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9 Arte So Paulo, vol. 4, n. 1, 1 semestre/2015 101
A linguagem dosquadrinhos
Maria Lusa Font enele de Paula
Mestranda em Comunicao (USCS)
PESSOA, Albert o Ricardo. A ling uage m
dos quadrinhos: definies, elementos e
gne ros. Jo o Pessoa : Marca de Fant asia:2014.
O autor do livro, Alberto Pessoa,
ps-doutor em Sociologia pela Universidade
Federal da Paraba, doutor em Letras pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, mestre
em Artes pela Universidade Estadual Jlio
de Mesquita Filho (UNESP) e licenciadoem Educao Artstica pela Faculdade
de Artes Alcntara Machado (FAAM).
Atualmente, leciona no programa de stricto sensu
da Universidade Federal da Paraba, no curso
de Comunicao, ministrando a disciplina
Mdias Digitais.
Nesta obra, Pessoa, discute de maneira
crtica, algumas teorias, prticas e linguagens das
historias em quadrinhos. O pesquisador utiliza
diferentes fontes, elementos, particularidades e
recursos para estruturar a narrativa em Histria
em Quadrinhos (doravante denominada HQ),
e conduzir o quadrinsta aos caminhos de
xitos e excelncia pa-ra concluso e publicao
de seu trabalho.
O autor justifica que o trabalho , em
parte, resultado da experincia de seu oficio,
e de estudos advindos de pesquisadores de
diferentes reas das humanidades, que pensam
sobre a prtica de criao de HQ em mltiplas
mdias e suportes. Para tanto, recorre a nomesligados a HQ, como: Will Eisner, Scott
McCloud, Edgar Franco, Vergueiro, Roman
Gubern, ente outros, a fim de reforar seus
argumentos acerca desta definio.
Pessoa define a arte sequencial como
uma combinao de imagem e texto em
bales, que obedecem a uma sequncia
narrativa estabelecida por quadros, em que se
mesclam discursos diretos dos interlocutores
contidos na histria, tais como personagens e
narradores (p.11). Porm, ciente da amplitude
acerca das definies das HQ, o autor opta
por elaborar uma compilao que permite
enriquecer o conhecimento do leitor, e chama
ateno para a importncia em de-senvolveruma anlise cr-tica no que tange diferen-ciar as
Histrias em Qua-drinhos dos demais gneros
e formas de leituras.
Em se tratando de Elementos das
Histrias em Quadrinhos, o professor nos
explica que na produo desta arte sequencial,
o autor , muitas vezes, o escritor, desenhista,
arte-finalista e coloris-ta. Neste sentido, aponta
a importncia para com-preender e recorrer aos
elementos e normativas que estruturam a HQ,
muitas vezes desconsiderados por muitos
autores, por falta de formao especfica para
o trabalho com esse cdigo.
De acordo com o pro-fessor, os
quadrinhos tm que ser tratados como uma
mdia autnoma que se gesta a partir de uma
ideia slida, geradora de uma narrativa que
conjuga os elementos verbais e visuais (p.20).
Acerca do texto verbal, discutem-se
os estgios e processos para que o roteirista
estruture a histria em quadrinhos. Aponta-se o story line como estgio embrionrio da
HQ ou da criao do personagem. A partir
dela, o escritor passa para fase do argumento,
que uma etapa do processo de criao de
histria e consequentemente para o roteiro, que
propiciar ao artista uma viso exata do que o
escritor deseja expressar atravs da linguagem
visual e verbal (p.21).
No que diz respeito narrativa, o autor
aborda os tipos de narrao proposta para uma
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HQ, como: narrao subjetiva, onisciente e
complementar.
Sobre os bales de textos, Alberto
afirma que, a interseco do texto verbal e no
verbal se d por conta destes recursos (p.23).
Segundo ele, antes do auxilio dos bales, as
histrias eram legendadas, e perdiam fora dodilogo direto entre personagens, convertendo
esta arte em uma historia ilustrada.
O autor reitera ainda, a necessidade de
refletirmos sobre a interseco entre dilogo
e a expresso corporal, a fim de possibilitar a
leitura de seus elementos verbais e no verbais,
em equilbrio, como no caso de uma histria
com um personagem androide, que deve ter os
bales de forma mecanizada (p. 23).
No captulo que trata do texto no
verbal, Pessoa argumenta que necessrio
alfabetizar o individuo para interpretar os
textos no verbais e suas interseces com o
texto verbal, j que vivemos em uma era, em
que temos que lidar com os mltiplos meios
de comunicao, transformao de linguagens
e de mdias, que so associadas difuso de
ideias, conhecimentos cientficos, desejo,
consumo e divulgao.
O pesquisador relata ainda que a
compreenso da imagem nas histrias em
quadrinhos, requer uma interao entre
produtor da arte sequencial e o lei-tor, pois
a histria retra-ta situaes concretas, mesmo
quando se trata de temas de fico ou fantasia
(p.26).
No captulo que abor-da a criao de
persona-gens, Pessoa afirma que por falta de
norteamento e material que capacite os artistas
iniciantes, estes se deparam com enormes
dificuldades, para elaborar seus personagens,
atribuir caractersticas artsticas e psicolgicasa eles.
Para o autor, a construo da
personagem envolve tanto a criao de sua
forma de se expressar e sua compleio fsica,
quanto sua motivao e comportamento
psicolgico (p.29).
Quanto anatomia expressiva, esta
tem o dever de acentuar o argumento do
autor, transmitir uma mensagem objetiva,
realar tonalidades, aes, personalidades e
diversificar estilos e cultura.
Pessoa afirma que assim como a face,
os corpos podem transmitir mensa-gens com
autonomia e criatividade, o leitor pode saber
quem so os personagens, antes mesmo de ler
a linguagem verbal (p.41), o que ocorre na
leitura de um quadrinho em um idioma nofamiliar ao leitor.
Em se tratando do cenrio, Pessoa
afirma que este essencial para a compreenso
da HQ, haja vista que o mesmo muito mais
que uma moldura para compor o personagem,
trata-se de um recurso que enriquece o roteiro,
pois pro-picia maior diversidade de planos e
cmeras (p.45).
No captulo seguinte, o recurso da
cor abordado como um elemento de
contribuio para a distino e caracterizao
do personagem, evento e tempo em que a
histria ocorre. Na concepo do autor, a cor
transmite emoo ao leitor, por isso, preciso
se ater aos contrastes, claridade e leitura de suas
cores, para que a mensagem seja transmitida
em sua integra. No caso de uma personagem
estar nervosa, a cor vermelha deve acentuar
sua feio (p.47).
De acordo com o pro-fessor, a tipografia
se volta para dar forma ao contedo e
transmitir uma mensagem, porm, no
representa apenas a for ma fsica e visual
do texto escrito, esta pode ademais possuir
particularidades no verbais e significado
interpretado por todos os meios de juzo:
visual, emocional, intelectual (p.51).
Na tipografia, os dingbats ou pictofonts,
podem representar ornamentos grficos usados
como estampas, em forma de LIBRAS,
sinalizao ou signos de censura. Os palavres
so exemplos de expresses substitudas porestes recursos (p.51).
Sobre publicao, Alberto relata que
as HQ so meios de comunicao, que
como qualquer outro, precisa de pblico, e
que o melhor caminho para encontrar esses
receptores, se faz por meio de intera-o com
projetos editoriais, livros, websites, revistas,
panfletos, blogs, jornais, entre outros, que so
meios essenciais de comunicao da sociedade.
Pessoa ressalta ainda, que o autor precisa estar
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atento ao design, coeso e coerncia entre
os textos, imagens, planeja-mento grfico e
elaborar um projeto editorial objetivo.
O autor discute tambm, o contexto da
cybercultura, afirmando que muitos artistas
optaram por expor e alavancar seus trabalhos
e visibilidade no ambiente de rede, e poste-riormente em mdia impressa. O quadrinista,
Andr Dahmer citado como uma referncia,
que mantm carreira no ambiente web,
expondo a tira Malvados (p.54).
No captulo mais extenso da obra,
gneros das histrias em quadrinhos,
o pesquisador recorre a Paulo Ramos
(2014, p.01), afirmando que as histrias
em quadrinhos compem o campo do
hipergnero, agregando elementos comuns aos
diferentes gneros quadrinsticos, como o uso
de linguagem prpria, com elementos visuais,
verbais, escritos, e a tendncia presena de
sequncias textuais narrativas. Pessoa afirma
ainda que, no Brasil so publicados dentre eles,
o cartum, a charge, tiras, graphic novel, mang,
fumetti e o quadrinho autoral.
O professor apresenta a obra
americanaThe Yellow Kid, de Richard Felton
Outcault, como o marco inicial das histrias
em Quadrinhos no mundo, no final do sculo
retrasado. J no Brasil, esse ponto de partida se
deu com a publicao da obra: As Aventuras
de Z Caipora, do talo-brasileiro, Angelo
Agostini, em 1883.
Alberto nos coloca a par das tiras
cmicas brasileiras de maior repercusso
nacional como, por exemplo: Grana e
Os Fradinhos (Henfil), Turma da Mnica
(Mauricio Sousa), O Perer (Ziraldo Alves
Pinto) e Jornal Pasquim (Millr Fernandes,
em parceria com outros autores). Lus G,tambm recordado como o pioneiro em
mesclar a pesquisa acadmica com a produo
artstica em histrias em Quadrinhos, em
1980, sob os ttulos: Quadrinhos em Fria e
Territrio de Bravos. (p.62), j, Scott McCloud
mencionado como o autor que explora
e estuda com nfase, os quadrinhos e suas
potencialidades na educao e em ambiente
web.
O pesquisa dor considera o site
www.cybercomics.com.br, como o primeiro
webcomics do pas, meio este que vem
propiciando o surgimento de novos talentos
e sua independncia em relao s editoras.
Pessoa, conclui seu trabalho aclarando
que o universo dos quadrinhos extenso e por
isso, faz-se necessrio despertar a criticidadedo artista-aluno, objetivando prepar-lo
para diferenciar as formas de leitura de
HQ, trabalhar as interdisciplinaridades,
bem como reconhecer a linguagem, os tipos
de personagens, a tipografia, o conceito de
imagem, os meios e mdias que estes esto
inseridos, e questes ligadas a editorao e
publicao. Pessoa fecha o discurso