20052013 ana carolina

16
1 Lúpus Eritematoso: Principais Sintomas, Diagnósticos e Terapêutica Autor: Ana Carolina Queiroz Lopes - Unidade de Terapia Intensiva Adulto Orientador: Dr. Renato Giuseppe Giovanni Terzi Terzius: Rua: Conceição, 233 - 8ª andar, sala 810. CEP: 13010-916 - Campinas - SP Fone/Fax: (19) 3231-8232 Fone: (19) 3233-2969 e-mail: [email protected] . Campinas, SP 2013

Transcript of 20052013 ana carolina

Page 1: 20052013 ana carolina

1

Lúpus Eritematoso: Principais Sintomas, Diagnósticos e Terapêutica

Autor:

Ana Carolina Queiroz Lopes - Unidade de Terapia Intensiva Adulto

Orientador:

Dr. Renato Giuseppe Giovanni Terzi

Terzius: Rua: Conceição, 233 - 8ª andar, sala 810. CEP: 13010-916 - Campinas - SP Fone/Fax: (19) 3231-8232 Fone: (19) 3233-2969 e-mail: [email protected].

Campinas, SP

2013

Page 2: 20052013 ana carolina

2

RESUMO

O lúpus eritematoso é uma doença auto-imune, que pode afetar vários órgãos, o sistema imunológico ataca as próprias células do tecido do corpo resultando em uma inflamação e danos aos tecidos com maior freqüência a pele, mas podendo afetar também o coração, articulação, pulmão, vasos sanguíneos, fígado, rins e o sistema nervoso central. O tratamento consiste na farmacoterapia além de medidas de suporte, o medicamento terapêutico utilizados abrange classes farmacológicas como antiinflamatórios não esteroidais, imunossupressores e glicocorticóides, sendo estes os mais empregados. O tratamento adequado melhora a situação clínica por diminuir a disfunção orgânica causada, porém pode desencadear reações adversas significativas que devem ser avaliadas criteriosamente. O objetivo deste estudo é descrever os principais sintomas, meio de diagnostico e tratamento do lúpus eritematoso. Neste estudo podemos concluir que o lúpus eritematoso é uma doença na qual ainda são necessários muito mais estudos para ser completamente entendida. Embora já se conheça muito sobre os aspectos epidemiológico e do diagnostico, há que se entender melhor esta patologia para uma melhor atuação e prevenção e um diagnostico mais precoce. Palavras Chaves: Diagnóstico, Lúpus eritematoso sistêmico e Terapêutica.

SUMMARY

Systemic lupus erythematosus is an autoimmune disease that can affect various organs, the immune system attacks its own tissue cells of the body resulting in inflammation and tissue damage more frequently the skin, but can also affect the heart, joint, lung, blood vessels, liver, kidney and central nervous system. Treatment consists of pharmacotherapy plus supportive measures, the product covers therapeutic drug classes used as NSAIDs, immunosuppressants and glucocorticoids, which are the most used. Proper treatment improves the clinical situation by decreasing organ dysfunction caused, but can trigger significant adverse reactions that must be carefully evaluated. The objective of this study is to describe the main symptoms, through diagnosis and treatment of lupus erythematosus. In this study we can conclude that lupus erythematosus is a disease in which further studies are needed to be more fully understood. While much is already known about the epidemiological aspects and diagnosis, it is necessary to better understand this disease for better performance and prevention and early diagnosis.

Key Words: Diagnosis, Systemic Lupus Erythematosus and Therapy

1. INTRODUÇÃO

Todos os seres humanos apresentam um sistema imunológico ativo,

fazendo com que o corpo monte uma resposta eficaz contra qualquer antígeno, eliminando

elementos estranhos, mas, no entanto, o sistema imune falha em reconhecer o próprio

organismo provocando as chamadas doenças auto-imunes (VIANNA, SIMÕES E

INFORZATO, 2010).

Page 3: 20052013 ana carolina

3

A principal função do sistema imunológico é atuar na defesa do organismo

contra agentes infecciosos, mas, mesmo substâncias não infecciosas são atacadas, para

isto, basta o organismo reconhecê-la como substância estranha (OLIVEIRA 2011). Dentre

as doenças auto-imunes inflamatórias sistêmicas estão incluídas a artrite reumatóide, o

lúpus eritematoso sistêmico, a dermatomiosite, a polimiosite, a esclerose sistêmica, as

vasculites e a síndrome de Sjögren (GALINDO E VEIGA, 2010).

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune de etiologia

desconhecida podendo afetar diversos órgãos e sistemas: a pele, as articulações, os rins

dentre outros. Há um descontrole do sistema imunológico que se dá através de vários

fatores: genéticos, ambientais e hormonais (NALDI ET. AL, 2012).

Genéticos: há evidência que o alelo associado á molécula do Complexo

Principal de Histocompatibilidade tenha papel no desenvolvimento da doença. Ambientais:

Luz solar, radiação ultravioleta, agentes químicos, inseticidas, herbicidas, conservantes,

tintas, tabacos e medicamentos. Hormonais: hormônios femininos (estrógenos e prolactina)

e masculinos (testosterona) participam da patogênese da doença. O peso de cada um

desses fatores vai se diferenciar de paciente para paciente (VARGAS E ROMANO, 2009).

De acordo com Meinão e Sato (2008), a maior incidência do lúpus se dá

entre as mulheres, no entanto, nenhuma faixa etária está isenta do acometimento, que pode

iniciar tanto na infância quanto em idade mais avançada. Estudo demonstra que a maior

incidência acomete, preferencialmente, mulheres na idade reprodutiva entre os 15 e 45

anos.

O lúpus se classifica em três tipos: discóide, sistêmico e induzido.

Lúpus discóide: está relacionado e limitado a inflamações cutâneas na

pele face, nuca e no couro cabeludo, e pessoas diagnosticadas com o lúpus discóide podem

evoluir para o Lúpus sistêmico. Lúpus sistêmico: de etiologia mais grave que o anterior,

podendo afetar todos os órgãos ou sistemas de forma geral; tem predominância em lesões

na pele e articulações, afetando rins, pulmões e sangue; é um fenômeno fisiológico, em que

há reações de anticorpos com auto-antígenos em indivíduo sadio. Lúpus induzido,

conseqüentemente o uso ou manipulação de alguns produtos químicos, medicamentos ou

condições ambientais pode ser um precipitador da doença. Estudo demonstra que o próprio

medicamento para tratamento do lúpus pode levar ao estado do lúpus induzido, por isso é

preciso ter a certeza do diagnóstico antes de iniciar o tratamento (NALDI ET. AL, 2012).

Segundo Vargas e Romano (2009) são evidenciadas muitas lesões não

específícas que, também, são manifestações do lúpus eritematoso, mas que não mostram

histologia diagnóstica para a mesma. É uma moléstia com variado aspecto de apresentação

Page 4: 20052013 ana carolina

4

clínica, que evolui cronicamente, com fases de exacerbações e períodos de remissões. O

objetivo deste estudo é descrever os principais sintomas, meio de diagnóstico e tratamento

do lúpus eritematoso.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo exploratório descritivo através de levantamento

bibliográfico. A busca abrangeu artigos publicados à partir da base de dados da área da

saúde BIREME e SCIELO, utilizando os seguintes descritores: Lúpus eritematoso sistêmico,

Diagnóstico e Terapêutica. Para o aprofundamento teórico, buscou-se o embasamento em

fontes complementares como livros técnicos, revistas e site na internet.

3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Para Souza, Silva e Partata (2011), as manifestações clínica que o paciente

pode apresentar são variáveis, ou seja, vai depender do tipo de anticorpo presente nos

órgãos e células atingidas, também da capacidade do organismo corrigir estes defeitos,

sendo as mais freqüentes as lesões na pele, articulares, inflamações das membranas, dos

rins, pulmonares, alterações neuro-psiquiátricas. no sangue, vascular, nos linfonodos,

sistema digestório e ocular.

Lesões cutâneas: Ocorrem em cerca de 80% dos casos, no decorrer da

evolução da doença, sendo as manchas avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz

conhecida popularmente como lesão em asa de borboleta, áreas expostas à luz podem

deixar cicatrizes, pode ocorrer vasculite, fotossensibilidade e queda do cabelo (SATO ET.

AL, 2002)

Dentre os vários tipos de manifestações as cutâneas são as mais comuns,

dividem-se em específicas e inespecíficas conforme sua característica clinica e histológica.

As especificas são classificadas como: lesão aguda, subaguda e crônica, já a lesão

inespecíficas são encontradas também em outras doenças (VIANNA, 2010).

Aguda: surgem na atividade sistêmica da doença, é observada uma

associação de lesões, sendo a mais comum o eritema muscular.

Subaguda: Apresenta descamação, sendo elas lesões de placas

eritematosas descamativas.

Page 5: 20052013 ana carolina

5

Crônica: apresenta como quadro, lesões discóides principalmente na face,

couro cabeludo, orelhas e mãos sendo a mais conhecida a lesão de asa de borboleta

(VIANNA 2010).

Articulares: Manifestação da dor, podendo apresentar inchaço em

articulações, principalmente as das mãos, joelhos e pés, tendendo a ser bastante dolorosa,

com período de melhora e piora em cerca de 90% dos pacientes. (SATO ET. AL, 2002).

Alterações neuro-psiquiátricas: são menos freqüentes, podendo causar

convulsões, psicose, alterações de humor ou comportamento, depressão e alterações dos

nervos periféricos e da medula espinhal, o envolvimento do sistema nervoso periférico

ocorre em torno de 18% e pode se manifestar com mononeurites simples ou múltiplas

(MEINÃO E SATO, 2008).

Hematológicas: as alterações nas células do sangue são devidas aos

anticorpos agirem contra estas células, causando sua destruição e provocando sintomas

variáveis anemia, plaquetopenia, palidez da pele e mucosa, cansaço, aumento do

sangramento menstrual, hematomas e sangramento gengival (VARGAS E ROMANO, 2010).

Vasculares: vasculite é relatada em 20% a 40% dos casos e ocorre na fase

ativa da doença, geralmente compromete artérias de pequeno calibre, principalmente

mucosa nasal, oral, mãos e pés (VARGAS E ROMANO 2010).

Digestivas: Podem ocorrer náusea, vômito, diarréia e dor abdominal

(CRUZ, 2010).

Oculares: Conjuntivite não específica, vasculite retinal, neurite óptica

são manifestações graves, podendo ocorrer cegueira em questão de dias ou semanas

(CRUZ, 2010).

Linfonodos: O aumento dos linfonodos podem ser observados em

cerca de 40% dos pacientes, geralmente o aumento é discreto, indolor e não aderente,

ocorrendo em região cervical e axilar.

Inflamações renais: Uma das mais comuns que exige tratamento de

urgência e a glomerulonefrite proliferativa difusa sendo uma das mais preocupantes ocorre

em cerca de 50% dos pacientes, no início pode ser assintomática, podendo apresentar

alterações em exame de sangue e urina, Na forma mais grave apresenta hipertensão

arterial, edema em membros inferiores, urina espumosa e diminuição da quantidade de

urina, se não tratada rapidamente o rim perde a sua função (insuficiência renal) e o paciente

pode necessitar de diálise ou transplante renal (SATO ET. AL, 2002).

De acordo com Magalhães, Donadi e Louzada Junior (2003), a

apresentação da nefrite lúpica, na urgência, é a síndrome nefrótica pura, na maioria das

Page 6: 20052013 ana carolina

6

vezes, ocorrendo em pacientes com glomerulonefrite membranosa; todos os pacientes

lúpicos, que apresentem manifestações sugestivas de nefrite devem ser submetidos à

biópsia renal, isto se não houver contra-indicação.

Pulmonares ocorre inflamações nas membranas que recobrem os pulmões

(pleurite) com ou sem derrame pleural, podendo ser leve e assintomática; estas estruturas

podem ser atingidas de forma independente ou simultânea, As manifestações mais graves

são a inflamação intersticial, que leva a fibrose, e hemorragia intra-alveolar (CRUZ, 2010).

Existem duas formas de apresentação da manifestação pulmonar, forma

aguda causada pela pneumonite que se assemelha a uma pneumonia apresentando os

mesmos sintomas: dispnéia, tosse, febre, hemoptise e pleurisia; e a forma crônica, doença

pulmonar intersticial crônica caracteriza-se por dispnéia progressiva, tosse seca, estertores

pulmonares, basais em velcro e infiltrado pulmonar intersticial (MEINÃO E SOUTO, 2008).

Cardíacas: O paciente lúpico atendido na Unidade de Terapia Intensiva ou

Unidade de Emergência pode manifestar quadro de pericardite ou mesmo com

tamponamento cardíaco, os sinais podem variar entre dor torácica, atrito pericárdico,

abafamento de bulhas, pulso paradoxal e estase jugular, sendo os três últimos a evidência

de tamponamento cardíaco em evolução (MAGALHÃES, DONADI E LOUZADA JUNIOR,

2003).

Segundo Oliveira (2011), pode ocorrer outras manifestações, endocardite

asséptica em associação a anticorpos antifosfolipides, raramente apresenta endocardite

verrucosa de Libman-Sacks e miocardite. A coronaríte é uma manifestação muito rara,

sendo a aterosclerose a causa mais freqüente do comprometimento coronário que está

relacionado a atividade inflamatória.

O exame radiológico do tórax mostra a área cardíaca aumentada e o

ecocardiograma mostra o espessamento pericárdio, derrame pericárdico, com ou sem sinais

de tamponamento (MAGALHÃES, DONADI E LOUZADA JUNIOR, 2003).

De acordo com Freiri, Souto e Ciconelli (2011), estudos demonstram que a

prevalência da doença vem aumentando, uma vez que a mortalidade vem diminuindo,

devido ao avanço da medicina e novas opções terapêuticas, estima que a taxa de sobrevida

dos paciente é de 97% a 80%; uma outra preocupação com a doença é na prevenção

contra o surgimento de danos causados pelos efeitos colaterais dos fármacos utilizados.

Entre as causas de mortalidade ( em pacientes que sobrevivem por mais de

dez anos com a doença ) não estão relacionadas diretamente com a doença mas com os

danos crônicos causados por ela (FREIRI, SOUTO E CICONELLI, 2011).

Page 7: 20052013 ana carolina

7

4. SINTOMAS

De acordo com Rodrigues (2009), os sinais e sintomas são muito variados,

podendo ocorrer em qualquer fase da doença, caracterizado por comprometimento do

estado geral, compreendendo sintomas constitucionais, manifestações músculo-

esqueléticas e manifestações cutâneas; dentre os sintomas o autor cita: dores em

articulações, febre alta, tendinite, artrite, fadiga extrema ou prolongada, mal estar, falta de

apetite, emagrecimento, inflamações cutâneas, anemia, dor no tórax ao inspirar

profundamente, causada pela pleurite, erupções no nariz,e no malar, queda de cabelos,

convulsões, irritabilidade, enxaqueca, depressão, choro facial, psicose, miosite, ulcerações

no nariz, eritema e ceratose na mucosa bucal, sendo este sintoma o mais importante para o

diagnóstico definitivo do lúpus.

Segundo Santoantonio, Yazigi e Sato (2004) dentre as queixas que o

paciente diagnosticado com a doença pode manifestar temos: a depressão e a ansiedade

são as queixas mais freqüentes, estando presentes em até 78% dos casos. Isto

porque a convivência com uma doença crônica e imprevisível pode causar

problemas adaptativos importantes associados ao estresse emocional, tais como:

irritabilidade, fadiga, instabilidade emocional, insônia, alteração na concentração e

memória, problemas relacionados ao apetite, baixa auto-estima, insegurança,

distúrbios na imagem corporal, ideação suicida, diminuição do interesse no ambiente

e limitações nas atividades sociais (devido aos cuidados que a enfermidade impõe).

5. DIAGNÓSTICO

De acordo com Souza Silva e Partata (2011), O diagnóstico do lúpus

eritematoso sistêmico é muito complexo, uma vez que, sinais e sintomas clínicos são

extremamente variados e podem imitar outros tipos de doenças, como artrite reumatóide ou

outros distúrbios autoimunes sistêmicos.

Para Santo et. al (2002), o diagnóstico definitivo de lúpus eritematoso

sistêmico está baseado no exame clínico, histopatológico e sorológico. American College of

Reumatology cita onze critérios no estabelecimento do diagnóstico, precisando o paciente

apresentar pelo menos quatro deles para ser doente lúpico; são eles:

Page 8: 20052013 ana carolina

8

1. Eritema malar: lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em

relevo, tendendo a poupar sulco nasolabial. 2. Lúpus discóide: lesões eritematosas

infiltradas, com escamas queratóticas aderidas e tampões foliculares, que evolui com

cicatriz atrófica e discromia, podendo aparecer em lesões antigas. 3. Fotossensibilidade:

eritema cutâneo, às vezes máculo-papular, como resultado de uma exposição solar. 4.

Úlceras orais: ulceração oral ou nasofaringeana, indolor, observada pelo médico durante

seu exame físico. 5. Artrite: artrite não erosiva, envolvendo duas ou mais articulações

periféricas. 6. Serosite: pleurite ou pericardite documentada por exames radiológicos. 7.

Comprometimento renal: proteinúria maior que 0,5g/24 h, presente em três amostras, e/ou

alterações no sedimento urinário (hematúria, cilindros granulosos). 8. Distúrbio

neurológico: convulsões e psicose (descartando distúrbios metabólicos, infecção ou uso de

medicações). 9. Alterações hematológicas: anemia hemolítica, auto-imune, com

reticulocitose, leucopenia ou trombocitopenia. 10. Alterações imunológicas: presença de

anticorpos, como anticardiolipina, ou de anticorpos contra DNA nativo, ou de anticorpos

contra antígeno nuclear. 11. Fator anti-nuclear: títulos anormais de anticorpo anti-nuclear,

por imunofluorescência ou teste equivalente, na ausência de utilização de drogas indutoras

do lúpus eritematoso sistêmico. (VARGAS E ROMANO, 2009).

De acordo com Duarte (2001), após a realização do exame clinico e

suspeitando do diagnóstico, o mesmo deverá ser confirmado pelo exame

anatomopatológico, que é muito especifico para lesão de lúpus eritematoso. As alterações

histológicas mais observadas são: hiperqueratose com presença de rolhas córneas;

foliculares; epiderme com acantose irregular e com atrofia; suprapapilar; degeneração

hidrópica da zona da membrana basal (que é um achado obrigatório, assim como a

presença de infiltrado inflamatório linfo-histiocitário perivascular e perianexial, superficial e

profundo); a degeneração basofílica do colágeno é observada, principalmente, em lesões de

áreas expostas.

Segundo Souza Silva e Partata (2011), após confirmação do diagnóstico de

lúpus eritematoso, é necessário avaliar o potencial acometimento sistêmico da doença, e,

para isso, o exame inicial é a pesquisa de anticorpos anti-nucleares, a investigação

complementar dessas patologias é mais abrangente, uma vez que são condições que

afetam múltiplos tecidos, exigindo a avaliação de diversos parâmetros bioquímicos,

hematológicos e imagenológicos. Entre as ferramentas disponíveis para realizar o

diagnóstico o autor cita: prova de atividade inflamatória, exames hematológicos, realização

de culturas de fluídos corpóreos, radiografia, ressonância nuclear magnética.

Page 9: 20052013 ana carolina

9

6. TERAPÊUTICA

De acordo com Magalhães, Dolnaldi e Louzada Junior (2003), recomenda-

se que, sempre que possível, solicitar a avaliação de um especialista (imunologista e/ou

reumatologista) antes de iniciar o tratamento; o quadro clínico, exames laboratoriais e

radiológicos devem ser minuciosamente avaliados devido à complexidade da doença.

Para alcançar o sucesso no tratamento medicamentoso, o paciente deve

receber cuidados individualizados, o comprometimento de muitos sistemas leva a uma maior

gravidade da doença e é comum fazer uso concomitante de diversos medicamentos.

Paciente com nefrite e lesões cutâneas pode necessitar de corticóide e imunossupressor,

utilizado para o tratamento da nefrite e em associação à talidomida, no tratamento das

lesões cutâneas (SATO ET. AL, 2004).

O tratamento visa restabelecer a homeostase imunológica controlando o

sistema e preservando órgãos, evitando também os efeitos colaterais do tratamento

prolongado da doença, independentemente do órgão ou do sistema afetado, o uso contínuo

de antimaláricos, preferencialmente do sulfato de hidroxicloroquina, é indicado com a

finalidade de reduzir a atividade da doença e tentar poupar o uso de corticóide, além dos

antimaláricos, os glicocorticóides são os fármacos mais utilizados no tratamento e as suas

doses diárias variam de acordo com a gravidade de cada caso (BORBA ET. AL 2008).

O tratamento não se restringe apenas aos antimaláricos e corticosteróides,

a utilização dos imunossupressores: azatioprina, ciclosporina e pulsoterapia com

ciclofosfamida contribuem para redução de novos surtos. Um outro fator, muito importante

no tratamento, é a mudança dos hábitos de vida, informar o paciente e os familiares o que é

a doença, sua evolução, transmitir ao paciente otimismo e motivação para o tratamento, o

repouso nos períodos de atividade sistêmica da doença, o uso de guarda-sol, bonés e

protetor solar contra a luz solar e evitar o tabagismo, são orientações que fundamental

relevância no tratamento da doença. Com os progressos no tratamento tem ocorrido

redução das lesões e aumentando consideravelmente a sobrevida do paciente (RIBEIRO,

2008).

Page 10: 20052013 ana carolina

10

7. ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO HORMONAL

Os anti-inflamatórios não hormonais são classificados como medicamentos

de primeira linha, utilizados na terapêutica de sintomas músculo-esqueléticos e serosites

leves, têm fundamental importância na redução de prostaglandinas pela inibição das

cicloxigenases, os anti-inflamatórios não hormonais são utilizados nas exarcerbações leves,

associados aos antimaláricos ou corticosteróides em baixa dose. O uso prolongado do

medicamento causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso central e cardiovascular

(SOUTO, DAOLIO E MACEDO, 2007).

8. CORTICOSTERÓIDES

Os corticosteróides revolucionaram o tratamento e o prognóstico dos

pacientes. A maioria das suas manifestações clínicas responde bem ao medicamento,

porém, a dose vai variar de acordo com o órgão ou sistema atingido e da gravidade da

doença. Seu mecanismo de ação é rápido, diminuindo o processo inflamatório e controlando

as manifestações clínicas. Após o controle da manifestação clínica da doença a dose é

lentamente reduzida, podendo ser administradas doses baixas, para manutenção e

prevenção de recorrência da atividade clínica. Devido a alta incidência de efeitos colaterais,

a curto e longo prazo, recomenda-se a monitoração clinica devido a toxicidade do

medicamento (SOUTO, DAOLIO E MACEDO, 2007).

9. ANTIMALÁRICOS

Largamente utilizados no tratamento de várias manifestações clínicas do

lúpus eritematoso sistêmico, tendo uma melhor resposta na terapêutica das manifestações

cutâneas, principalmente no lúpus discóide. Os antimaláricos mais utilizados são a

hidroxicloroquina, a quinacrina e o difosfato de cloroquina; a maior precaução com o uso

destes medicamentos deve ser quanto a sua toxidade (RIBEIRO ET. AL, 2008).

Page 11: 20052013 ana carolina

11

10. TALIDOMIDA

A talidomida apresenta ação antiinflamatória no eritema nodoso na

hanseníase e atividade moduladora da resposta imunológica, relacionada com a prevenção

e o controle de doenças crônico-degenerativas, embora seu uso tenha sido bastante

limitado em virtude dos catastróficos efeitos teratogênicos da talidomida, além da neuropatia

sensorial; essa droga mostra-se efetiva no tratamento das manifestações cutâneas

refratárias do lúpus subagudo e do lúpus discóide.por sua ação antiinflamatória (RIBEIRO

ET. AL, 2008).

11. IMUNOSSUPRESSORES

Os imunossupressores são utilizados nas manifestações mais graves do

lúpus eritematoso sistêmico, como na nefrite ou na cerebrite. Sendo assim essas drogas

constituem terapia de terceira linha, os imunossupressores mais utilizados são: metotrexato

(Rheumatrex, Trexall), azatioprina (Imuran.), ciclofosfamida (Cytoxan), clorambucil

(Leukeran.), e ciclosporina (Sandimmune). Todos os medicamentos imunossupressores

podem deprimir a contagem de glóbulos e aumentar os riscos de infecção e sangramento

(SOUTO, DAOLIO E MACEDO, 2007).

12. LÚPUS ERITEMATOSO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Para Couto et. al (2008), ao se acompanhar o perfil do paciente com lúpus

eritematoso sistêmico na Unidade de Terapia Intensiva, são observadas algumas

complicações orgânicas tais como: renais, cardíacas, do sistema nervoso central,

pulmonares, articulares e sangüíneas. Por ser uma doença de alta complexidade, faz-se

necessário atendimento médico diferenciado, devido as complicações que o paciente pode

apresentar como: cutâneas – em mais de 80% dos casos, podem evoluir para erupção

malar em asa de borboleta, com lesão discóide ou até com cicatriz atrófica, discromia e

fotossensibilidade; articulares – dores articulares presentes em cerca de 90% dos casos;

alguns apresentam artrite não erosiva, caracterizada por dor e edema ou derrame articular;

renais – o comprometimento renal se verifica por proteinúria persistente, cilindrúria anormal,

ou pelo aumento de níveis séricos de creatinina sem outra causa etiológica comprovada,

Page 12: 20052013 ana carolina

12

sendo que apenas 10% dos pacientes evoluem para insuficiência renal; neurológicas –

pacientes podem evoluir com convulsão, psicose ou depressão repentina, disfunção

cognitiva, distúrbio de humor, cefaléia, distúrbio de movimento, meningite asséptica,

neuropatia cranial, polineuropatia, plexopatia, mononeuropatia simples ou múltiplas

polirradiculoneuropatias agudas inflamatórias desmielinizantes, sendo que estas alterações

podem ocorrer devido ao estresse psicológico imposto pela doença, pela atividade da

doença no sistema nervoso central e ou ao uso de diversos medicamentos como os

imunossupressores e corticóides; hematológicas – o tipo mais comum é a anemia crônica

que pode ser causada pelo uso de medicamento; pulmonares – a pneumonite lúpica se

manifesta por dispnéia, tosse ( que pode ser produtiva ), febre, eventualmente cianose ou

escarro hemoptoico, pode ocorrer penumopatia restritiva, mas a hipertensão pulmonar é

rara; cardíacas e vasculares – podem ocorrer: endocardite asséptica, aterosclerose e

coronarite que é uma manifestação muito rara (COUTO ET. AL, 2008).

As disfunções que, geralmente, levam o paciente a ser internado na UTI

foram: a respiratória, seguida da neurológica e cardiovascular, e, entre os fatores

relacionados a maior mortalidade, identificou-se a disfunção gastrintestinal, sendo as

medidas de suporte mais utilizadas ao longo da internação administração dos derivados

sanguíneos, seguido pelo uso de fármacos vasopressores e ventilação mecânica.

13. CONCLUSÃO

O lúpus eritematoso é uma doença que, até o momento, não apresenta

cura; sabe-se que a maior prevalência da doença ocorre entre mulheres em idade

reprodutiva ( de 15 a 45 anos ), no entanto, pode-se verificar que nenhuma faixa etária está

isenta da doença. Devido a diversas manifestações clínicas, a realização do diagnóstico é

mais complicada. É de fundamental importância que, durante o tratamento desta doença, o

cuidador entenda, não somente a clinica, ou seja, os sintomas que a doença pode

manifestar, mas sim entenda o doente em toda a sua complexidade. Podemos enfatizar que

o conhecimento sobre a doença e sua evolução, e o apoio psicológico repercute no esforço

terapêutico e, portanto, na evolução da doença.

O tratamento medicamentoso deve ser seguido cuidadosamente e o

acompanhamento com um médico especialista (imunologista e/ou reumatologista) vai

propiciar ao paciente uma vida normal. Através deste trabalho podemos concluir que o lúpus

eritematoso é uma doença na qual ainda são necessários muito mais estudos para ser

Page 13: 20052013 ana carolina

13

completamente entendida. Embora já se conheça muito sobre os aspectos epidemiológicos

e do diagnóstico, há que se entender melhor esta patologia para haver uma atuação mais

adequada, prevenção das complicações e um diagnóstico mais precoce.

14. REFERÊNCIA

BORBA; Eduardo Ferreira, LATORRE; Luiz Carlos, BRENOL; João Carlos Tavares,

KAYSER; Cristiane, SILVA; Nilzio Antonio da, ZIMMERMNN; Adriana Fontes, PÁDUA;

Paulo Madureira de, COSTALLAT; Lilian Tereza Lavras, BONFÁ; Eloísa, SATO; Emília

Inoue. Consenso de Lúpus Eritematoso Sistêmico. Rev Bras Reumatol, v. 48, n.4, p. 196

- 207, jul/ago, 2008.

COUTO; Denílson de Oliveira, FEIJO; Carlos Augusto Ramos, AGUIAR; Sabrine Mustafá,

MENESES; Francisco Albano de. Perfil dos Paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico,

Internados na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Universitário de Fortaleza.

Revista Brasileira Ter Intensiva. 2008; 20(3);249 – 253.

CRUZ; Daniel Eduardo Lourenço Alves da. Lúpus Eritematoso Sistêmico na Gravidez:

Impacto na mãe e no filho Dissertação/Projeto/Relatório de Estágio Mestrado Integrado em

Medicina nº2 4099-003 Porto. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/ Centro

Hospital do Porto Mestrado Integrado em Medicina 2010.

DUARTE; Artur Antônio, Lúpus Eritematoso Cutâneo. Educação Médica

Continuada/Continuing Medical Education. An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 76(6):655-671,

nov./dez. 2001.

Fernandes. Lúpus Eritematoso Sistêmico. VI Congresso Multiprofissional em Saúde de

18/06 a 22/06/2012 Unifil.

FREIRE; Eutília Andrade Medeiros,SOUTO; Laís Medeiros, CICONELLI; Rozana Mesquita.

Medidas de Avaliação em Lúpus Eritematoso Sistêmico. Revista Brasileira Reumatol

2011;51(1):70-80 Elsevier Editora Ltda.

GALINDO; Cícera V.F., VEIGA; Renata K. A. Características Clínicas e Diagnostico do

Lúpus Eritematoso: Uma Revisão. Revista Eletrônica de Farmácia REF. ISSN 1808-0804

Vol. VII (4), 46 - 58, 2010.

Page 14: 20052013 ana carolina

14

MARGALHÃES; Marcela B., DONADI; Eduardo A., LOUZADA JUNIOR; Paulo.

Manifestações Clínicas do Lúpus Eritematoso Sistêmico: Abordagem Diagnóstica e

Terapêutica na Sala de Urgência. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: URGÊNCIAS E

EMERGÊNCIAS IMUNOLÓGICAS 36: 409 - 417, abr./dez. 2003 Capítulo III.

MEINÃO; Ivone Minhoto, SATO; Emília Inoue. Lúpus eritematoso sistêmico de início

tardio. Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil. Einstein.

2008; 6 (Supl 1):S40-S7.

NALDI; Ana Letícia, POÇAS; Crisciene Dias, SILVA; Jessica Amanda da, DORINI; Jhenyffer

Paola, MENDES; Lourdes Alice Honório, VIVAN; Rosália Hernandes.

OLIVEIRA; Marcio Nascimento, Lúpus Eritematoso Sistêmico: Uma Revisão da

Literatura das Características Diagnósticos e Tratamentos. Monografia Apresentada ao

Curso de Licenciatura em Biologia – Universidade de Brasília/Universidade de Goiás.

Brasília DF 2011.

RIBEIRO, Luiza Helena; NUNES, Maria José; LOMONTE, Andréa Barranjard Vannucci and

LATORRE, Luis Carlos.Atualizações no tratamento do lúpus cutâneo. Rev. Bras.

Reumatol. [online]. 2008, vol.48, n.5, pp. 283-290. ISSN 0482-5004.

RODRIGUES; Camila dos Santos, SANTANA; Elvira Rodrigues, SANTANA; Rodolpho

Barbosa Alves. Representações sócias de uma Portadora de Lúpus Eritematoso

Sistêmico (LES): Algumas Reflexões a Cerca do Processo Saúde, Doença, Cuidado. III

Encontro de Estudo em Cultura 2009.

SANTOANTONIO; Jacqueline, YAZIGI; Latife, SATO; Emília. Adolescentes com Lúpus

Eritematoso Sistêmico: Um Estudo Por Meio do Método de Rorschach. Psicologia:

Teoria e Pesquisa. Brasília, Mai-Ago 2004, Vol. 20 n. 2, pp. 145-151.

SATO; Emilia Inoue, BONFÁ; Eloísa Dutra, COSTALLAT; Lílian Tereza Lavras, SOLVA;

Nilzio Antonio da, BRENOL; João Carlos Tavares, SANTIAGO; Mittermayer Barreto,

SZAJUBOK; José Carlos Mansur, RACHID FILHO; Acir, BARROS; Rui Toledo,

VASCONCELOS; Mônica. Consenso Brasileiro para o Tratamento de Lúpus

Eritematoso Sistêmico. Revista Brasileira de Reumatol. – Vol. 42 – N°6 – Nov/Dez. 2002.

Page 15: 20052013 ana carolina

15

SATO; Emilia Inoue, Lúpus Eritematoso Sistêmico. Voltarelli 29. indd 651 – 2008 Capítulo

29.

SOUTO; Laura de Brito, DAOLIO; Ludmila, MACEDO; Cláudia Giannini. Tratamento do

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Temas de Reumatologia - Vol. 8 - nº 1 pág. 20-24 –

março de 2007.

SOUZA; Kay Anne Gomes; SILVA; Vanuza Soares da, PARTATA; Anette Kelsei. A

Importância do Profissional Farmacêutico no Aconselhamento ao portador de Lúpus

Eritematoso Sistêmico. Revista Científica do ITPAC. Volume 4 número 1. Janeiro de 2011.

Disponível em: http://www.itpac.br/revista

VARGAS; Karinna Soares, ROMANO; Marco Aurélio. Lúpus Eritematoso Sistêmico:

Aspecto Epidemiológico e Diagnostico. Revista Salus- Guarapuara (PR). Jan/Jun. 2009;

3(1): 15-22.

VIANNA; Rodrigo, SIMÕES; Manuel Jesus, INFORZATO; Heraldo C. Borges. Lúpus

Eritematoso Sistêmico. Revista Ceciliana Jun 2 (1): 1-3, 2010 ISSN 2175-7224 -

2009/2010-Universidade Santa Cecília Disponível online em:

http://www.unisanta.br/revistaceciliana.

Page 16: 20052013 ana carolina

Nome do arquivo: Ana Carolina Diretório: C:\Documents and Settings\Operador3\Meus documentos Modelo: C:\Documents and Settings\Operador3\Dados de

aplicativos\Microsoft\Modelos\Normal.dotm Título: INFECÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: PRINCIPAIS

AGENTES CAUSADORES Assunto: Autor: Telefonica Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 25/2/2013 09:23:00 Número de alterações: 3 Última gravação: 25/2/2013 09:34:00 Salvo por: Telefonica Tempo total de edição: 5 Minutos Última impressão: 22/4/2013 17:35:00 Como a última impressão Número de páginas: 15 Número de palavras: 4.925 (aprox.) Número de caracteres: 26.600 (aprox.)