaioria era estudante da es ola prim�aria e se und�aria.Seus pais e familiares haviam planejado para eles arreiras brilhan-tes no mundo. Vieram a Sri Ramakrishna om os orpos puros, mentesvigorosas e almas n~ao ontaminadas. Todos haviam nas ido om atri-butos espirituais fora do omum. Sri Ramakrishna a eitou-os �a pri-meira vista, omo seus �lhos, parentes, amigos e ompanheiros. Seutoque m�agi o f^e-los desabro har e mais tarde ada um, onforme suapossibilidade, re etiu a vida do Mestre, tornando-os portadores de suamensagem, por terra e mar.

4.11 DevotasCom as devotas, Sri Ramakrishna estabele eu um rela ionamento muitoterno. Ele pr�oprio personi� ava os tra� os suaves de uma mulher; es-4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 109Sri Ramakrishna utilizou um estratagema para trazer Jogindra devolta para ele. Assim que o dis ��pulo entrou no quarto, o Mestrepre ipitou-se ao en ontro do jovem. Segurando a m~ao do dis ��pulo,disse: \O que tem que vo ^e se asou? N~ao sou eu tamb�em, asado?De que ter medo?" Mostrando seu peito: \Se esse (referindo-se a sipr�oprio) est�a de a ordo, ent~ao mesmo em mil asamentos n~ao podemlhe fazer mal. Se desejar levar uma vida de hefe de fam��lia, tragasua esposa um dia aqui e farei om que ela se torne uma verdadeira ompanheira no seu progresso espiritual. Mas se quiser levar uma vidamon�asti a, ent~ao tirarei seu apego ao mundo." Jogin � ou emude ido om essas palavras. Re ebeu nova for� a e seu esp��rito de ren�un ia foirestabele ido.

4.10.9 Sashi e SaratSashi e Sarat eram dois primos que vinham de uma piedosa fam��liade Cal ut�a. Desde tenra idade haviam se juntado ao Brahmo Samaje tinham estado sob a in u^en ia de Keshab Sen. O Mestre lhes haviadito no primeiro en ontro: \Se os tijolos e azulejos forem queimadosdepois que a mar a de f�abri a tiver sido estampada, a mar a � ar�a alipara sempre. De maneira semelhante o homem deve estar mar adopor Deus antes de entrar no mundo. Ent~ao ele n~ao se apegar�a aomundanismo." Como estivesse ompletamente ons iente do urso desuas vidas, pediu-lhes para n~ao se asarem. O Mestre perguntou aSashi se ele a reditava em Deus om forma ou em Deus sem forma.Sashi respondeu que nem mesmo tinha erteza da exist^en ia de Deus;assim n~ao poderia falar nem de uma oisa nem de outra. Essa respostafran a agradou muito ao Mestre.A alma de Sarat ansiava pela realiza� ~ao ompleta de Deus. Quandoo Mestre lhe perguntou se havia uma forma parti ular de Deus queele desejasse ver, o rapaz disse que gostaria de ver Deus em todos osseres vivos do mundo, \Mas", o Mestre objetou, \essa �e a �ultima pa-

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110 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAlavra em realiza� ~ao. N~ao pode t^e-la logo no ome� o". Sarat ponderou almamente, \N~ao � arei satisfeito om nada inferior a este estado.Caminharei ao longo de todo o aminho at�e que atinja esse estadoaben� oado." Sri Ramakrishna � ou muito satisfeito.

4.10.10 HarinathHarinath tinha levado a vida austera de um brahma hari desde atenra juventude - banhando-se no Ganges todos os dias, ozinhando apr�opria omida, andando antes do sol nas er e re itando o Gita de orantes de se levantar. En ontrou no Mestre a en arna� ~ao das verdadesda Vedanta. Aspirando ser um seguidor do as eta Shankara, alimen-tava um grande �odio pelas mulheres. Um dia disse ao Mestre que n~aopermitia que nem mesmo meninas pequenas se aproximassem dele. OMestre o repreendeu e disse: \Vo ^e est�a falando omo um tolo. Porque odeia as mulheres? Elas s~ao as manifesta� ~oes da M~ae Divina.Olhe-as omo sua pr�opria m~ae e assim, jamais sentir�a sua in u^en iam�a. Quanto mais vo ^e as odiar, mais air�a nas suas armadilhas." Harimais tarde disse que essas palavras mudaram radi almente sua atitudeem rela� ~ao �as mulheres.O Mestre onhe ia a paix~ao de Hari pela Vedanta, mas n~ao queriaque nenhum de seus dis ��pulos se tornasse um as eta se o ou um merotra� a de livro. Pediu a Hari para prati ar a Vedanta na vida di�aria,renun iando ao irreal e seguindo o Real. \Mas n~ao �e f�a il", disseSri Ramakrishna, \realizar o ar�ater ilus�orio do mundo. Apenas oestudo n~ao adianta muito. �E ne ess�aria a gra� a de Deus. Mero esfor� opessoal �e f�util. A�nal de ontas, o homem �e uma pequena riatura,de poderes muito limitados, mas ele pode atingir o imposs��vel se orara Deus pedindo Sua gra� a". O Mestre ent~ao entoou uma an� ~ao emlouvor �a gra� a. Hari � ou muito omovido, om l�agrimas nos olhos.Mais tarde Hari onseguiu atingir uma s��ntese maravilhosa dos ideaisdo Deus Pessoal e da Verdade Impessoal.

4.10. DISC�IPULOS MON�ASTICOS 1114.10.11 GangadharGangadhar, amigo de Harinath, tamb�em levou uma vida estrita debrahma harya, alimentando-se de omida vegetariana, feita por suaspr�oprias m~aos e dedi ando-se ao estudo das es rituras. En ontrou oMestre em 1884 e logo tornou-se membro de seu ��r ulo��ntimo. O Mes-tre elogiava seus h�abitos as etas e atribu��a-os a dis iplinas espirituaisem vidas passadas. Gangadhar tornou-se um ompanheiro ��ntimo deNarendra.4.10.12 HariprasannaHariprasanna, um estudante se und�ario, visitou o Mestre na om-panhia de seus amigos Sashi e Sarat. Sri Ramakrishna on edeu-lhe grande privil�egio, ini iando-o na vida espiritual. Enquanto viveu,Hariprasanna lembrou-se e onservou o onselho dr�asti o do Mestre:\Mesmo se uma mulher for pura omo ouro e rolar no h~ao por amora Deus, �e sempre perigoso para um monge, olhar para ela."4.10.13 KaliKaliprasad visitou o Mestre no �nal de 1883 dado �a pr�ati a da me-dita� ~ao e do estudo das es rituras. Kali era parti ularmente interes-sado em yoga. Sentindo a ne essidade de um guru na vida espiritual,veio ao Mestre e foi a eito omo dis ��pulo. O jovem possu��a umamentalidade ra ional e muitas vezes sentia-se �epti o a respeito doDeus Pessoal. O Mestre lhe disse: \Suas d�uvidas logo desapare er~ao.Outros tamb�em passaram por esse estado mental. Olhe para Naren.Agora hora ao ouvir o nome de Radha e Krishna." Kali ome� oua ter vis~oes de deuses e deusas. Logo elas desapare eram e, em me-dita� ~ao, ome� ou a experimentar a vastid~ao in�nita e outros atributosdo Brahman Impessoal.

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4.11. DEVOTAS 113tava estabele ido no mais elevado plano da Verdade, onde n~ao h�a omenor tra� o de sexo e sua pureza inata despertava apenas a emo� ~aomais nobre, igualmente nos homens e nas mulheres. Suas devotasmuitas vezes disseram: \Raramente olh�avamos Sri Ramakrishna omoperten ente ao sexo mas ulino. N�os o onsider�avamos omo uma den�os. Jamais nos sent��amos onstrangidas em sua presen� a. Era onosso melhor on�dente." Elas amavam-no omo seu �lho, seu amigoe seu mestre. Na dis iplina espiritual a onselhava-as a renun iar �alux�uria e �a gan^an ia e espe ialmente prevenia-as ontra as artimanhasdos homens.4.11.1 Gopal MaNenhuma devota do Mestre igualou-se em riqueza de devo� ~ao e ex-peri^en ias espirituais �a Aghoremani Devi, uma brahmin ortodoxa.Tendo � ado vi�uva em tenra idade, dedi ou-se totalmente �as ativi-dades espirituais.Gopala, o Menino Krishna, era seu Ideal Es olhido, a quem ado-rava segundo a atitude vatsalya da religi~ao vaishnava, olhando-O omoseu pr�oprio �lho. Atrav�es d'Ele realizou o amor maternal, ozinhandopara Ele, alimentando-O, banhando-O e olo ando-O para dormir.Essa do e intimidade valeu-lhe o apelido de Gopala Ma ou M~ae deGopala. Durante quarenta anos viveu �as margens do Ganges, num ^omodo pequeno e desnudo, tendo omo ompanheiros somente umavelha �opia do Ramayana e um saquinho ontendo seu ros�ario. Com aidade de sessenta anos, em 1884, visitou Sri Ramakrishna em Dakshi-neswar. Na segunda visita, assim que o Mestre a viu, disse: \�O vo ^eveio! D^e-me alguma oisa para omer." Hesitando, deu-lhe algunsdo es que havia omprado para ele no aminho. O Mestre omeu-os om satisfa� ~ao e pediu-lhe que trouxesse \ urries" simples ou do espreparados por ela mesma. Gopal Ma a hou-o um monge estranhoporque, ao inv�es de lhe falar de Deus, sempre lhe pedia omida. N~ao

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114 CAP�ITULO 4. DEVOTOS DE RAMAKRISHNAqueria visit�a-lo de novo, mas uma for� a irresist��vel trouxe-a ao templo.Trouxe alguns \ urries" que ela mesmo havia ozinhado.Um ano mais tarde, bem edo, �as tr^es horas, Gopal Ma estava pres-tes a terminar suas devo� ~oes di�arias, quando viu, estarre ida, Sri Ra-makrishna, sentado �a sua esquerda, om a m~ao direita fe hada, omo aimagem de Gopala. Fi ou maravilhada e segurou a m~ao, quando ent~aoa imagem desapare eu e em seu lugar, hegou o verdadeiro Gopala,seu Ideal Es olhido. Gritou de alegria. Gopala pediu-lhe manteiga.Ela des ulpou-se por sua pobreza e deu-Lhe alguns do es se os de o o. Gopala sentou-se em seu olo, tirou seu ros�ario, pulou em seusombros e andou por todo o quarto. Ao raiar o dia, apressou-se a ir aDakshineswar, omo uma lou a.Naturalmente Gopala foi om ela, des ansando Sua abe� a em seuombro. Ela via laramente Seus rosados p�es dependurados em seupeito. Entrou no aposento de Sri Ramakrishna. O Mestre haviaentrado em samadhi. Como uma rian� a, sentou-se em seu olo e ome� ou a aliment�a-lo om manteiga, reme e outras guloseimas.Depois de um erto tempo, ele re obrou a ons i^en ia e voltou paraa ama. A mente da M~ae de Gopala, ontudo, ainda estava vagandoem outro plano. Estava imersa em feli idade. Via Gopala entrandoin essantemente no orpo do Mestre e novamente saindo dele. Aovoltar para sua abana, ainda em estado de deslumbramento, Gopalaa ompanhou-a.Ela passou dois meses em omunh~ao ininterrupta om Deus e oMenino Gopala jamais a abandonou nem por um momento. Ent~ao aintensidade de sua vis~ao foi diminuindo; se assim n~ao tivesse o orrido,seu orpo n~ao teria resistido. O Mestre falou de forma muito elevadaa respeito de sua ondi� ~ao exaltada e disse que tal vis~ao de Deus erauma oisa rara para mortais omuns. O Mestre, que era brin alh~ao, onfrontou o r��ti o Narendranath om aquela mulher de mentalidadesimples. Duas pessoas n~ao poderiam apresentar um ontraste t~ao4.11. DEVOTAS 115grande. O Mestre onhe ia o desprezo arrogante de Narendra por to-das as vis~oes e pediu �a velha senhora para ontar a Narendra, suasexperi^en ias. Hesitante, ontou-lhe sua hist�oria. De vez em quandointerrompia sua onversa maternal para perguntar a Narendra: \Meu�lho sou uma pobre mulher ignorante. Nada sei. Vo ^e �e t~ao instru��do.Agora, diga-me se essas vis~oes de Gopala s~ao verdadeiras." �A me-dida que Narendra ouvia a hist�oria, � ava profundamente omovido.Disse: \Sim, M~ae, s~ao verdadeiras." Por tr�as de seu inismo, Narendratamb�em possu��a um ora� ~ao heio de ternura e amor.