1 - Reading Latin1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES READING LATIN (Peter Jones e Keith Sidwell, Cambridge University Press) SEÇÃO I TEXTO, GRAMÁTICA, VOCABULÁRIO E EXERCÍCIOS Equipe de Tradução: Alessandro Rolim de Moura Giovanna Mazzaro Valenza Guilherme Gontijo Flores Irene Cristina Boschiero Rodrigo Tadeu Gonçalves CURITIBA 2009

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Manual para ensino de latim

Transcript of 1 - Reading Latin1

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN SETOR DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

    READING LATIN

    (Peter Jones e Keith Sidwell, Cambridge University Press)

    SEO I

    TEXTO, GRAMTICA, VOCABULRIO E EXERCCIOS

    Equipe de Traduo: Alessandro Rolim de Moura Giovanna Mazzaro Valenza Guilherme Gontijo Flores Irene Cristina Boschiero

    Rodrigo Tadeu Gonalves

    CURITIBA 2009

  • 2 ESCLARECIMENTO

    Este material , em grande parte, uma traduo livre dos primeiros captulos do mtodo Reading Latin, de Peter Jones e Keith Sidwell (Cambridge University Press, 1986). O tradutor fez algumas adaptaes necessrias para os leitores brasileiros, omitiu algumas partes e acrescentou outras. Tambm h algumas poucas modificaes de carter terico (nomenclatura, definies etc.). Os textos, a ordem dos contedos e os enunciados latinos apresentados como exemplos so praticamente os mesmos do original. As partes do material que foram elaboradas pelo tradutor e/ou por outros professores esto indicadas em nota de rodap. Esta traduo deve ser utilizada apenas em sala de aula, e no deve ser distribuda ou publicada sem o consentimento dos autores.

    Alessandro Rolim de Moura

  • 3 OBSERVAES PRELIMINARES

    O curso: tempo a ser gasto com as lies; princpios de organizao Lendo em latim (Texto e Gramtica, vocabulrio e exerccios) destinado a

    iniciantes maduros (nos dois ltimos anos do ensino mdio, nas universidades ou na educao para adultos) que querem aprender latim clssico ou medieval. Entre 1981 e 1984, foram realizadas experincias em vrias escolas, cursos de vero, universidades (na Gr-Bretanha, nos Estados Unidos, no Canad, na Nova Zelndia e na Dinamarca) e centros de educao para adultos, e a verso final foi entregue editora em setembro de 1984. Nossa experincia sugere fortemente que se leva mais tempo para desenvolver uma habilidade de leitura em latim do que em grego. Conseqentemente, nas escolas e na educao para adultos, em que o tempo restrito, Lendo em latim deve ser tratado como um curso de dois anos, e nas universidades, com uma carga horria de 3 a 4 horas por semana, a meta do primeiro ano deve ser algo em torno da Seo 5. Turmas muito boas, claro, podem ir mais rpido.

    Os princpios que guiaram a organizao do curso so em geral os mesmos do Reading Greek,1 com trs importantes excees. Primeiramente, ficou claro logo no incio que o latim precisa de mais exerccios do que o grego, e que exerccios de verso para o latim restritos a verbos isolados e locues tm um papel importante (h tambm verses de frases e pequenos textos em prosa para aqueles que o desejam). Em segundo lugar, ficamos convencidos de que, se o objetivo fazer que no futuro os estudantes venham a ler em latim com alguma segurana, eles devem ser encorajados desde as primeiras aulas a endender o latim, palavra por palavra e locuo por locuo, na mesma ordem em que estas foram escritas. Um grande nmero de exerccios destinado a esse fim. Em especial, encorajamos os estudantes a explicar em voz alta como analisam uma frase medida que a traduzem, e a indicar o que eles esperam da seqncia. Em terceiro lugar, o papel da lngua latina no desenvolvimento, em particular, do portugus2 e, em geral, da civilizao ocidental e das outras lnguas neolatinas, algo inegvel. Percebemos que, se ignorssemos essa tradio e nos concentrssemos estritamente no latim clssico, estaramos privando os estudantes de uma compreenso da verdadeira importncia do latim para o mundo ocidental. Conseqentemente, embora o curso ensine o latim clssico, as sees de dliciae Latnae levam os estudantes pelo mundo do latim pr-clssico, ps-clssico, medieval e da Vulgata, e exploram a influncia do latim no vocabulrio portugus hoje.

    Metodologia Quem j usou o Reading Greek est familiarizado com a metodologia que

    propomos. So dois volumes: Texto e Gramtica, vocabulrio e exerccios (GVE). Primeiro passo: com a ajuda dos vocabulrios do GVE, ou conduzido pelo

    professor, o aluno l e traduz o texto latino da seo (no volume Texto). Durante a traduo, o professor deve extrair do texto e formalizar no quadro apenas a gramtica que est definida para ser ensinada naquela seo (se o professor desejar, isso pode ser

    1 JOINT ASSOCIATION OF CLASSICAL TEACHERS. Reading Greek. Cambridge: Cambridge University Press, 1978. 2 Para tornar o texto mais adequado ao pblico brasileiro, substitumos, quando possvel, as referncias lngua inglesa por menes lngua portuguesa. Da mesma forma, informaes sobre a presena do latim no ingls e na cultura inglesa em geral foram substitudas por (ou acompanhadas de) outras relativas ao portugus e ao mundo lusfono.

  • 4 feito, claro, antes de se abordar o texto, mas nossa experincia sugere que muito melhor deixar os estudantes tentarem ver sozinhos, sob a orientao do professor, como os novos elementos gramaticais funcionam.

    Segundo passo: quando isso terminar, os estudantes devem memorizar completamente a parte do vocabulrio intitulada Memoranda.

    Terceiro passo: a gramtica da seo deve ser revisada e aprendida completamente a partir do GVE, e deve-se fazer uma parte selecionada dos exerccios. extremamente importante observar que o exerccio deve ser encarado como uma gama de opes: a partir dela os professores/estudantes devem escolher quais exerccios sero feitos, e quais sero feitos em sala de aula ou em casa. Alguns dos exerccios mais simples, ns j os dividimos em sees obrigatrias e opcionais, mas o princpio deve ser seguido para todos eles. A maior parte dos exerccios deve ser feita e corrigida fora de sala (isso economiza muito tempo),3 mas os Exerccios de leitura devem ser feitos oralmente, e os estudantes devem ser encorajados a explicar em voz alta como analisam uma frase medida que a lem. Com o tempo, deve-se passar a utilizar essa tcnica na leitura do Texto.

    Quarto passo: use quantas dliciae Latnae o tempo permitir ou seu gosto pessoal estipular.

    Quinto passo: passe para a prxima seo do Texto, e repita a operao acima. Nota para estudantes de latim medieval Como o latim clssico a base sobre a qual o latim medieval se desenvolveu e

    para a qual os escritores medievais constatemente se voltavam, essencial comear os estudos de latim com o clssico. As sees de dliciae Latnae oferecem bastante contato com latim mais tardio, especialmente a Vulgata (provavelmente o texto latino mais importante j escrito). Voc deve ter como meta entrar na Seo 5 de Lendo em Latim, e de preferncia complet-la, antes de passar para o Reading medieval Latin.4 Trata-se de um s volume contendo selees de textos latinos, em ordem cronolgica, do incio do latim cristo at o sculo XII, com comentrios sobre as mudanas culturais e lingsticas de cada poca. Os textos so acompanhados de vocabulrio e, no fim do volume, de uma pequena gramtica e um vocabulrio geral.

    NOTAS

    1. Todas as datas so a.C., exceto onde indicado. 2. Sinais de ligao so usados ao longo de todo o texto para indicar que

    determinadas palavras devem ser tomadas em conjunto. Palavras adjacentes so conectadas pelo sinal ^. Palavras que esto afastadas uma da outra so conectadas pelos sinais .

    3. Todas as vogais devem ser pronunciadas como breves, a no ser que estejam marcadas com um mcron (e.g. ), caso em que devem ser pronunciadas como longas (ver guia de pronncia na p. xiv do volume Gramtica, vocabulrio e exerccios).

    3 Estamos investigando a possibilidade de criar um programa de computador contendo os exerccios e um sistema de autocorreo. Isso pouparia ainda mais tempo para o professor com um calendrio apertado. 4 SIDWELL, K. Reading medieval Latin. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. Quando da publicao do original de Lendo em latim (em 1986), o livro sobre latim medieval era apenas um plano. Quando veio luz, tinha uma estrutura diferente da exposta na introduo de Lendo em latim. A descrio que trazemos aqui corresponde do livro realmente publicado.

    ale 26/6/09 11:50

    ale 26/6/09 11:50

    Comment: no encontrei nada parecido com o que est impresso no original... sugestes?

    Comment: lembrete para reviso final: nmero de pgina a definir

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    MAPAS

    Nomes de lugares e localizaes de tribos mencionadas no texto latino ou nas introdues em portugus encontram-se em um ou mais dos mapas listados abaixo. 1. O mundo romano (c. 44 a.C.) p. x 2. sia Menor e o Oriente p. xi 3. Grcia p. xii 4. A provncia da Siclia p. 64 5. Catilina: a fase final p. 113 6. A batalha de Pharsalus (48 a.C.) pp. 136-7

    OEM 26/6/09 11:50Comment: tambm aqui, nas datas desta lista, preciso fazer reviso posterior quanto aos nmeros das pginas

  • 6 Histria da lngua latina5

    A lngua latina pertence famlia indo-europeia, mais precisamente ao ramo latino-falisco do grupo itlico, que corresponderia aos primeiros povos que chegaram pennsula Itlica (aproximadamente no ano 1000 a. C.). O latim era a lngua falada no antigo Lcio, regio cujo centro a cidade de Roma (fundada no sc. VIII a. C.). Com o tempo os romanos se impuseram aos outros povos da Itlia. Em 250 a. C., concluiu-se a conquista da pennsula (com exceo das colnias gregas no sul) e da Siclia. Como sabido, a expanso do poderio militar romano se fez acompanhar da propagao do latim e do desaparecimento de outros idiomas (o ltimo testemunho de outra lngua itlica a Tabula Bantina, escrita em osco e datada do sc. I a. C.). O mesmo ocorreu, posteriormente, em diversas regies da Europa e do Mediterrneo em geral. A histria do latim pode ser dividida, na Antiguidade, em cinco fases: - poca pr-literria; - poca arcaica; - poca clssica; - poca imperial ps-clssica; - poca imperial tardia. Durante a poca pr-literria a lngua se modificou bastante. Assim, segundo Polbio (III, 22, 3), no sc. II a. C. os prprios romanos no conseguiam compreender facilmente os documentos mais antigos. Um exemplo dessa mudana a transformao do s intervoclico em r (cf. o genitivo de genus gnero, que passa de genesis a generis). Esse fenmeno, chamado rotacismo, j estava concludo em meados do sc. IV a. C. Tambm importante a modificao do sistema de acentos: durante os sculos VI-V a. C., o acento se liga primeira slaba da palavra; mais tarde, ele se desloca para a penltima slaba, se esta longa, ou para a antepenltima, se a penltima breve (ver Elementos fundamentais da pronncia do latim). No perodo arcaico os ditongos tendem a desaparecer e se transformar em vogais longas (ei, por exemplo, passa a i ceiuis > ciuis cidado). No campo da sintaxe, intensifica-se o uso da subordinao, que vai substituir o antigo predomnio da justaposio de oraes independentes. Escritores importantes desse perodo so Lvio Andronico, nio, Plauto e Terncio, entre outros. A partir do sc. I a. C. se inicia a poca clssica, assim chamada por causa da concepo tradicional que enxerga na literatura desse perodo uma superioridade em relao das outras fases da cultura romana. H tambm, entre os estudiosos mais antigos, uma tendncia a entender a lngua da poca como melhor, mais precisa ou mais pura. Depois do final do perodo clssico (geralmente datado em 14 d. C., ano da morte de Augusto), teramos, ento, uma decadncia do latim. O fato que o perodo assistiu ao nascimento de muitos escritores que, posteriormente, teriam uma influncia muito grande sobre a literatura ocidental: Catulo, Lucrcio, Ccero, Csar, Virglio, Horcio, Tibulo, Tito-Lvio etc. O fascnio exercido sobre os intelectuais pela poca de ouro ser tanto que a morfologia do latim clssico ser a norma seguida pelos gramticos at o sculo VI d. C. Embora vrias tendncias de mudana observadas na fase arcaica tornem-se mais intensas, a lngua clssica , em

    5 N. do T.: Elaborado por Alessandro Rolim de Moura e Mara Pilar Rivero.

  • 7 geral, bastante conservadora.6 Por exemplo, o m final se mantm, sendo que h indcios de que j no era mais pronunciado como consoante bilabial; tinha-se transformado em mera nasalizao da vogal precedente (cf. Alfabeto e pronncia do latim). Outra caracterstica do perodo a influncia do grego na lngua escrita culta, facilmente perceptvel na linguagem de Ccero e Csar.

    Durante o Imprio, a prosa adota alguns procedimentos tpicos da poesia, e esta, por sua vez, se v influenciada pela retrica. Entre o final do sc. I e princpios do II d. C., aparece uma tendncia arcaizante, que procura manipular artisticamente vocbulos antigos. Outro fenmeno frequente a aparico de alguns elementos da fala popular nos textos literrios, se bem que na primeira fase do Imprio j podemos observar uma distncia cada vez maior entre a linguagem escrita e a falada. O que ocorre que, enquanto o chamado "latim vulgar" evolui rapidamente, a lngua escrita continua bastante presa aos modelos clssicos. A poca imperial tambm possui escritores muito importantes. Os nomes de Sneca, Lucano, Petrnio, Plnio o Antigo, Plnio o Novo, Marcial, Juvenal, Suetnio e Apuleio so apenas uma pequena amostra da diversidade e riqueza da produo literria de ento (isso sem considerar os primeiros autores cristos).

    Na Idade Mdia, o latim continuou a ser utilizado como lngua falada nos territrios onde a romanizao tinha sido mais profunda (Hispnia, Glia e Dcia), dando origem s lnguas neolatinas (portugus, espanhol, galego, catalo, francs, italiano, sardo, romeno etc.). O latim escrito permaneceu como lngua da cincia, da filosofia e da literatura durante toda a poca medieval. A lngua latina dessa poca o meio de expresso da cristandade, e portanto fundamentalmente religiosa. Embora se origine do latim literrio pago, a variedade medieval bastante diferente: a ordem dos termos na frase torna-se mais fixa, e so abandonados alguns tipos de subordinao; tambm se produzem mudanas no uso dos casos e do modo subjuntivo, ao passo que se faz mais frequente a utilizao de preposies. Alfabeto e pronncia do latim7 Introduo Como o latim uma lngua morta, uma tarefa difcil descobrir como os romanos pronunciavam suas palavras. Por isso, no decorrer dos sculos, praticamente cada pas desenvolveu uma pronncia diferente, sempre influenciada pelas caractersticas de uma lngua moderna. H, por exemplo, uma pronncia tradicional portuguesa, que interpreta as letras do alfabeto latino de uma maneira muito semelhante do portugus. Por outro lado, existe a pronncia eclesistica, utilizada pela Igreja Catlica. uma pronncia muito difundida, e se baseia no sistema fontico do italiano. Com o desenvolvimento da Lingustica no final do sc. XIX e no incio do sc. XX, contudo, os foneticistas comearam a tentar reconstruir a pronncia que de fato foi utilizada pelos latinos da Antiguidade, sobretudo os da poca clssica. Surgiu desse modo a chamada pronncia reconstituda, restaurada ou reconstruda. Mas como os estudiosos puderam chegar a tal resultado? Vrios so os dados que permitem que nos aproximemos do latim falado na poca clssica. Relacionemos alguns exemplos. 6 Que fique claro que estamos considerando, nesse panorama, sobretudo o latim escrito (mais especificamente, o latim escrito das obras literrias e, portanto, das classes dominantes de Roma). Temos pouqussimos documentos a respeito do latim oral e das variedades menos prestigiadas socialmente. 7 Elaborado por Alessandro Rolim de Moura.

  • 8 a) Um testemunho importante o fornecido pelas gramticas latinas da Antiguidade, que tentam explicar (muitas vezes, com termos que so para ns um tanto vagos) como se pronunciavam as letras do alfabeto. O gramtico Capela, por exemplo, afirma: Pronunciamos o b com uma exploso do som com os lbios fechados. b) Outro dado fundamental a transliterao de palavras latinas para o alfabeto grego. O nome prprio Sicilia era transliterado Sikeliva, e no Siseliva, o que indica que a letra C c representava uma consoante oclusiva velar, mesmo diante de I i ou E e (ver As letras e os sons que representam). c) Tambm erros de ortografia nas inscries antigas nos revelam determinados aspectos da pronncia do latim. Muitas vezes encontra-se Caisar no lugar de Caesar, o que um indcio de que o ae representava o ditongo [aj]. um fenmeno semelhante quele que faz com que frequentemente encontremos em portugus a grafia caza em vez de casa. d) A anlise da mtrica dos poemas latinos igualmente reveladora. Neste verso de Catulo (VIII, 5): amata nobis quantum amabitur nulla [menina] amada por ns como nenhuma outra ser amada, a escanso s fica de acordo com o padro esperado se, em quantum amabitur, contamos as slabas -tum e a- como apenas uma slaba mtrica. Em outras palavras, na leitura ou recitao do verso, precisamos, para seguir adequadamente o ritmo, pronunciar -tum e a- numa s slaba, como que fundindo as vogais [u] e [a]. Isso s ser possvel se a letra M m, nesse contexto, no for pronunciada como [m], mas sim como mero sinal de nasalizao (ver As letras e os sons que representam). e) considervel a quantidade de informaes que nos traz o estudo da pronncia das lnguas derivadas do latim. Por exemplo: lat. nomen > port. nome, esp. nombre, fr. nom, it nome, rom. nome. O resultado da evoluo nas lnguas neolatinas nos fornece uma viso do que pode ter sido o estado de coisas no ponto de partida. Dados desse tipo, bem como informaes de outra natureza, que possibilitaram a restaurao dos sons do latim. Obviamente, a pronncia reconstituda apenas uma hiptese. Mas est fundamentada em testemunhos convincentes, e no se podem desprezar os estudos que a originaram. Ao que tudo indica, portanto, trata-se da pronncia mais prxima da verdade histrica, e, por isso, vamos adot-la. E tal posicionamento no apenas o resultado de um culto ao rigor cientfico. Ora, se a poesia se baseia tambm no trabalho com o estrato fontico da lngua, legtimo o esforo para se recuperar a sonoridade autntica dos poemas latinos, a fim de que possamos ler adequadamente as obras de autores como Virglio, Horcio, Catulo etc. Ademais, preciso estabelecer uma conveno entre os estudiosos de todo o mundo, para que haja entendimento mtuo, coisa que no ocorria quando cada pas utilizava sua prpria pronncia. E justo que tal conveno seja construda sobre bases cientficas slidas. Atualmente, nos congressos internacionais, praticamente todos os latinistas usam a pronncia reconstituda.

  • 9 Elementos fundamentais da pronncia do latim Um dos fenmenos fonticos mais relevantes na lngua latina a durao ou quantidade. Corresponde ao tempo que dispendemos para proferir as vogais e slabas. H vogais longas e breves, e a mesma classificao utilizada para as slabas. Uma vogal longa equivale ao tempo de duas breves. A durao tem uma grande importncia semntica no latim. H uma srie de palavras que se diferenciam apenas pela quantidade da vogal. Exs.: ara (os dois aa longos) lavra! x ara (os dois aa breves) altar; uenit (e breve) ele/ela vem x uenit (e longo) ele/ela veio; hic (i longo) aqui x hic (i breve) este; os (o longo) boca x os (o breve) osso; domus (u breve) casa x domus (u longo) da casa. Uma slaba longa quando: (a) possui uma vogal longa; (b) possui um ditongo, como em casae cabanas; (c) possui uma vogal seguida de duas consoantes (uma fechando a slaba em questo e a outra iniciando a slaba seguinte) ou de uma letra dupla (X x ou Z z), como em adulescens adolescente e senex velho, respectivamente. Nos demais casos, as slabas so breves. A durao das slabas importante para a leitura da poesia clssica, j que o ritmo do verso latino marcado pela alternncia de slabas longas e breves. Os mtodos de latim costumam marcar as slabas longas com o sinal (mcron) e as breves com (braquia), embora esses smbolos no fossem utilizados pelos antigos usurios da lngua. Aos poucos, o estudante se familiariza com os modos de se descobrir a durao das slabas em latim, e pode, ento, dispensar o auxlio do mcron e da braquia. Em latim no h acentuao grfica. Para saber qual a slaba acentuada de uma palavra, preciso conhecer a durao da penltima slaba. No h oxtonas em latim, apenas paroxtonas e proparoxtonas. Quando a penltima slaba longa, o acento cai sobre ela, e a palavra paroxtona. Quando a penltima breve, o acento recua, e a palavra proparoxtona. Exemplos: amre amar (penltima slaba longa) pronuncia-se amre; facre fazer (penltima slaba breve) pronuncia-se fcere. Como no existem oxtonas, todas as palavras de duas slabas so paroxtonas. H uma dvida a respeito da natureza desse acento. Alguns estudiosos defendem que era um acento de intensidade (ou seja, algumas slabas seriam pronunciadas com mais fora do que outras). Outros pensam que o acento latino era musical, como o do grego antigo (nesse caso, algumas slabas seriam pronunciadas num tom mais alto). Em seguida apresentamos um quadro que mostra como a pronncia reconstituda. As letras e os sons que representam A a: quando breve, pronuncia-se [a], como em port.; o a longo [a:] semelhante ao do ingl. father B b: [b], como no port. bota C c: sempre [k], como no port. capa; nunca [s], como no port. cedo

  • 10 D d: [d], como no port. data e no ingl. day; nunca como no ingl. just E e: o breve aberto [], como no port p; o longo fechado [e:] pronuncia-se quase como o fr. fiance F f: [f], como no port. fazer G g: sempre [g], como no port. gato; nunca como no port. gelo H h: indica leve aspirao, quase como no ingl. home I i: pode representar uma vogal breve [i], como a do port. vi, ou uma longa [i:], como no ingl. deep J j: [j] semivogal, como no ingl. yes K k: [k], como no ingl. kind L l: sempre [l], como no port. lado; nunca representa a semivogal [w], como muitas vezes ocorre em port. ex.: Brasil M m: [m] no comeo ou no meio das palavras, como em mudo; em final de palavra, articulado de modo dbil, representando apenas, praticamente, uma nasalizao da vogal que o precede N n: sempre [n], como no port. neto; nunca apenas sinal de nasalizao de uma vogal O o: o breve aberto [] cf. port. p; o longo fechado [o:] cf. fr. eau P p: [p], como no port. pato Q q: [k], como no port. R r: sempre [r], isto , uma vibrante rolada, como no port. do Sul do Brasil e no escocs S s: sempre [s], como no port. soma T t: sempre [t], como no port. tudo; nunca africado como no it. ciao U u: representa uma vogal breve [u] ou uma vogal longa [u:], como no ingl. foot V v: [w] semivogal, como no port. quase e no ingl. will X x: [ks], como no ingl. explain Y y: [y], como o fr. mur e o al. ber Z z: [z], como em port.

  • 11 Observaes e casos especiais 1. O alfabeto latino antigo no possua as letras J j, U u e V v. Elas foram introduzidas apenas no sculo XVI. Na poca clssica, a letra I i servia para representar os sons [i], [i:] (vogais como em canis co e loci lugares, respectivamente) e [j] (semivogal como em iudex juiz). Havia tambm a letra V u, que era usada para os sons [u], [u:] (vogais como em locus lugar e ducis voc conduz, respectivamente) e [w] (semivogal como em uideo eu vejo). No Renascimento, adotou-se o J j para os contextos em que a semivogal [j] tinha-se transformado na consoante [] (como no port. jogo). Do mesmo modo, o V v foi incorporado para a representao de [v] (como no port. vaca), som inexistente no latim clssico. O U u passou a ser usado para os sons voclicos [u] e [w]. Com o surgimento recente da pronncia reconstituda ou restaurada, muitos mtodos de latim e edies dos textos latinos decidiram voltar a usar o alfabeto antigo. Portanto, nesse tipo de material, o I i e o V u s representam sons voclicos. 2. O Y y e o Z z foram introduzidos no alfabeto no fim do sculo I a. C. para representar os sons [y] e [z] em palavras de origem grega. 3. No perodo clssico, o H h era pronunciado com aspirao pelos membros da classe que tinha acesso a uma formao erudita. Quando aparecia acompanhando uma consoante (th, ch, ph), fazia com que esta fosse pronunciada com leve aspirao, como na pronncia enftica do ingl. terrible, cat e pig. O ch nunca se pronuncia como em portugus (ex.: chama). 4. Na pronncia reconstituda, ae e oe (s vezes grafados e ) pronunciam-se como ditongos [aj] e [j]. 5. Ao contrrio do que ocorre em portugus, o U u sempre pronunciado depois de Q q e G g. Ex.: quid [kwid] que. 6. As consoantes duplas (pp, tt etc.) pronunciam-se mais longas e fortes que as simples. 7. Os nomes das letras em latim eram: a, be, ce, de, e, ef, ge, ha, i, ka, el, em, en, o, pe, qu, er, es, te, u, ix, upsilon (ou Hy, ou i graeca), zeta.

  • 12 Introduo

    Gregos e romanos

    De acordo com a tradio, Roma foi fundada por Rmulo em 21 de abril de 753.

    Ele foi o primeiro de sete reis. Em 509, o ltimo rei (Tarquinius Superbus Tarqunio o Orgulhoso) foi expulso, e se iniciou a Repblica. Considerava-se esse momento o comeo da era da liberdade (lberts). Durante esse perodo de governo aristocrtico, Roma estendeu seu domnio, primeiro, pela Itlia; ento, at o Mediterrneo ocidental Siclia, Espanha, norte da frica (Cartago); e, finalmente, at o Mediterrneo oriental. Desde o incio Roma tinha estado em contato com a cultura grega, pois colnias gregas haviam sido estabelecidas na Itlia e na Siclia j no sculo VII. Ao norte de Roma estava outra cultura desenvolvida, a dos etruscos. A cultura de Roma se desenvolveu sob a influncia conjunta de ambas. Quando os romanos finalmente conquistaram a Grcia, em 146, tornaram-se senhores do lar da cultura mais prestigiada no Mediterrneo. A reao dos Romanos foi muito complexa, mas nela podem-se notar trs elementos principais. Eles ficaram orgulhosos de seu feito militar e administrativo, e portanto desprezavam os Gregos contemporneos, que eles haviam derrotado. Ao mesmo tempo, eles compartilhavam da reverncia dos gregos contemporneos pelas grandes realizaes culturais dos Gregos mais antigos Homero, Herdoto, Tucdides, os tragedigrafos, poetas cmicos e oradores. O resultado dessa atitude ambivalente foi uma deciso mais ou menos consciente de criar para eles prprios uma cultura digna da sua posio como nova superpotncia. Tal cultura tomava como modelo e emulava a da Grcia no seu apogeu. Mas o amor-prprio dos romanos garantiu que essa cultura fosse latina, e sua literatura fosse escrita em latim, no grego. As famosas palavras de Horcio ilustram a dvida de Roma para com a cultura grega:

    Graecia capta ferum uictrem cpit, et arts intulit agrest Lati A Grcia, capturada, capturou seu feroz conquistador, e as artes introduziu no agreste Lcio Por outro lado, o poeta Proprcio, um contemporneo de Virglio, descreve a

    Eneida nos seguintes termos: Nescioquid maius nscitur liade Est nascendo algo de maior que a Ilada Agora os romanos sentiam que sua cultura podia ser comparada com o melhor

    da dos gregos. Essa venerao pelos gregos contrasta fortemente, por exemplo, com os constantes ataques que o poeta satrico romano Juvenal dirige ao Graeculus surins (greguinho esfomeado) de sua poca, o que refletia o desprezo aristocrtico pelos gregos modernos enquanto descendentes degenerados de um povo que fora outrora grande. Em todos os perodos, todavia, certos gregos (e.g. Polbio, Posidnio, Partnio, Filodemo) foram tidos em alta conta em Roma. No final do sculo I, Roma tinha-se tornado o centro cultural do mundo, aos olhos no apenas dos romanos, mas tambm dos gregos, cujos poetas, estudiosos e filsofos agora para l afluam. Parte da grandeza de Roma o fato de que, quando confrontados com a cultura grega, os romanos nem

  • 13 cederam completamente, nem a pisotearam, mas aceitaram o desafio, assumiram o controle sobre ela, transformaram-na e a transmitiram Europa. Sem a mediao de Roma, nossa cultura seria muito diferente e, provavelmente, muito mais pobre.

    Na passagem abaixo, Ccero, um dos escritores mais influentes de Roma, lembra seu irmo Quinto (que era governador da sia Menor, uma provncia romana densamente povoada por gregos) sobre que tipo de pessoas ele tinha autoridade e o que Roma devia a elas:

    j que estamos governando uma espcie de homens que so, no apenas civilizados, mas tambm homens que considera-se terem passado a civilizao para outros, certamente devemos dar os benefcios desta, acima de tudo, queles de quem a recebemos. De fato, j no me envergonharei de diz-lo, especialmente porque sobre minha vida e meus feitos no pode existir nenhuma suspeita de indolncia ou frivolidade: tudo o que consegui obtive com os estudos e artes que nos foram transmitidos pela literatura e pelas disciplinas da Grcia. Por isso, alm da lealdade comum que devemos a todos os povos, parece-me que temos um dever especial para com essa espcie de homens: instrudos por seus preceitos, desejar expor diante deles o que deles aprendemos.

    (Ccero, Ad Quintum 1.1.27-8)

  • 14 PRIMEIRA PARTE Sees 1-3: Plauto e a tradio cmica romana Plauto Titus Macc(i)us Plautus viveu provavelmente de c. 250 a c. 180. Diz-se que ele

    escreveu cerca de 130 comdias, das quais sobreviveram 19. Como quase todos os escritores romanos, ele buscou inspirao para sua obra em modelos gregos anteriores, que ele traduziu e adaptou livremente a fim de adequ-los ao pblico romano para o qual estava escrevendo. Por exemplo, quase certo que ele baseou sua Aululria, a primeira pea que voc vai ler, numa pea do ateniense Menandro (c. 340-c. 290), e sua Bacchids no Dis exapatn (Duas vezes enganador), tambm de Menandro. Plauto escrevia comdias para serem apresentadas em festivais romanos (friae, ld), momentos devotados adorao dos deuses e folga do trabalho. Os originais foram escritos em verso.

    Os atores nos originais gregos usavam mscaras que cobriam toda a cabea. Embora no seja absolutamente certo que Plauto seguia essa conveno, ns ilustramos as personagens plautinas na Introduo com modelos de mscaras gregas aproximadamente do tempo de Menandro. Voc vai encontrar notas sobre essas mscaras e sobre as outras ilustraes na p. 154.

    A Aululria de Plauto: uma nota A Aululria comea com a entrada em cena do Lar familiar (deus do lar),

    que delineia um breve resumo da histria da famlia e nos alerta para a avareza de Euclio. Para fins de adaptao, ns aumentamos essa breve histria familiar com vrias cenas retiradas de outras passagens cmicas romanas. Ns comeamos a seguir Plauto na Seo 1C.

    ale 26/6/09 11:49Comment: atentar para o nmero da pgina na verso final

  • 15 Seo 1

    A Aululria de Plauto Introduo: familia Euclinis quis es t? ego sum Eucli. senex sum. quis es t? ego sum Phaedra. flia Euclinis sum. quis es t? Staphyla sum, serua Euclinis. qu estis? familia Euclinis sumus. drmatis persnae Eucli: Eucli senex est, pater^Phaedrae.8 Phaedra: Phaedra flia^Euclinis est. Staphyla: serua^Euclinis est. Eucli senex est. Eucli senex aurus est. Eucli in^aedibus habitat cum^fli. flia^Euclinis Phaedra est. est et serua in^aedibus. 5 seruae^nmen est Staphyla. Euclinis^familia in^aedibus habitat. sunt in^famili^Euclinis paterfamilias, et Phaedra flia^Euclinis, et Staphyla serua. omns in^aedibus habitant. Vocabulrio da Introduo aeds casa aurus avaro, avarento cum fili com a (sua) filha ego eu es voc est ele(a) , h estis vocs so et e; tambm Eucli Euclio Euclinis de Euclio Euclinis familia a famlia de Euclio familia famlia

    filia filha flia Euclionis a filha de Euclio habitant eles vivem, habitam habitat ele(a) vive, habita in aedibus na casa in famili Euclionis na famlia de Euclio omns todos paterfamilis o pai de famlia pater Phaedrae o pai de Fedra Phaedra Fedra Phaedrae de Fedra qu quem? (pl.)

    quis quem? (sing.) senex ancio, velho serua escrava serua Euclinis (a) escrava de Euclio seruae nmen o nome da escrava Staphyla Estfila sum sou sumus somos sunt eles(as) so, esto, h (pl.) t voc

    8 Palavras unidas pelo sinal ^ devem ser procuradas juntas no vocabulrio.

  • 16 Memoranda Substantivos Eucli Euclio famili-a famlia fili-a filha

    Phaedr-a Fedra seru-a escrava Staphyl-a Estfila Verbos habit- viver, habitar

    sum ser, estar, haver Outros et e; tambm, at mesmo

    Contedo gramatical e exerccios 1 sum ser, estar, haver Primeira pessoa do singular (1ps) su-m sou, estou Segunda pessoa do singular (2ps) es9 s, ests Terceira pessoa do singular (3ps) es-t , est Primeira pessoa do plural (1pp) su-mus somos, estamos Segunda pessoa do plural (2pp) es-tis vocs esto Terceira pessoa do plural (3pp) su-nt eles/elas so/esto Notas

    1 sum o verbo mais comum do latim. 2 No necessria a presena do pronome pessoal em latim. Isso se d basicamente

    porque a marcao morfolgica do verbo indica a pessoa do sujeito (como tambm ocorre em portugus). As desinncias nmero-pessoais que indicam as pessoas (em uma grande quantidade de formas verbais) so as seguintes:

    -m eu10 -s voc -t ele/ela -mus ns -tis vocs -nt eles/elas

    3 O verbo sum irregular porque, como se pode observar, formado com dois

    radicais, que se alternam dependendo da pessoa gramatical: su- e es-. Se puder servir de consolo, todos os verbos que significam ser/estar so irregulares, cf. o mesmo verbo portugus sou, s, o ingls I am, he is, o francs je suis, tu es etc.

    4 Nas terceiras pessoas, est e sunt s significam ou so se os sujeitos estiverem explicitados, como, por exemplo, senex est = ele um velho, Eucli senex est = Euclio um velho, seruae sunt = elas so escravas, omns seruae sunt = todas so escravas.

    5 Note os seguintes pontos sobre a ordem das palavras nas oraes com o verbo sum: (a) Quando sujeito e somplemento estiverem presentes: (i) a ordem no-marcada : sujeito complemento sum, e.g., Eucli senex est Euclio um velho

    9 Na realidade, es-s 10 Em outros verbos, - = eu.

  • 17 (ii) outras ordens colocam a nfase na primeira palavra, e.g., senex est Euli (complemento sum sujeito) senex Eucli est (complemento sujeito sum) Ambas significam um velho, isso que Euclio . NB: A ordem sujeito sum complemento coloca nfase no sujeito. (iii) O verbo sum pode vir na primeira posio, e, ento, ser enftico. Ex est enim Eucli aurus (sum sujeito complemento) Pois Euclio (de fato), um avarento. (b) Quando o sujeito no estiver explicitado em latim, a ordem usual :

    complemento sum, e.g., Staphyla est. Estfila. (c) est/sunt no incio de uma orao comumente indica a existncia de alguma

    coisa, e so melhor traduzidos pelo verbo haver, e.g., est locus... H um lugar... Nesse tipo de orao, informao adicional ser esperada, e.g., h um lugar

    onde as rosas crescem, h pessoas que gostam de latim. NB Em (a) (i) e (ii) e em (b), observe como a ordem complemento + sum

    normalmente forma o conjunto do predicado, e.g., Eucli senex-est senex-est Eucli H maior probabilidade de o verbo sum ligar-se palavra que o precede, exceto

    quando a ordem tiver sido alterada para nfase especial (como em, e.g., senex Eucli est).

    Morfologia 1 Verta para o latim: voc , eles so, h (pl.), ele , vocs so, h (sing.), sou, ela . 2 Mude do singular para plural e vice-versa: sum, sunt, estis, est, sumus, es. Exerccio de leitura Leia e traduza: (a) familia est. (b) serua Staphyla est. (c) est enim aula auri plena (enim realmente; aula panela, pote; auri plena cheia de ouro). (d) coquus est seruus (coquus cozinheiro; seruus escravo). (e) Phaedra filia est. (f) in aedibus sunt Euclio, Phaedra et serua (in aedibus na casa).

  • 18 (g) auarus est senex (auarus avaro; senex velho). (h) est prope flumen paruus ager (prope flumen perto do rio; paruus pequeno; ager campo). Verso Traduza as frases latinas para o portugus. Depois verta as portuguesas para o latim tomando como referncia a estrutura das latinas para a ordem das palavras. (a) sunt in familia Euclio, Phaedra, Staphyla. H na casa uma escrava. (b) Euclio et Phaedra in aedibus sunt. A escrava est na casa. (c) Euclio sum. Voc um escravo. (d) filia Euclionis Phaedra est. A escrava de Euclio Estfila. (e) quis es? Sou Euclio. (f) qui estis? Somos Euclio e Fedra.

  • 19 Seo 1A A ao retrocede no tempo vrios anos. O av de Euclio, Demneto, no dia do casamento de sua filha, temendo que seu ouro seja roubado durante a confuso dos preparativos, confia seu tesouro aos cuidados do deus domstico (o Lar). Coloca todo o ouro numa panela e a esconde num buraco junto ao altar. dramtis persnae Dmaenetus: Dmaenetus senex est, Euclinis^auus. 10 seruus: seru^nmen est Duus. serua: seruae^nmen est Pamphila. coquus et tbcina. (seruus in^scaenam intrat. ante^inuam^Dmaenet stat et clmat. cr clmat? clmat quod seruam uocat) 15 SERVVS: heus, Pamphila! ego Duus t uoc! SERVA: quis m uocat? quis clmat? SERVVS: ego Duus t uoc. SERVA: quid est? cr m uocs? (seruus ad^inuam appropinquat, sed inua clausa est. seruus igitur inuam 20 pulsat) SERVVS: heus t, serua! ego inuam puls, at t nn apers: inua clausa est. SERVA: (inuam aperit) cr clms? ego hc et illc cursit, t autem clms. ego occupta sum, t autem tisus es. seruus nn es, 25 sed furcifer. SERVVS: ego tisus nn sum, Pamphila. nam hodi Dmaenetus, dominus meus, fliam in^mtrimnium^dat: nptiae^fliae sunt! (Dmaenetus, dominus^serui^et^seruae, in^scaenam intrat) 30 DMAENETVS: cr clmtis, Due et Pamphila? cr sttis? cr tis estis? nam hodi nptiae^fliae^meae sunt. cr nn in^aeds intrtis et nptis partis? (in^aeds intrant seruus et serua, et nptis parant. in^scaenam intrant coquus et tbcina. Dmaenetus coquum et tbcinam uidet) 35 DM: heus us, qu estis? ego enim us nn cognu. COQVVS ET TBCINA: coquus et tbcina sumus. ad^nptis^fliae^tuae uenmus. DM: cr nn in aeds mes intrtis et nptis partis? (coquus et tbcina in^aeds^Dmaenet intrant) 40

  • 20 (Dmaenetus cornam et unguentum portat. aulam quoque portat. aula aur^plna est) DEM: heu! hodi nptis^fliae^meae par. cncta familia festnat. hc et illc cursitant puer et puellae, ego coqus et tbcins uoc. nunc aeds plnae sunt coqurum^et^tbcinrum, et 45 cnct coqu et tbcinae frs sunt. heu! homo perditus sum, imm, perditissimus hominum. nam aulam habe aur^plnam. ecce! aulam port. (senex aulam mnstrat) nunc aulam sub^ueste cl. nam uald time. (Cheira o ar) aurum enim olet; et frs aurum olfactant. aurum autem nn olet, s 50 sub^terr latet. s aurum sub^terr latet, nllum coquum nllam tbcinam nllum frem time. aulam igitur clam sub^terr cl. ecquis m spectat? (Dmaenetus circumspectat. nmo adest. Dmaenetus igitur nminem uidet) bene. slus sum. sed prius ad^Larem appropinqu et 55 unguentum cornamque d, et supplic. (ad^Larem appropinquat. unguentum dat et cornam. deinde Lar supplicat) Lar, ttla^meae^familiae, t r et obsecr. ego t semper corn, semper tibi unguentum d, semper sacrificium et honrem. t contr bonam Fortnam ds. nunc ad^t aulam 60 aur^plnam port: sub^ueste autem aulam cl. familia d^aul ignrat. sed hodi sunt nptiae^fliae. plnae sunt aeds coqurum^et^tbcinrum. imm, frum^plnae sunt. aurum olet. ego igitur frs time. Lar, t r et obsecr. aulam seru! 65 (senex ad^focum appropinquat. prope focum fouea est. in^foue aulam clat) ecce. saluum aurum est. saluus quoque ego. nunc enim t aulam habs, Lar. Vocabulrio da Seo 1A Notas importantes

    1 nom. significa nominativo: indica, em princpio, o sujeito ou o atributo de uma orao.

    2 ac. significa acusativo: indica, em princpio, o objeto (direto) de uma orao (quando aparece sem preposio).

    ad focum junto lareira ad inuam junto porta ad Larem junto ao Lar ad nptis (fliae tuae) ao casamento (de sua filha)

    ad t junto a voc, at junto de voc adest ele(a) est presente, est aeds (nom. pl.) casa

    ante inuam Dmaenet diante da porta de Demneto apers voc abre aperit ele(a) abre appropinquat ele(a) se aproxima

  • 21 appropinqu me aproximo at mas aula (nom.) panela aulam (ac.) panela aur plna (nom.) cheia de ouro aur plnam (ac.) cheia de ouro aurum (nom., ac.) ouro autem porm bene bem bonam (ac.) boa clat ele(a) esconde cl escondo, guardo, oculto circumspectat ele(a) olha ao redor clam secretamente clms voc grita clmtis vocs gritam clausa (nom.) fechada cognu conheo contr contra, por outro lado coqu (nom.) cozinheiros coqurum et tbcinrum de (os) cozinheiros e de (as) flautistas coqus (ac.) cozinheiros coquum (ac.) cozinheiro coquus (nom.) (o) cozinheiro cornam (que) (ac.) (e) uma coroa corn coro (com guirlandas) cncta (nom.) tudo, todas as coisas cnct (nom.) todos cr por que? cursitant eles(as) correm de um lado para outro cursit corro de um lado para outro ds voc d dat ele(a) d, oferece Due (voc.) Davo! Duus (nom.) Davo d aul sobre a panela deinde depois Dmaenetus (nom.) Demneto d dou dominus (nom.) senhor dominus seru et seruae senhor do escravo e da escrava ecce eis!, olha!/olhe! ecquis (nom.) acaso algum? ego eu enim pois

    Euclinis auus o av de Euclio familiae Euclinis da famlia de Euclio festnat ele(a) corre fliae tuae de sua filha fliam (ac.) filha Fortnam (ac.) sorte fouea buraco furcifer ladro, patife frem (ac.) ladro frs (nom.) ladres frum plnae cheias de ladres habe tenho habs voc tem heu ai!, oh!, ah! heus ei! hodi hoje hominum de (os) homens homo (nom.) homem honrem (ac.) honra, respeito hc aqui inua (nom.) porta inuam (ac.) porta igitur assim, por conseguinte ignrat ele(a) ignora, no sabe nada illc ali imm ainda mais, ou melhor in aeds Dmaenet para dentro da casa de Demneto in aeds (mes) na (minha) casa in foue no buraco in mtrimnium dat d em matrimnio in scaenam na cena, no palco intrant eles(as) entram intrat ele(a) entra intrtis vocs entram Lar (voc.) Lar! (deus protetor da famlia) Lar ao Lar latet ele(a) est escondido m (ac.) me meus meu mnstrat ele(a) mostra, revela nam pois, porque nminem (ac.) ningum nmo (nom.) ningum nn no nllam (ac.) nenhuna nllum (ac.) nenhum nunc agora nptiae (nom.) (fliae meae) as npcias (de minha filha)

    nptis (ac.) (fliae meae) as npcias (de minha filha) ! (dirigindo-se a algum) obsecr suplico occupta ocupada, atarefada olet ele(a) cheira, libera odor olfactant eles(as) cheiram, percebem o odor r peo tis ociosos tisus ocioso Pamphila (nom., voc.) Pnfila parant eles(as) preparam partis vocs preparam par preparo perditissimus o mais desgraado perditus perdido, desgraado plnae (nom. pl.) cheias portat ele(a) leva port levo prius primeiro, antes prope focum perto da lareira puellae (nom.) meninas puer (nom.) meninos pulsat ele(a) bate puls bato qu quem? quid o que? quis quem? quod porque quoque tambm sacrificium (ac.) sacrifcio saluum salvo, intacto saluus salvo, intacto sed mas semper sempre senex (nom.) velho serua (nom.) escrava seru guarde!, proteja! seruae nmen o nome da escrava seruam (ac.) escrava seru nmen o nome do escravo seruus (nom.) escravo seruus Dmaenet senis escravo do velho Demneto s se slus s spectat ele(a) contempla, olha stat ele(a) est em p sttis vocs esto em p sub terr debaixo da terra sub ueste debaixo da (minha) roupa

  • 22 supplic rogo, suplico t (ac.) voc tibi a voc, para voc tbcina (nom.) flautista (mulher) tbcinae (nom.) flautistas (mulheres) tbcinam (ac.) flautista (mulher) tbcinas (ac.) flautistas (mulheres) time temo, tenho medo t (nom.) voc ttla meae familiae protetor (lit. proteo) de minha famlia uald muito uenmus vimos (pres. de vir) uidet ele(a) v unguentum (ac.) unguento, perfume uocs voc chama uocat ele(a) chama uoc chamo us (nom., voc., ac.) vocs Memoranda Substantivos

    aul-a ae 1f. panela aur-um 2n. ouro coqu-us 2m. cozinheiro corn-a ae 1f. corona Lar Lar-is Lar (deus protetor da famlia) scaen-a ae 1f. cena, palco seru-us 2m. escravo Adjetivos pln-us a um cheio (de) + gen. Verbos cl- 1 esconder clm- 1 gritar habe- 2 ter intr- 1 entrar port- 1 levar, trazer time- 2 temer, ter medo uoc- 1 chamar Outros ad (+ ac.) a, at, junto a autem porm (coloca-se depois da primeira palavra) cr por que? deinde depois

    ego eu enim pois, porque, realmente (coloca-se depois da primeira palavra) igitur pois, por conseguinte (coloca-se depois da primeira palavra) in (+ ac.) a, at, em; (+ abl.) em m me nam pois, porque (coloca-se no princpio da frase) nn no nunc agora quoque tambm sed mas semper sempre s se sub (+ abl.) sob, debaixo de t voc (acus.) t voc

    Contedo gramatical e exerccios da Seo 1A 2 Presente do indicativo ativo (l.a conjugao): amo amar sing. 1ps am- eu amo 2ps am-s voc ama 3ps ama-t ele/ela ama pl. 1pp am-mus ns amamos 2pp am-tis vocs amam 3pp ama-nt eles/elas amam 3 Presente do indicativo ativo (2 conjugao): habeo ter sing. 1ps habe- eu tenho 2ps hab-s voc tem 3ps habe-t ele/ela tem pl. 1pp hab-mus ns temos 2pp hab-tis vocs tm

  • 23 3pp habe-nt eles/elas tm Notas

    1 Todos os verbos da 1 conjugao conjugam-se no presente como am- amar.11 Exs.: habit- habitar, intr- entrar, uoc- chamar, clam- gritar, par- preparar, cel- esconder. Os verbos da 2 conjugao, que terminam sempre em -e, conjugam-se como habe- ter. Ex.: time- temer.

    2 Observe que esse verbos regulares so construdos a partir de um radical a que so acrescentadas terminaes. Esse radical traz o significado bsico do verbo (ama- amar, habe- ter), e as terminaes indicam a pessoa e o nmero gramaticais:

    -o 1 pessoa do singular (eu) -s 2 pessoa do singular (voc) -t 3 pessoa do singular (ele/ela) -mus 1 pessoa do plural (ns) -tis 2 pessoa do plural (vocs) -nt 3 pessoa do plural (eles/elas)

    3 Observe tambm que a vogal caracterstica (ou vogal temtica) da 1.a conjugao

    -a (amA-), e a da 2.a conjugao -e (habE-). A nica forma em que essa vogal no aparece a da 1.a pessoa do singular da 1.a conjugao (amo), embora fosse originalmente ama.

    4 Terminologia: conjugao, modo, voz, tempo

    Conjugao significa a disposio do verbo em todas as suas pessoas e nmeros, conforme ilustrado em 2 e 3. Assim, conjugar um verbo significa dispor as formas conforme os 2 e 3.

    Modo Indicativo significa que a ao apresentada como um fato (embora no precise ser verdadeira), e.g.,

    Eu falo com voc. (fato verdadeiro) O porco sai voando pela janela. (apresentado como fato, mas no verdadeiro)

    Voz Ativa significa que o sujeito o agente da ao, e.g., Euclio corre; Estfila v a filha. Tempo significa o tempo em que a ao ocorre. Assim, presente significa tempo presente, i.e., a ao acontece concomitantemente com o presente do locutor, e.g., Estou correndo vs. Correrei. 5 Significado: aspecto verbal O presente do indicativo tem basicamente trs significados possveis. Por exemplo, uma forma como amas pode ser traduzida por voc ama, voc est amando ou voc realmente ama. Cada uma dessas trs possibilidades representa a ao de uma maneira um pouco diferente. Voc ama a mais simples afirmao do fato. Voc est 11 N. do T.: Em latim, quando queremos falar de um verbo, tradicionalmente referimo-nos a ele na 1 pessoa do singular do presente. Em portugus, como se sabe, usamos o infinitivo. Da traduzirmos am-o, em textos tericos como este, por amar, e no por eu amo.

  • 24 amando fornece uma representao mais vvida e concreta da ao, exprimindo uma ideia de continuidade (como se pudssemos ver a ao se desenrolando diante de ns). J voc realmente ama o sentido enftico. Deve-se escolher o sentido mais adequado pela anlise do contexto. bom lembrar, no entanto, que em geral o sentido enftico indicado em latim pela disposio do verbo no incio da sentena. Exerccios Morfologia 1 Conjugue: cl, time, port, habe, (opcionais: habit, clm, intr, uoc, sum). 2 Traduzir cada verbo e em seguida mudar de singular para plural e vice-versa: clms, habent, intrat, uoc, sumus, portmus, tims, habtis, est, timet, uocant, cltis, timmus, habe, sunt. 3 Verter para o latim: vocs tm, escondo, estamos levando, eles chamam, voc tem medo, ele est vivendo, h (pl.), ela tem, ele entra, ela . 6 Declinao: terminologia e significado O funcionamento do sistema de casos As palavras nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo e ablativo so termos tcnicos para os seis casos dos substantivos, adjetivos e pronomes latinos. Quando uma palavra apresentada em todos esses casos, temos a declinao da palavra. Declinar um substantivo, por exemplo, significa apresent-lo em todos os casos. As diferentes formas dos casos em latim tm uma importncia fundamental, e, aos poucos, devem ser apreendidas com perfeio. O estudante, num nvel um pouco mais avanado, deve conhec-las de cor. A razo a seguinte. Em portugus, determinamos o sentido de uma frase atravs da ordem em que as palavras aparecem. A frase o homem morde o cachorro significa algo totalmente diferente da frase o cachorro morde o homem, e isso por nenhum outro motivo alm do fato de as palavras aparecerem numa ordem diferente. Um romano da Antiguidade ficaria desnorteado com isso, porque em latim a ordem das palavras no determina as funes gramaticais dos vocbulos na frase (embora desempenhe um papel importante em questes relativas nfase). O que vital em latim so as formas que as palavras assumem. Em a filha chama o escravo, o substantivo filha o sujeito da frase (sujeito , grosso modo, a palavra com que o verbo concorda), e escravo o objeto. Um romano, para dizer uma frase como essa, usaria a forma do caso nominativo para indicar o sujeito, e a forma de acusativo para indicar o objeto. Assim, quando ele escrevia ou falava a palavra que significa filha, ou seja, flia, indicava no apenas o significado bsico do vocbulo, mas tambm sua funo na sentena nesse caso, sujeito. Do mesmo modo, quando ele dizia a palavra que quer dizer escravo, isto , seruum, a forma utilizada servia tambm para mostrar que se tratava do objeto. Logo, tendo ouvido ou lido flia seruum, um romano concluiria imediatamente que uma filha estava fazendo alguma coisa para um escravo. Se o romano tivesse ouvido fliam seruus (note-

  • 25 se a diferena na forma das palavras), teria concludo que um escravo, seruus, que est aqui no caso nominativo, estava fazendo alguma coisa para uma filha, fliam, aqui no caso acusativo. A ordem das palavras em latim tem importncia secundria, pois suas funes esto mais diretamente relacionadas a problemas de nfase, contraste e estilo do que a problemas de sintaxe (parte da gramtica ligada funo dos vocbulos na frase). Para falantes de portugus, obviamente, a ordem das palavras muito mais importante para a determinao do significado. Em latim, a forma das palavras que essencial. Podemos observar, contudo, que o portugus possui resduos do sistema de casos latino. Exs.: eu gosto de cerveja, e no me gosto de cerveja; ele gosta de mim, e no o gosta de eu... Trata-se, conforme a terminologia tradicional, da distino entre pronomes pessoais do caso reto e do caso oblquo. Funes e significados bsicos de cada caso a. Nominativo Suas funes mais importantes so a de sujeito de uma sentena e a de complemento do verbo sum. Duas palavras ligadas pelo verbo sum ficam sempre ambas no nominativo. Se iniciamos uma frase com seruus est... (o escravo ...), espera-se que a palavra que vai completar a orao esteja no nominativo: seruus est coquus (o escravo um cozinheiro). Em frases dessa espcie (isto , frases com verbo sum), o nome que aparece em primeiro lugar normalmente o sujeito, e o que aparece em segundo lugar o complemento12 ( o que ocorre na frase citada acima), a no ser que o contexto indique o contrrio. Em frases com outros tipos de verbo, como veremos em seguida, o sujeito tambm vai para o nominativo, mas o complemento no. Resta dizer que, quando desejamos falar de um substantivo latino, usamos a forma do nominativo (ex.: o substantivo seruus muito comum em latim). b. Acusativo Sua mais importante funo a de objeto de um verbo. O caso acusativo denota a pessoa ou coisa sobre que se exerce a ao. Ex.: o homem morde o cachorro. Pode-se tambm entend-lo como um caso que limita ou define a extenso da ao. Ex.: o homem morde... O que ele morde? um pedao de carne? um chocolate? No: morde o cachorro. Ex.: coquus tibicinam uidet (tibicinam uma palavra no acusativo, e portanto objeto do verbo) o cozinheiro v a flautista. O verbo sum nunca seguido de um complemento no acusativo (releia o item acima). c. Genitivo Esse caso expressa posse, pertencimento, sendo frequente traduzi-lo por um substantivo antecedido da preposio de. Ex.: seruus Euclionis escravo de Euclio. A raiz da palavra genitivo a mesma de genitor autor, progenitor, pai. Pode, portanto, expressar tambm a ideia de origem: amo filium Euclionis eu amo o filho de Euclio. Compare-se esse fenmeno com o ingls dogs dinner o jantar do cachorro, em que dogs como que uma forma de genitivo. 12 N. do T.: O complemento do verbo sum chamado de predicativo do sujeito, porque se entende que ele atribui algo ao sujeito, descreve-o de alguma forma, enuncia alguma coisa a respeito dele.

  • 26 d. Dativo e ablativo Por enquanto, esses casos no vo aparecer muito nos textos, e por isso vamos deixar seu estudo para mais tarde. 7 Singular e plural; masculino feminino e neutro Assim como possuem casos diferentes, os substantivos podem estar no singular ou no plural. Essa caracterstica o nmero do substantivo. Assim, para cada caso h uma forma de singular e uma de plural (ver quadros no item Declinao). Os substantivos possuem tambm gnero, isto , podem ser masculinos, femininos ou neutros. A ordem das palavras Como se sabe, a ordem usual, em portugus, para uma sentena simples consistindo em sujeito, verbo e objeto, : sujeito + verbo + objeto (ordem tambm representada abreviadamente pelas trs iniciais em maisculas SVO). Ex.: a escrava (sujeito) teme (verbo) o cozinheiro (objeto). J em latim, a ordem mais comum sujeito + objeto + verbo (SOV). Seguindo essa regra, a frase portuguesa citada acima fica assim em latim: serua (sujeito) coquum (objeto) timet (verbo). Note-se que essa ordem a mais frequente, mas no a nica. De acordo com o que j estudamos, o fato de as funes gramaticais das palavras j estarem marcadas nas suas terminaes permite ao latim uma grande liberdade de ordenao dos termos da sentena. 8 e 913 Declinao Os substantivos latinos so classificados em declinaes, ou seja, em grupos de palavras que se declinam da mesma maneira. Por exemplo, serua e filia pertencem ao mesmo grupo, a 1 declinao, e por isso tm as mesmas terminaes para os diversos casos (nominativo, acusativo etc.), tanto no singular quanto no plural. Os substantivos esto presos aos seus respectivos grupos, e tm, portanto, um nmero limitado de terminaes. Um substantivo da 2 declinao como seruus, por exemplo, tem, claro, vrias terminaes possveis (seru-us para o nom. sing., seru-i para o nom. pl e gen. sing., seru-os para o acus. pl. etc.), mas apenas aquelas contidas no modelo da 2 declinao. Nunca encontraremos o acusativo singular dessa palavra expresso por -em, terminao da 3 declinao. Assim, todas as declinaes expressam o genitivo singular e plural, o vocativo singular e plural etc., mas cada uma o faz a seu modo, isto , com suas terminaes caractersticas. Vejamos agora os quadros contendo os modelos da 1 e da 2 declinao: 13 Seguimos aqui a numerao dos pargrafos do original ingls. Por isso, quando da ocasio de algumas adaptaes julgadas mais apropriadas na traduo, a numerao vai aparecer, ainda que com formatos estranhos como este.

  • 27 1.a declinao (ou tipo I) 2.a declinao (ou tipo II)14

    sing. pl. sing. pl. nom. seru- seru-ae coqu-us coqu- voc. seru- seru-ae coqu-e15 coqu- acus. seru-am seru-s coqu-um coqu-s gen. seru-ae seru-rum coqu- coqu-rum dat. seru-ae seru-s coqu- coqu-s abl. seru- seru-s coqu- coqu-s Notas

    1 Perceba que o ablativo singular tipo I se diferencia do nominativo e do vocativo singular porque estes tm uma vogal final breve, enquanto aquele tem uma vogal final longa.

    2 Note que tambm os substantivos so formados por um radical mais uma terminao (compare com os verbos vistos no incio deste texto). Nos substantivos tipo I e II, o radical permanece sempre o mesmo, e apenas a terminao varia.

    3 A maioria dos substantivos tipo I so femininos. Excees comuns so agricol-a agricultor, naut-a marinheiro e poet-a poeta, todas palavras masculinas.

    4 Quase todos os substantivos que se declinam como coqu-us so masculinos. So excees, por exemplo, os nomes de rvores, todos femininos: pin-us pinheiro, fag-us faia etc.

    5 Observe que alguns casos tm terminaes coincidentes. Exs.: seru-ae pode ser genitivo singular, dativo singular, nominativo plural ou vocativo plural; coqu-i pode ser genitivo singular, nominativo plural ou vocativo plural. Isso, contudo, no gera confuses para o leitor atento, pois a ambiguidade, na maior parte das vezes, pode ser solucionada pela anlise do contexto, a no ser que a ambiguidade seja intencional ou haja um erro grave por parte da pessoa que escreveu a frase.

    Exerccios 1 Decline: coquus, aula, (opcionais: seruus, familia, corna, scaena). 2 Diga o caso de cada uma das seguintes palavras: serurum, coqu, cornam, serus, scaenae, fli, coquus, seru, coquum, fliae, scaens, seru, coqurum, aula, serus.

    3 Traduza cada frase; em seguida mude, quando for conveniente, o nmero dos substantivos e dos verbos, e.g., coquus seruam uocat. O cozinheiro chama a escrava. coqui seruas uocant.

    (a) sum seruus. (b) aulam port. (c) crons habent. (d) serua timet seruum. (e) serus uoctis. 14 N. do T.: Note que aqui s aparece o paradigma dos masculinos. Os neutros da 2.a declinao so um pouco diferentes, e sero estudados mais tarde. 15 N. do T.: Para explicaes mais detalhadas sobre o vocativo singular tipo II (2.a declinao), ver p. 19.

  • 28 (f) seruae auls portant. (g) clmus auls. (h) serus clant coqu. (i) familia cornam habet. (j) uocat seruus seruam. 10 Preposies: in, ad Preposies (praepositus, colocado na frente) so palavras colocadas na frente de substantivos, e.g., in para dentro de, ad para junto de etc. Aprenda as seguintes preposies importantes: in, ad + ac. in em, para dentro de, e.g., in scaenam intrat entra no palco.

    ad para junto de, em direo a, e.g., ad scaenam aulam portat ele carrega a panela em direo ao/para junto do palco (mas no necessariamente para dentro do palco).

    Observe que o caso acusativo denota movimento em direo a algo. Compare com a prxima preposio. in + abl. in em, e.g., in scaen est ele est no palco. No caso dessa preposio, o caso ablativo denota estaticidade espacial. Dar o equivalente latino de: no palco (sc. entrar em); na panela; nas panelas (sc. pr em); na famlia; at a escrava. Exerccios de leitura 1 Leia as frases. Depois, sem traduzi-las, diga qual o sujeito da segunda (em latim). Finalmente, traduza. (a) seruus in scaenam intrat. crnas portat. (b) coqu in aedibus sunt. serus uocant. (c) est in famili Euclinis serua. Staphyla est. (d) in scaenam intrat Dmaenetus. aulam aur plnam habet. (e) coquus et serua clmant. seruum enim timent. 2 Analise a funo de cada palavra na orao, e.g., Dmaenetus coquum... Dmaenetus est no nom.; logo sujeito, isto , Dmaenetus faz algo. coquum est no ac.; logo objeto, isto , Dmaenetus faz algo a coquum. Finalmente completar a frase com um verbo adequado na forma correta e traduzir, e.g., Dmaenetus coquum uocat. Demneto chama o cozinheiro. (a) aulam seruus... (b) serua cornam, aulam seruus...

  • 29 (c) serus seru... (d) familia coqus... (e) Lar serus... (f) aurum ego... (g) Eucli familiam... (h) auls aur plns et corns seruae... 3 Com a ajuda do vocabulrio da Seo 1A, trabalhe o texto latino abaixo seguindo estas instrues: (a) Analise cada palavra (i) seu significado (ii) sua funo na frase (sujeito, objeto etc.) E. g. Dmaenetus coqus et tbcins uidet. Dmaenetus Demneto, sujeito; coqus cozinheiros, objeto; et e, usado para ligar algo a coqus; tbcins flautistas, ligado a coqus por et, faz parte do objeto coqus et tbcins; uidet v, verbo: Demneto os cozinheiros e as flautistas v. (b) Traduza (c) Depois de ter trabalhado todo o texto, volte ao latim e leia toda a passagem em voz alta com a entonao correta, pensando simultaneamente no significado do que se l. Dmaenetus coqus et tbcins uidet. ad nptis fliae ueniunt. in aeds Dmaenet intrant et nptis parant. nunc aeds Dmaenet coqurum et tbcinrum plnae sunt. Dmaenetus autem timet. aulam enim aur plnam habet. nam s aula Dmaenet in aedibus est aur plena, frs uald timet Dmaenetus. aulam Dmaenetus celat. nunc aurum saluum est. nunc saluus Dmaenetus, nunc salua aula. Lar enim aulam habet plnam aur. nunc prope Larem Dmaenet aula sub terr latet. nunc igitur ad Larem appropinquat Dmaenetus et supplicat. Lar, ego Dmaenetus t uoc. ttla meae familiae, aulam ad t aur plnam port. fliae nptiae sunt hodi. ego autem frs time. nam aeds meae frum plnae sunt. t r et obsecr, aulam Dmaenet aur plnam seru. Verso Traduza as frases latinas para o portugus. Depois verta as portuguesas para latim, tomando como referncia a estrutura das latinas para a ordem das palavras. (a) coquus aulam Dmaenet portat. O escravo tem as coroas dos cozinheiros. (b) t clms, ego autem auls port. A escrava tem medo. Por conseguinte, eu chamo o cozinheiro.

  • 30 (c) cr scaena plna est serurum? Por que a casa est cheia de cozinheiros? (d) ego Lar t uoc. cr m tims? Eu, Fedra, entro. Por que vocs escondem a panela? (e) s aurum habet, Dmaenetus timet. Se escondem a panela, as escravas tm medo. (f) corns et auls portant seru. Demneto chama o cozinheiro e a escrava.

  • 31 Seo 1B Muito tempo se passou. O velho Demneto morreu sem desenterrar o ouro nem revelar o segredo a seu filho. Agora, contudo, seu neto Euclio vai ter uma surpresa. Quem explica o deus Lar. (Eucli in scaen dormit. dum dormit, Lar in scaenam intrat et fbulam explicat) 70 LAR: specttrs, ego sum Lar familiris. deus sum familiae Euclinis. ecce Euclinis aeds. est in^aedibus Euclinis thsaurus magnus. thsaurus est Dmaenet, au Euclinis. sed thsaurus in aul est et sub terr latet. ego enim aulam clam in^aedibus seru. Eucli d thsaur ignrat. cr thsaurum clam adhc 75 seru? fbulam explic. Eucli nn bonus est senex, sed aurus et malus. Euclinem igitur nn am. praetere Eucli m nn crat, mihi numquam supplicat. unguentum numquam dat; nlls corns, nllum honrem. sed Eucli fliam habet bonam. nam crat m Phaedra, Euclinis flia, et multum 80 honrem, multum unguentum, mults corns dat. Phaedram igitur, bonam fliam Euclinis, uald am. sed Eucli pauper est. nllam igitur dtem habet flia. nam senex d aul au ignrat. nunc autem, quia Phaedra bona est, aulam aur plnam Euclin d. nam Euclinem in^somni us et aulam 85 mnstr. uidte, specttrs. (Eucli dormit. Lar imginem au in scaenam dcit. Eucli stupet) EVCLI: dormi an uigil? d magn! imginem uide au me, Dmaenet. salu, Dmaenete! heu! quantum muttus ab^ill... ab^nfers sclicet in aeds intrat. ecce! aulam 90 Dmaenetus portat. cr aulam ports, Dmaenete? ecce! circumspectat Dmaenetus et scum murmurat. nunc ad ram Laris festnat. quid facis, Dmaenete? foueam facit et in foue aulam collocat. mrum hercle est. quid autem in aul est? d magn! aula aur plna est. 95 DMAENET IMG: bene. nunc aurum meum saluum est. EVC: nn cred, Dmaenete. nllum in^aedibus aurum est. somnium falsum est. pauper ego sum et pauper mane. (Euclio desperta e se mostra aborrecido porque os deuses o atormentam com o que ele cr serem falsos sonhos de riqueza) EVC: heu m miserum. ego sum perditissimus hominum. pauper 100 sum, sed d falsa somnia mnstrant. auum meum in^somni uide. auus aulam aur plnam portat. aulam sub terr clam collocat iuxt^Larem. nn tamen crd. somnium falsum est.

  • 32 qur Lar m nn crat? qur m dcipit? (Eucli ad^Larem appropinquat. subit autem foueam uidet. Eucli celeriter 105 multam terram foue mouet. tandem aula appret) EVC: quid habs, Lar? quid sub^pedibus tens? hem. aulam uide. nempe somnium urum est. (Eucli aulam foue mouet. intr spectat et aurum uidet. stupet) euge! eugepae! aurum posside! nn sum pauper, sed dues! 110 (Subitamente desanimado) sed tamen hercle homo dues crs semper habet mults. frs in^aedis clam intrant. m miserum! nunc frs time, quod multam pecniam posside. eheu! ut Lar m uexat! hodi enim mihi multam pecniam, mults simul crs dat; hodi igitur perditissimus hominum sum. 115 quid tum? ! bonum cnsilium habe. ecquis m spectat? (Eucli aurum sub^ueste clat et circumspectat. nminem uidet. tandem ad^Larem appropinquat) ad t, Lar, aulam aur plnam port. t aulam seru et cl! (Eucli aulam in^foue iterum collocat; deinde multam terram super aulam 120 aggerat) bene. aurum saluum est. sed anxius sum. qur autem anxius sum? anxius sum quod thsaurus magnus mults crs dat, et m uald uexat. nam in diuitum hominum aeds frs mult intrant; plnae igitur frum multrum sunt duitum hominum 125 aeds. m miserum! Vocabulrio da Seo 1B a ah! ab ill daquele (essa frase uma citao de Virglio, Eneida 2, 274, quando Eneias evoca o esprito de Heitor) ab nfers da morte, do mundo dos mortos adhc at agora aeds (nom.) casa aeds (ac.) casa agger 1 amontoo, acumulo am 1 amo an? ou? anxius angustiado appre 2 apareo

    appropinqu 1 aproximo-me r-a ae 1f. altar aurus avarento au-us 2m. av bene bem bona (nom.) boa bonam (ac.) boa bonum (ac.) bom bonus (nom.) bom cl esconda! celeriter rapidamente circumspect 1 olho em volta clam secretamente colloc 1 coloco cnsilium plano

    crd 1 creio cr-a ae 1f. cuidado, atenco, diligncia, interesse, preocupao cr 1 cuido, preocupo-me com d (+ abl.) a respeito de, sobre dcipit ele(a) decepciona Dmaenete Demneto! Dmaenet-us 2m. Demneto de-us i 2m. deus d deuses; deuses! dues (nom.) rico duitum (gen.) de ricos

  • 33 d 1 dou dormi durmo, estou dormindo dormit ele(a) dorme dtem (ac.) dote dcit ele(a) leva, conduz dum enquanto fora de, desde ecce eis aqui!, olha!/olhe! ecquis acaso algum? eheu ah!, ai!, que lstima! Euclinem (ac.) Euclio Euclin (dat.) a Euclio Euclinis de Euclio euge muito bem!, bravo! eugepae muito bem!, bravo! explic 1 explico fbul-a ae 1f. obra, comdia, argumento facis voc faz facit ele(a) faz falsa falsa falsum falso familiris familiar festn 1 apresso-me foue-a ae 1f. buraco frs (nom., ac.) ladres frum de (os) ladres hem o que isso? hercle por Hrcules! heu ai!, oh!, ah! hodi hoje hominum de (os) homens homo (nom.) homem, indivduo honrem (ac.) honra, respeito ignr 1 ignoro imginem (ac.) viso, imagem img (nom.) viso, imagem espectro, fantasma in aeds dentro de casa in aedibus na casa in somni num sonho intr dentro iterum de novo, outra vez iuxt (+ ac.) junto a, ao lado de Larem (ac.) (o deus) Lar Laris do Lar late 2 estou escondido, escondo-me magn (voc.) grandes magnus grande malus mau, perverso mane 2 permaneo mei de meu, de mim meum meu mihi a mim

    mrum admirvel miserum miservel, infeliz mnstr 1 mostro, revelo moue 2 movo, tiro multam (ac.) muita mults (ac.) muitas mult (nom.) muitos multrum de muitos multum (ac.) muito murmur 1 murmuro muttus mudado nminem (ac.) ningum nempe claramente, sem dvida nllam (ac.) nenhuma nlls (ac.) nenhuma (pl.) nllum (ac.) nenhum numquam nunca pauper (nom.) pobre pecni-a ae 1f. dinheiro perditissimus o mais desgraado posside 2 possuo, tenho praetere alm disso quantum quanto, quo qur por que? quia porque quid o que? quod porque salu salve!, ol! saluum salvo sclicet evidentemente scum consigo mesmo senex ancio, velho seru guarde! seru 1 guardo simul ao mesmo tempo somnia (ac.) sonhos somnium sonho spect 1 olho, vejo specttrs espectadores, pblico stupe 2 surpreendo-me, fico assombrado, atnito sub pedibus debaixo dos (teus/seus) ps sub (+ abl.) debaixo de sub ueste debaixo da roupa subit repentinamente super (+ ac.) sobre supplic 1 suplico tamen contudo, porm tandem finalmente, por ltimo tene 2 tenho, seguro, guardo terr-a ae 1f. terra thsaur-us 2m tesouro tum ento uald muito

    urum verdadeiro uex 1 molesto, perturbo uide 2 vejo uidte vejam!, olhem! uigil 1 estou acordado us visito unguentum unguento, perfume ut como Memoranda Substantivos aedis aed-is 3f. templo; pl. aed-s ium casa cr-a ae 1f. cuidado, diligncia, interesse de-us 2m. deus fr fr-is 3m. ladro honor honr-is 3m. honra, respeito senex sen-is 3m. ancio, velho thsaur-us i 2m. tesouro unguent-um 2n. unguento, perfume Adjetivos mult-us a um muito nll-us a um nenhum Verbos am- 1 amar cr- 1 cuidar, preocupar-se com d- 1 dar explic- 1 explicar, contar posside- 2 possuir, ter supplic- 1 suplicar uide- 2 ver Outros clam secretamente qur por que? quod porque tamen contudo, porm tandem finalmente, por ltimo

  • 34 Contedo gramatical e exerccios da Seo 1B 11 Substantivos da terceira declinao (tema consonntico): fur fur-is 3m. ladro sing. pl. nom. fr fr-s voc. fr fr-s acus. fr-em fr-s gen. fr-is fr-um dat. fr- fr-ibus abl. fr-e fr-ibus Notas

    1 Note que, tal como ocorria na 1.a e na 2.a declinao, as terminaes de dativo e ablativo, no plural, so idnticas. Perceba tambm a identidade entre as terminaes de nominativo, vocativo e acusativo no plural.

    2 Esse o paradigma das terminaes para os substantivos da 3.a declinao cujos radicais terminam em consoante. H, contudo, pequenas mudanas de padro para os substantivos cujos radicais terminam com a vogal -i (chamados substantivos em -i), apresentados em seguida.16

    12 Substantivos da terceira declinacin (tema em -i-) aedis aed-is 3f. templo; no plural templos, casa sing. pl. nom. aed-is aed-s voc. aed-is aed-s acus. aed-em aed-s (ou aed-s) gen. aed-is aed-ium dat. aed- aed-ibus abl. aed-e (ou -) aed-ibus Notas

    1 aed-is, no singular, significa sala, templo; no plural significa, usualmente, casa.

    2 Observe o acusativo plural em -is, o genitivo plural em -ium e o ablativo singular alternativo em -i. Essa predominncia do -i a marca dos substantivos em -i da 3.a declinao. Na verdade, originalmente todos os casos teriam tido o -i, j que ele faz parte do radical. O singular de turris, turr-is 3f. torre, que mantm as formas antigas mesmo no latim clssico, demonstra essa hiptese: turr-is, turr-is, turr-im, turr-is, turr-i, turr-i.

    16 N. do T.: Os autores esto apresentando apenas substantivos masculinos e femininos. Tambm existem neutros na 3.a declinao (tanto com radical consonntico como em -i), mas eles sero estudados mais tarde.

  • 35 3 Note que nas explicaes gramaticais ns indicamos quais substantivos e adjetivos

    tm o radical em -i, mas por razes prticas apresentamos as terminaes como se estivssemos tratando de radicais consonnticos, i.e. aed-is, e no aedi-s (que seria tecnicamente o mais correto).17

    13 Radicais e terminaes dos substantivos da 3.a declinao Os substantivos da 3.a declinao tm uma grande variedade de terminaes no nominativo singular. O que une todos esses vocbulos num mesmo paradigma o fato de que seu genitivo singular termina sempre da mesma forma: Euclio, Euclion-is; senex, sen-is. preciso, portanto, aprender tanto a declinao quanto o genitivo singular, bem como o gnero desses substantivos. Por exemplo: no basta saber simplesmente aedis templo, pl. casa, mas necessrio ter todas as seguintes informaes: aedis, aed-is 3f. templo, pl. casa. O genitivo singular duplamente importante, porque fornece o radical do substantivo, ao qual so adicionadas as terminaes para formar a declinao. Assim, quando voc aprende senex, sen-is 3m., fica sabendo que o radical sen-. o genitivo singular que d essa informao. Voc tambm deve ser capaz de, a partir do radical, descobrir o nominativo singular, para achar a palavra num dicionrio. Por exemplo: se voc encontra pacem no texto, voc deve saber deduzir que o nominativo singular pax. Do contrrio, no encontrar o vocbulo no dicionrio. Observe alguns padres frequentes de radicais consonnticos:

    (a) radicais terminando em -l ou -r mantm l e r no nominativo singular consul-is nom. sing. consul cnsul fur-is nom. sing. fur ladro (b) radicais terminando em -d ou -t terminam em -s no nominativo singular ped-is nom. sing. pes p dot-is nom. sing. dos dote (c) radicais terminando em -c ou -g terminam em -x no nominativo singular

    17 N. do T.: H um problema de terminologia que precisa ser esclarecido. A rigor, chamamos de radical a parte invarivel da palavra que contm o seu significado bsico. Quando o radical est pronto para receber as desinncias de nmero e caso, chamado de tema. Algumas palavras tm radicais que, antes de receber as desinncias, ganham uma vogal especfica, a vogal temtica (assim denominada porque forma o tema). Outras palavras no tm vogal temtica e recebem as desinncias diretamente. Nesse caso, o radical idntico ao tema. Portanto, o radical de fur, fur-is fur-, e o tema tem a mesma forma. Trata-se de uma palavra de tema consonntico. J em aed-i-s, aed-i-s, o radical (aed-), antes de receber as desinncias, ganha a vogal temtica -i, formando o tema aedi-. um substantivo de tema em -i. Ocorre que, por causa de uma srie de transformaes fonticas, muitas vezes fica difcil, sem uma anlise detida, separar a vogal temtica da desinncia. Por isso, os mtodos de latim para iniciantes preferem tratar a desinncia e a vogal temtica como um todo, o qual recebe o nome de terminao. Como consequncia disso, frequente que no se faa nenhuma distino entre radical e tema. Normalmente segmentam-se os vocbulos em duas partes: radical e terminao.

  • 36 reg-is nom. sing. rex rei duc-is nom. sing. dux comandante (d) radicais terminando em -on ou -ion terminam em -o ou -io no nominativo singular Scipion-is nom. sing. Scipio Cipio praedon-is nom. sing. praedo pirata18 Exerccios 1 Decline: honor, fr, (opcionais: Eucli (sing.), Lar, aedis). 2 Diga o caso de cada uma das seguintes palavras: Euclinis, frem, aedium, honrs, Lar, senum, aeds, honrem, fr, Laris. 3 Traduza cada frase; em seguida mude, quando for conveniente, o nmero dos substantivos e dos verbos. Ex.: frem seruus timet. O escravo teme o ladro. frs seru timent. (a) deinde thsaurum senis fr uidet. (b) Lar honrem nn habet. (c) igitur senem deus nn crat. (d) qur tamen supplictis, sens? (e) unguentum senex tandem possidet. (f) in aedibus senex nunc habitat. (g) fr aulam aur plnam semper amat. (h) honrem tamen non habet fr. (i) qur in aeds nn intrs, senex? (j) seruam clam amat senex. 14 Adjetivos da l.a e 2.a declinao: mult-us a um muito sing. m. f. n. nom. mult-us mult-a mult-um voc. mult-e mult-a mult-um acus. mult-um mult-am mult-um gen. mult- mult-ae mult- dat. mult- mult-ae mult- abl. mult- mult- mult- 18 N. do T.: Quanto aos substantivos em -i, os nominativos singulares mais frequentes so em -is e em -es. Exs.: ciuis, ciu-is 3m. cidado; uestis, uest-is 3f. vestimenta; nauis, nau-is 3f. navio; uulpes, uulp-is 3f. raposa; rupes, rup-is 3f. rocha.

  • 37 pl. m. f. n. nom. mult- mult-ae mult-a voc. mult- mult-ae mult-a acus. mult-s mult-s mult-a gen. mult-rum mult-rum mult-rum dat. mult-s mult-s mult-s abl. mult-s mult-s mult-s Notas

    1 Os adjetivos (do radical de adiectus adicionado a) fornecem informaes adicionais sobre um substantivo. Por exemplo: cavalo rpido, colina ngreme (os adjetivos so frequentemente chamados de palavras descritivas).

    2 Como os substantivos podem ser masculinos, femininos e neutros, os adjetivos precisam ter formas masculinas, femininas e neutras, de modo que possam concordar gramaticalmente com o substantivo que descrevem. Assim, adjetivos devem concordar com substantivos em gnero.

    3 Os adjetivos devem tambm concordar com os substantivos em nmero (singular ou plural).

    4 Finalmente, eles devem concordar com os substantivos em caso (nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo ou ablativo). Um substantivo no acusativo pode ser descrito apenas por um adjetivo no acusativo.

    5 Resumindo: em latim, se um substantivo vai ser descrito por um adjetivo, este ltimo ter de concordar com o substantivo em gnero, nmero e caso. Exemplos:

    (a) Eu vejo muitos templos templos o objeto, e est no plural; a palavra que deveremos utilizar em latim aeds, que feminina. Assim, se a palavra latina correspondente a muitos (mult-us, a, um) deve concordar com aedis, ter de estar no acusativo feminino plural. Resposta: mults aeds.

    (b) Ele mostra muito respeito respeito est no singular e cumpre a funo de objeto. A palavra latina que usaremos para traduzir respeito honor, honr-is, que masculina (a forma adequada para a frase em questo honrem). Portanto, mult-us, a, um deve aparecer no acusativo masculino singular. Resposta: multum honrem.

    (c) Eu ouo a voz de muitas escravas escravas vai aparecer em latim no genitivo plural. A palavra latina para escrava serua, seru-ae, um vocbulo feminino. Ento mult-us, a, um ficar no genitivo feminino plural. Resposta: multrum serurum.

    6 importante enfatizar aqui que um adjetivo no descreve necessariamente o substantivo ao lado do qual est. Ele descreve, isto sim, o substantivo com o qual concorda em gnero, nmero e caso, independentemente de este substantivo estar prximo ou no do adjetivo. Exemplos:

    (a) multum flia seruat thesaurum multum = acus. m. sing.; flia = nom. f. sing.; thesaurum = acus. m. sing. Assim, multum descreve thesaurum, e no flia. A traduo : A filha guarda um tesouro abundante.

    (b) nllum frum cnsilium placet nllum = acus. m. sing. ou nom./acus. n. sing.; frum = gen. m. pl.; cnsilium = nom./acus. n. sing. Portanto, nllum est descrevendo cnsilium. Traduo: Nenhum plano de ladres agradvel.

  • 38 Usualmente, mult-us, a, um precede o substantivo (mult seru muitos escravos).

    Quando aparece depois do substantivo, enftico: serus mults habe eu realmente tenho muitos escravos

    7 Adjetivos podem ser usados isoladamente com valor de substantivos, situao em que o gnero vai indicar o significado: bonus um bom homem, bonum uma coisa boa.

    15 Substantivos neutros da segunda declinao: somni-um 2n. sonho sing. pl. nom. somni-um somni-a voc. somni-um somni-a acus. somni-um somni-a gen. somn (ou somni-) somni-rum dat. somni- somni-s abl. somni- somni-s Notas

    1 H apenas um tipo de substantivo neutro na 2.a declinao; sua terminao no nominativo singular sempre -um. Cf. aur-um ouro, unguent-um unguento.

    2 Como ocorre com todos os neutros, o nominativo e o acusativo so iguais (tanto no singular quanto no plural).

    3 No confunda as formas do neutro singular com o acusativo masculino singular da 2.a declinao (como seru-us, acus. sing. seru-um) ou com o genitivo plural da 3.a declinao (como aed-is, gen. pl. aed-ium). Voc deve saber com segurana que palavras como somnium so neutras e pertencem 2.a declinao.

    4 Tal como se d com todos os neutros, h o perigo de se confundirem as formas de plural em -a com substantivos da 1.a declinao como serua.

    5 Note o genitivo singular somn ou somni. Substantivos masculinos da 2.a declinao cujo nominativo singular termina em -ius (como flius filho) geralmente tm genitivo singular em - (fl), mas sempre nominativo plural em -i (fli).

    6 Observe que as formas de genitivo, dativo e ablativo so idnticas s dos masculinos como seruus.

    Exerccios 1 Memorize esta lista de substantivos neutros da segunda declinao como somnium: exiti-um 2n. destruio ingeni-um 2n. habilidade, talento percul-um 2n. perigo 2 Identifique o caso e diga o nom. e gen. sing. e o significado de cada palavra desta lista (ex.: perculrum = gen. pl. de percul-um perigo): honrum, ingenium, aedibus, frum, exiti, seruum, unguentrum, aurum, senum, thsaurs.

  • 39 3 Assinale e d o significado dos substantivos plurais da seguinte lista: scaena, serua, ingenia, familia, cra, unguents, fli, somnia, corna, percula. 16 Substantivo irregular da segunda declinao: de-us i 2m. deus sing. pl. nom. de-us d (ou de-i/di-i) voc. 19 d (ou de-i/di-i) acus. de-um de-s gen. de- de-rum (ou de-um) dat. de- ds (ou de-is/di-is) abl. de- ds (ou de-is/di-is) 17A Vocativos O caso vocativo (de uoc chamar) usado para nos dirigirmos a uma pessoa. Ex.: aue, amice ol, amigo. Sua forma idntica do nominativo em quase todas as palavras, exceto nas terminadas em -us ou -ius (no nom. sing.) da 2 declinao. Os vocbulos desse grupo, quando terminados em -us, tm vocativo singular em -e (seruus, voc. sing. serue), e, quando terminados em -ius, tm vocativo singular em - (flius, voc. sing. fil). Outra exceo o vocativo de meus (meu), que m. Ex.: m fl meu filho. 17B Aposio Considere a seguinte sentena: sum Dmaenetus, Euclinis auus Sou Demneto, av de Euclio O segmento frasal Euclinis auus d mais informao a respeito de Demneto. Diz-se que est em aposio a Dmaenetus, ou que aposto de Dmaenetus (de adpositus colocado perto). Note que auus, a principal parte da informao suplementar, est no mesmo caso de Dmaenetus. Qualquer que seja o caso em que est um substantivo, ele pode receber um aposto. Por exemplo: em sum seruus Dmaenet senis eu sou o escravo de Demneto, o velho, senis (genitivo) aposto de Dmaenet (genitivo). Exerccios 1 Qualifique corretamente estes substantivos com o adjetivo multus (nos casos ambguos, d todas as alternativas possveis): crs, aurum, frs, senem, honris, aedem, serurum, senum, aeds, cornae, (opcionais: seruum, unguenta, aedis, familiam, aedium, honor, aeds). 2 Assinale os substantivos com os quais concorda a forma dada de multus: 19 N. do T.: No existe vocativo singular antes da poca crist, quando criou-se o vocativo deus.

  • 40 multus: senex, cra, Larem, familiae, seruus mult: honor, aeds, Laris, sens, seru mults: honribus, aeds, cram, seruum, deum, senibus, aurum mults: senis, honrs, aeds, cram, familis multae: seruae, aed, cram, sens, d multa: aeds, unguenta, senem, cra, cornrum (opcionais: mults: aeds, unguentum, crs, serus, frs mult: aurum, Larem, cram, honr, aedem multrum: aedium, unguentrum, seruum, senum, derum, cornrum multrum: frum, aurum, honrem, serurum, aedium) 3 Verta para o latim: muitas escravas (nom.); de grande honra; de muitas coroas; muito ouro; um homem muito velho (ac.); de muitos ladres; muitos ancios (ac.). 4 Traduza estas frases: (a) mult frs sunt in aedibus. (b) mults crs mult sens habent. (c) multae seruae plnae sunt crrum. (d) multum aurum Eucli, mults auls aur plns habet. (e) serus senex habet mults. 5 Traduza estas frases: (a) nlla potentia longa est. (Ovdio) (b) uta nec bonum nec malum est. (Sneca) (c) nbilits sla est atque nica uirts. (Juvenal) (d) longa est uta s plna est. (Sneca) (e) fortna caeca est. (Ccero) potenti-a ae 1f. poder mal-us, a um mau nic-us a um nico, sem igual long-us a um longo, nbilits nbilitt-is 3f. uirts uirtt-is 3f. virtude duradouro nobreza fortn-a ae 1f. fortuna ut-a ae 1f. vida sl-us a um s, nico caec-us a um cego nec... nec nem... nem atque e, mas Exerccio opcional Diga o caso (ou casos, quando houver ambiguidade) dos seguintes substantivos e indique a declinao a que pertencem: seruae, honr, thsaurs, famili, deum, fli, ds, corna, senum, thsaurum, honrum, derum, serurum, aedium. Exerccios de leitura 1 Em cada uma das seguintes frases o verbo est em primeiro ou segundo lugar. Diga em cada caso se est no sing. ou no pl. Em seguida indique, seguindo a ordem em que aparecem, o sujeito e (se houver) o objeto do verbo. Depois traduza para o portugus e, finalmente, leia as frases em latim com a entonao correta.

  • 41 (a) clmant seru, senex, seruae. (b) dat igitur honrem multum Phaedra. (c) nunc possidet Lar aeds. (d) amant d multum honrem. (e) dat aurum mults crs. (f) habitant quoque in aedibus seru. (g) est aurum in aul multum. (h) timent autem frs mult sens. (i) qur intrant senex et seruus in scaenam? (j) tandem explicat Lar crs senis. 2 Diga de cada termo se sujeito, objeto ou se est no genitivo. Depois complete a frase com um verbo adequado e na forma correta. Finalmente, traduza. (a) senem seruus... (b) aeds deus... (c) honrs Lar... (d) fr aurum... (e) Euclinis fliam d... (f) fliae senum honrs... (g) aedem deus... (h) unguenta d... (i) Larem Phaedra, Phaedram Lar... (o verbo tem de estar no sing.) (j) serus Phaedra et serus... 3 Traduza literalmente e diga, ao mesmo tempo em que se traduz, que funo tem cada palavra (sujeito, objeto, verbo etc.), agrupando, quando necessrio, palavras que cumprem juntas o mesmo papel. Traduza para o portugus por escrito. Finalmente, leia em latim com a entonao correta, pensando ao mesmo tempo no significado do texto. (a) auls enim habet mults Eucli senex. (b) aeds frum plns mult timent sens. (c) thsaurum Euclinis clam uidet serua. (d) nllus est in aedibus seruus. (e) Phaedram, fliam Euclinis, et Staphylam, fliae Euclinis seruam, Lar amat. (f) deinde Eucli aulam, quod frs uald timet, clat. (g) m igitur Phaedra amat, Phaedram ego. (h) nam aurum Eucli multum habet, corns mults, multum unguentum. (i) senex autem frs, quod multum habet aurum, uald timet. (j) multum seru unguentum ad Larem, mults corns portant. Exerccio de leitura / exerccio de teste Leia a passagem abaixo e, enquanto l, ao identificar um adjetivo, diga (i) com o que ele concorda (se ele segue seu substantivo), (ii) que tipo de substantivo voc espera que concordar com ele (se aparecer antes). Use o vocabulrio da seo 1B para as palavras que voc desconhecer. Ao fim, depois de traduzir o trecho todo, leia em voz alta o texto latino.

  • 42 Lar in scaenam intrat. deus est Euclinis familiae. seruat Lar sub terr thsaurum Dmaenet. multus in aul thsaurus est. ignrat autem d thsaur Eucli, quod Larem nn crat. nam nllum dat unguentum, nlls corns, honrem nllum. Phaedram autem, senis aur flim, Lar amat. dat enim Euclinis flia multum unguentum, mults corns, multum honrem. Lar igitur Dmaenet aulam, quod bona est Euclinis flia, Euclin dat. Eucli autem aulam, quod aurus est, sub terr iterum collocat. nam frs uald timet Eucli! crs habet mults! uexat thsaurus senem aurum et anxium. plnae enim frum sunt duitum hominum aeds. Verso Traduza as frases latinas para o portugus. Depois verta as portuguesas para latim, tomando como referncia a estrutura das latinas para a ordem das palavras. (a) Lar igitur Euclinem, quod honrem nn dat, nn amat. Por conseguinte, os deuses cuidam de Fedra, porque Fedra cuida do Lar. (b) senex autem crs habet mults, quod aurum habet multum. Os escravos, contudo, levam muitas coroas, porque tm (usar do) muito respeito. (c) Euclinis aeds frum sunt plnae, quod aulam aur plnam habet senex. O templo dos deuses est cheio de ouro, porque as filhas dos ricos oferecem panelas cheias de oro. (d) ego multum unguentum, corns mults, multum honrem habe. Voc tem uma grande preocupao e um grande tesouro. (e) t, Dmaenete, nn am. No levo ouro, meu filho. (f) clmant seru, supplicant seruae, timet senex. A filha est suplicando, os velhos esto gritando e as escravas tm medo. __________________________________________________________________ Deliciae latinae ______________________________________________________________________ Esta seo, que aparecer no final de cada unidade, consistir de uma mistura de dicas sobre a formao das palavras, exerccios com palavras latinas de relevncia para o portugus, palavras e expresses latinas de uso corrente ainda hoje, e trechos de textos latinos originais para leitura e traduo. O ttulo significa algo como deleites latinos. NB. Os auxlios de vocabulrio presentes nesta seo servem para auxiliar a leitura e a traduo do modo mais rpido, fcil e eficiente possvel. Assim, no daremos informaes gramaticais completas sobre as palavras. N dos T. Como muitas das deliciae foram escritas originalmente para o pblico original anglfono, faremos muitas adaptaes, cortes e inseres de questes mais interessantes para o pblico lusfono.

  • 43 Formao de palavras (a) Radicais O radical de uma palavra d a dica do significado de muitas outras palavras, e.g., seru- nas palavras seru-us ou seru-a significa escravo, servo; com terminao verbal, serui significa servir a, ser um escravo de algum, e.g., aed- na forma aeds casa, com o sufixo fic tornar, fazer = aedific construir, edificar. Na forma aedlis, significa edil, um oficial romano originalmente responsvel por edificaes. (b) Prefixos Um prefixo (