1 Aguas Subterraneas 2012

106
Cadernos de Educação Ambiental AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO ESTADO DE SÃO PAULO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE INSTITUTO GEOLÓGICO 1

Transcript of 1 Aguas Subterraneas 2012

  • Cadernos de Educao Ambiental

    A S G U A S S U B T E R R N E A S D O E S T A D O D E S O PAU LO

    G O V E R N O D O E S T A D O D E S O P A U L OS E C R E T A R I A D O M E I O A M B I E N T E

    I N S T I T U T O G E O L G I C O

    CA

    DER

    NO

    S D

    E ED

    UC

    A

    O

    AM

    BIE

    NTA

    L

    1

    1

    AS

    G

    UA

    S SU

    BTER

    R

    NEA

    S D

    O E

    STA

    DO

    DE

    SO

    PA

    ULO

    06594 capa logo preto.indd 1 8/5/2012 11:47:46

  • G O V E R N O D O E S TA D O D E S O PAU LOS E C R E T A R I A D O M E I O A M B I E N T E

    I N S T I T U T O G E O L G I C O

    S O P A U L O 2 0 1 2

    A S G U A S S U B T E R R N E A S D O E S T A D O D E S O PAU LO

    Autoras Mara Akie Iritani

    Sibele Ezaki

    Cadernos de Educao Ambiental1

    06594 miolo novo.indd 1 11/9/2012 09:26:41

  • Governo do estado de so Paulo Governador

    secretaria do Meio aMbiente Secretrio

    instituto GeolGicoDiretor

    Iritani, Mara Akie; Ezaki, SibeleI4a As guas subterrneas do Estado de So Paulo/Mara Akie Iritani, Sibele Ezaki. So Paulo : Secretaria de Estado do Meio Ambiente SMA, 2012. 104p.: il. Color.; 23cm. 3a edio

    ISBN 978.85.86624.56.8

    1. guas subterrneas. 2. Hidrogeologia. 3. Aquferos do Estado de So Paulo. I. Iritani, Mara Akie II. Ezaki, Sibele III. Ttulo

    CDD 551.49

    Disponvel para download em www.igeologico.sp.gov.br

    Ficha Catalogrfica elaborada pela Biblioteca do Instituto Geolgico

    06594 miolo novo.indd 2 11/9/2012 09:26:41

  • Governo do estado de so Paulo Governador

    secretaria do Meio aMbiente Secretrio

    instituto GeolGicoDiretor

    Geraldo Alckmin

    Bruno Covas

    Ricardo Vedovellonstituto GeolG

    Diretor Ricardo Vedovello

    06594 miolo novo.indd 3 11/9/2012 09:26:41

  • 06594 miolo novo.indd 4 11/9/2012 09:26:42

  • Agua um dos recursos naturais essenciais vida humana e ao equi-lbrio dos ecossistemas. Por isso fundamental cuidar muito bem de suas reservas e fontes, garantindo sua existncia para toda a sociedade e para as geraes futuras.

    Quando falamos em gua, muito comum pensar somente nos reserva-

    trios aquticos que podemos ver, como os rios, os lagos, as lagoas etc. Mas

    imprescindvel lembrar que, sob os nossos ps, existe tambm uma fonte enor-

    me de recursos hdricos, a que chamamos de guas subterrneas. Essas so

    encontradas nos aquferos, importantes reservatrios de gua no subsolo, e que

    so responsveis pelo armazenamento da maior parte da gua doce disponvel

    para o consumo humano.

    Os aquferos do estado de So Paulo abastecem quase metade do territrio

    estadual, o que ressalta a importncia da gua subterrnea para a manuteno

    da sade e bem estar da populao paulista.

    Conhecer os aquferos um passo fundamental para proteg-los.

    Aes de proteo esto sendo implementadas medida que novos conhe-

    cimentos so gerados, mas preciso difundi-los e divulg-los para ampliar os

    esforos na proteo deste recurso.

    Tendo isso em vista, a Secretaria do Meio Ambiente lanou o Caderno de

    Educao Ambiental As guas Subterrneas do Estado de So Paulo, que

    tem como objetivo conscientizar a sociedade de sua existncia e importncia e

    buscar no leitor um parceiro na proteo desse recurso natural vital.

    Portanto, contamos com voc para ajudar a disseminar esse conhecimento

    e para preservar esse recurso natural to rico e importante nossa vida.

    Bruno CovasSecretrio do Meio Ambiente do Estado de So Paulo

    06594 miolo novo.indd 5 11/9/2012 09:26:42

  • 06594 miolo novo.indd 6 11/9/2012 09:26:43

  • O Instituto Geolgico possui um longo histrico na produo de pesquisa na rea da hidrogeologia, sempre buscando subsidiar a gesto e pro-mover a proteo das guas subterrneas do Estado de So Paulo. Os estudos desenvolvidos at o momento permitiram adquirir um conhe-

    cimento sobre os aquferos do Estado de So Paulo e conquistar o reconheci-

    mento de seu trabalho junto s diversas instituies que atuam no setor, com

    os quais o Instituto Geolgico sempre teve experincias positivas de trabalho

    conjunto.

    Um dos exemplos de sucesso de projeto foi o que resultou no Mapa de

    Vulnerabilidade e Risco de Poluio das guas Subterrneas no Estado de So

    Paulo, finalizado em 1997 e desenvolvido em parceria com a CETESB e o DAEE.

    Os resultados deste projeto subsidiaram, e ainda subsidiam, a priorizao de es-

    tudos e pesquisas em reas identificadas como crticas quanto ao risco potencial

    de poluio das guas subterrneas.

    O exemplo mais recente de sucesso foi a parceria com o DAEE, IPT e CPRM,

    que resultou na publicao do Mapa de guas Subterrneas do Estado de So

    Paulo. A finalizao deste produto, juntamente com a implantao do Projeto

    Ambiental Estratgico Aquferos, o qual o Instituto Geolgico teve a satisfao

    de coordenar, motivou a elaborao deste Caderno.

    O objetivo divulgar para o pblico em geral, informaes sobre os aqu-

    feros paulistas, em uma linguagem simples e acessvel, buscando trazer o leitor

    como um parceiro na proteo da gua subterrnea e reforando as aes

    governamentais.

    O Instituto Geolgico sempre se esforar na produo de conhecimento

    para subsidiar a proteo das guas subterrneas, um recurso cada vez mais

    importante no abastecimento da populao e no desenvolvimento econmico

    do Estado de So Paulo.

    riCardo vedovello Diretor do Instituto Geolgico

    06594 miolo novo.indd 7 11/9/2012 09:26:43

  • 06594 miolo novo.indd 8 11/9/2012 09:26:43

  • SUMRIO

    1. Ciclo da gua 11

    2. gua Subterrnea 15

    3. Os Aquferos do Estado de So Paulo 25

    4. Como Captar a gua Subterrnea 67

    5. Ameaas s guas Subterrneas 75

    6. gua e Sade 85

    7. Protegendo os Recursos Hdricos Subterrneos 89

    8. Gerenciamento dos Recursos Hdricos no Estado de So Paulo 97

    06594 miolo novo.indd 9 11/9/2012 09:26:43

  • AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO10

    06594 miolo novo.indd 10 11/9/2012 09:26:43

  • 11

    1. Ciclo da gua

    106594 miolo novo.indd 11 11/9/2012 09:26:43

  • AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO12

    A gua no planeta encontra-se nos estados slido, lquido e gasoso, dis-tribuda em diferentes reservatrios. A gua no estado slido ocorre nas geleiras; na forma gasosa, como vapor, est na atmosfera, em nuvens.

    Acima da superfcie do solo, a gua no estado lquido corre em rios, lagos

    e oceanos. Abaixo da superfcie, a gua armazenada nos poros e outras

    aberturas existentes nas rochas. Alm disso, os seres vivos animais e

    plantas tambm reservam gua. No corpo de um adulto, cerca de 60%

    da massa corporal total gua, podendo variar de 45 a 75%, dependendo

    da idade e do sexo. No interior das clulas esto 2/3 dessa gua e o res-

    tante, no espao entre elas e na corrente sangunea.

    Estes reservatrios de gua esto em permanente intercmbio e a

    energia solar o principal motor desta circulao. Assim, uma molcula

    de gua que formava uma nuvem pode cair na forma de chuva, infiltrar no

    solo, ser captada por um poo e estar dentro de voc um tempo depois.

    Este movimento da gua entre diferentes reservatrios o que chamamos

    de ciclo da gua.

    1. Ciclo da gua

    Ciclo da gua

    06594 miolo novo.indd 12 11/9/2012 09:26:43

  • 131. CIClO DA GUA

    Existem diversos processos que controlam esta circulao, como a

    precipitao da gua contida nas nuvens na forma de chuva, granizo e

    orvalho, ou mesmo como neve nas regies frias ou com elevada altitude.

    Outro processo o escoamento superficial, no qual a gua que pre-

    cipita como chuva ou provm do degelo da neve e de geleiras, escoa no

    terreno em direo s pores mais baixas, como rios e lagos, em fluxo

    contnuo at encontrar o oceano.

    As nuvens se formam pela evaporao da gua presente nos con-

    tinentes e nos oceanos e tambm pela transpirao dos seres vivos. A

    chuva, quando cai sobre as plantas, interceptada pelas folhas e pode

    voltar a evaporar. A evaporao associada transpirao das plantas

    denominada de evapotranspirao.

    O processo de infiltrao permite que a gua, precipitada nos con-

    tinentes, ou resultante do degelo da neve, seja transferida para a subsu-

    perfcie, atingindo os estratos mais profundos. nos poros do solo e dos

    sedimentos e nas fraturas da rocha que se concentra a gua dos aquferos.

    Mas ela no fica parada; circula, mesmo que lentamente, at atingir reas

    de descarga, que podem ser rios, lagos, nascentes, reas encharcadas e

    oceanos. Quando est a pouca profundidade, a gua subterrnea pode,

    ainda, ser absorvida pelas razes das plantas.

    A descarga da gua subterrnea nos corpos de gua superficial de-

    nominada de escoamento bsico e responsvel por manter o nvel da

    gua dos rios e lagos em pocas sem chuva.

    06594 miolo novo.indd 13 11/9/2012 09:26:43

  • AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO14

    06594 miolo novo.indd 14 11/9/2012 09:26:43

  • 15

    2. gua Subterrnea

    206594 miolo novo.indd 15 11/9/2012 09:26:43

  • 16 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    2. gua Subterrnea

    O que e onde fica a gua subterrnea?

    A gua que existe abaixo da superfcie do terreno circula nos espaos

    vazios, denominados poros, existentes entre os gros que formam os solos

    e as rochas sedimentares. Em alguns tipos de rocha, a gua circula atravs

    de fraturas, que so pores onde as rochas se romperam devido movi-

    mentao da crosta terrestre. Ao se infiltrar no solo, a gua da

    chuva passa por uma poro do terreno

    chamada de zona no saturada (ZNS)

    ou zona de aerao, onde os poros so

    preenchidos parcialmente por gua e

    por ar. Parte da gua infiltrada no solo

    absorvida pelas razes das plantas

    e por outros seres vivos ou evapora e

    volta para a atmosfera. O restante da

    gua, por ao da gravidade, continua

    em movimento descendente.

    No seu percurso, o excedente de

    gua acumula-se em zonas mais profun-

    das, preenchendo totalmente os poros

    e formando a zona saturada (ZS). Nas

    regies ridas e semiridas, os proces-

    sos de evaporao e transpirao preva-

    lecem, dificultando a infiltrao da gua

    at a zona saturada.

    No topo da zona saturada existe uma

    faixa chamada de franja capilar, onde to-

    Distribuio da gua em subsuperfcie

    06594 miolo novo.indd 16 11/9/2012 09:26:44

  • 172. GUA SUBTERRNEA

    dos os poros esto preenchidos por gua, mas ela est presa aos gros da

    rocha pelo efeito da capilaridade.

    O limite entre as zonas no saturada e saturada comumente chamado

    de lenol fretico. Quando perfuramos um poo raso, o nvel da gua obser-

    vado representa a profundidade do lenol fretico naquele ponto, o qual

    chamado de nvel fretico, nvel dgua ou nvel potenciomtrico.

    A profundidade do nvel dgua pode variar ao longo do ano, pois

    sofre ao da variao do clima. Assim, em perodos chuvosos, h maior

    infiltrao de gua e o nvel do lenol fretico se eleva. No perodo de

    estiagem, com pouca infiltrao e maior processo de evapotranspirao, o

    nvel da gua pode ficar mais profundo.

    A gua que circula na zona saturada chamada de gua subterrnea.

    A quantidade de gua armazenada na rocha depende da sua porosida-

    de, isto , o volume de poros vazios em relao ao volume total da rocha.

    Normalmente, depsitos de sedimentos inconsolidados (cascalho, areia, silte,

    argila), incluindo os solos, apresentam porosidade maior do que as rochas

    (arenito, calcrio, folhelho, rochas fraturadas etc.). A porosidade tambm

    tende a ser maior em materiais com pouca variao no tamanho dos gros,

    como nas areias uniformes, por exemplo, do que naqueles com grande varia-

    o granulomtrica, onde partculas menores se alojam entre gros maiores.

    Porosidade total nos sedimentos e rochas sedimentares

    Sedimentos(*) Dimetro da partcula

    (mm)

    Porosidade total dos sedimentos

    (%)

    Rochas Sedimentares (**)

    Porosidade to-tal das rochas

    (%)

    Cascalho > 2,0 24 38 Arenito 5 30

    Areia grossa 0,2 2,0 31 46 Siltito 21 41

    Areia fina 0,02 0,2 26 53 Calcrio/Dolomito 0 40

    Silte 0,002 0,02 34 61 Calcrio crstico 0 40

    Argila < 0,002 34 60 Folhelho 0 10

    Fontes: (*) Domenico & Schwartz (1998); (**) Fetter (1994)

    06594 miolo novo.indd 17 11/9/2012 09:26:44

  • 18 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Exemplos de relao entre a litologia e a permeabilidade das rochas

    A gua subterrnea, como um componente do ciclo hidrolgico, est

    em constante circulao e flui, de modo geral, lentamente, atravs dos poros

    da rocha. Um dos parmetros que influencia o fluxo da gua subterrnea

    a permeabilidade. Esta propriedade indica a facilidade com que a gua flui

    atravs da rocha e est relacionada com o tamanho e o volume de poros

    interconectados (transmitindo fluxo), a forma, a distribuio e a variao do

    tamanho dos gros.

    Quanto mais homogneos o tamanho e a distribuio dos gros,

    maior a interconexo entre poros e a capacidade do aqufero em trans-

    mitir gua.

    O argilito e o siltito apresentam elevada porosidade (35-60%), porm

    baixa permeabilidade. Assim, apesar de ter grande capacidade de armaze-

    namento, deste tipo de formao rochosa no possvel extrair gua em

    volume suficiente para o uso.

    06594 miolo novo.indd 18 11/9/2012 09:26:44

  • 192. GUA SUBTERRNEA

    Classificao dos aquferos de acordo com o tipo de porosidade da rocha

    O que um aqufero?

    Aqufero um reservatrio subterrneo de gua, caracterizado por cama-

    das ou formaes geolgicas suficientemente permeveis, capazes de ar-

    mazenar e transmitir gua em quantidades que possam ser aproveitadas

    como fonte de abastecimento para diferentes usos.

    Os aquferos podem ser classificados quanto ao tipo de porosidade da

    rocha armazenadora em granular, fissural e crstico.

    As rochas sedimentares (arenitos, siltitos etc.) e os sedimentos no

    consolidados (areias, cascalhos etc.) so constitudos de gros minerais. A

    gua percola e permanece, temporariamente, armazenada nos vazios entre

    os gros. A porosidade, neste caso, do tipo granular e o aqufero classi-

    ficado como granular. Como a porosidade est intimamente ligada ao tipo

    de rocha, o aqufero , muitas vezes, denominado de aqufero sedimentar.

    Aqufero Granular Aqufero Fissural Aqufero Crstico

    06594 miolo novo.indd 19 11/9/2012 09:26:44

  • 20 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Em rochas macias e compactas, que no apresentam espaos vazios

    entre os minerais que as compem, como os granitos e gnaisses, a porosi-

    dade devido presena de fraturas conectadas. Estas fendas originam-se

    da ruptura da rocha, devido a esforos fsicos que ocorrem naturalmente

    na crosta terrestre ao longo da histria geolgica. Neste caso, o aqufero

    denominado de fissural ou fraturado. Quanto maior a quantidade de

    fraturas na rocha, interligadas e preenchidas com gua, maior ser a po-

    tencialidade do aqufero em fornecer gua.

    Algumas rochas carbonticas, como os calcrios, sofrem lento proces-

    so de dissoluo quando em contato com guas cidas que infiltram por

    meio das fraturas da rocha. As guas cidas so formadas pela combina-

    o da gua da chuva ou de rios com o dixido de carbono (CO2), prove-

    niente da atmosfera ou da decomposio da matria orgnica presente no

    solo. Com a progressiva dissoluo destes condutos, formam-se cavidades,

    que podem resultar em galerias com rios subterrneos e cavernas. Neste

    aqufero, chamado crstico, a gua flui por condutos e canais.

    Os aquferos tambm podem ser classificados quanto s suas carac-

    tersticas hidrulicas, em livres ou confinados, dependendo da presso a

    que esto submetidos.

    O aqufero livre (ou fretico) est mais prximo superfcie, onde

    a zona saturada tem contato direto com a zona no saturada, ficando

    submetido presso atmosfrica. Neste tipo, a gua que infiltra no solo

    atravessa a zona no saturada e recarrega diretamente o aqufero.

    O aqufero confinado limitado no topo e na base por camadas de

    rocha de baixa permeabilidade (como argila, folhelho, rocha gnea macia

    etc.). No h zona no saturada e, neste caso, o aqufero est submetido a

    uma presso maior que a atmosfrica, devido a uma camada confinante

    acima dele, que tambm est saturada de gua. Assim, o nvel da gua tem

    presso para atingir uma altura acima do topo do aqufero, mas impedida

    pela camada confinante. Neste caso, no podemos chamar o nvel da gua

    06594 miolo novo.indd 20 11/9/2012 09:26:44

  • 212. GUA SUBTERRNEA

    de fretico, pois est submetido a uma presso maior que a atmosfrica. Em

    aqufero confinado, chamamos o nvel da gua de potenciomtrico.

    Ao perfurarmos um poo possvel verificar que o nvel potenciomtri-

    co atinge altura acima do topo do aqufero confinado. Se a gua do poo

    jorrar na superfcie, significa que o nvel potenciomtrico da gua encontra-

    -se acima do terreno e neste caso, o poo chamado de artesiano jorrante.

    A gua que recarrega o aqufero confinado precisa atravessar a cama-

    da menos permevel que est acima dele, em um processo bem lento, ou

    infiltrar na poro onde este aqufero se encontra livre.

    Estas camadas de rochas saturadas, com baixa capacidade de transmitir

    gua s rochas adjacentes, ou seja, com baixa permeabilidade, so conside-

    radas aquitardes (exemplo: argila arenosa). Quando o material imperme-

    vel, isto , com certa capacidade de armazenar gua mas sem capacidade de

    Aqufero livre e Aqufero confinado

    06594 miolo novo.indd 21 11/9/2012 09:26:46

  • 22 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    transmiti-la, utiliza-se o termo aquiclude (exemplo: argila). Por fim, as rochas

    impermeveis que no armazenam e no transmitem gua so denomina-

    das aquifugos (exemplo: granito no fraturado e no alterado).

    Quando a gua infiltrada encontra uma barreira, com dimenso res-

    trita na zona no saturada, tal como uma lente argilosa, por exemplo,

    pode se acumular e ficar armazenada temporariamente, formando o que

    chamamos de aqufero suspenso. Em pocas sem chuva, quando no h

    recarga, estes aquferos suspensos podem se esgotar.

    Recarga e Descarga de Aquferos

    As guas que recarregam os aquferos normalmente provm da chuva,

    que cai na superfcie do terreno e infiltra nas reas aflorantes das forma-

    es geolgicas, onde o aqufero livre. Estas regies so denominadas

    de reas de recarga.

    A gua circula lentamente pelos poros das rochas e sua velocidade

    depende das caractersticas geolgicas de cada aqufero, podendo variar

    de um metro por dia a um metro por ano.

    Aqufero suspenso

    06594 miolo novo.indd 22 11/9/2012 09:26:46

  • 232. GUA SUBTERRNEA

    Tempo de circulao da gua subterrnea recarga e descarga

    Desta forma, pode demorar semanas, meses, anos e at sculos, para

    que a gua subterrnea circule da rea de recarga para a rea de descar-

    ga. Apenas em aquferos crsticos ou muito fraturados, onde as fendas e

    condutos tm elevada conectividade, a velocidade pode ser bem maior.

    As reas de descarga so locais onde a gua sai do aqufero, poden-

    do, normalmente, voltar superfcie do terreno, em forma de nascente ou

    como escoamento bsico, alimentando os crregos, rios e lagos.

    A recarga tambm pode ocorrer pelo aporte de gua vindo de outra

    unidade hidrogeolgica, seja granular ou fraturada, em contato com o

    aqufero em questo. Por exemplo, um aquitarde, apesar da baixa permea-

    bilidade, pode permitir a transmisso de gua para um aqufero confinado

    subjacente.

    Pode ocorrer que o aqufero tenha recarga no natural, por exemplo,

    pela gua que infiltra no solo devido ao vazamento das tubulaes do

    sistema de abastecimento e saneamento, ou pelos excessos na irrigao

    de diferentes culturas.

    06594 miolo novo.indd 23 11/9/2012 09:26:47

  • 24 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    06594 miolo novo.indd 24 11/9/2012 09:26:47

  • 25

    3. Os Aquferos do Estado de So Paulo

    306594 miolo novo.indd 25 11/9/2012 09:26:47

  • 26 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    3. Os Aquferos do Estado de So Paulo

    Distribuio da gua Subterrnea e Potencialidade dos Aquferos

    A gua subterrnea distribui-se nos diferentes aquferos presentes no Es-

    tado de So Paulo, distintos por suas caractersticas hidrogeolgicas como,

    por exemplo, tipo de rocha e forma de circulao da gua, as quais se re-

    fletem na sua produtividade. No Estado de So Paulo, reuniram-se os aqu-

    feros em dois grandes grupos: os Aquferos Sedimentares e os Fraturados.

    O grupo dos Aquferos Sedimentares rene aqueles constitudos por

    sedimentos depositados pela ao dos rios, vento e mar, onde a gua cir-

    cula pelos poros existentes entre os gros minerais. No Estado de So

    Paulo, destacam-se, pela capacidade de produo de gua subterrnea, os

    Aquferos Guarani, Bauru, Taubat, So Paulo e Tubaro.

    O grupo dos Aquferos Fraturados rene aqueles formados por rochas

    gneas e metamrficas. As rochas gneas formaram-se pelo resfriamento

    do magma, sendo o granito a mais comum. Os gnaisses, xistos, quartzitos

    e metacalcrios so exemplos de rochas metamrficas, geradas quando

    rochas gneas ou sedimentares foram submetidas a mudanas significa-

    tivas de temperatura e presso. Como so rochas macias e compactas,

    que no apresentam espaos vazios entre os minerais que as compem,

    a gua circula nas fraturas formadas durante e aps o resfriamento da

    lava ou posteriormente formao da rocha, decorrentes dos esforos

    gerados na movimentao de placas tectnicas. No Estado de So Paulo,

    destacam-se o Aqufero Serra Geral e o Aqufero Cristalino. Incluem-se,

    tambm, neste grupo, as rochas carbonticas, como calcrio e mrmore,

    de porosidade crstica, onde as fraturas so alargadas, formando cavida-

    des e cavernas em razo da percolao de gua, que dissolve lentamente

    os minerais constituintes da rocha.

    06594 miolo novo.indd 26 11/9/2012 09:26:47

  • 273. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    No Mapa de guas Subterrneas do Estado de So Paulo, ilus-

    trado a seguir, so representados, em azul, os Aquferos Sedimentares e,

    em verde, os Aquferos Fraturados. Os tons mais escuros, em ambos os

    casos, refletem o maior potencial produtivo dos aquferos, isto , sua capa-

    cidade em fornecer gua. Observando o mapa, pode-se dizer que os aqu-

    feros mais produtivos, representados por tons mais escuros, tm maior

    ocorrncia na poro oeste do Estado.

    Mapa de guas Subterrneas do Estado de So Paulo mostrando os principais aquferos e suas potencialidades Fonte: DAEE/IG/IPT/CPRM 2005.

    06594 miolo novo.indd 27 11/9/2012 09:26:48

  • 28 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Embora os aquferos geralmente representem unidades de dimenso

    regional, no necessariamente apresentam caractersticas geolgicas e

    hidrolgicas homogneas por toda a sua extenso. Podem apresentar va-

    riaes no tamanho dos gros, na quantidade e tipo de poros da rocha, e

    em outras propriedades em geral.

    O Aqufero Tubaro, por exemplo, conhecido por sua produtividade

    varivel, pois corresponde a um espesso pacote sedimentar muito hetero-

    gneo, com intercalaes de camadas arenosas, siltosas e argilosas, mui-

    tas vezes sem continuidade lateral. Em alguns locais, como nos municpios

    de Tiet, Capivari e Cerquilho, podem ocorrer lentes, isto , camadas de

    pequena espessura e extenso limitada, de constituio arenosa, muito

    produtivas em gua; em outros, pode haver predomnio de lentes argilo-

    sas, apresentando baixa produtividade.

    Assim, antes de se construir poos para captar gua subterrnea,

    deve-se conhecer a capacidade e o potencial de fornecimento de gua dos

    aquferos. Quanto mais permevel e poroso, maior a vazo que se pode

    bombear do aqufero, por meio de poos.

    Para conhecer melhor os aquferos do Estado de So Paulo, segue uma

    explanao de como se formaram e uma descrio das suas caractersticas.

    Como se Formaram os Aquferos

    Os tipos de aqufero esto intimamente associados s unidades geolgicas

    que ocorrem no Estado de So Paulo. As rochas que os compem foram

    formadas em diferentes perodos geolgicos, sob variados ambientes e cli-

    mas. Estes fatores imprimiram propriedades hidrogeolgicas diferenciadas

    a cada aqufero, as quais se refletem na sua produtividade e, tambm, na

    sua vulnerabilidade poluio.

    A poro leste do Estado de So Paulo constituda por rochas mais

    antigas, formadas h mais de 550 milhes de anos. A este conjunto de

    06594 miolo novo.indd 28 11/9/2012 09:26:48

  • 293. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    rochas denominamos Embasamento Cristalino, que constitui o Aqufero

    Cristalino, composto principalmente por rochas de origem gnea, como os

    granitos, e metamrfica, como gnaisses, quartzitos, calcrios etc.

    Sobre o Embasamento Cristalino, entre 500 e 130 milhes de anos

    atrs, depositou-se uma sequncia de sedimentos variados, formando o

    que denominamos de Bacia Sedimentar do Paran, que ocupa toda a por-

    o centro-oeste do Estado de So Paulo.

    No incio da formao desta Bacia, h cerca de 450 milhes de anos, a

    regio foi ocupada pelo mar, que em alguns perodos, recuava, resultando

    em ambientes litorneos e continentais; e em outros, voltava a avanar

    sobre a regio. Nesta dinmica, foram depositados sedimentos marinhos

    profundos, rasos ou litorneos e sedimentos continentais, com influncia

    ou no de degelo de calotas glaciais, at, aproximadamente, 250 milhes

    de anos atrs. Estes sedimentos, aps a deposio, sofreram ao de re-

    Principais unidades aquferas do Estado de So PauloBaseado em IGG, 1974.

    06594 miolo novo.indd 29 11/9/2012 09:26:48

  • 30 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    trabalhamento, compactao e consolidao, formando diferentes rochas

    que constituem os atuais Aquferos Furnas e Tubaro e o Aquiclude Passa

    Dois.

    Em seguida, o mar foi se tornando mais restrito e a continentali-

    zao do ambiente foi acompanhada por modificao do clima, que se

    tornou desrtico. Os sedimentos passaram a ser transportados, predomi-

    nantemente, pelo vento. Em um primeiro momento, sob clima ainda um

    pouco mido, formaram-se rochas sedimentares arenosas da Formao

    Pirambia e, finalmente, sob clima desrtico, a deposio de sedimentos

    elicos formou os arenitos da Formao Botucatu. Pelas suas propriedades

    hidrulicas semelhantes, ambas as unidades passaram a compor o Aqu-

    fero Guarani.

    Em um perodo aproximado de 138 a 127 milhes de anos atrs, ainda

    sob clima seco, um vulcanismo resultante da ruptura de pores da crosta

    terrestre, associado separao do continente Sul-Americano da frica,

    originou sucessivos derrames de lava, que recobriram os sedimentos da

    Bacia Sedimentar do Paran, confinando o Aqufero Guarani situado abai-

    xo. O resfriamento desta lava formou rochas denominadas de basalto e

    diabsio, que constituem os aquferos fissurais Serra Geral e Diabsio.

    Cessado o perodo de derrames de lava, o clima foi se tornando mais

    mido; e nova sequncia de sedimentos foi depositada at 65 milhes de

    anos atrs, formando a Bacia Sedimentar Bauru e dando origem a rochas

    que constituem o Aqufero Bauru.

    Por fim, sedimentos passaram a ser depositados sobre as unidades

    mais antigas. Na poro leste do Estado, a consolidao destes sedimen-

    tos sobre o Embasamento Cristalino, h mais de 2 milhes de anos, origi-

    nou os Aquferos So Paulo, Taubat e litorneo.

    06594 miolo novo.indd 30 11/9/2012 09:26:48

  • 313. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    Perfis hidrogeolgicos esquemticos do Estado de So Paulo.

    Perfil Esquemtico 1 dos Aquferos do Estado de So Paulo

    Perfil Esquemtico 2 dos Aquferos do Estado de So Paulo

    Perfis elaborados por Geraldo H. Oda com base em IGG (1974), IPT (1981), DNPM/CPRM (1983)

    06594 miolo novo.indd 31 11/9/2012 09:26:49

  • 32 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    As Unidades Hidrogeolgicas do Estado de So Paulo

    Aqufero Cristalino

    O Cristalino um aqufero fraturado e de exten-

    so regional. Formado h mais de 550 milhes

    de anos, composto pelas rochas mais antigas

    do Estado de So Paulo. Aflora na poro leste

    do territrio paulista, em rea de 53.400 km2, abrangendo cidades como

    Campos de Jordo, guas de lindia, Jundia, Tapira, Iporanga, dentre

    outras, a Regio Metropolitana de So Paulo, chegando at o litoral.

    Os poos que o exploram esto concentrados nesta parte afloran-

    te, com comportamento de aqufero livre. Estes poos atingem, em geral,

    100 a 150 metros de profundidade, uma vez que a ocorrncia de fraturas

    abertas ao fluxo da gua tende, na maioria dos casos, a diminuir em nveis

    mais profundos.

    O Aqufero Cristalino composto por rochas de origem gnea e me-

    tamrfica que se estendem para o oeste do Estado, abaixo da Bacia Se-

    dimentar do Paran, a grandes profundidades, o que impossibilita sua

    utilizao. Constituem, portanto, o embasamento sobre o qual os aqufe-

    ros sedimentares se depositaram.

    As fendas mais favorveis ao armazenamento e ao fluxo da gua sub-

    terrnea so as fraturas geradas posteriormente formao das rochas,

    resultado dos esforos tectnicos que atuaram na crosta terrestre, como,

    por exemplo, a separao dos continentes e a formao da Serra do Mar.

    De acordo com o tipo de porosidade fissural que se desenvolve nas

    rochas, o Cristalino dividido em duas unidades:

    E o Aqufero Pr-Cambriano, que apresenta porosidade fissural re-

    presentada apenas por fraturas na rocha. Esta unidade predominante e

    06594 miolo novo.indd 32 11/9/2012 09:26:49

  • 333. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    ocupa a maior rea de ocorrncia, abrangendo o norte, nordeste e sudeste

    do Estado de So Paulo. Sua produtividade baixa e bastante varivel, es-

    tando condicionada presena de fraturas abertas. A vazo mdia dos po-

    os em torno de 5 m3/h (equivalente a 5.000 litros por hora), mas comum

    encontrar poos prximos com vazes muito diferentes devido variao

    no nmero, tipo, abertura e conexo das fraturas. Fernandes et al. (2005 in

    DAEE/IG/IPT/CPRM 2005) definiram vazes provveis nesta unidade, varian-

    do de 1 a 23 m3/h, com rea menos produtiva na regio ao norte do Rio Pa-

    raba do Sul, entre Campos de Jordo, Bragana Paulista e Francisco Morato.

    E o Aqufero Pr-Cambriano Crstico, que apresenta porosidade

    crstica, representada por fraturas alargadas pela dissoluo dos minerais

    carbonticos das rochas calcreas. Quando esta dissoluo intensa ou

    de longa durao, pode gerar cavernas. Esta unidade tem ocorrncia res-

    trita no sul do Estado de So Paulo, entre a regio do Vale do Rio Ribeira

    de Iguape e cidades como Capo Bonito, Ribeiro Branco e Bom Sucesso

    de Itarar. A produtividade desta unidade pouco conhecida devido

    pequena quantidade de poos existentes. Entretanto, como est condicio-

    nada s feies de dissoluo, sua produtividade varivel e as vazes

    calculadas como provveis por Fernandes et al. (2005 in DAEE/IG/IPT/

    CPRM 2005) esto entre 7 e 100 m3/h por poo. Ocorrncias restritas de

    rochas carbonticas podem ser encontradas em outras pores do Estado,

    como por exemplo, no municpio de Cajamar.

    A gua do Aqufero Cristalino apresenta boa qualidade para consumo

    humano e outros usos em geral.

    Deve-se, no entanto, dar especial ateno proteo de qualidade

    das guas da unidade Pr-Cambriana, por ocorrer como aqufero livre em

    reas populosas e industrializadas, como na Regio Metropolitana de So

    Paulo e na regio entre Campinas e Sorocaba. Nessas reas, apesar da bai-

    xa e irregular produtividade do aqufero, utilizado para abastecimento

    complementar de pequenas comunidades em municpios como Bananal,

    06594 miolo novo.indd 33 11/9/2012 09:26:49

  • 34 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Jambeiro, Jarinu, Embu Guau e Piedade, assim como para uso industrial,

    permitindo o desenvolvimento da regio, apesar da limitao da oferta de

    gua superficial com qualidade.

    J, na unidade Pr-Cambriana Crstica, a velocidade da gua geral-

    mente alta e qualquer contaminao pode se espalhar rapidamente, exi-

    gindo cuidados especiais para sua proteo, como, por exemplo, restries

    mais rgidas de ocupao do solo no entorno das feies de dissoluo e

    em locais onde as rochas esto muito fraturadas.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Cristalino

    06594 miolo novo.indd 34 11/9/2012 09:26:49

  • 3535

    Rochas do Aqufero Cristalino unidade Pr-Cambriana

    guas de lindia (SP) Vista geral do Aqufero Cristalino. Foto: Seiju Hassuda

    guas de lindia (SP) - Nascente em quartzitos da Fonte So Roque. Foto: Francisco de Assis Negri

    Iporanga (SP) Cavernas. Foto: Artur Deodato Alves.

    Iporanga (SP) Entrada da caverna laje Branca. Foto: William Sallun Filho

    Feies crsticas do Aqufero Cristalino unidade Pr-Cambriana Crstica

    06594 miolo novo.indd 35 11/9/2012 09:26:51

  • 36 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aqufero Furnas

    O Aqufero Furnas um aqufero sedimentar de

    extenso restrita, aflorando apenas no sul do

    Estado de So Paulo, em uma rea de aproxi-

    madamente 530 km2. Nesta pequena rea tem

    comportamento de aqufero livre.

    Este aqufero foi depositado sobre o Em-

    basamento Cristalino e segue para o oeste, em

    profundidade, confinado pelo Aqufero Tubaro.

    Pela ocorrncia restrita e por ser pouco explo-

    rado no Estado de So Paulo, no h informaes disponveis suficientes

    para avaliar a extenso desta poro confinada. O aqufero estende-se,

    tambm, para o Estado do Paran, onde tem ocorrncia mais expressiva.

    O Aqufero Furnas constitudo por arenitos quartzosos, de granulo-

    metria mdia a grossa, e conglomerados na parte basal, depositados entre

    395 a 345 milhes de anos atrs, em ambiente marinho.

    Na poro aflorante, sua espessura atinge, em mdia, cerca de 100

    metros. No municpio de Itarar, onde est confinado pelos sedimentos do

    Aqufero Tubaro, registraram-se espessuras de at 180 metros.

    Em sua poro livre no Estado de So Paulo, Takahashi (2005 in DAEE/

    IG/IPT/CPRM 2005) recomenda vazo explorvel de at 10 m3/h por poo,

    mas na medida em que houver novas informaes e estudos mais aprofun-

    dados, a potencialidade deste aqufero poder ser reavaliada. At o momen-

    to, o Aqufero Furnas considerado como de produtividade baixa a mdia.

    Sua gua apresenta boa qualidade para consumo humano e outros usos.

    06594 miolo novo.indd 36 11/9/2012 09:26:51

  • 373. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    Aqufero Tubaro

    O Aqufero Tubaro um

    aqufero sedimentar de ex-

    tenso regional. Aflora em

    uma faixa estreita de apro-

    ximadamente 20.700 km2,

    que se estende do nordes-

    te ao sul do Estado de So

    Paulo, passando por cida-

    des como Casa Branca, Ita-

    petininga, Itu e Itarar. Nesta poro aflorante, onde tem comportamento

    de aqufero livre, sua espessura aumenta de leste para oeste, atingindo

    valores de at 800 metros.

    Seguindo em sentido oeste do Estado, o aqufero mergulha suave-

    mente, confinado pelo Aquiclude Passa Dois e por outras unidades hidro-

    geolgicas sobrejacentes, atingindo profundidades de at 2.000 metros

    abaixo do nvel do mar.

    Devido a esta grande profundidade na poro confinada e a uma pro-

    dutividade relativamente baixa, em comparao aos outros aquferos se-

    dimentares, o Aqufero Tubaro explorado, predominantemente, na sua

    parte aflorante.

    Formado h cerca de 250 milhes de anos, o Aqufero Tubaro cons-

    titudo por sedimentos depositados em ambientes glacial, continental e

    marinho. As litologias encontradas, bastante heterogneas, so siltitos,

    argilitos, folhelhos, diamictitos, arenitos muito finos a conglomerticos e

    ritmitos que ocorrem como camadas com diferentes espessuras, intercala-

    das e descontnuas.

    O aqufero apresenta uma produtividade baixa, onde as vazes sus-

    tentveis recomendadas situam-se, em geral, abaixo de 10 m3/h (10.000

    litros por hora) por poo.

    06594 miolo novo.indd 37 11/9/2012 09:26:51

  • 38 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Ocorrncias localizadas de litologias mais arenosas e, eventualmente,

    associadas ao fraturamento das rochas, so responsveis por maiores pro-

    dutividades de gua, cujas vazes sustentveis recomendadas podem atin-

    gir at 40 m3/h (Oda 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005). Algumas reas mais

    produtivas foram identificadas na regio entre Araras e Casa Branca e nas

    cidades de Baro de Antonina, Itapeva, Pilar do Sul, Iper, Tiet e Capivari.

    A heterogeneidade uma caracterstica marcante deste aqufero e

    comum encontrar poos prximos com vazes bem diferentes. Esta situao

    ocorre, principalmente, na Regio Metropolitana de Campinas e na regio

    de Itu-Sorocaba, pois o aqufero pode ser truncado, eventualmente, por uma

    rocha gnea dura chamada diabsio, originada pelo resfriamento da lava

    abaixo da superfcie do terreno, que dificulta o fluxo da gua subterrnea.

    De modo geral, as guas do Aqufero Tubaro apresentam boa quali-

    dade para consumo humano e outros usos em geral. Em comparao aos

    demais aquferos, a gua do Aqufero Tubaro apresenta maior teor de

    sais, eventualmente com enriquecimento de sdio, fluoreto e sulfato.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Tubaro

    06594 miolo novo.indd 38 11/9/2012 09:26:51

  • 3939

    Afloramentos do Aqufero Tubaro

    Campinas (SP) Arenitos. Foto: Sibele Ezaki

    Itu (SP) Ritmitos (alternncia de camadas de arenitos e siltitos). Foto: Sibele Ezaki

    Itu (SP) Detalhe do ritmito de Itu. Foto: Sibele Ezaki

    06594 miolo novo.indd 39 11/9/2012 09:26:52

  • 40 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aquiclude Passa Dois

    O Aquiclude Passa Dois uma unidade hidro-

    geolgica sedimentar de extenso regional que

    separa os Aquferos Tubaro e Guarani.

    Formado entre 250 e 230 milhes de anos

    atrs, este aquiclude formado por sedimentos

    depositados em ambiente marinho. As litologias

    encontradas, bastante heterogneas, so pre-

    dominantemente de folhelhos, siltitos, argilitos,

    calcrios e dolomitos que ocorrem como cama-

    das com diferentes espessuras, s vezes, ritmicamente intercaladas.

    Como constitudo por sedimentos predominantemente finos, sua

    capacidade em fornecer gua bastante baixa e com produtividade in-

    suficiente para o abastecimento de grandes comunidades. Dessa forma,

    denominado, regionalmente, de aquiclude. Algumas vezes, classificado,

    localmente, como aquitarde, pois pode apresentar, eventualmente, fratu-

    ras na rocha com certa produtividade de gua.

    Esta unidade aflora em uma faixa estreita de aproximadamente 6.900

    km2, que se estende do norte ao sul do Estado de So Paulo, passando

    pelas cidades de Porto Ferreira, Pirassununga, Rio Claro, Cesrio lange,

    Angatuba, Paranapanema e Fartura. Nesta poro aflorante, sua espessu-

    ra mdia em torno de 120 metros (IG/CETESB/DAEE 1997).

    Devido produtividade bastante baixa, esta unidade pouco ex-

    plorada e, consequentemente, pouco estudada do ponto de vista hi-

    drogeolgico.

    06594 miolo novo.indd 40 11/9/2012 09:26:52

  • 4141

    Afloramentos do Aquiclude Passa Dois

    Rodovia dos Bandeirantes, limeira (SP) Argilitos da Formao Corumbata. Fotos: Sibele Ezaki.

    Cesrio lange (SP) - Intercalaes de folhelhos e calcrios da Formao Irati. Fotos: Sibele Ezaki

    06594 miolo novo.indd 41 11/9/2012 09:26:54

  • 42 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aqufero Guarani

    O Aqufero Guarani um aqufero sedimentar e

    de extenso regional, considerado um dos maio-

    res reservatrios de gua subterrnea do mundo,

    estendendo-se por 1.087.879 km2.

    Ocorre no oeste do Estado de So Paulo e

    tambm se estende pelos estados de Minas Ge-

    rais, Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,

    Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Gois, che-

    gando at os pases vizinhos Uruguai, Paraguai e

    Argentina. Sua maior parte, 735.918 km2, que corresponde a cerca de 61% de

    sua rea total, est em territrio brasileiro (OEA 2009).

    A poro aflorante deste aqufero, isto , aquela que podemos ob-

    servar na superfcie do terreno e que tem comportamento de aqufero

    rea de ocorrncia

    do Aqufero Guarani

    na Amrica do Sul

    Fonte: Borghetti et al. 2004

    06594 miolo novo.indd 42 11/9/2012 09:26:54

  • 433. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    livre, pequena ao compararmos com sua rea total. No Estado de So

    Paulo, a poro aflorante estende-se por cerca de 17.700 km2, de Rifai-

    na, ao norte, a Fartura, ao sul, passando pela regio de Ribeiro Preto e

    Botucatu. Nesta poro aflorante, a espessura mdia atinge aproxima-

    damente 100 metros.

    Sua maior rea de ocorrncia no Estado, cerca de 142.958 km2, mer-

    gulha em sentido oeste, e confinada pelos basaltos do Aqufero Serra

    Geral e pelas rochas do Aqufero Bauru. Chega a atingir cerca de 400

    metros de espessura ao longo da calha do rio Tiet. No extremo oeste do

    Estado, o topo do aqufero situa-se em torno de 1.300 metros abaixo do

    nvel do mar na regio de Presidente Prudente, junto ao rio Paran (DAEE/

    IG/IPT/CPRM 2005).

    Formado h cerca de 130 milhes de anos, constitudo, predominan-

    temente, por arenitos de granulao mdia a fina, depositados pela ao

    elica, em um ambiente desrtico. Como este arenito bastante homo-

    gneo, possui grande quantidade de poros interconectados, que imprime

    uma elevada capacidade de armazenar e fornecer gua.

    O Aqufero Guarani possui, tambm, em menor proporo e na sua

    parte basal, sedimentos predominantemente arenosos, depositados em

    ambiente fluvial e lacustrino. O fluxo da gua subterrnea segue da por-

    o de afloramento, a leste, para a regio sudoeste do Estado onde est

    o Rio Paran. A principal rea de recarga corresponde sua poro aflo-

    rante, onde a gua da chuva cai sobre a superfcie do terreno e infiltra

    diretamente no aqufero.

    Graas a sua tima produtividade e qualidade da gua, muitas cida-

    des do interior paulista so abastecidas por este aqufero, como So Jos

    do Rio Preto, Presidente Prudente, Marlia e Araatuba na rea de confina-

    mento, e Ribeiro Preto, Araraquara e So Carlos na rea de afloramento.

    Atualmente, apesar de existirem poos bombeando vazes superio-

    res a 500 m3/h, estudos (DAEE/IG/IPT/CPRM 2005) recomendam vazes

    06594 miolo novo.indd 43 11/9/2012 09:26:54

  • Afloramento do Aqufero Guarani

    Altinpolis (SP) Arenitos da Formao

    Botucatu, parte superior do Aqufero

    Guarani. Foto: Amlia J. Fernandes.

    44

    06594 miolo novo.indd 44 11/9/2012 09:26:54

  • 4545

    Afloramentos do Aqufero Guarani

    Rodovia Castelo Branco, km 170 (SP) Arenitos da Formao Pirambia.Foto: Sibele Ezaki

    Rodovia Castelo Branco, km 170 (SP) Arenitos da Formao Pirambia, na base do Aqufero Guarani. Foto: Sibele Ezaki.

    06594 miolo novo.indd 45 11/9/2012 09:26:55

  • 46 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    sustentveis de at 360 m3/h por poo, de forma a evitar a superexplo-

    rao. As vazes explorveis recomendadas para a rea de afloramen-

    to esto entre 20 a 80 m3/h por poo. Na rea confinada, pode-se obter

    maiores vazes, uma vez que a espessura do aqufero tambm aumenta.

    A vazo de 360 m3/h por poo, isto , 360 mil litros por hora, suficiente

    para abastecer cerca de 30.000 habitantes.

    Uma caracterstica interessante dos aquferos confinados o poten-

    cial geotermal, pois a temperatura da gua se eleva com o aumento da

    profundidade. O Aqufero Guarani, por alcanar profundidades maiores

    que 1.000 metros na regio sudoeste do Estado, chega a atingir tem-

    peraturas de 60o C. Existem estncias tursticas que captam estas guas

    termais para uso recreativo em parques e clubes, como em So Jos do

    Rio Preto.

    Alm disso, as guas so, em geral, de boa qualidade para o consumo

    humano e outros usos.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Guarani

    06594 miolo novo.indd 46 11/9/2012 09:26:55

  • 473. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    Aqufero Serra Geral

    O Aqufero Serra Geral

    um aqufero fraturado, de

    extenso regional. Ocupa

    a metade oeste do Estado

    de So Paulo, mas em sua

    maior parte, est recoberto

    pelo Aqufero Bauru. Sua

    poro aflorante, onde tem

    comportamento de aqufero

    livre, ocupa uma rea de 31.900 km2, que se estende por cidades como

    Franca, Sertozinho, Ja e Ourinhos.

    Formado entre 138 e 127 milhes de anos atrs, o aqufero cons-

    titudo por uma sequncia de derrames de lava vulcnica, que originaram

    as rochas baslticas. Os basaltos so rochas compactas, duras, de colora-

    o escura que, quando alteradas ou intemperizadas pela ao da gua

    e do calor, resultam em um solo argiloso, bastante frtil, popularmente

    denominado de terra roxa.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Serra Geral

    06594 miolo novo.indd 47 11/9/2012 09:26:55

  • 48 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Nos basaltos, as aberturas favorveis ao armazenamento e ao fluxo da

    gua subterrnea so fraturas originadas durante o resfriamento dos der-

    rames de lava e, tambm, posteriormente consolidao das rochas como

    resultado dos esforos tectnicos decorrentes da movimentao da crosta

    terrestre. Entre os derrames de lava, podem existir, tambm, outras feies

    geolgicas favorveis circulao de gua, representadas por camadas

    arenosas restritas e nveis de amgdalas e vesculas (bolhas aprisionadas

    durante o resfriamento da lava, gerando estruturas em forma de pequenas

    cavidades, ocas ou preenchidas por minerais).

    Na rea aflorante, onde se concentra grande parte dos poos existentes,

    a espessura do Aqufero Serra Geral alcana, em mdia, cerca de 300 me-

    tros. Sua espessura aumenta para oeste, onde est recoberto pelo Aqufero

    Bauru, atingindo mais de 1.500

    metros em Presidente Prudente.

    A vazo mediana deste

    aqufero em torno de 23 m3/h

    por poo (Fernandes et al. 2005

    in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005),

    mas sua produtividade bas-

    tante varivel, ocorrendo poos

    com vazes prximas de zero

    a superiores a 100 m3/h, o que

    permite contribuir para o abas-

    tecimento de cidades como

    Sales de Oliveira. Este aqufero

    apresenta, de forma geral, gua

    de boa qualidade para consu-

    mo humano e outros usos.

    Itirapina (SP) Basalto na Cachoeira do Salto. Foto: Sibele Ezaki

    06594 miolo novo.indd 48 11/9/2012 09:26:56

  • Afloramentos do Aqufero Serra Geral

    Ribeiro Preto (SP) Basalto.Foto: Amlia Joo Fernandes.

    Ribeiro Preto (SP) Detalhe de fraturas no basalto. Foto: Amlia Joo Fernandes.

    49

    06594 miolo novo.indd 49 11/9/2012 09:26:56

  • 50 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aqufero Diabsio

    O Aqufero Diabsio um aqufero fra-

    turado, com extenso restrita, ocorrendo

    como manchas em meio aos aquferos

    Tubaro e Guarani e no Aquiclude Passa

    Dois, principalmente, na regio nordeste

    do Estado de So Paulo.

    Formado no mesmo evento geolgi-

    co que o Aqufero Serra Geral, entre 138 e

    127 milhes de anos atrs, constitudo por rochas gneas, denominadas

    de diabsios, geradas a partir do resfriamento e solidificao do magma

    em subsuperfcie, a diferentes profundidades e encaixadas em rochas mais

    antigas. Os diabsios, rochas bastante duras e de colorao escura, ocor-

    rem como corpos subhorizontais (soleiras) e verticais (diques), por vezes

    aflorantes na superfcie do terreno.

    A circulao e o armazenamento da gua subterrnea, neste aqufero,

    esto condicionados ocorrncia de fraturas geradas por esforos tect-

    nicos decorrentes da movimentao da crosta terrestre.

    Sua produtividade baixa e bastante varivel, apresentando poos

    com vazes entre 1 e 12 m3/h (Fernandes et al. 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM

    2005).

    A gua deste aqufero apresenta boa qualidade para consumo huma-

    no e outros usos.

    06594 miolo novo.indd 50 11/9/2012 09:26:56

  • 5151

    Afloramento do Aqufero Diabsio

    limeira (SP) Rodovia dos Bandeirantes Diabsio em corte de estrada Fotos: Sibele Ezaki

    limeira (SP) Rodovia dos Bandeirantes Detalhes das fraturas no diabsio. Fotos: Sibele Ezaki

    06594 miolo novo.indd 51 11/9/2012 09:26:57

  • 52 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aqufero Bauru

    O Aqufero Bauru um aqufero sedimentar, de

    extenso regional. Ocupa a metade oeste do

    Estado de So Paulo, numa rea de cerca de

    96.900 km2, ocorrendo de Barretos a Bauru e

    estendendo-se at o Pontal do Paranapanema.

    Sua rea totalmente aflorante em superf-

    cie, isto , no tem qualquer outra unidade geo-

    lgica confinando suas guas, o que lhe confere comportamento de aqufero

    livre. Isto significa que a recarga de gua se faz por toda sua extenso. Por ser

    um aqufero livre e a gua subterrnea situar-se a pouca profundidade, a per-

    furao de poos e a extrao de gua neste aqufero so facilitadas. Cerca

    de 240 municpios do interior paulista captam gua do Aqufero Bauru, como

    por exemplo, Andradina, Araatuba, Presidente Prudente e Marlia. Destes,

    87% so abastecidos, integralmente, por gua subterrnea (Silva et al. 2005).

    Formado h mais de 65 milhes de anos, este aqufero composto por

    rochas sedimentares arenosas, areno-argilosas e siltosas, depositadas em

    ambiente desrtico e fluvial, sob clima rido e semirido. Sua espessura

    irregular, atingindo valores superiores a 300 metros na regio do Planalto

    de Marlia, cujos espiges e escarpas so sustentados por espessa sequncia

    de sedimentos areno-argilosos e carbonticos, caractersticos deste local.

    Na sua poro superior, os arenitos so intercalados por camadas de

    sedimentos de granulometria fina, como lamitos e siltitos, ou possuem

    uma cimentao de mineral carbontico entre os gros de areia, o que

    diminui a capacidade deste aqufero de armazenar e transmitir gua. Estes

    sedimentos so predominantes em termos de rea de ocorrncia, esten-

    dendo-se nas reas norte, leste e sudeste de abrangncia deste aqufero.

    Esta caracterstica reflete na sua produtividade, onde as vazes sustent-

    veis recomendadas ficam, em geral, abaixo de 10 m3/h por poo, podendo

    06594 miolo novo.indd 52 11/9/2012 09:26:57

  • 5353

    Afloramentos do Aqufero Bauru

    Rodovia Castelo Branco (SP) Arenito argiloso. Foto: Aletha Ernandes Martins Sallun.

    Echapor (SP) Rodovia SP 333.Foto: Francisco de Assis Negri.

    06594 miolo novo.indd 53 11/9/2012 09:26:59

  • 54 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    chegar a 40 m3/h em algumas regies, como So Jos do Rio Preto e entre

    Bauru e Tup (Mancuso & Campos 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

    Na poro basal (inferior) predominam arenitos com baixo teor de

    material fino, imprimindo melhor produtividade aos poos. Estes arenitos

    ocorrem, principalmente, na regio oeste de abrangncia do aqufero. As

    vazes sustentveis recomendadas para os poos podem chegar a 80 m3/h

    (Mancuso & Campos 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005) prximo ao Rio

    Paran, desde as cidades de Panorama e Presidente Venceslau at o Pontal

    do Paranapanema.

    Este aqufero considerado de produtividade mdia a alta e, tambm,

    apresenta, em geral, gua com boa qualidade para consumo humano, o que

    explica sua frequente utilizao para o abastecimento pblico. Entretanto,

    existem poos onde foram detectadas concentraes de cromo e nitrato que

    ultrapassam padres de potabilidade de gua para consumo humano.

    Alm disso, por ser um aqufero livre, a recarga se faz em toda a sua

    extenso, o que aumenta o risco de poluio, a qual pode ser causada

    pelas atividades desenvolvidas sobre esta unidade hidrogeolgica, cha-

    mando a ateno para a necessidade de um esforo conjunto do governo

    e da sociedade no desenvolvimento de programas e implantao de aes

    destinadas sua proteo.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Bauru

    06594 miolo novo.indd 54 11/9/2012 09:26:59

  • 553. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    Aqufero Taubat

    O Aqufero Taubat um aqufero

    sedimentar de extenso limitada.

    localizado entre as Serras do Mar

    e da Mantiqueira, no nordeste

    do Estado de So Paulo, ocupa

    uma rea de apenas 2.340 km2,

    com formato alongado, cujo eixo

    estende-se na direo nordeste-sudoeste, ao longo do vale do Rio Paraba

    do Sul.

    Os sedimentos arenosos a argilosos que compem este aqufero fo-

    ram depositados h mais de 2 milhes de anos, diretamente sobre as ro-

    chas do Aqufero Cristalino. Uma caracterstica marcante deste aqufero

    a intercalao entre as diversas camadas de sedimentos arenosos e argi-

    losos, promovendo uma grande variabilidade litolgica em subsuperfcie.

    As camadas mais arenosas, predominantes na parte basal do aqufe-

    ro, foram depositadas em ambiente fluvial e ocorrem, predominantemen-

    te, nas regies sudoeste, entre Jacare e So Jos dos Campos, e nordeste,

    entre Guaratinguet e lorena. Nestas pores, o aqufero possui boa pro-

    dutividade, abastecendo cidades como Jacare, So Jos dos Campos, Ca-

    apava e lorena, e as vazes sustentveis recomendadas chegam at 120

    m3/h por poo (Mancuso & Monteiro 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

    A poro mais argilosa foi formada em ambiente lacustre e ocorre,

    predominantemente, na poro central do aqufero, entre as cidades de

    Taubat a Pindamonhangaba. Nesta regio, a produtividade do aqufero

    baixa e as vazes recomendadas no ultrapassam 10 m3/h por poo

    (Mancuso & Monteiro 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

    A espessura do aqufero varivel, aumentando dos limites externos

    de sua rea de ocorrncia para a regio central, ao longo do Rio Paraba

    06594 miolo novo.indd 55 11/9/2012 09:26:59

  • 56 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    do Sul, onde se observam valores entre 200 e 300 metros, podendo supe-

    rar 400 metros na regio de Taubat.

    Por ser totalmente aflorante e ter comportamento livre, recarregado

    pela gua da chuva que infiltra diretamente no solo, sendo, tambm, res-

    ponsvel por fornecer gua aos rios da regio que atuam como reas de

    descarga do aqufero, impedindo que estes sequem na poca de estiagem.

    A recarga direta em toda a sua rea implica em maior vulnerabilida-

    de a cargas poluentes lanadas na superfcie do terreno e que possam

    infiltrar junto com a gua da chuva. Parte do aqufero, entretanto, pode

    ter comportamento que tende a ser confinado devido predominncia

    de camadas argilosas em superfcie, o que promove certa proteo em

    determinadas regies.

    Este aqufero apresenta, de forma geral, gua de boa qualidade para

    o consumo humano, mas, devido alta vulnerabilidade poluio, ne-

    cessrio, tambm, um esforo conjunto do governo e da sociedade para

    promover sua proteo.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Taubat

    06594 miolo novo.indd 56 11/9/2012 09:26:59

  • 5757

    Afloramentos do Aqufero Taubat

    Taubat (SP) Intercalao de arenitos e folhelhos. Foto: William Sallun Filho.

    Taubat (SP) Rocha-testemunho retirado em perfurao de poo a diferentes profundidades. Foto: Hlio Nbile Diniz.

    06594 miolo novo.indd 57 11/9/2012 09:27:00

  • 58 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Aqufero So Paulo

    O Aqufero So Paulo um aqufero sedimentar,

    de extenso limitada pela Serra do Mar, ao sul, e

    pela Serra da Cantareira, ao norte.

    Ocupa uma rea com formato irregular de

    aproximadamente 1.000 km2, no leste do Esta-

    do de So Paulo, abrangendo municpios como

    Osasco, So Paulo, So Bernardo do Campo,

    Guarulhos, Itaquaquecetuba, Suzano e Mogi das

    Cruzes.

    Formado h mais de 2 milhes de anos, este aqufero caracterizado

    por intercalaes de sedimentos, ora mais arenosos, ora mais argilosos,

    depositados sobre as rochas do Embasamento Cristalino, em ambiente

    predominantemente fluvial. Incluem-se neste aqufero os sedimentos mais

    recentes depositados nas plancies do rio Tiet e seus afluentes.

    Em algumas reas restritas do aqufero ocorrem, tambm, sedimentos

    argilosos, depositados em ambiente lacustre.

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero So Paulo

    06594 miolo novo.indd 58 11/9/2012 09:27:00

  • 5959

    Afloramento do Aqufero So Paulo

    Itaquaquecetuba (SP) Arenitos. Foto: William Sallun Filho

    06594 miolo novo.indd 59 11/9/2012 09:27:01

  • 60 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Assim como o Aqufero Taubat, uma caracterstica marcante a

    grande heterogeneidade litolgica, decorrente das inmeras intercalaes

    entre as camadas arenosas e argilosas.

    A espessura deste aqufero bastante varivel, com valor mdio de 100

    metros, podendo chegar a mais de 250 metros em algumas regies. As maio-

    res espessuras deste aqufero so encontradas na poro limitada entre a mar-

    gem esquerda do Rio Tiet e a margem direita do Rio Tamanduate, bem como

    na regio prxima ao Aeroporto de Cumbica, no municpio de Guarulhos.

    A produtividade deste aqufero pode ser considerada de mdia a bai-

    xa, com vazes sustentveis recomendadas entre 10 e 40 m3/h por poo

    nas regies mais arenosas e com maiores espessuras de sedimento, que

    se concentram nas regies sul e leste do Municpio de So Paulo e no Mu-

    nicpio de Guarulhos. Nas demais regies, como aquelas que abrangem os

    municpios de Mogi das Cruzes, Suzano, So Caetano do Sul, Embu Guau

    e Osasco, as vazes sustentveis recomendadas so inferiores a 10 m3/h

    por poo (Campos & Albuquerque Filho 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

    O Aqufero So Paulo livre, caracterstica que facilita sua recarga

    pela infiltrao da gua de chuva. Por outro lado, sobre este aqufero as-

    senta-se a maior parte dos municpios da Regio Metropolitana de So

    Paulo, onde h alta concentrao populacional e de atividades industriais

    e comerciais. Isto implica elevado risco de poluio deste aqufero.

    A qualidade natural da gua do Aqufero So Paulo considerada, no

    geral, adequada ao consumo humano e para diversos usos. H, contudo,

    ocorrncias de poos com problemas de concentraes de fluoretos, ferro

    e mangans na gua, os quais excedem o padro de potabilidade. No h,

    at o momento, estudos suficientes para avaliar se a origem destas subs-

    tncias natural ou decorrente de atividades antrpicas. Sabe-se, entre-

    tanto, que a maior parte das reas contaminadas controladas e divulgadas

    pela CETESB, rgo de controle ambiental, localiza-se na Regio Metropoli-

    tana de So Paulo, onde ocorre este aqufero, comprometendo a qualidade

    da gua em locais especficos.

    06594 miolo novo.indd 60 11/9/2012 09:27:01

  • 613. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    Aqufero Litorneo

    O Aqufero litorneo um

    aqufero sedimentar, de exten-

    so limitada, que se estende

    ao longo da costa paulista,

    desde a regio de Canania,

    ao sul, at Caraguatatuba e

    Ubatuba, ao norte.

    Este aqufero abrange

    uma rea de formato irregular, distribuda em 4.600 km2, ocupando uma faixa estreita, com largura vari-

    vel, de poucos quilmetros, em bolses isolados no litoral norte, at 70 km

    nas plancies do rio Ribeira de Iguape. Sua rea de ocorrncia , por vezes,

    segmentada por ocorrncias espordicas do Aqufero Cristalino.

    Formado h menos de 2 milhes de anos, este aqufero composto

    por sedimentos de plancie litornea, variados e intercalados, que ocorrem

    como: arenitos, siltitos e conglomerados depositados em ambiente fluvial,

    existente somente na regio de Ribeira de Iguape; areias com camadas

    de argila depositadas em ambiente marinho; areias e argilas depositadas

    em ambiente continental; e areias litorneas, areias e argilas de mangue,

    pntanos, flvio-lagunares ou de baas.

    As espessuras so muito variveis, desde poucos metros at mais de

    167 m, como em Ilha Comprida, no sul do Estado de So Paulo (DAEE 1979). No h muitas informaes sobre este aqufero e a maior parte dos

    poos tubulares est concentrada entre Santos e Iguape. A produtividade deste aqufero baixa, com vazes sustentveis re-

    comendadas inferiores a 10 m3/h por poo. Apenas na regio entre Peru-

    be e So Vicente a vazo sustentvel pode chegar a 20 m3/h por poo

    (Takahashi 2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005). Apesar da baixa produti-

    vidade, o Aqufero litorneo contribui na complementao do abasteci-

    06594 miolo novo.indd 61 11/9/2012 09:27:01

  • 62 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    mento de cidades como Ubatuba, Caraguatatuba, Bertioga, Santos, So

    Vicente, Praia Grande, Itanham e Iguape.

    A direo de fluxo da gua subterrnea , em geral, para os rios de

    grande porte da regio litornea, como os rios Ribeira de Iguape, Una,

    Preto e Itapanha e, tambm, para o oceano.

    Neste sistema preciso controlar a explotao, pois o bombeamento

    excessivo dos poos pode inverter o fluxo da gua subterrnea, causando

    avano da cunha de gua salgada do mar para dentro do aqufero. Este

    fenmeno conhecido como intruso salina e pode afetar diretamente a

    qualidade da gua subterrnea. Na gua de alguns poos da regio de

    Santos-Cubato j observado um aumento do teor de sal (Takahashi

    2005 in DAEE/IG/IPT/CPRM 2005).

    Modelo hidrogeolgico conceitual do Aqufero Litorneo

    06594 miolo novo.indd 62 11/9/2012 09:27:01

  • 6363

    rea de ocorrncia do Aqufero Litorneo ao longo da costa paulista

    Ubatuba (SP). Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Ubatuba.

    Ubatuba (SP). Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Ubatuba.

    06594 miolo novo.indd 63 11/9/2012 09:27:02

  • 64 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Utilizao das guas Subterrneas no Estado de So Paulo

    A gua subterrnea tem papel importante no abastecimento pblico de

    vrias cidades, principalmente aquelas localizadas no oeste paulista, sobre

    o Aqufero Bauru e a poro aflorante do Aqufero Guarani.

    Como so aquferos livres, com boa produtividade e qualidade natural

    de gua, a perfurao de poos nestas regies tcnica e economicamen-

    te vivel.

    Aquferos livres e mais permeveis so muito vulnerveis poluio,

    pois recebem recarga direta das guas que caem sobre o solo e infiltram

    em subsuperfcie. A existncia de atividades, instalaes e empreendimen-

    tos que, de alguma forma, manipulem ou armazenem substncias nocivas

    que possam chegar gua subterrnea podem aumentar o risco de polui-

    o dos aquferos.

    Segundo dados da CETESB, rgo do Estado de So Paulo responsvel

    pelo controle ambiental, em 1997, cerca de 72% dos municpios utilizavam

    gua subterrnea no abastecimento pblico. Em 2006, esta porcentagem

    subiu para 80%. A CETESB responsvel tambm pelo monitoramento da

    qualidade natural da gua subterrnea e, segundo levantamento publica-

    do em 2007, a gua dos aquferos do Estado de So Paulo apresentou, em

    geral, tima qualidade.

    Cabe esclarecer que o monitoramento realizado pela CETESB focado

    na determinao da qualidade natural da gua subterrnea e suas altera-

    es ao longo do tempo. A vigilncia da potabilidade da gua distribuda

    populao atribuio da Secretaria da Sade, a qual avalia, inclusive, o

    controle de qualidade realizado pelas empresas concessionrias de gua.

    O monitoramento realizado pela CETESB vem detectando o aumento

    da concentrao de algumas substncias na gua de poos, como o ni-

    trato, em alguns locais do Aqufero Bauru. Estas concentraes ainda no

    06594 miolo novo.indd 64 11/9/2012 09:27:02

  • 653. OS AQUFEROS DO ESTADO DE SO PAUlO

    comprometem totalmente o uso da gua subterrnea para abastecimento

    pblico, mas chamam a ateno para a necessidade de um esforo con-

    junto dos rgos gestores e da sociedade em geral para a proteo dos

    aquferos do Estado de So Paulo.

    Maiores informaes sobre o monitoramento da qualidade da gua

    subterrnea no Estado de So Paulo podem ser obtidas na CETESB, no

    site www.cetesb.sp.gov.br.

    Municpios abastecidos por gua Subterrnea no Estado de So PauloFonte: CETESB, 2007.

    06594 miolo novo.indd 65 11/9/2012 09:27:03

  • 66

    06594 miolo novo.indd 66 11/9/2012 09:27:03

  • 67

    4. Como captar agua subterrnea

    406594 miolo novo.indd 67 11/9/2012 09:27:03

  • 68 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    4. Como Captar a gua Subterrnea

    A captao de gua subterrnea feita, geralmente, em locais no abas-

    tecidos por sistema pblico de gua (gua encanada) ou para complemen-

    tar o volume fornecido pela rede, principalmente, quando se necessita de

    grandes quantidades como, por exemplo, para fins industriais, irrigao

    em agricultura, hotelaria e condomnios residenciais.

    A escolha do tipo de obra para captao de gua subterrnea de-

    pende do tipo e potencialidade do aqufero, da finalidade de uso e da

    demanda de gua, cujas opes tm reflexos diretos no custo. O poo,

    raso ou profundo, a forma mais comumente utilizada para captar gua

    subterrnea.

    Poos

    O poo cacimba ou escavado, popularmente chamado de caipira ou ama-

    zonas em algumas localidades, aquele utilizado para extrair gua de

    aquferos livres e rasos. Este tipo de poo geralmente tem pouca profundi-

    Esquema de um poo cacimba dade e pela baixa produo de gua uti-

    lizado predominantemente em pequenas

    propriedades, na maioria, no atendidas

    pela rede pblica de gua.

    O poo cacimba apresenta grande di-

    metro, frequentemente entre 1 e 1,5 me-

    tros, e profundidade, geralmente inferior a

    30 metros.

    No fundo do poo utilizam-se, em geral,

    anel pr-moldado de concreto, tijolos fura-

    dos, manilhes de concreto semiporoso ou

    pedras encaixadas e cascalho na base para

    06594 miolo novo.indd 68 11/9/2012 09:27:03

  • 694. COMO CAPTAR A GUA SUBTERRNEA

    permitir a entrada de gua. A parede do poo, acima da entrada de gua,

    deve ser feita com alvenaria ou concreto e revestida em massa de cimento.

    A parede deve ser erguida alguns centmetros acima do solo e uma laje de

    concreto deve ser construda ao seu redor. A impermeabilizao da parede

    do poo at os primeiros metros de profundidade e a laje de proteo evi-

    tam infiltrao de gua suja ou poluda que contaminam a gua subterr-

    nea. Alm disso, o poo deve permanecer sempre tampado e seu entorno

    cercado para evitar a circulao de pessoas e animais.

    A gua deve ser extrada, preferencialmente, por meio de bombas

    manuais ou eltricas de baixa potncia, pois o uso de carretilhas e baldes

    pode carrear sujeira para dentro do poo.

    Antes da construo do poo, necessrio verificar sua distncia (aci-

    ma de 30 metros) e posicionamento em relao a fossas negras e outras

    fontes de poluio, de modo a evitar a contaminao da gua.

    O poo tubular apresenta pequeno dimetro, em geral entre 10 e 50

    cm, e profundidade e capacidade de produo de gua bem maior que o

    poo cacimba. Quanto maior a profundidade e a produtividade do aqufe-

    ro, maior deve ser o dimetro do poo tubular.

    Em aquferos livres, a profundidade dos poos tubulares varia, em ge-

    ral, entre 100 e 200 metros. Mas, em aquferos confinados e profundos, os

    poos podem atingir mais de 500 metros. Em So Jos do Rio Preto, por

    exemplo, h poo explorando a poro confinada do Aqufero Guarani,

    com mais de 1.300 metros de profundidade.

    Para a perfurao dos poos tubulares, necessrio equipamento es-

    pecializado e que seja executado sempre com acompanhamento de um

    profissional habilitado, como um gelogo ou um engenheiro ligado a esta

    rea. O furo normalmente revestido com tubos de ao, ferro ou PVC,

    denominado de revestimento e serve para impedir o desmoronamento das

    paredes nas pores de solo e de rochas sedimentares menos consolida-

    das. Em aquferos sedimentares, nas pores mais produtivas, como cama-

    06594 miolo novo.indd 69 11/9/2012 09:27:04

  • 70 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    das mais arenosas, o tubo de revestimento possui aberturas para permitir

    a entrada de gua para dentro do poo e denominado de filtro.

    No espao formado entre a parede do furo e o revestimento, coloca-se

    areia grossa, que funciona como um pr-filtro, impedindo a entrada de

    material argiloso quando se bombeia gua do poo.

    Nas pores mais prximas superfcie, este espao entre o furo e o

    revestimento deve ser selado com material impermevel, como argila do

    tipo bentonita ou cimento. A isto chamamos de cimentao do poo.

    Ainda, para promover a proteo sanitria do poo, na superfcie do

    terreno e ao redor do tubo de revestimento deve ser construda uma laje

    de concreto. A laje de proteo e a cimentao compem o que chamamos

    de selo sanitrio, cuja finalidade impedir a infiltrao de gua da super-

    fcie para dentro do poo. Alm disso, a boca do poo deve ser mantida

    fechada por tampa e a rea ao seu redor deve ser cercada para evitar a

    circulao de pessoas e animais.

    Esta proteo sanitria deve ser construda em qualquer tipo de poo,

    tanto os que exploram aquferos sedimentares como fraturados.

    Em poos construdos em aquferos fraturados, onde a rocha conso-

    lidada, no h necessidade de colocao de revestimento em toda a ex-

    tenso do furo, exceto na parte superior do poo, geralmente constituda

    por material menos consistente como, por exemplo, rocha alterada e solo.

    Existem equipamentos especficos para captao de gua em poos

    tubulares, como por exemplo, bomba submersa, que como o nome indica,

    instalada abaixo do nvel dgua.

    A profundidade, dimetro, materiais construtivos e tipo de bomba de

    um poo tubular devem ser definidos em projeto elaborado por profissio-

    nal especializado, que adequar a obra s caractersticas do aqufero a ser

    explorado.

    Informaes completas sobre os aspectos construtivos de um poo po-

    dem ser obtidas no Manual de Operao e Manuteno de Poos (Rocha

    06594 miolo novo.indd 70 11/9/2012 09:27:04

  • 714. COMO CAPTAR A GUA SUBTERRNEA

    & Jorba 2007) do Departamento de guas e Energia Eltrica - DAEE e nas

    normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT (NBR 12.212 -

    Projeto de poo tubular para captao de gua subterrnea e NBR 12.244

    - Construo de poo tubular para captao de gua subterrnea).

    Para a utilizao da gua subterrnea no Estado de So Paulo, neces-

    sria autorizao do rgo responsvel pela outorga de uso dos recursos

    hdricos1 e, quando for utilizada para consumo humano, o poo deve estar

    cadastrado nos rgos municipais de Vigilncia Sanitria e apresentar pla-

    no de amostragem da qualidade da gua conforme Portaria no 2.914, de

    12/12/2011 do Ministrio da Sade. As informaes sobre o cadastro e a

    licena de execuo de poo e outorga de uso da gua podem ser obtidas

    nos sites www.daee.sp.gov.br e www.cvs.saude.sp.gov.br.

    Em alguns municpios paulistas, em funo do controle de uso e ocu-

    pao do solo, necessria a autorizao de rgos municipais, alm da

    Poos Tubulares Profundos construdos em aquferos fraturado e sedimentar

    1 O gerenciamento dos recursos hdricos no Estado de So Paulo um processo dinmico e em constante evoluo. Assim, consulte sempre os rgos gestores para obteno de informaes atualizadas antes de iniciar qualquer obra de captao de gua subterrnea

    06594 miolo novo.indd 71 11/9/2012 09:27:04

  • 72 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Vigilncia Sanitria. Assim, antes de construir seu poo, procure informa-

    es nos setores pertinentes da Prefeitura.

    Nascentes

    Chamamos de fonte natural ou nascente quando a gua aflora (brota)

    espontaneamente no terreno. Ela ocorre em determinadas condies to-

    pogrficas e geolgicas e caracteriza uma rea de descarga dos aquferos.

    Uma nascente pode ocorrer quando a topografia apresenta feies

    que favorecem a interseco do lenol fretico com a superfcie do terre-

    no, como mudanas na declividade do terreno, chamadas de quebras de

    relevo ou depresses. Quando h flutuao do lenol fretico devido

    variao da recarga do aqufero, a nascente pode secar nos perodos sem

    chuva, passando a ser intermitente.

    H, tambm, ocorrncia de nascentes, quando o contato entre duas

    camadas geolgicas de diferentes permeabilidades intercepta a superfcie

    do terreno. Este cenrio comum em aquferos sedimentares, onde uma

    camada mais permevel (por exemplo, arenito ou calcrio) se encontra

    sobre outra menos permevel (folhelho, argila etc.).

    Associada a falhas

    Alguns tipos de nascente

    06594 miolo novo.indd 72 11/9/2012 09:27:04

  • 734. COMO CAPTAR A GUA SUBTERRNEA

    Associada a fraturas

    Camada permevel

    sobre impermevel

    Quebra de relevo

    06594 miolo novo.indd 73 11/9/2012 09:27:05

  • 74 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Nos aquferos fraturados, as nascentes ocorrem onde as falhas, fratu-

    ras ou juntas, que controlam o fluxo da gua subterrnea, interceptam a

    superfcie do terreno.

    Uma vez que as guas das nascentes so, tambm, muito utilizadas

    no abastecimento, necessrio estabelecer medidas que visem garantir a

    proteo sanitria dos locais destinados s captaes.

    Assim como no poo cacimba, a nascente deve estar protegida da in-

    fluncia de fontes potenciais de contaminao, como: estbulos, granjas,

    fossas, depsitos de lixo etc. Medidas de proteo contra eroso do solo

    e assoreamento dos corpos dgua tambm devem ser tomadas para evi-

    tar o desaparecimento das nascentes, como por exemplo, a recomposio

    da mata ciliar. Para proteger as nascentes de enxurradas causadas pelas

    chuvas, podem ser construdas valetas ao redor do manancial, evitando,

    assim, possveis contaminaes. Tambm recomendvel a construo de

    uma caixa de alvenaria, com tampa e acessvel limpeza, para garantir a

    proteo da captao de gua da nascente.

    Captao de gua de nascente (adaptado de CETESB [sem data] gua para consumo humano).

    06594 miolo novo.indd 74 11/9/2012 09:27:05

  • 75

    5. Ameaa s guas subterrneas

    506594 miolo novo.indd 75 11/9/2012 09:27:05

  • 76 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    5. Ameaas s guas Subterrneas

    Dentre as principais ameaas s guas subterrneas destacam-se a explota-

    o intensiva ou descontrolada de gua e as fontes potenciais de poluio

    provenientes das atividades antrpicas. tambm comum, a falta de cui-

    dados na proteo dos poos, gerando riscos de contaminao das guas.

    Diminuio da Reserva de gua

    Ao bombearmos a gua de um poo tubular, o nvel da gua subterrnea

    ajusta-se a este bombeamento formando o que chamamos de cone de

    rebaixamento.

    Quando a taxa de bombeamento menor ou igual taxa de recarga

    do aqufero, o cone de rebaixamento se estabiliza com o tempo.

    Quando a extrao de gua subterrnea ocorre de forma descontro-

    lada ou abusiva, em local de elevada concentrao de poos, excede-se a

    capacidade de recarga natural de um aqufero, conduzindo queda cont-

    nua dos nveis de gua subterrnea e reduo da reserva hdrica. Como

    consequncia, as guas passam a ser encontradas em profundidades cada

    vez maiores, sendo necessrio maior consumo de energia para bombear a

    gua, acarretando queda de rendimento do poo tubular.

    Nestes locais, devido ao bombeamento conjunto dos poos, o rebai-

    xamento do nvel dgua de um poo interfere e soma-se ao dos seus vi-

    zinhos, intensificando, ainda mais, esta queda de nvel. Mesmo em pocas

    sem chuva, os aquferos livres fornecem gua para os rios ou abastecem as

    nascentes. Com o rebaixamento acentuado do nvel da gua dos aquferos,

    o fornecimento de gua para os mananciais superficiais pode ser afetado,

    com reduo do suprimento de gua que mantm os rios e nascentes.

    Para minimizar a interferncia entre poos tubulares, podem ser es-

    tabelecidas taxas menores de vazo e/ou tempo de bombeamento, bem

    06594 miolo novo.indd 76 11/9/2012 09:27:05

  • 775. AMEAAS S GUAS SUBTERRNEAS

    Interferncia dos cones de rebaixamento e evoluo da profundidade do nvel da gua em funo do bombeamento contnuo e simultneo de muitos poos

    Sem bombeamento

    Com bombeamento

    controlado

    Bombeamento

    intensivo

    como implantar rodzio no funcionamento dos poos. Medidas mais rigo-

    rosas podem ser necessrias visando preservar suas reservas, como acon-

    tece no Municpio de Ribeiro Preto, devido intensa extrao de gua do

    Aqufero Guarani. Neste municpio, a perfurao de poos foi restringida

    na parte central da cidade, por meio de um instrumento legal, devido ao

    rebaixamento excessivo do nvel da gua subterrnea, causado pelo bom-

    beamento dos poos concentrados nesta rea. Isto demonstra a importn-

    06594 miolo novo.indd 77 11/9/2012 09:27:07

  • 78 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    cia de informar o rgo gestor de recursos hdricos sobre a existncia de

    poos tubulares.

    O rgo estadual responsvel pela gesto dos recursos hdricos, ao

    analisar pedido de outorga de uso da gua, determina a taxa sustentvel

    de bombeamento para cada poo tubular, a fim de evitar problemas de

    explotao intensiva.

    Em aquferos litorneos, a gua subterrnea flui naturalmente no sen-

    tido do mar, local de descarga do aqufero. A gua do mar, por ser salina,

    apresenta maior densidade e tende a ficar abaixo da gua subterrnea,

    formando uma interface em equilbrio denominada de cunha salina. Quan-

    do se explora gua subterrnea de forma intensiva, esta condio de equi-

    lbrio perturbada pelo bombeamento excessivo, provocando a intruso

    salina no aqufero e comprometendo a reserva de gua doce subterrnea.

    Intruso salina e efeitos do bombeamento de poos em reas costeiras

    06594 miolo novo.indd 78 11/9/2012 09:27:07

  • 795. AMEAAS S GUAS SUBTERRNEAS

    Fontes de Poluio

    Entende-se por poluio do meio, a presena, o lanamento ou a libera-

    o, nas guas, no ar ou no solo, de toda e qualquer forma de matria ou

    energia, com intensidade, em quantidade ou com caractersticas em desa-

    cordo com padres ambientais estabelecidos, ou que tornem ou possam

    tornar as guas, o ar ou solo: imprprios, nocivos ou ofensivos sade;

    inconvenientes ao bem-estar pblico; danosos aos materiais, fauna e

    flora; prejudiciais segurana, ao uso e gozo da propriedade e s ativida-

    des normais da comunidade (lei Estadual n 997, de 31/05/76).

    A poluio dos recursos hdricos subterrneos ocorre, portanto, quan-

    do agentes contaminantes atingem o solo e nele percolam atravs da

    zona no saturada at atingir os aquferos, ou quando so lanados dire-

    tamente nos aquferos, por meio de poos.

    Uma das preocupaes so os poos desativados, uma vez que muitos

    so esquecidos ou abandonados sem o devido tamponamento (fechamen-

    to adequado do poo), constituindo vias de entrada de contaminantes no

    aqufero. Eventos, como enxurrada e alagamento, podem carrear todo tipo

    de substncia e material que encontrarem no caminho, rumo aos poos

    destampados. Como estabelecido em lei, a desativao de poos tubulares

    deve ser informada ao rgo responsvel pela outorga de uso da gua.

    Poo com trinca na laje de proteo e tampa mal colocada. Poo abandonado e no tamponado, sem laje e tampa.Poo abandonado e no tamponado, com laje e tampa quebradas. Fotos: Arquivo do IG/SMA

    06594 miolo novo.indd 79 11/9/2012 09:27:08

  • 80 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Poos desprovidos de selo sanitrio ou mal construdos tambm favo-

    recem a infiltrao de guas da superfcie para os aquferos.

    A infiltrao de contaminantes no solo pode ter inmeras causas e

    formas de ocorrncia, sejam acidentais, intencionais ou por negligncia e

    desconhecimento (vazamentos de substncias, exploses, descartes/des-

    pejos de resduos etc.). As fontes de poluio podem ser pontuais (por

    exemplo: vazamento de tanques, disposio de resduos no solo etc.),

    poluindo um local restrito de forma concentrada; ou difusas (aplicao

    de fertilizantes e pesticidas, vazamentos da rede coletora de esgoto etc.),

    com extensa distribuio em rea.

    As fontes de poluio podem ser classificadas por tipo de atividade

    em: urbana, rural e de minerao.

    Entre os problemas urbanos, os mais comuns so a contaminao por

    efluentes advindos de fossas negras ou fossas spticas mal construdas, li-

    xes e aterros (sem impermeabilizao de base), vazamento na estao de

    tratamento de efluentes, por meio de infiltraes no subsolo, vazamentos

    de tubulaes e tanques subterrneos, como redes coletoras de esgoto e

    tanques de combustvel.

    Localizao de fossas em relao a poos

    06594 miolo novo.indd 80 11/9/2012 09:27:08

  • 815. AMEAAS S GUAS SUBTERRNEAS

    O lanamento de esgoto (domiciliar e industrial) em corpos dgua,

    tambm pode afetar a gua subterrnea, uma vez que os rios podem atuar,

    inversamente, como reas de recarga dos aquferos livres.

    Os efluentes domsticos descartados nas fossas negras ou que va-

    zam das redes coletoras so, principalmente, gua de lavagem com subs-

    tncias de produtos de limpeza e dejetos humanos. Dentre os principais

    contaminantes que infiltram no solo, destacam-se os microorganismos

    patognicos, que causam problemas como diarria e outras doenas,

    e o nitrato, composto a base de nitrognio. A ingesto frequente de

    gua contendo nitrato em elevada concentrao pode ocasionar uma

    doena chamada metemoglobinemia, conhecida como sndrome do

    beb azul, que afeta a capacidade de transporte do oxignio no san-

    gue dos bebs.

    A decomposio do lixo depositado em lixes e aterros gera um

    lquido denominado chorume, que apresenta alta concentrao de subs-

    tncias nocivas, sejam elas orgnicas, inorgnicas ou patognicas. Quan-

    do o aterro no possui impermeabilizao na base e sistema de coleta

    e tratamento do chorume, este infiltra no solo e contamina o aqufero.

    importante que os resduos gerados nas cidades sejam depositados em

    aterros sanitrios bem construdos e que a populao no jogue lixo em

    terrenos vazios, evitando a formao de lixes.

    Outro tipo de poluio urbana muito frequente est relacionado a

    vazamento de tanques de estocagem subterrnea, principalmente de

    combustvel. No Estado de So Paulo, cerca de 73% das reas conta-

    minadas so atribudas a postos de combustvel (CETESB 2006) e os

    principais contaminantes que atingem o solo e as guas subterrneas

    so substncias constituintes da gasolina e do leo diesel (benzeno, to-

    lueno, etilbenzeno, xileno, hidrocarbonetos policclicos aromticos, entre

    outros) que, em determinadas concentraes, podem ser txicas ao ser

    humano, causando doenas, inclusive cncer.

    06594 miolo novo.indd 81 11/9/2012 09:27:08

  • 82 AS GUAS SUBTERRNEAS DO ESTADO DE SO PAULO

    A poluio de origem industrial est relacionada a acidentes ou problemas

    de armazenamento e manuseio inadequado de inmeros tipos de mat-

    rias-primas e produtos, lanamentos irregulares ou despejo de efluentes,

    disposio inadequada de resduos slidos e vazamento de lagoas de

    efluentes, que podem ser carreados para a gua subterrnea. A composi-

    o dos efluentes e resduos slidos complexa e varivel em funo do tipo

    de processo industrial. A grande preocupao est relacionada s substncias

    perigosas que podem contaminar a gua subterrnea, como solventes, metais

    pesados etc.

    As atividades industriais, que possuem potencial para contaminar

    a gua subterrnea, necessitam de autorizaes especficas para a sua

    instalao e funcionamento no Estado de So Paulo. Para a obteno de

    mais informaes, acesse os sites da Secretaria do Meio Ambiente (www.

    ambiente.sp.gov.br) e da CETESB (www.cetesb.sp.gov.br).

    Na atividade rural, as principais fontes potenciais de poluio esto

    relacionadas ao armazenamento e aplicao de fertilizantes e pesticidas

    (inseticidas, fungicidas e acaricidas) de forma e em quantidade inadequa-

    das. O descarte incorreto de embalagens vazias de produtos txicos tam-

    bm uma ameaa gua subterrnea.

    Exemplos de fontes potenciais de poluio

    06594 miolo novo.indd 82 11/9/2012 09:27:09

  • 835. AMEAAS S GUAS SUBTERRNEAS

    Aps a aplicao desses produtos na lavoura, o excedente levado

    pela gua da chuva ou da irrigao e infiltra no solo, carreando as subs-

    tncias txicas para a gua subterrnea, como por exemplo, o nitrato.

    Alguns pesticidas (organofosfatados e carbamatos) se degradam rapi-

    damente e no persistem no ambiente, mas podem ser altamente txicos