138 D. M. Lloyd-Jones - DO TEMOR À FÉ

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    Estudos no livro de HabacuqueD. Martyn Lloyd-Jones

    Traduzido por Luiz Aparecido CarusoEditora Vida

    Digitalizado por: DimaspDigitalizado com exclusividade para:

  • 8/4/2019 138 D. M. Lloyd-Jones - DO TEMOR F

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    ISBN 0-8297-0695-X

    Categoria: Estudos Bblicos

    Traduzido do original em ingls:From Fear to Faith

    Copyright 1953 by D. Martyn Lloyd-JonesCopyright 1985 by Editora Vida

    1 impresso, 19852 impresso, 19873 impresso, 19914 impresso, 19925 impresso, 1995

    Todos os direitos reservados na lngua portuguesa por

    Editora Vida, Deerfield, Florida 33442 8134 E.U.A.

    Capa: Ana Bowen

    Impresso no Brasil

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    NDICE

    Introduo ................................................ 04Esboo do livro de Habacuque .................. 071. A singularidade dos caminhos de Deus 08

    2. A perplexidade do profeta ................... 133. espera da resposta de Deus ............. 194. "O justo viver pela sua f" ............... 245. Como orar .......................................... 296. Como regozijar-se na tribulao ......... 34

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    INTRODUO

    O mistrio dos processoshistricos

    H muitos e variados problemas relacionados com a vida de f. Noencontramos, na Bblia, promessa alguma de que, como cristos, nossa vidaneste mundo estar livre de dificuldades e de provaes. O adversrio denossas almas est sempre ativo. Seu grande alvo desanimar-nos e, se

    possvel, fazer que neguemos a f. Ele nos apresenta mente vriastentaes tudo aquilo que, deveras, possa minar nossa f.

    Ora, uma das grandes ansiedades no domnio da f, em nossos dias, o que podemos chamar de "problema da histria". Parece que agora asituao histrica que est deixando tantas pessoas perplexas. Nemsempre, porm, foi assim. Por volta do fim do sculo passado, e talvez at1914, a principal dificuldade que confrontou os que pertenciam f no foi"o problema da histria", mas "o problema da cincia". Nesse perodo, oataque desferido contra a f dizia contar com a autoridade dos cientistas ede suas descobertas. Parecia, pois, que a dificuldade era a de reconciliar oensino da Bblia com os fatos observados na natureza e com as vriasalegaes da cincia.

    verdade, sem dvida, que ainda h pessoas que se achamperturbadas no mesmo modo; mas j no o principal problema. O antigoconflito entre cincia e religio realmente est fora de moda. Os prprioscientistas o tornaram antiquado ao rejeitar, na maior parte, as noesmaterialistas e mecnicas que governaram a mente cientfica popular atvinte anos atrs. No campo da fsica, as recentes descobertas e teoriaspuseram um fim a tais noes, e em nosso prprio tempo temostestemunhado mais de um preeminente cientista a confessar que foi levadoa crer em uma Mente que est por trs do universo.

    No , portanto, o problema cientfico, mas o mistrio da histria queagora causa ansiedade. Esse o problema dos problemas no presente

    sculo vinte. Naturalmente, ele surge dos acontecimentos deste perodo.Nossos pais, e em grau ainda maior nossos avs, no estiveramparticularmente preocupados com o problema da histria porque a vidacaminhava de maneira despreocupada e, segundo acreditavam, inevita-velmente para um alvo maravilhoso de perfeio. A Terra Prometida estavaprestes a ser ocupada. Tinham apenas de prosseguir em silncio, e embreve estariam l. Mas, no presente sculo, todos temos sido abalados ataos alicerces pelo curso dos acontecimentos e, em face desses fatos, muitosviram sua f tremendamente provada. Acham difcil, por exemplo, explicarduas devastadoras guerras mundiais, porque tais eventos parecemincompatveis com o ensino bblico concernente providncia de Deus.

    Ora, preciso declarar de uma vez que este um problema que

    nunca deveria ter levado ningum a sentir-se infeliz ou perplexo. No h,realmente, escusa para isto em face do claro ensino da prpria Bblia. De

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    certo ponto de vista nunca houve, tambm, nenhuma escusa para se estarperplexo a respeito de cincia e religio. H menos escusa, ainda, para quealgum se perturbe com o problema da histria, porque a Bblia o trata damais clara forma possvel. Porque, ento, as pessoas se perturbam com ele?

    Parece que o principal motivo que h os que usam a Bblia numsentido estreito, como sendo exclusivamente um livro de texto de salvaopessoal. Ao que parece, muitos pensam que o tema exclusivo da Bblia odo relacionamento pessoal do homem com Deus. Evidentemente, este umdos temas centrais, e somos gratos a Deus pela salvao proporcionada,sem a qual estaramos em total desespero. Esse, porm, no o nico temada Bblia. Podemos, de fato, dizer que a Bblia coloca a questo da salvaopessoal em um contexto mais amplo. Em ltima instncia, a mensagemcentral da Bblia relaciona-se com a condio do mundo inteiro e de seudestino; e voc e eu, como indivduos, somos parte desse todo maior. Porisso que ela comea com a criao do mundo e no com a do homem. Adificuldade est em que temos a tendncia de interessar-nosexclusivamente pelo nosso problema pessoal, ao passo que a Bblia comea

    bem antes e coloca todo problema no contexto desta viso do mundo.Se no compreendermos bem que a Bblia tem uma viso do mundotoda sua, no de surpreender que o mundo, em seu presente estado, nosdesespere. Se, porm, lermos toda a Bblia e notarmos sua mensagem total,em vez de apenas selecionar um Salmo, ou o Sermo da Montanha, ounosso Evangelho predileto, descobriremos que ela tem uma profundafilosofia da histria, e uma viso distinta do mundo. Capacita-nos a entendero que acontece hoje, e que nada que ocorre na histria deixa de encontrarum lugar no plano divino. O grande e nobre ensino da Bblia trata daquesto toda do mundo e seu destino.

    No livro do profeta Habacuque temos uma ilustrao perfeita do quedizemos. O profeta encara o problema da histria de uma maneira

    particularmente interessante; no como uma acadmica ou teorticafilosofia da histria, mas como a perplexidade pessoal de um homem eleprprio. Ele escreveu o livro para relatar sua prpria experincia. Estava aum homem muito perturbado pelos acontecimentos, ansioso por reconciliaro que via com o que acreditava. A mesma maneira de encarar a questoencontra-se aqui e ali na Bblia, especialmente nos Salmos, e todos osprofetas lidam com este mesmo problema da histria. Mas no so apenasos livros do Antigo Testamento que se ocupam com este problema; o leitoratento verificar que ele percorre igualmente todo o Novo Testamento. En-contrar nosso Senhor apresentando sua viso antecipada da histria, e nolivro do Apocalipse ter outra viso prvia da histria e do relacionamento

    de nosso Senhor ressuscitado e da Igreja Crist com essa histria. Devemosdespertar-nos para o fato de que "o problema da histria" o grande temada Bblia Sagrada.

    No estudo do livro de Habacuque podemos, antes de tudo, considerara situao com a qual o profeta se defronta. Depois, podemos deduzircertos princpios. Desse modo veremos que, em essncia, tudo quantocausava ansiedade ao profeta exatamente o que preocupa tantas pessoashoje, quando tentam relacionar o que observam com o ensino da Bblia,especialmente com o ensino acerca do ser e do carter de Deus.

    O profeta viu a Israel numa condio de muita apostasia. A nao seafastara de Deus e se esquecera dele. Entregara-se a falsos deuses e aoutras buscas destitudas de qualquer valor. No de admirar que ele

    exclame em profunda angstia mental: "At quando, Senhor, clamarei eu, etu no me escutars? gritar-te-ei: Violncia! e no salvars? Por que me

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    mostras a iniqidade (e ele pensa em sua prpria nao e seu prprio povo)e me fazes ver a opresso? Pois a destruio e a violncia esto diante demim; h contendas, e o litgio se suscita. Por esta causa a lei se afrouxa, e a

    justia nunca se manifesta; porque o perverso cerca o justo, a justia torcida."

    Que quadro terrvel! Pecado, imoralidade e vcio dominavamdesenfreados, enquanto os que estavam em postos de autoridade eexerciam funes governamentais eram frouxos e indolentes. Noaplicavam a lei com eqidade e honestidade. A ilegalidade campeava portoda parte; e sempre que algum se aventurava a repreender o povo, comoo fez o profeta, os que estavam revestidos de autoridade se rebelavam epartiam para a briga. Grave decadncia religiosa se fizera acompanhar,como invariavelmente acontece, por um declnio geral de ordem moral epoltica. Tais eram as condies alarmantes que confrontavam o profeta.

    Era, realmente, um problema. Para comear, ele no podia entenderpor que Deus permitia tudo aquilo. Orou a Deus a esse respeito, mas Deusparecia no responder. Da a perplexidade do profeta: "At quando, Senhor,

    clamarei eu, e tu no me escutars? gritar-te-ei: Violncia! e no salvars?"Mas, infelizmente para o profeta, este foi apenas o comeo de suasdificuldades. Porque, depois de sua queixa de que Deus deixara de escut-loe de responder s suas oraes, Deus lhe respondeu, mas de um modointeiramente inesperado. "Vede entre as naes, olhai, maravilhai-vos, edesvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vs no crereis,quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, nao amarga eimpetuosa, que marcha pela largura da terra, para apoderar-se de moradasno suas." Deus estava praticamente dizendo ao profeta: "Est bem! Estiveouvindo sua orao todo o tempo, e agora lhe digo o que me proponhofazer. Vou suscitar os caldeus." Os caldeus eram, naquele tempo, um povomuito insignificante em comparao com os assrios, os grandes

    contemporneos de Israel. Habacuque, j perplexo com o fato de Deuspermitir a iniqidade em sua prpria nao, agora informado de que Deustenciona suscitar um povo totalmente pago, mpio, para conquistar a terrae castigar seu povo. O profeta ficou quase esmagado. este o problemaque estudaremos nos captulos a seguir.

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    ESBOO

    Do livro de Habacuque

    Em 1:5-11 Deus diz ao profeta o que ele est prestes a fazer.Revela o poderio do terrvel inimigo de Israel e a devastao quedeixar em sua passagem. Descreve a arrogncia e o orgulho doinimigo em atribuir seu xito ao seu prprio deus e sua prpriagrandeza. Em 1:122:1 vemos o modo pelo qual o profeta luta comeste problema. O restante do captulo 2 versa sobre o graciosotratamento de Deus com Habacuque, e o modo como ele capacita oprofeta a compreender a situao geral. Deus lhe d uma visomaravilhosa da filosofia e da histria bblicas, e como elas devem

    reconciliar-se com sua prpria santidade e grandeza, e como tudomais, no final, se resolver perfeitamente. O captulo 3 descreve areao do profeta.

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    CAPTULO UM

    A singularidade dos caminhos de

    DeusHabacuque 1:1-11

    A mensagem de Habacuque de urgente necessidade nestes dias emque tantos vivem perplexos por este problema da histria. Comeamos,portanto, com duas declaraes de fato:

    I. Os caminhos de Deus s vezes so misteriosos

    A. Sua inaoA primeira coisa que descobrimos quando estudamos as aes de

    Deus que pode parecer que ele esteja estranhamente silencioso e inativoem circunstncias provocativas. Por que Deus permite que certas coisasaconteam? Por que a Igreja Crist o que hoje? Veja sua histria nodecurso dos ltimos quarenta ou cinqenta anos. Por que permitiu Deus taiscondies? Por que permitiu que surgisse o "modernismo", que solapa a f eat nega suas verdades fundamentais? Por que ele no fere de morte essaspessoas quando proferem blasfmias e negam a f que deveriam pregar?Por que permite ele que se faam tantas coisas erradas at mesmo em seunome?

    Tambm, por que Deus no respondeu s oraes de seu povo fiel?

    Vimos orando pelo reavivamento durante trinta ou quarenta anos. Nossasoraes tm sido sinceras e urgentes. Temos deplorado o estado das coisase temos clamado a Deus por causa dessa situao. Mas ainda assim pareceque nada acontece. A semelhana do profeta Habacuque, muitos pergun-tam: "At quando clamarei eu, e tu no me escutars? gritar-te-ei:Violncia! e no salvars?"

    Este, porm, no o nico problema da Igreja como um todo; tambm a questo com a qual se defrontam muitas pessoas. H os que,durante muitos anos, vm orando a favor de algum que lhes caro, e Deusparece no responder-lhes. Raciocinam consigo mesmos nestes termos: ",por certo, da vontade de Deus que algum se torne cristo. Bem, venhoorando a favor de um amigo por muitos anos e parece que nada acontece.

    Por qu? Por que est Deus to silente?" Muitas vezes as pessoas seimpacientam com a demora. Por que Deus no responde s nossas oraes?

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    Como podemos entender que um Deus santo permita que sua prpria Igrejaseja o que hoje?

    B. Suas providncias inesperadas

    A segunda coisa que descobrimos que Deus, s vezes, d respostasinesperadas s nossas oraes. Isto, mais do que qualquer outra coisa, foi oque deixou Habacuque perplexo. Por um longo tempo Deus parece noresponder. Ento, quando responde, o que diz mais misterioso at do quesua aparente falha em ouvir as oraes. Na mente de Habacuque estavaperfeitamente claro que Deus tinha de castigar a nao e depois enviar umgrande reavivamento. Mas quando Deus disse: "Estou respondendo suaorao suscitando o exrcito caldeu para marchar contra suas cidades edestru-las", o profeta no conseguia acreditar no que ouvia. Mas foi o queDeus lhe disse, e o que realmente ocorreu.

    Joo Newton escreveu um poema no qual descreve uma experinciapessoal semelhante. Ele desejava algo melhor em sua vida espiritual.

    Clamou por um conhecimento mais profundo de Deus. Esperava uma visomaravilhosa de Deus rompendo os cus e descendo com chuvas debnos. Em vez disto, Newton teve uma experincia na qual, durantemeses, Deus parecia t-lo entregue a Satans. Foi tentado e provado almde sua compreenso. Mas afinal chegou a entender e viu que aquele era omodo de Deus responder-lhe. Deus havia permitido que o poeta descesse sprofundezas a fim de ensinar-lhe a depender inteiramente dele. HavendoNewton aprendido a lio, o Senhor tirou-o daquela provao.

    Todos ns temos a tendncia de prescrever as respostas s nossasoraes. Pensamos que Deus pode manifestar-se somente de uma forma.Mas a Bblia ensina que Deus s vezes responde s nossas oraespermitindo que as coisas piorem muito antes que possam melhorar. Elepode, s vezes, fazer o contrrio do que prevemos. Ele pode esmagar-nos,colocando-nos frente a frente com um exrcito caldeu. Mas um princpiofundamental na vida e caminhar da f que, quando tratamos com Deus,devemos estar sempre preparados para o inesperado. Gostaria de saber oque nossos pais teriam pensado h quarenta anos se pudessem prever oestado atual da Igreja Crist. Eles j se sentiam infelizes com o andamentoda poca. J estavam realizando reunies de despertamento e buscando aDeus. Se pudessem ver a Igreja de nossos dias, no creriam no que viam.

    Jamais poderiam ter imaginado que a igreja se afundasse tanto espiri-tualmente. Mas Deus permitiu que isto acontecesse. Tem sido uma respostaimprevista. Devemos apegar-nos esperana de que ele tem permitido que

    as coisas piorem antes que, finalmente, melhorem.

    C. Seus instrumentos incomunsO terceiro aspecto surpreendente dos caminhos de Deus que ele s

    vezes usa instrumentos estranhos para corrigir sua Igreja e seu povo. Oscaldeus, dentre todos os povos, so os que Deus vai suscitar para castigar aIsrael! No se podia imaginar tal coisa. Mas aqui tambm est um fatoevidente em toda a Bblia. Deus, se assim o quiser, pode usar at mesmo osmpios caldeus. No curso da histria ele tem usado toda sorte deinstrumentos estranhos e inesperados para a realizao de seus propsitos.Este um fato pertinente aos nossos dias, pois parece que, segundo aBblia, muito do que acontece no mundo agora deve ser examinado nesta

    luz. Talvez possamos ir alm e dizer positivamente que o comunismo,temido por tantos cristos em nosso tempo, no passa de um instrumento

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    que Deus est usando para lidar com seu prprio povo.A importncia de tudo isto reside no fato que, se no virmos as coisas

    do modo certo, nossas oraes sero erroneamente concebidas e erro-neamente dirigidas. Temos de admitir o verdadeiro estado da Igreja ereconhecer sua iniqidade. Devemos entender a possibilidade de que asforas que hoje mais se opem Igreja Crist talvez estejam sendo usadaspor Deus para seu prprio propsito. O ensino claro do profeta que Deuspode usar instrumentos muito estranhos, e s vezes o ltimo instrumentoque teramos esperado.

    II. Os caminhos de Deus s vezes so mal interpretados

    A. Por pessoas religiosas descuidadasOs caminhos de Deus muitas vezes so estranhos e desconcertantes,

    e a surpresa em face do que ele faz sentida por muitos. , antes de tudo,uma questo que causa grande surpresa s pessoas religiosas mais

    descuidadas. Em Habacuque 1:5, Deus se refere aos mpios em Israel,aqueles que se haviam tornado descuidados e frouxos. "Vede entre asnaes, olhai, maravilhai-vos, e desvanecei, porque realizo em vossos diasobra tal, que vs no crereis, quando vos for contada." A atitude deles era:"Vejam o que esse profeta anda dizendo: que Deus vai usar os caldeus.Como se Deus pudesse fazer tal coisa' No h perigo; no lhe demouvidos. Os profetas so sempre alarmistas, e nos ameaam com o mal.Que idia essa de que Deus h de suscitar um povo como os caldeus paracastigar a Israel! Isso impossvel!" A dificuldade de Israel que o povo noacreditava nos profetas. Mas Deus tratou o povo exatamente como disseque faria.

    A atitude que encontramos em Israel to antiga quanto que opovo tinha na poca do Dilvio. Por meio de No, Deus advertiu o mundoantigo, do juzo, dizendo: "No contender o meu Esprito para sempre como homem". Os homens porm, zombaram dizendo que tal coisa eramonstruosa e no poderia acontecer. Deu-se o mesmo com Sodoma eGomorra. As pessoas despreocupadas nunca poderiam crer que suascidades seriam destrudas. Diziam que Deus interviria antes que talacontecesse, e continuaram em seus caminhos indolentes na esperana deque Deus as livraria sem muita dificuldade para elas. No tempo deHabacuque a atitude era a mesma. Mas aconteceu que Deus suscitou oscaldeus, e Israel foi atacado e conquistado. A nao foi devastada e levadapara o cativeiro.

    Encontramos o exemplo mais patente deste princpio no captulo 13de Atos, onde o apostolo Paulo cita o quinto versculo do primeiro captulode Habacuque aplicando-o aos seus contemporneos. O que, em realidade,ele declara : "No, vs no credes, como no creram vossos pais. Visto queIsrael no reconheceu o Seu Messias, e at o crucificou, e agora se recusa acrer no evangelho por ele anunciado, Deus vai, afinal, atuar em juzo. Ele vaisuscitar o poder romano para saquear e destruir vosso templo, e vs sereisdesterrados entre as naes. Sei que no credes nisto, porque o profetaHabacuque j o profetizou, e continuais a ignorar sua mensagem." O ano 70d. C. chegou, inexoravelmente. As legies romanas cercaram Jerusalm e adestruram, e os judeus foram espalhados entre as naes, ondepermanecem at hoje. verdade que os religiosos descuidados nunca

    crem nos profetas. Sempre dizem: "Deus nunca far tais coisas!" Quero,porm, lembrar-lhe que Deus o faz. Ele pode estar usando o comunismo em

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    nosso tempo para castigar seu prprio povo e ensinar-lhe uma lio. Noousamos, pois, continuar a ser complacentes e indolentes, dizendo estarfora de cogitao que Deus possa usar tal instrumento. No devemospermitir ser induzidos ao estado dos que habitam comodamente em Sio eno lem os sinais dos tempos.

    B. Pelo mundoEm segundo lugar, os caminhos de Deus so surpreendentes para o

    mundo. "Ento passam como passa o vento, e seguem; fazem-se culpadosesses, cujo poder o seu deus" (Habacuque 1:11). Os caldeus falharamcompletamente em compreender que Deus os estava usando, atriburamtodo o xito alcanado ao seu prprio deus. Pensavam que deviam osucesso s suas proezas militares, e se vangloriavam do fato Mas Deus logoia demonstrar-lhes que as coisas no eram assim, e que como ele os haviasuscitado, do mesmo modo podia abat-los. O mundo, mais at do que oprprio povo de Deus, deixa de entender os caminhos divinos. Asarrogantes potncias, que Deus tem usado para os seus prprios desgnios

    em vrias pocas da histria, sempre se orgulharam de suas realizaes. Oorgulho do mundo moderno pelo progresso cientfico e pelos sistemaspolticos tpico desta situao. Visto como os inimigos da f crist vem aIgreja enlanguescendo-se e eles em ascendncia, atribuem esse xito "aoseu prprio deus". No compreendem o verdadeiro significado da histria.Grandes potncias tm-se levantado e conquistado por algum tempo, massempre se embriagam com seu prprio sucesso. E, de sbito, chega a suavez de serem abatidas. O verdadeiro significado da histria nunca lhespassa pela cabea.

    C. Pelo prprio profetaFinalmente, os caminhos de Deus eram desconcertantes at para o

    prprio profeta. Porm sua reao foi muito diferente da do povo. Ele squeria saber como isto se reconciliaria com a santidade de Deus. Eleexclama: "At quando, Senhor, clamarei eu, e tu no me escutars? gritar-te-ei: Violncia! e no salvars? Por que me mostras a iniqidade, e mefazes ver a opresso? Pois a destruio e a violncia esto diante de mim;h contendas, e o litgio se suscita."

    * * *

    Deve ser suficiente estabelecer os seguintes princpios bblicos geraispor meio de uma resposta a este problema da histria:

    |I.A histria est sob controle divino"Pois eis que suscito os caldeus, nao amarga e impetuosa." Deus

    controla no somente a Israel, mas tambm seus prprios inimigos, oscaldeus. Toda nao da terra est sob a mo divina, porque no h poderneste mundo que, em ltima instncia, no seja por ele controlado. Ascoisas no so o que aparentam. Parecia que a astuta faanha militar doscaldeus que os levara a uma posio de ascendncia. Mas no foi assim,de maneira alguma, porque Deus que os suscitara. Deus o Senhor dahistria. Ele est sentado nos cus, e as naes so para ele "comogafanhotos, como um pingo que cai dum balde, e como um gro de p nabalana". A Bblia afirma que Deus est acima de tudo. Ele comeou oprocesso histrico, controla-o, e pr-lhe- um fim. Jamais devemos perderde vista este fato decisivo.

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    II. A histria segue um plano divinoAs coisas no acontecem por acaso. Os acontecimentos no so

    simplesmente acidentais, porque h um plano definido da histria e tudo foipr-organizado desde o comeo. Deus que "v o fim desde o princpio" tem

    um propsito em tudo, e conhece os "tempos ou pocas". Ele sabe quandodeve ou no abenoar a Israel. Tudo est em suas mos. Foi quando veio "aplenitude do tempo" que Deus enviou seu Filho. Ele permitiu que primeiroviessem os grandes filsofos, com sua clarificao do pensamento. Depoissurgiram os romanos, famosos pelo governo ordenado, construindo estradase espalhando seu maravilhoso sistema legal por todo o mundo. S depois deter planejado tudo foi que Deus enviou o seu Filho.

    H um propsito na histria, e o que acontece em pleno sculo vinteno acidental. Lembrando-nos de que a Igreja est no centro do plano deDeus, no nos esqueamos jamais do orgulho e da arrogncia da Igreja nosculo dezenove. Ei-la reclinando-se na auto-satisfao, desfrutando deseus assim chamados sermes cultos e ministrio erudito, sentindo-se um

    bocadinho envergonhada de mencionar coisas tais como converso e obrado Esprito Santo. Observe o homem prspero da era vitoriana gozandoconfortavelmente sua adorao. Note sua f na cincia e sua prontido emcolocar a filosofia no lugar da revelao. Com que constncia ele nega overdadeiro esprito do Novo Testamento! Sim, a igreja necessitava decastigo, e no muito difcil entender o sculo vinte quando consideramos ahistria do sculo dezenove. H, deveras, um plano em todas essas coisas.

    III. A histria segue um horrio divinoDeus no se detm para consultar-nos, e tudo ocorre segundo "o

    conselho da sua vontade. Deus tem o seu tempo; ele tem seu prpriocaminho; ele age e trabalha conseqentemente.

    IV. A histria est ligada ao reino divinoA chave da histria do mundo o reino de Deus. A histria das

    demais naes mencionadas rio Antigo Testamento s tem importnciaquando se relaciona com o destino de Israel. E, em ltima instncia, ahistria hodierna s tem importncia em relao com a histria da IgrejaCrist. O que realmente importa no mundo o reino de Deus. Desde oprincpio, desde a queda do homem, Deus vem trabalhando no estabele-cimento de um novo reino no mundo. E o seu prprio reino, e ele est

    chamando as gentes do mundo para esse reino; e tudo o que acontece nomundo relaciona-se com o reino que ainda est em processo de formao,mas que atingir sua consumao perfeita. Outros acontecimentos s tmimportncia em relao com esse evento. Os problemas de nossos dias sdevem ser entendidos sua luz. O que Deus permite na Igreja e no mundohoje est relacionado com seu grande propsito para a Igreja e para o reino.

    No nos desconcertemos, portanto, quando virmos coisassurpreendentes acontecendo no mundo. Antes, perguntemo-nos: "Querelao tem este acontecimento com o reino de Deus?" Ou, se estiveremacontecendo a voc coisas estranhas, no se queixe, mas diga: "Que queDeus est querendo me ensinar com isso? Que h em mim que necessita decorreo? Onde errei e por que est Deus permitindo que essas coisasaconteam?" No temos por que desnortear-nos e duvidar do amor ou da

    justia divina. Se Deus no fosse bondoso bastante e respondesse de

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    imediato a algumas de nossas oraes a nosso modo, seramos cristosmuito pobres Felizmente, s vezes Deus demora para responder a fim deeliminar o egosmo ou coisas que no deveriam fazer parte de nossa vida.Ele est interessado em ns, e tenciona adaptar-nos para uma posio maisplena em seu reino. Devemos portanto, julgar todo acontecimento luz dogrande, eterno e glorioso propsito de Deus.

    CAPTULO DOIS

    A perplexidade do profetaHabacuque 1:12-17

    (especialmente vv. 12 e 13)

    importante que o cristo no somente leia os jornais e compreenda

    o que est acontecendo no mundo, mas tambm entenda o significado dosacontecimentos. H, em nosso tempo, graves perigos ameaando a Igreja e,a menos que seja cuidadosa, pode, semelhana de Israel do passado,entrar em alianas polticas para evitar exatamente o que Deus ordenou. essencial que a Igreja no veja as coisas com olho poltico, mas aprenda ainterpretar os acontecimentos de modo espiritual e a entend-los luz dasinstrues divinas. Aquilo que para o homem natural inteiramentedetestvel, e at desastroso, pode ser exatamente o que Deus est usandopara castigar-nos e restaurar-nos a um correto relacionamento com ele.Assim, no devemos saltar para concluses precipitadas.

    I - A importncia dos mtodos certosA maioria dos problemas e perplexidades da vida crist surge da falta

    do mtodo certo encar-los. muito mais importante conhecemos o mtodode atacar do que ter resposta simplistas para problemas particulares.Geralmente as pessoas desejam resposta clara para uma perguntaespecfica, mas a Bblia nem sempre nos d o que desejamos. Contudo elanos ensina um mtodo. Temos a tendncia para entrar em pnico e saltarpara concluses falsas quando acontece o inesperado e quando Deus nostrata de uma maneira estranha e inusitada O Salmo 73 adverte-nos doperigo de usar os lbios insensatamente. O salmista, vendo certos males,exclamou: "Com efeito, inutilmente conservei puro o corao e lavei as

    mos na inocncia." Havia vantagem, pois, em ser religioso? Mas de sbitoele se deteve e disse: "Se eu pensara em falar tais palavras...", percebendo

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    que havia falado insensatamente.Devemos descobrir o modo certo de agir em toda situao. O

    problema pode vir de forma pessoal; pode vir no mbito nacional; ou podeatingir-nos como cidados do mundo na esfera mais ampla dosacontecimentos histricos. Por isso, analisemos com cuidado este exemploperfeito do mtodo de enfrentar a situao encontrado na Bblia.

    II. O mtodo descrito

    A. Pare para pensar

    A primeira regra pensar em vez de falar. "Pronto para ouvir", dizTiago, "tardio para falar, tardio para se irar" (Tiago 1:19). O problema quesomos prontos para falar, prontos para irar-nos mas tardios para pensar.Contudo, de o com este profeta, a primeira coisa a fazer ponderar. Antes deexpressarmos nossas reaes devemos disciplinar-nos para pensar. Pode

    parecer suprfluo acentuar este ponto, mas sabemos muito bem que aqui onde no mais das vezes erramos.

    B. Reformule princpios bsicosDiz a regra seguinte que quando a pessoa comea a pensar, no

    deve faz-lo com seu problema imediato. Comece um pouco para trs.Aplique a estratgia do ataque indireto, um princpio bem conhecido noplanejamento militar. O inimigo na ltima guerra era a Alemanha, mas osAliados comearam a derrot-la no norte da frica, uma estratgia deataque indireto. Esse mtodo , s vezes, de vital importncia na vidaespiritual, especialmente quando nos vemos s voltas com um problema

    como o que temos perante ns. Precisamos comear a pensar um poucopara trs e atacar o problema imediato indiretamente.Devemos lembrar-nos, primeiro, das coisas sobre as quais estamos

    absolutamente certos, coisas que esto inteiramente fora de dvida. Anote-as e diga a si mesmo: "Nesta situao terrvel e desnorteante em que meencontro, aqui pelo menos o terreno slido." Quando, caminhando nospantanais, ou numa cadeia de montanhas, deparamos com atoleiros, onico iodo de atravess-los com xito encontrar lugares slidos ondecolocar os ps. O nico meio de cruzar os brejos e pantanais procurarapoio para os ps. Assim, no que tange aos problemas espirituais, precisovoltar aos princpios eternos e absolutos. A psicologia deste princpio bvia, porque no momento em que voltamos para os princpios bsicos,

    imediatamente comeamos a perder o pnico. muito importantetranqilizar a alma com as coisas queesto alm de discusso.

    C. Aplique os princpios ao problemaHavendo, pois, feito isso, a pessoa pode dar o passo seguinte.

    Coloque o problema particular no contexto dos princpios slidos que lheesto diante. A realidade que todos os problemas tm soluo, contantoque sejam postos no devido contexto. O modo de interpretar um texto difcilda Bblia considerar o seu contexto. Muitas vezes confundimos osignificado de uma frase porque a retiramos do contexto; mas quandocolocamos a passagem problema no seu contexto, geralmente este nosinterpretar o trecho. O mesmo princpio aplica-se ao problema que lhe estpreocupando.

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    D. Se ainda houver dvida, entregue o problema a Deus, comf

    Isso nos conduz ao passo final deste mtodo. Se a resposta ainda no

    lhe clara, ento leve a dificuldade a Deus em orao e deixe-a com ele.Foi isso que o profeta fez em 1:13. No versculo anterior e na primeira partedo versculo 13, o profeta ainda estava claramente perplexo, por isso elelevou o problema a Deus e o deixou l. Uma vez que temos o mtodo certo,podemos aplic-lo a qualquer problema: aos tratos estranhos de Deus comuma nao, aos problemas do Ido ou igualmente s dificuldades pessoais.Seja qual for o problema, pare para pensar, formule as proposies,traga-o para esse contexto, e depois, se ainda estiver em dvida, leve-o aDeus e deixe-o ali.

    * * *

    Acompanhemos o profeta enquanto ele aplica este mtodo aos doisprincipais problemas que o perturbavam: o da aparente fraqueza e derrotade Deus, e o de reconciliar o carter divino com o uso que Deus faz doexrcito caldeu.

    I. O problema da inao divinaAs pessoas perguntaram naquela poca: Por que Deus permitiu que o

    exrcito caldeu se comportasse como quis e com resultados todevastadores? Era ele impotente em face dessa potncia inimiga? Aspessoas ainda perguntam hoje: Por que Deus permitiu o surgimento da "altacrtica" e de outras influncias debilitadoras? Por que ele tolera tais coisas?

    Por que no intervm? Ser que Deus no pode det-las? Ou, de novo: Porque Deus permite a guerra?

    A. Deus eternoDepois de expor sua dificuldade, o profeta declara: "No s tu desde

    a eternidade?" (1:12). Como vemos, ele est formulando uma propsito.Esquece-se por um momento do problema imediato, e pergunta a si mesmo:que sabia ele a respeito de Deus? A primeira coisa era: "No stu desde aeternidade?" Anteriormente ele havia dito (1:11) que os caldeus, orgulhososcom o sucesso, atribuam seu poder ao seu deus; e no momento em quedisse isso, comeou a pensar:

    "O deus deles o que era esse deus? Apenas algo que eles mesmos

    haviam criado. O Bel deles era de sua prpria fabricao!" (cf. Isaas 46) penquanto assim pensava, lembrou-se de ale0 que tinha certeza. Deus oDeus eterno, de eternidade a eternidade. Ele no como os deuses decriao humana; ele no como o deus do orgulhoso exrcito caldeu; ele Deus de eternidade a eternidade, o Deus eterno. Nada h mais consoladorou tranqilizador, quando nos encontramos oprimidos pelos problemas dahistria, e quando desejamos saber o que deve acontecer no mundo, do quelembrar-nos de que o Deus a quem adoramos est fora do fluxo da histria.Ele precedeu a histria; ele criou a histria. Seu trono est acima do mundoe fora do tempo. Ele, o Deus eterno, reina na eternidade.

    B. Deus auto-existenteEnto o profeta acrescenta algo mais: "No s tu desde a eternidade, Senhor", e ao dizer Senhorusa o grande nome de "Jeov". "No s tu

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    desde a eternidade, Jeov?" Esse nome diz--nos que Deus o auto-existente, o eterno EU SOU. "Assim dirs aos filhos de Israel", Deus haviaditoa Moiss, "EU SOU me enviou a vs outros." O nome "EU SOU o queSOU" significa: "Eu sou o Absoluto, o auto-existente." Aqui est a segundaproposio vital. Deus no depende, em nenhum sentido, de nada queacontece no mundo, mas existe em si mesmo. No s Ele no dependentedo mundo, mas nunca teria necessidade de cri-lo se no o desejasse. Atremenda verdade concernente Trindade que uma vida eternamenteauto-existente reside na Divindade Pai, Filho e Esprito Santo. Aqui, denovo, est a maravilhosa certeza: "Estou certo de que Deus nodepende deste mundo, porque auto-existente: ele Senhor, Jeov, ogrande EU SOU." O problema comea a desaparecer.

    C. Deus santoO profeta traz, ento, lembrana que outro absoluto de Deus sua

    santidade. "No s tu desde a eternidade, Senhor meu Deus, meuSanto?" Habacuque est seguro no sei da existncia eterna de Deus, no

    s de sua auto-existncia, e de sua independncia de tudo e de todos, masde que ele o "Santo", total e absolutamente justo e santo, "um fogoconsumidor". "Deus luz, e no h nele treva nenhuma." No momento emque consideramos as Escrituras dessa maneira, somos obrigados aperguntar: "Pode o Senhor da terra cometer injustia?" Tal coisa inimaginvel.

    D. Deus todo-poderosoVem, a seguir, a prxima proposio do profeta. Diz ele: "O Senhor,

    para executar juzo puseste aquele povo; tu, Rocha, o fundaste paraservir de disciplina." Assim, outra coisa da qual ele est certo que Deus todo-poderoso. O Deus que do nada criou o mundo, que disse: "Haja luz" e

    houve luz, tem poder absoluto, tem poder ilimitado. Ele a "Rocha".

    E. Deus fielH, entretanto, outra proposio que o profeta apresenta

    concernente a Deus, que , em muitos sentidos, a mais importante de todascom respe' to ao problema com o qual se defronta: "No s tu desde aeternidade, Senhor meu Deus meu Santo? No morreremos." Quesignificam estas palavras: "Meu Deus, meu Santo, no morreremos"? Eleest-se recordando de que Deus o Deus da aliana. Embora independentee absoluto, eterno, poderoso, justo e santo, no obstante Deus

    condescendeu em fazer aliana com os homens. Fez uma aliana comAbrao, qual o profeta se refere aqui, e renovou esta aliana com Isaque ecom Jac. Renovou-a outra vez com Davi. Foi esta aliana que deu a Israel odireito de voltar-se para Deus e dizer: "Meu Deus, meu Santo." O profetalembra-se de que Deus disse: "Eu serei o seu Deus e eles sero o meupovo." Para esses santos homens, para os profetas, e para todos quantostinham discernimento espiritual em Israel, este fato era mais significativo doque qualquer outra coisa. Conquanto cressem nos atributos eternos deDeus, podiam sentir arrepios em face da idia de que tal Deus pudesseestar distante nos cus e esquecido das necessidades do povo. Mas o quevinculava Deus ao povo era o conhecimento de que era um Deus fiel, quecumpria a aliana. Ele dera a sua palavra e jamais a quebraria. Pensando na

    aliana, o profeta pode dizer: "Meu Deus Santo"' e acrescenta: "Nomorreremos, exrcito caldeu podia fazer o que quisesse, nunca

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    exterminaria a Israel, porque Deus havia feito determinadas promessasque jamais quebraria.

    Havendo formulado suas proposies, o profeta agora traz oproblema para o contexto lesses princpios absolutos e eternos. E isto oque ele diz: "Para executar juzo puseste aquele . o fundaste para servir dedisciplina." Ele deduz sua resposta pergunta acerca dos caldeusraciocinando: "Deus os deve estar suscitando para o benefcio de Israel;disto posso estar absolutamente certo. No que os caldeus tenham tomadoa lei em suas prprias mos; no que Deus no possa restringi-los. Taiscoisas so impossveis em face de minhas proposies. Deus est apenasutilizando-os para seus prprios fins ("Para executar juzo puseste aquelepovo; fundaste-o para servir de disciplina"); e ele est levando a cabo essesfins. No entendo plenamente o problema, mas estou bem seguro de queno seremos exterminados. Este no ser o fim da histria de Israel;embora, segundo a descrio, aparentemente sobraro bem poucos,seremos levados para o cativeiro. Mas ficar um remanescente, porque o

    Todo-poderoso ainda Deus, e ele est usando os caldeus para fazer algo

    que est dentro do propsito da aliana. Deus no est revelandofraqueza. Ele no est sendo derrotado. Deus, pelo fato de ser o que , estfazendo isto, e o faz para seu prprio nobre fim e objetivo."

    III. O problema de reconciliar o carter santo de Deus com ouso que ele faz dos caldeus

    Vamos, porm, ao segundo problema. Se Deus todo-poderoso, e seele est no controle dos acontecimentos, como podem estes reconciliar-secom seu carter santo? Se admitimos o poder de Deus, e vemos que oscaldeus no passam de instrumentos nas mos divinas, e que seu xito no devido ao seu prprio deus, ainda devemos perguntar como um Deussanto permite que tais coisas ocorram. Habacuque aplica o mtodo anterior.

    A. Um Deus santo odeia o pecado e no pode fazer o malEle comea dizendo: "Disto estou seguro: Tu s to puro de olhos,

    que no podes ver o mal, e a opresso no podes contemplar' (1:13). Possono estar certo a respeito de algumas coisas, mas isto eu sei: Deus nopode ver o mal sem odi-lo. Ele o detesta." Todo o mal que existe no mundo totalmente repugnante para Deus por causa de sua pureza. Ele to puro

    de olhos que no pode ver o mal com complacncia. Deus e o mal sooponentes eternos. Qualquer coisa injusta ou cruel distancia-se muito docarter de Deus. No h injustia em Deus; quanto a isto, no h dvida. Eleno s no tenta o homem, mas no pode ser tentado pelo mal. "Deus luz,e no h nele treva nenhuma."

    Havendo afirmado isto, o profeta se volta imediatamente para umadificuldade desconcertante. "Se isto verdadeiro a teu respeito, Deus",diz ele, "por que, pois, toleras os que procedem perfidamente, e te calasquando o perverso devora aquele que mais justo do que ele?" Como podiaDeus permitir que os caldeus fizessem isto ao seu prprio povo? O povo doprofeta podia ser mau, mas os caldeus eram piores. Ou, traduzindo parauma forma moderna, os cristos dizem: "Estou pronto a admitir que a Igrejavem apostatando durante anos, mas os comunistas so mpios. Como podeDeus permitir as coisas que esto acontecendo?" Ou, aplicando-o mais

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    pessoalmente, muitas vezes os homens protestam: "Admito que no soutudo o que devia ser; mas fulano de tal pior, e no entanto prospera." Qual a resposta?

    B. Portanto entrego a Deus o problema no solucionado

    Neste pargrafo o profeta no recebe resposta alguma. Para aprimeira pergunta acerca do poder de Deus, Habacuque teve uma respostapositiva. Mas o problema da santidade de Deus mais difcil. Mesmo depoisde demonstrar seus princpios absolutos e de colocar o problema nestecontexto, ainda no h resposta clara. Por experincia sabemos que muitasvezes assim. Aplicamos o mtodo que funcionou to bem em outroscasos, porm no recebemos resposta imediata. Que fazer num caso assim?Certamente que no devemos apressar-nos a dizer: "Visto como noentendo isto, tenho c minhas dvidas de que Deus seja justo." No! Se apessoa ainda no entende, depois de aplicar os mtodos dados por Deus,ento deve falar com ele a respeito. Cometemos um erro quando conversa-mos com ns mesmos e depois com outras pessoas, e perguntamos: "Por

    que isto? No estranho?" Devemos fazer o que o profeta fez: levar oproblema a Deus e deix-lo com ele.

    C. O exemplo do Filho de DeusO cristo pode manter-se nesta posio por uma semana, ou meses,

    ou anos. Muitas vezes tem acontecido assim. Mas deixe o caso com Deus!Este no apenas o mtodo proftico; a atitude que o prprio Filho deDeus adotou quando esteve no mundo. O problema para ele era o de ser"feito pecado" para a salvao do homem. Ele sabia que o Pai poderia t-lolivrado das mos dos judeus como tambm das mos dos romanos. Elepoderia ter ordenado doze legies de anjos e escapado. Mas como ele deviaser feito pecado, e o pecado tinha de ser punido em seu corpo, ele tinha deser separado do Pai. Era esse o problema; e o Filho de Deus defrontou-secom a maior perplexidade de sua vida humana na terra. Uma coisa que elequeria evitar era a separao do Pai. Contudo, que fez ele? Precisamente oque o profeta fez. Orou, dizendo: "Meu Pai: Se possvel, passe de mim esteclice! Todavia, no seja como eu quero, e, sim, como tu queres" (Mateus26:39). "No entendo isto", disse ele em realidade, "mas se este o teucaminho, muito bem, continuarei." Levou a Deus o problema que noentendia e deixou-o ali. Podemos dizer, com reverncia, que o Senhor Jesus,embora talvez no entendesse plenamente porque se fez homem, noobstante prosseguiu, confiante em que a vontade de Deus sempre certa, eque um Deus santo nunca ordenar nada errado.

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    CAPTULO TRS

    espera da resposta de DeusHabacuque 2:1-3

    I. A atitude de fDepois de falar com Deus a respeito de sua perplexidade (Habacuque

    1), o profeta diz, no captulo 2: "Pr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza, e vigiarei para ver o que Deus me dir, e queresposta eu terei minha queixa" (2:1). A ltima frase pode significar "Oque responderei quando for reprovado pelos que no gostam da minhamensagem", ou "quando sou reprovado por Deus pelo que eu disse." Mas oimportante que Habacuque agora compreende que o que lhe competefazer esperar em Deus. No basta orar, contar a Deus nossasperplexidades, e lanar nossa carga sobre o Senhor. Devemos ir alm eesperar em Deus.

    A. Entregue seu problema a DeusNa prtica, o que significa entregar nosso problema a Deus?

    Primeiro, devemos desligar-nos do problema. As palavras do profeta, aoretratar uma torre erigida num local elevado de onde se tem uma amplaviso e uma excelente perspectiva, sugerem esta interpretao. O vigiamuito acima das plancies e das multides, ocupando uma posiovantajosa, da qual ele pode ver tudo o que acontece. "Vigiarei para ver oque Deus me dir." Ora, aqui est um d* mais importantes princpios davida crist compreenso de como combater no conflito espiritual. Umavez que confiamos o problema a Deus, j no temos por que preocupar-noscom ele. Devemos voltar-lhe as costas e fixar os olhos em Deus.

    No aqui, precisamente, onde nos desviamos? Temos umaperplexidade, e aplicamos o mtodo proftico de formular postulados e

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    colocar o problema no contexto das proposies que estabelecemos. Masainda no encontramos satisfao, e no sabemos o que fazer. Talvez oproblema seja o que fazer com a nossa vida; ou pode ser alguma situaoque nos confronta, a qual envolve uma deciso difcil. No havendo chegadoa uma soluo, a despeito de termos buscado a orientao do EspritoSanto, nada mais nos resta fazer seno lev-lo a Deus em orao. O queacontece com tanta freqncia e isto: Ajoelhamo-nos e contamos a Deus oque nos preocupa; dizemos-lhe que no podemos solucionar a dificuldade;que no podemos entender; e pedimos-lhe que trate do problema nosmostre o seu caminho. Ento, no momento nos levantamos, comeamosa preocupar-nos de novo com o problema.

    Ora se fazemos, no h razo para orar. Se levamos o problema aDeus, devemos deixa-lo com Ele. No temos o direito de continuarocupados. Em sua perplexidade, Habacuque "Vou sair deste vale dedepresso; vou para torre de vigia; vou galgar as alturas; vou olhar a Deus epara ele somente" um dos mais importantes segredos da vida crist! Se apessoa entregou o problema a Deus e continua pensando nele, significa que

    suas oraes no eram autnticas. Se, ajoelhado, o indivduo contou a Deusque havia chegado a um impasse; que no podia resolver o problema, eque o estava transferindo para ele, ento deixe a dificuldade com ele.Deve recusar-se, resolutamente, a pensar ou a falar sobre o assunto. Nodeve dizer ao primeiro cristo que encontrar: "Sabe de uma coisa? Estoucom um problema horroroso; no sei o que fazer." No discuta o caso.Deixe-o com Deus e v para a torre de vigia. Pode ser que este passo nonos seja fcil. Talvez tenhamos de forar-nos a fazer isto. No obstante, essencial. Nunca devemos permitir que uma dificuldade s leve ao fundo;que um problema nos tranca-Se- Devemos sair de tal situaoimediatamente - "Pr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre afortaleza." Temos de desembaraar-nos deliberadamente, puxar-nos para

    fora do problema, por assim dizer, para desligar-nos totalmente dele, eento tomar nossa posio de olhar somente para Deus.

    Nas prprias Escrituras e na biografia encontramos inmerosexemplos deste importante princpio da vida de f. Olhar para Deus significaque no tratamos pessoalmente do problema, no consultamos outraspessoas mas dependemos inteiramente de Deus e esperamos somentenele.

    Habacuque olhou para o problema, mas no conseguiu ver luzalguma. Lutava com o fato d que Deus ia tomar os temveis caldeus, p 0vmuitssimo pior do que sua prpria nao, e us-los para seu propsito. Erauma coisa que o profeta no podia entender, nem reconciliar com a

    santidade divina. Mas podia lev-la a Deus, e de fato a levou. Havendoassim feito, olhou para Deus e parou de olhar para sua dificuldade. Essa averdadeira base da paz espiritual. Foi exatamente isso o que Paulo quisdizer quando afirmou: "No andeis ansiosos de coisa alguma" (vejaFilipenses 4:6, 7). No importa qual seja a causa; nunca nos deixemos estaransiosos, e nunca nos deixemos sobrecarregar ou desgastar pelos cuidados.No temos o direito de perturbar-nos; nunca devemos ter esse cuidadoansioso que no s espiritualmente paralisante como tambmfisicamente debilitante. Nunca andemos ansiosos, mas "em tudo" e essafrase toda-inclusiva "sejam conhecidas diante de Deus as vossaspeties, pela orao e pela splica, com aes de graa." E ento, "a paz dDeus, que excede todo o entendimento, guardar os vossos coraes e as

    vossas mentes Cristo Jesus." Subamos torre de vigia e mantenhamo-nosolhando para Deus. No olhemos para nada mais, muito menos para o

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    problema, que nos aflige.

    B. Aguarde uma resposta de DeusMas devemos ir alm e buscar a resposta. -Vigiarei para ver", diz

    este homem. A tarefa do a militar manter o olho na paisagem que est sua frente, a fim de observar o mais leve indcio de movimento por parte doinimigo. Habacuque est procurando a resposta. Tantas ,vezes falhamos sporque oramos a Deus e depois nos esquecemos. Se oramos, devemosesperar pelas respostas. Na realidade, depois de havermos orado,continuamos a confiar em Deus e a aguardar ansiosamente a resposta?Somos como este homem em sua torre de vigia, esperando que ela venha aqualquer momento? Deus, claro, pode responder de muitas formasdiferentes. Por exemplo, podemos esperar que Deus nos responda enquantolemos a sua Palavra, pois esse o meio mais comum de todos de que elefaz uso. Enquanto estamos lendo a Bblia, percebemos de repente que umaestranha e maravilhosa luz jorra sobre nosso problema. Se dissermos a nsmesmos: "Esta a lavra de Deus atravs da qual ele fala aos homens; eu

    gostaria de saber o que ele tem para dizer-me", ento provvel queobtenhamos a exposta. Vigiemos e esperemos, -teus tambm s vezesresponde diretamente asso esprito. O profeta disse: "Vigiarei para ver o queDeus me dir." A Verso do Rei Tiago diz margem: "Vigiarei para ver o queDeus diz em mim." Deus me fala falando em mim. Ele pode, assim, poralguma coisa em nossa que nos certifique da resposta. Ele pode imprimiralgo em nosso esprito de uma ma inconfundvel. Sentimo-nos incapazes delivrar-nos de uma impresso que est em n ' mente; tentamos livrar-nosdela, porm ela volta. Deus responde assim, s vezes.

    Outras vezes ele responde s nossas oraes ordenando com talprovidncia nossas circunstncias e os acontecimentos cotidianos da vidaque se torna claro o que Deus est dizendo Deus nunca nos chama para

    fazer qualquer trabalho sem abrir a porta. Ele pode demorar muito tempo,mas se deseja que realizemos algum trabalho especial, fechar as demaisportas e abrir uma particular. Nossa vida toda ser dirigida para esse fim.Esta uma experincia comum da vida crist. Muitas vezes Deus permiteque surjam obstculos, mas o caminho adiante permanece claro. A vontadede Deus certa. O importante que estejamos procurando as respostas, eprontos para reconhec-las quando chegarem. Uma vez entregue oproblema a Deus, devo esperar que ele responda. Tambm devo compararum sinal de orientao com outro, porque se Deus sempre consistenteconsigo mesmo e em seus tratos comigo, posso esperar que tudo seencaminhe para um mesmo ponto.

    C. Vigie e aguarde a respostaO terceiro e ltimo princpio que nos dado como exemplo que

    devemos vigiar zelosa e persistentemente, semelhana do vigia em suaDevemos crer que Deus e sempre fiel a sua palavra, e que suas promessasnunca falham. Assim entregando-me e entregando meu problema a Deus,devo persistir em buscar com a confiana de que ele responder.Desonramos a e no procedermos dessa forma. Se creio que Deus meuPai, e que os prprios cabelos da minha cabea esto todos contados, e queDeus est muito mais interessado em meu bem-estar do que eu prprio; ese creio que Deus est muito mais interessado do que eu na honra de seugrande e santo nome, ento certamente desonro a Deus se no esperar

    uma resposta minha orao. Nada revela tanto o carter de nossa f comoo que faremos depois de havermos orado. Os homens de f no

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    somente oraram, mas esperaram respostas s suas oraes. s vezes,oramos a Deus numa hora de pnico; depois, passado esse momento,esquecemo-nos do que pedimos. A esperana da resposta o teste danossa f. O profeta ps-se a vigiar na fortaleza. Embora no conseguisseentender as aes de Deus, levou o problema a ele e procurou a resposta.

    II. F recompensadaOs versculos 2 e 3 do captulo 2 contm a resposta dada a

    Habacuque. "Escreve a viso, grava-a sobre tbuas, para que a possa lerat quem passa correndo. Porque a viso ainda est cumprir-se no tempodeterminado, mas se apressa para o fim, e no falhar; se tardar, espera-o,porque certamente vir, no tardar."

    Esta lio valiosa. E uma lei absoluta do espiritual que seadotarmos o mtodo de Habacuque e fizermos o que ele fez. Deus semprehonra as suas promessas. Em realidade, Deus disse: Est bem, Habacuque;ouvi sua orao; entendi sua perplexidade. Eis a minha resposta. Os

    caldeus, que vou suscitar para castigar Israel, sero, por sua vez,completamente extirpados e destrudos." A grandeza dos caldeus durariapouco tempo. Fora Deus quem, para um propsito especial, os suscitara;mas eles receberam a glria e se enfatuaram com um senso de seu prpriopoder. Ento Deus suscitou os medos e os persas que destruram porcompleto os caldeus. Deus disse ao profeta que escrevesse a profecia commuita clareza, de sorte que qualquer que a lesse pudesse, de imediato,entender e apressar-se a obedecer e advertir a outros.

    III. A verdadeira natureza da profecia

    Chegamos agora ao assunto da profecia em geral. Ao analisar oproblema contemporneo acerca da natureza da histria e da sua filosofiabblica, de primacial importncia que entendamos a verdadeira naturezada profecia. A profecia ocupa grande espao na Bblia. Nada h, por certo,que traga maior conforto e consolao ao crente do que compreender anatureza da profecia. A profecia fundamental ao ensino bblico acerca darevelao de Deus ao homem. Por isso que, durante os ltimos cem anos, oataque verdadeira f crist geralmente se concentro neste assunto. Aincredulidade sempre crtica da profecia. O ensino das Escrituras sobre osmilagres , de igual modo, o ponto em torno do qual gira a posio toda daverdadeira f evanglica. Conseqentemente, o racionalismo tem-sepreocupado muito em negar a viso bblica da profecia e tambm os

    milagres, visto que estes s as manifestaes supremas do elementosobrenatural na histria e na Bblia.

    A. a revelao de Deus ao homemPortanto, o livro de Habacuque declara que a profecia antes de

    tudo, algo revelado por Deus ao homem. "Escreve a viso, grava-a sobretbuas." Deus revelou a Habacuque o que ia ocorrer. Os racionalistas(alguns dos quais se denominam cristos e s vezes at ocupam posiesde destaque na Igreja) desprezam inteiramente essa idia. Eles explicam aprofecia dizendo que os profetas do Antigo Testamento no passavam dehomens com gnio poltico e um discernimento claro da situao. Noconcordam, de maneira alguma, que Deus tenha revelado coisas a esseshomens. Alegam que os profetas eram profundos pensadores polticos,grandes filsofos, ou homens com intuitiva, quase instintiva compreenso

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    das situaes. Admitem, claro, que os profetas foram homensexcepcionais, possuindo semelhana dos poetas, uma inspirao parti-cularmente clara. Percebiam o significado do que estava acontecendo, eescreviam o que viam. Esse, porm, no o ensino da Bblia, que deixaclaro que a essncia mesma da profecia que Deus tomou determinadohomem e lhe deu uma mensagem. Por exemplo, Deus disse a Habacuque:"Voc me trouxe seu problema e vou dar-lhe a resposta." Era uma revelaodivina. 2 Pedro 1:20 declara com clareza: "nenhuma profecia da Escrituraprovm de particular elucidao"; o que significa que a profecia no algoque o homem elabora mentalmente, ou vaticina, ou excogita. No algoque procede da mente humana. A profecia o resultado de homens santosfalando como se movidos ou conduzidos pelo Esprito Santo. Ora, ointeresse de Pedro era consolar os cristos que se achavam perplexos como que estava acontecendo. esse tambm o interesse de Habacuque e onosso hoje; e o apstolo insiste em que os crentes prestem ateno palavra da profecia "Temos assim tanto mais confirmada a palavraproftica" (2 Pedro 1:19). Deviam entender o que a profecia significava. No

    se tratava de algo que os profetas do Antigo Testamento elaboraram, masde algo que o Esprito Santo lhes deu para transmitirem aos outros. Aprofecia no uma interpretao particular dos acontecimentos mas a ver-dade revelada de Deus ao homem.

    B. uma predio de acontecimentosO segundo elemento da profecia o de predizer. Aqui, tambm, os

    crticos fazem objeo. Eles definem a profecia no como uma predio,mas apenas como uma "proclamao", uma forma de ensino. A profecia ,sem dvida, uma proclamao, e uma forma de ensino; mas um fatoessencial dessa forma de ensino que o profeta diz com antecedncia, ouprediz, o que vai acontecer no futuro. Deus disse a Habacuque duas coisas

    muito antes que elas viessem a acontecer: que ia suscitar os caldeus e que,depois de haverem conquistado a Israel e de estarem gozando desupremacia internacional, seriam subitamente destrudos. Devemos insistirem que acontecimentos de grande importncia foram revelados comantecedncia aos profetas que Deus suscitava de tempos em tempos paraadvertir e reprovar a Israel.

    C. de cumprimento seguroH outro elemento de supremo consolo para o crente: o cumprimento

    da profecia seguro. "Escreve a viso, grava-a sobre tbuas. . . porque aviso ainda est para cumprir-se." Os acontecimentos preditos seguramente

    ocorrero no devido curso, e no tempo de Deus. "Se tardar, espera-o." Elapode tardar, mas nada pode impedir ou frustrar seu cumprimento."Certamente vir", disse Deus. E preciso avisar o povo. O que Deusprometeu, certamente executar. H um tom de finalizao completa emtoda profecia bblica.

    D. de cumprimento exatoO ltimo elemento da profecia, talvez o mais maravilhoso de todos,

    que ela exata "Escreve a viso, grava-a. . . Porque a viso ainda estpara cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim, e nofalhar." O tempo para o cumprimento est fixado. O momento exato determinado por Deus. Este um princpio vital da profecia. Deus no s

    prediz o que vai acontecer; no s o revela ao seu servo, e no s o lembrade que o fato absolutamente seguro, mas acrescenta que ocorrer no

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    exato minuto indicado, e que no se atrasar nem uma frao de segundo.Se quisermos manter calma e alegria nestes tempos difceis em que

    vivemos de vital importncia que compreendamos os grandes princpiosda profecia divina. O Antigo Testamento est repleto deles. Observe comoDeus predisse o dilvio. Cento e vinte anos se passaram e nada parecia sermais improvvel. As pessoas riam-se de No. Mas no tempo indicado, odilvio veio. Foi assim tambm no caso de Sodoma e Gomorra. Havia ummomento divinamente predeterminado, e quando chegou a hora, Deus agiu.O exemplo mais impressionante encontra-se na vida de Abrao. No captulo15 do livro de Gnesis lemos: "Sabe, com certeza, que a tua descendnciaser peregrina em terra alheia, e ser reduzida escravido, e ser afligidapor quatrocentos anos. Mas tambm eu julgarei a gente a que tm desujeitar-se; e depois sairo com grandes riquezas" (vs. 13, 14). Mais tarde,em xodo 12:40, 41, lemos: "Ora o tempo que os filhos de Israel habitaramno Egito foi de quatrocentos e trinta anos. Aconteceu que, ao cabo dosquatrocentos e trinta anos, nesse mesmo dia, todas as hostes do Senhorsaram da terra do Egito." Que exatido! "nesse mesmo dia". Assim

    tambm no caso de Habacuque no haver demora de um segundo. Deusfixou "o tempo determinado". A Jeremias foi revelado que sua nao seriamantida na Babilnia durante exatamente setenta anos, ao fim dos quais opovo retornaria. Tudo isso aconteceu. De maneira semelhante, Deushabilitou a Daniel a profetizar com exatido o tempo da vinda do Filho deDeus, o Messias.

    Assim sendo, esperemos em Deus. Certamente ele mandar aresposta. Tudo o que ele ordenou, certamente e com absoluta seguranaacontecer, e no exato momento para isso determinado.

    Para os cristos de nossos dias, que vivem em perplexidade quanto atanta coisa que acontece na Igreja e no mundo, esta ainda a resposta deDeus. Deus no somente conhece o curso futuro da histria; no somente

    torna claro o seu propsito para a Igreja; mas aquilo que ele decretou,acontecer, com absoluta certeza. s vezes difcil entender a demora.Entretanto, "para com o Senhor, um dia como mil anos, e mil anos comoum dia". Aguardemos a viso; ela certa, segura, jamais falha.

    CAPITULO QUATRO

    "O justo viver pela sua f"Habacuque 2:4-20 (especialmente os vv. 4, 14 e 20)

    A mensagem do versculo 4 ao fim do captulo 2 que os caldeus,

    que seriam usados como instrumento para castigar Israel, seriam castiga-dos e finalmente extirpados. Deus ia us-los por algum tempo, mas o seufinal era certo. Deus ia humilhar os caldeus e infligir-lhes uma punioterrvel. Os pormenores desses versculos retratam a arrogncia e a loucurados caldeus com uma exatido confirmada pela histria secular. Paraentendermos o ensino, preciso que ressaltemos certos princpios aquiapresentados.

    I. Os acontecimentos histricos devem ser interpretados luzdo reino de Deus

    O importante para ns aplicarmos esses acontecimentos nossasituao. O caso em questo exemplo de um princpio universal dos tratos

    de Deus com a humanidade. Na presente situao mundial de mximaurgncia que tenhamos uma compreenso apropriada deste princpio. Se

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    desejamos ter paz interior, a despeito do que acontece no mundo e aonosso redor, o nico modo de consegui-lo mediante a compreenso dafilosofia bblica da histria que explica o que est acontecendo no mundosecular e sua influncia sobre a Igreja de Deus. O princpio essencial que ahistria s pode ser entendida em termos do reino de Deus isto , ogoverno de Deus no mundo como um todo, incluindo a Igreja. Toda ahistria est sendo dirigida por Deus para o seu propsito com respeito aoreino. Nosso objetivo agora examinar este princpio pormenorizadamente.

    II. Perplexidade diante dos acontecimentos correntes no experincia nova

    O problema no novo. Ns, no sculo vinte, temos sido bastantetolos em imaginar que nossos problemas so excepcionais e peculiares. Noo so. Experimentamos to-somente o que o povo de Deus experimentoumuitas vezes no passado. Convm lembrar-nos de que a histria se repete,e assim livrar-nos da opinio tola, enfatuada, que temos de ns mesmos.Nossas perplexidades no so de forma alguma novas. Muitos hoje acham

    que no podem ser cristos por causa das dificuldades intelectuais da apa-rente frustrao da histria. Mas este problema to antigo quanto oprprio homem, e tem desconcertado as pessoas desde o princpio. Oconhecimento moderno e os modernos acontecimentos realmente tmpouco que ver com ele, por isso, livremo-nos primeiro de qualquer vaidadeintelectual. O problema o mesmo do autor do Salmo 73 (veja Salmo 73:11,12, 13 e ss.), ou de Habacuque, ou de Israel em geral. A epstola aosHebreus foi escrita especificamente para elucidar este problema. Diziam,com efeito, os cristos hebreus: "Cremos no evangelho, deixamos o

    Judasmo e nos filiamos Igreja Crist por causa do que nos foi dito arespeito de Cristo e de sua salvao, e acerca de sua vinda para estabelecero reino e reinar na terra. Porm ele no veio; estamos sendo perseguidos,

    despojados de nossos bens, e passando momentos difceis. Qual aresposta?"

    Os cristos aos quais Pedro escreveu foram tentados a indagar:"Onde est a promessa da sua vinda?" porque estavam sendo insultadospelos escarnecedores que diziam: "Ah, vocs creram neste evangelho e seentregaram a este Senhor Jesus Cristo. Foi-lhes dito que ele vai voltar parareinar; mas onde est a promessa da sua vinda? Tudo parece continuarcomo estava!" E digno de nota que Pedro lembra aos seus leitores queesse era um velho problema. Disse ele: "Est certo, no lhes dem ouvidos.Isso exatamente o que as pessoas diziam antes do dilvio; o que diziamantes da destruio de Sodoma e Gomorra; o que sempre disseram." A

    resposta de Pedro foi: "Para com o Senhor, um dia como mil anos, e milanos como um dia. No retarda o Senhor a sua promessa, como alguns ajulgam demorada." Ora, precisamente isso que Habacuque est dizendo:"A viso ainda est para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressapara o fim, e no falhar; se tardar, espera-o, porque certamente vir, notardar."

    A histria , tambm, o grande tema do livro do Apocalipse. Ele uma previso clara da histria, uma pr-estria de importantes aconte-cimentos atravs do longo curso da histria at consumao final.Contudo, muitos intrpretes ficam to obcecados com o simbolismo, queperdem o tema central. Especializam-se de tal modo nos detalhes queperdem a verdade central. Deixam de ver a floresta para ver as rvores. O

    livro do Apocalipse , antes de tudo, uma grande pr-estria da histria,tendo o Senhor Jesus Cristo como Aquele que controla a histria abrindo "os

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    selos". O livro contm, assim, uma mensagem de consolo, no s para oscristos do primeiro sculo, mas para o povo de Cristo em todos os tempose em todos os lugares.

    III. Dois possveis caminhos da vida: o caminho da razo e oda f

    Voltemos passagem que estamos considerando. O versculo 4 diz:"Mas o justo viver pela sua f." Esta importante declarao citadadiversas vezes no Novo Testamento. Os eruditos discordam quanto traduo exata da primeira parte do versculo. Pode ser: "Sua alma soberbano reta nele", ou conforme declara Hebreus 10:38, Deus no tem prazerna alma daquele que retrocede. A verdade que h somente duas atitudespossveis para a vida neste mundo: a da f e a da incredulidade. Ou vemosnossa vida mediante a crena que temos em Deus, e as concluses que dadeduzimos, ou nossa perspectiva se baseia numa rejeio de Deus e dasnegaes correspondentes. Podemos "afastar-nos" do caminho da f emDeus, ou viver pela f em Deus. Os prprios termos sugerem modos

    correspondentes de vida. Conforme o homem cr assim ele . A crena dapessoa determina seu procedimento. O justo, o reto, viver por f; ou, emoutras palavras, o homem que vive pela f justo. Por outro lado, o homemque "retrocede" injusto porque no vive pela f. Aqui est a grande linhadivisria da vida, e todos ns nos encontramos num lado ou no outro dessalinha. Sejam quais forem minhas opinies polticas ou filosficas, elasdevem ter este denominador comum: a minha vida ou no baseada na f.Se no for, pouco importam minhas opinies, ou que eu seja controlado porconsideraes polticas, sociais, econmicas ou quaisquer outras. Oimportante aceitar ou no o governo de Deus. Os famosos captulos dez,onze e doze da epstola aos Hebreus expem e exemplificam esta verdade.

    Temos diante de ns duas possibilidades quando encaramos o mundo

    hodierno e meditamos sobre o futuro curso da histria. Posso observar, emeditar no que vejo; depois, lendo o que escrevem os especialistas emquestes militares e polticas, os estadistas e outros, posso finalmentevoltar-me para meus livros de histria e, como resultado, tentar tirar minhasprprias concluses e formar opinies. Certamente por isso que lemos os

    jornais! Dizemos: "Este indivduo um especialista; que pensa ele a esserespeito?" Houve especialistas que disseram que no haveria guerra em1939. Alegavam ter examinado bem o assunto, e na sua opinio eraimprovvel que Hitler fosse guerra. Muitos aceitaram esta opinio e deacordo com ela fizeram seus negcios e planos. Eram governados por suasprprias observaes e dedues, pela aplicao do senso comum e por um

    tipo de sabedoria do mundo, ou pela perspiccia poltica de certosprognosticadores.H, contudo, outro modo de ver as coisas claramente ensinadas na

    Bblia. No se baseia em concluses tiradas do nmero de divises militaresque um pas tem, ou se ainda est por chegar a hora de uma nao atacarou no. A Bblia simplesmente declara que determinada coisa acontecer!Ela no d as razes. Ela apenas diz que acontecer porque Deus assim odiz. esse o caso que temos diante de ns concernente aos caldeus. No seapresentam argumentos; no se faz um balano do poderio das forasrivais; nada seno a mera declarao de Deus ao profeta. E o profeta cr nadeclarao e age de acordo com ela.

    IV. A inevitvel necessidade de escolher entre essasalternativas

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    Nossa vida se baseia numa ou noutra dessas duas atitudes. Ou aceitoa nua e crua Palavra de Deus e vivo por ela, ou ento no aceito. Se apessoa contra a idia de que os profetas podem predizer o futuro, ou queos milagres e a crena no sobrenatural so inconcebveis numa eracientfica e sofisticada como a nossa, est simplesmente privando-se domodo piedoso de viver. O modo bblico viver pela f. "O justo viver pelasua f." F significa aceitar a Palavra de Deus do jeito que ela e atuar deacordo com ela, porque a Palavra de Deus. Significa crer no que Deus dizsimples e exclusivamente porque ele o disse. Os heris da f mencionadosno captulo 11 de Hebreus creram na palavra de Deus simplesmente porqueele havia falado. No tinham nenhum outro motivo para crer nela. Porexemplo, por que Abrao tomou a Isaque e o levou ao monte? Por queestava ele disposto a sacrificar o filho? Simplesmente porque Deus lhe disseque o fizesse.

    Mas o viver pela f mais do que isso. Significa basear toda a nossavida na f em Deus. O segredo dos personagens do Antigo Testamento eraque viviam "como quem v aquele que invisvel". Preferiram,

    semelhana de Moiss, "ser maltratado com o povo de Deus, a usufruirprazeres transitrios do pecado". Por um lado, na corte egpcia, haviasabedoria do mundo; por outro, a simples palavra de Deus que haviarevelado a Moiss seus propsitos para o povo ao qual ele pertencia, e odestino para o qual o Senhor os estava preparando. Na ocasio eles eramescravos e tratados com crueldade. Moiss tinha somente a palavra deDeus para sua base de ao; mas abandonou a corte de Fara e, dando ascostas a perspectivas maravilhosas, saiu, como Abrao, deixando seu pr-prio pas. Ele saiu como "quem v aquele que invisvel." "O justo viverpela sua f." Esses homens apostaram tudo na palavra de Deus. Estavampreparados para sofrer por ela, e se necessrio a perder tudo. A mesmaperspectiva enfrentaram muitos dos primitivos cristos. Foram colocados

    em situao terrvel. Ordenavam-se-lhes que dissessem "Csar Senhor".Mas sua resposta era: "No podemos dizer isso porque sabemos que ele no; h somente um Senhor, o Senhor Jesus Cristo!" "Se no disserem queCsar Senhor", replicavam as autoridades, "sero lanados aos lees naarena!" Ainda assim os cristos recusavam-se a afirmar que Csar erasenhor. Baseados em qu? Baseados na simples palavra de Deus!Acreditavam que certa Pessoa havia nascido neste mundo em extremapobreza em Belm, havia trabalhado como carpinteiro e finalmente morreranuma cruz. Mas tambm acreditavam que ele era o Senhor da glria e quehavia ressuscitado dos mortos. E na fora dessa crena declaravam quenunca diriam que Csar era Senhor. Arriscavam tudo. Morriam pela f e na

    f. Esta nossa posio como cristos hoje. A escolha nos est sendoimposta mais e mais. Ainda h algum tolo bastante para confiar nestemundo e no que ele tem para oferecer? Qual o princpio controlador denossa vida? o clculo? a sabedoria do mundo uma opinio astuta,equilibrada, baseada na histria e no conhecimento humanos? Ou aPalavra de Deus, advertindo-nos de que a vida e este mundo sotransitrios, e que ambos no passam de preparao para o mundovindouro? Ela no nos diz para voltar as costas inteiramente ao mundo, masinsiste em que tenhamos dele a viso correta. Ela enftica ao declarar queo que realmente importa a vinda do reino de Deus. Devemos fazer a nsmesmos, como se na presena de Deus, as perguntas: Est minha vida

    baseada no princpio da f? Estou-me submetendo ao fato de que aquilo queleio na Bblia verdadeiro e a Palavra de Deus? Estou disposto a arriscar

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    tudo, inclusive minha vida, neste fato? Porque "o justo viver pela sua f".

    V. Certeza absoluta da destruio do mal e da vitria de DeusOs cinco ais registrados neste captulo expressam bem a verdade no

    s com respeito aos caldeus, mas tambm como um princpio universal dahistria. Tudo o que mal est sob o juzo de Deus. Conquanto os caldeusfossem suscitados para florescer por um breve tempo, o limite de suaprosperidade estava absolutamente fixado. Os maus podem triunfar poralgum tempo; podem "expandir-se qual cedro do Lbano", mas no duram.Sua sentena est selada. O que deixa perplexo o povo de Deus : Por queDeus o permite? Permite-o para seus prprios propsitos, de sorte que omundo cambaleie sob essas foras do mal, antes que Deus repentinamentemostre seu poder e manifeste sua soberania. O princpio ao qual devemosapegar-nos que Deus est sobre todas as coisas. "O caminho dosprevaricadores spero", seja ele o de um indivduo, de uma nao ou domundo todo. O homem pode adquirir riquezas usando mtodos inquos nosnegcios e chegar ao topo. Mas veja o fim do mpio! Veja-o moribundo em

    seu leito; veja-o sepultado num tmulo, e pense na condenao e no ai queso seu destino! Devamos sentir tristeza pelos mpios, porque so loucosbastante para embriagar-se com o xito temporal. Seu fim est fixado.

    Assim tambm acontece com as naes. Leia a respeito dos impriosinquos, e como pareciam ter o mundo todo aos seus ps Egito, Babilnia,Grcia, Roma! Recorde-se, porm, de seu fim. Durante a era cristaconteceu a mesma coisa. Houve uma poca em que parecia que os turcosdominariam o mundo; mas finalmente caram. Nao aps nao selevantaram para depois cair. Chegou a hora em que o ai pronunciado porDeus entrou em vigor. Ns mesmos temos vivido numa poca em que se veste princpio em operao. E acontea o que acontecer no mundo atual, oprincpio ainda funciona. O ai sobre os caminhos de todos os que se

    opem a Deus. Esto condenados. Podem alcanar grande xito temporrio,e devemos estar preparados para isso; podem, aparentemente, abarcar ouniverso, mas to certo quanto sua estrela brilhou, ela se apagar. O ai, o

    juzo, a sentena de Deus sobre o injusto certo.Voltando-nos para o aspecto positivo desta verdade (v. 14), lemos:

    "Pois a terra se encher do conhecimento da glria do Senhor, como asguas cobrem o mar." A ningum cabe tentar predizer com detalhes o queir acontecer, mas podemos estar certos de um grande fato, a saber, otriunfo final de Deus.

    Sim, podem os mpios enraivecer, e os povos imaginar coisas vs,"Eu, porm, constitu o meu Rei sobre o meu santo monte Sio". Os inimigos

    de Deus e do seu povo podem ser agressivos; tudo pode dar a entender quevo exterminar a Igreja Crist! Mas certamente vir o dia em que "ao nomede Jesus se dobre todo joelho, nos cus, na terra e debaixo da terra, e todalngua confesse que Jesus Cristo Senhor, para glria de Deus Pai".Certamente a terra se encher do conhecimento da glria do Senhor. OMaligno ser aniquilado e lanado no lago de fogo; tudo quanto se ope aDeus ser destrudo, e haver "novos cus e nova terra, nos quais habita a

    justia". A cidade de Deus descer, e os justos entraro nela. Tudo quanto impuro ficar de fora, e Deus ser tudo em todos. O triunfo final de Deus certo.

    A luz de tudo isto, qual, pois, nossa concluso? "Que aproveita odolo, visto que o seu artfice o esculpiu? e a imagem de fundio, mestra de

    mentiras, para que o artfice confie na obra, fazendo dolos mudos?" (v. 18).Livre-nos Deus de que confiemos em algum poder seno o prprio Deus, e

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    nos entreguemos a dolos que os homens venham a erigir, ainda que o sejapela Organizao das Naes Unidas! "Ai daquele que diz ao pau: Acorda! e pedra muda: Desperta! Pode o dolo ensinar? Eis que est coberto de ouroe de prata, mas no seu interior no h flego nenhum" (v. 19). Nodepositemos a confiana em nada que seja do homem, mas somente emDeus!

    "O Senhor, porm, est no seu santo templo; cale-se diante dele todaa terra" (v. 20). No s os pagos devem estar calados, mas os cristostambm. No deve haver investigao, interrogatrio, dvida acerca dabondade, da santidade e do poder de Deus. No perguntemos em tomqueixoso: "Por que Deus permite isso?" ou "Por que Deus faz isso?"Consideremos a palavra do Senhor ao profeta. Ergamos os olhos a Deus.Olhemos para o supremo e para o absoluto. Ento ponhamos as mos sobreos lbios que so to prontos a falar insensatamente. Reconheamos queele est no templo do universo; Deus sobre todas as coisas. Em silncio,humilhemo-nos e nos curvemos diante dele e o adoremos. Magnifiquemossua graa, seu poder, sua fora, sua bondade, e em doce paz de corao,

    mente e alma esperemos por ele.

    CAPITULO CINCO

    Como orarHabacuque 3:1, 2

    I. O carter da verdadeira orao

    A resposta de Habacuque revelao de Deus descrita comoorao. , tambm, uma obra potica, intitulada "Orao do profeta

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    Habacuque sob a forma de canto". Foi uma orao acompanhada demsica, nem lamentosa nem alegre, mas expressiva de profunda e forteemoo. O profeta, sem dvida, comoveu-se at s profundezas de seu sercom emoes conflitantes, predominando as de triunfo e vitria.

    O captulo 3 um registro da orao do profeta. Orao mais doque petio, e inclui louvor, aes de graa, recordao e adorao. Aprpria invocao da histria, como a encontramos aqui, muitas vezes parte da orao. As grandes oraes da Bblia so dos homens quelembraram a Deus o que ele havia feito no passado. Basearam seus pedidosnesses fatos. O captulo inteiro , pois, uma grande orao.

    O segundo versculo deste captulo um modelo da atitude que ocristo deve tomar num momento de perturbao ou de crise. Hoje nosdefrontamos com uma situao mundial que bem pode levar a pessoa quetem inclinao espiritual a pensar no livro de Habacuque. Nosso problemase repete: Por que Deus no intervm? Por que Deus permite tais coisas?Por que os mpios alcanam tanto sucesso? Por que Deus no vem reavivara Igreja? Em face dessas coisas, nossa atitude deveria ser a do profeta.

    Tivemos a atitude do profeta nos dias sombrios da ltima guerra? Foi anossa resposta aos assim chamados dias nacionais de orao a que encon-tramos aqui, ou no nono captulo do livro de Daniel? Faltava, devemosadmitir, um elemento muito vital na atitude da Igreja Crist e da naonaqueles tempos. O cristo sempre se v confrontado por perigos sutis,como aconteceu com o profeta Habacuque. O diabo, como "anjo de luz",busca tirar vantagem de todas as perplexidades, fazendo-nos olhar para ascoisas erradas e assim desvirtuar nossa atitude para com Deus. Aqui se v aatitude que deveria caracterizar os cristos em tempos de provao e deperplexidade.

    II. Elementos essenciais da verdadeira orao

    A. HumilhaoNotamos, primeiro, a humilhao do profeta, ou sua atitude de

    humildade. "Tenho ouvido", diz ele, " Senhor, as tuas declaraes, e mesinto alarmado; aviva a tua obra, Senhor, no decorrer dos anos, e nodecurso dos anos faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericrdia."

    J no h nenhuma argumentao com Deus ou questionamento de seuscaminhos, como no princpio. Ele nem mesmo protesta diante do que Deuslhe diz. Da perplexidade intelectual ele passou para uma posio acima ealm dela. Ele nem mesmo apela a que Deus inverta o juzo. No h pedidoalgum para que Deus detenha sua mo, ou poupe a Israel. Encontramos,

    antes, um reconhecimento de que aquilo que Deus diz que far perfeitamente reto; que Deus absolutamente justo, e que o castigo quevir sobre Israel bem merecido uma atitude de completa submisso vontade divina. (Veja a orao de Daniel em Daniel 9.) No h tentativa dedefender a Israel ou a si prprio, mas franca confisso de pecado e reco-nhecimento da retido, santidade e justia de Deus. "O Senhor, a nspertence o corar de vergonha", diz Daniel. No resta um vestgio sequer de

    justia prpria, mas admisso completa de pecado e total submisso aojuzo de Deus sobre a nao.

    Como foi Habacuque levado a tal posio? Parece que foi quando eleparou de pensar em sua prpria nao, ou nos caldeus, e contemplousomente a santidade e a justia de Deus em face do escuro pano de fundo

    do pecado da raa humana. Quase todas as nossas dificuldades tm origemna persistncia em olharmos para os problemas imediatos, em vez de v-los

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    luz de Deus. Enquanto Habacuque olhava para Israel e para os caldeus,viveu perturbado. Agora ele se esquece de Israel, e dos caldeus, e pe osolhos em Deus. Volta ao reino da verdade espiritual a santidade de Deus,o pecado do homem e do mundo e assim pode ver as coisas numa luzinteiramente nova. Agora ele est interessado na glria de Deus e em nadamais. Ele teve de parar de pensar que os caldeus eram pecadores piores doque os judeus, e no entanto Deus ia us-los, por desconcertante que fosseeste problema. Esta atitude f-lo esquecer-se do pecado de sua prprianao por concentrar-se no pecado de outros que era maior. Enquantopersistia nesta atitude, ele se sentia perplexo e infeliz. Mas o profeta chegouao ponto em que foi tirado inteiramente desse estado, e pde ter somente amaravilhosa viso do Senhor em seu santo templo, com a humanidadepecadora e o universo abaixo dele. A distino entre os israelitas e oscaldeus tornou-se relativamente sem importncia quando as coisas foramvistas assim. J no era possvel ser exaltado, quer como indivduo, quercomo nao. Quando as coisas so vistas de uma perspectiva espiritual, spode haver o reconhecimento de que "todos pecaram e carecem da glria

    de Deus, e "que o mundo inteiro jaz no maligno". A santidade de Deus e opecado do homem so as nicas coisas que importam.Nisso reside o ponto crucial da situao no presente momento.

    Vemos nossa necessidade de humilhao? Vemo-la como membros daIgreja Crist? Estamos s voltas com uma situao mundial em que nosabemos o que vai acontecer? Haver outra guerra? Se nossa atitude ainda a de "Por que Deus permite isso?", "Que fizemos ns para merecer estascoisas?", est claro que no aprendemos a lio que Habacuque aprendeu.Em verdade no nos humilhamos na ltima guerra ou na primeira guerramundial. Deixamos de reconhecer que as duas guerras foram conseqnciainevitvel da impiedade que predominou por quase cem anos, tudo porcausa do orgulho e da arrogncia do homem. Tem a Igreja Crist

    compreendido que sua presente condio, e muito do seu sofrimentopodem ser o castigo do Senhor pela infidelidade e apostasia em que ela temcado com freqncia? Durante um sculo a Igreja, falando em sentidogeral, vem negando o sobrenatural e o miraculoso, pondo em dvida aprpria divindade de Cristo e exaltando a filosofia sobre a revelao. Tem aIgreja, portanto, motivos para queixar-se se passa por momentos difceis?

    Tem--se humilhado ela com pano de saco e com cinzas? Tem elareconhecido e confessado seus pecados? Tem o mundo como um todoqualquer direito de queixar-se? A despeito dos juzos de Deus sobre ns,tem havido um comportamento de humildade? H esprito dearrependimento? Se h, onde est ele?

    inteiramente antibblico e antiespiritual olhar somente para aimpiedade bvia. Os cristos, inclusive seus lderes, tendem a dar aimpresso de que h somente um problema o do comunismo. Eles tmcado no erro em que caiu

    Habacuque. Ouve-se dizer com freqncia que "a Igreja Crist no perfeita, mas vejam o comunismo; a Igreja no tudo aquilo que deveriaser, mas olhem para aquilo!" No vem, portanto, a necessidade dehumilhao. Muitos s vem um problema, o dos caldeus os comunistas e enquanto olham para eles, no esto preparados para humilhar-se. Alio que o profeta Habacuque aprendeu foi de que no mais se trata deuma questo de nacionalismo ou de antagonismo a outra nao. Nada maisimporta, exceto a santidade de Deus e o pecado. No h nada que fazer

    seno humilhar-nos na presena de Deus. Nada poderia ser mais desas-troso, ou mais antibblico, do que a Igreja Crist conceber como seu

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    principal dever opor-se ao comunismo, e muito menos ser induzida a umatal campanha por parte da Igreja de Roma. No existe unio entre Igreja eEstado. Esses problemas devem ser considerados no em termos polticos,mas em termos espirituais. Nossa preocupao deve ser com a santidadede Deus e com o pecado do homem encontre-se ele na Igreja, no Estado,ou no mundo. Diga-se o que se disser de verdadeiro a respeito dos comunis-tas, ou de quem quer se oponha a Cristo, minha primeira pergunta deve ser:Que dizer de mim mesmo? O fato de haver outros piores do que eu significaque estou certo? No, se considerarmos como Daniel ou Habacuque viam oproblema! Todos ns, semelhana de Habacuque, devemos confessar aDeus: "Temos pecado contra ti, e no temos direito algum de pleitearqualquer abrandamento da sentena em tua santa presena." dessahumilhao na presena de Deus que precisamos desesperadamente.

    B. AdoraoH, porm, um segundo elemento na orao, e esse a adorao.

    "Tenho ouvido, Senhor, as tuas declaraes, e me sinto alarmado." "Alar-

    mado" no significa que Habacuque estivesse com medo das coisas que iamacontecer, conforme Deus lhas revelara. No havia medo do sofrimentovindouro. A expresso sugere temor na presena de um Deus to grande;adorao e maravilha venerveis diante de Deus e de seus caminhos. Deuslhe havia dito algo a respeito de seu plano histrico, e o profeta, meditandono fato de que Deus est no seu santo templo e o mundo est debaixo dosseus ps, manteve-se em temor de espanto e reverncia. Ao perceber aonipotncia e a santidade de Deus, ele disse: "e me sinto alarmado." O quese descreve na epstola aos Hebreus como uma atitude de "reverncia esanto temor" uma atitude estranhamente ausente entre ns, mesmo entreos evanglicos. H em demasia familiaridade fcil com o Altssimo. Graas aDeus, podemos chegar sua presena com santa intrepidez mediante o

    sangue de Cristo. Mas esta nunca deve diminuir nossa reverncia e santotemor. O antigo povo de Deus, especialmente os mais espirituais dentreeles, estavam to cnscios da santidade e da grandeza de Deus quetremiam at ao usar o seu nome. A sacralidade, a santidade e a onipotnciade Deus eram algo que os deixavam quase mudos "e me sinto alamardo."Deveramos aproximar-nos dele "com reverncia e santo temor; porque onosso Deus fogo consumidor".

    Isto essencial para compreendermos os tempos em que vivemos.Devemos aprender a ver a Deus em seu santo templo acima do fluxo dahistria, e acima das cenas cambiantes do tempo. Na presena divina anica coisa que se destaca a natureza santa de Deus e nosso prprio

    pecado. Humilhamo-nos e com reverncia o adoramos.C. PetioFinalmente, chegamos ao elemento da petio. "No andeis ansiosos

    de coisa alguma", diz o apstolo Paulo; "em tudo, porm, sejam conhecidasdiante de Deus as vossas peties, pela orao e pela splica, com aes degraa." A verdadeira orao sempre inclui estes trs elementos:humilhao, adorao e petio. Qual a petio no caso de Habacuque?No uma petio de livramento e comodidade, nem uma petio paraque Deus poupe o povo, nem para que no haja guerra contra os caldeus;no pede que no haja sofrimento, que Jerusalm no seja saqueada, nemque o templo no seja arrasado por completo. No h tal petio, porque

    ele viu que esses acontecimentos eram a um tempo inevitveis e bemmerecidos. Ele no ora para que Deus mude o seu plano. O peso do profeta

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  • 8/4/2019 138 D. M. Lloyd-Jones - DO TEMOR F

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    agora era uma preocupao pela causa de Deus, pela obra de Deus, e pelopropsito de Deus em sua prpria nao e no mundo inteiro. Seu desejoera que as coisas se endireitassem. Ele chegou ao ponto em que, comefeito, disse: "No importa o que eu e meus compatriotas tenhamos desofrer, contanto que tua obra seja avivada e conservada pura." Seu grandeapelo era que Deus avivasse sua obra no decorrer dos anos "aviva a tuaobra, Senhor, no decorrer dos anos, e no decurso dos anos faze-a conheci-da."

    A expresso, "no decurso dos anos" deve, certamente, significar,"enquanto essas terrveis coisas profetizadas esto realmente ocorrendoentre ns", ou "no decurso dos anos de sofrimento e calamidade que tupredisseste, ainda assim, Senhor, aviva a tua obra". Esta uma oraoapropriadssima para a Igreja hoje. Se no estamos mais preocupados coma pureza da Igreja do que com o fato de que nos defrontamos com apossibilidade de outra guerra, esse um grave reflexo sobre nossoCristianismo. Que que mais nos est preocupando como cristos? So osacontecimentos do mundo ao nosso redor? Ou o nome e a glria de nosso

    Deus Todo-poderoso, a sade e a condio de sua Igreja, a prosperidade e ofuturo de sua causa entre os homens? Para Habacuque havia somente umapreocupao. A despeito do que ele sabia que iria acontecer, ele oroupedindo o reaviva-mento da causa de Deus em Israel.

    A palavra hebraica "aviva" tem o significado primrio de "preservar"ou "manter vivo". O grande medo de Habacuque era que a Igreja ia serdestruda totalmente,